Nosso expedito doutor, concordando com um insigne leitor deste blogue, gargalha aos borbotões qdo alguém "prevê" q num futuro não muito distante, o chinês vai tomar o lugar do inglês, q tomou do francês, q tomou do latim, o papel de lingua franca internacional. ¿Sabe QUANDO isso vai acontecer? Nunca.
A moda de prever o declínio dos Euá ao mesmo tempo em q se "prevê" a ascensão da China é uma espécie de esporte jornalístico; vem da crença despistada de q o desenvolvimento econômico é uma conseqüência inescapável do crescimento populacional. Claro q não há desenveconô sem a produção incansável de bebês pobres. Mas é preciso mais do q um contingente crescente de pobres num país pra forçar executivos dum outro a aprender a língua do primeiro.
O chinês (tanto o mandarim quanto o cantonês, entre as oito línguas lá faladas) tem características q pouquíssimos ocidentais estariam a fim de aprender. É uma língua em q a entonação duma palavra é parte integrante de seu significado. É como se, em português, "dusa?" significasse 'perto', "dusa!" significasse 'pizza' e "duuusa?!" significasse 'metalinguagem'.
Esse simples fato tem conseqüências culturais e geopolíticas. Cito aqui apenas duas, dentre as várias q o Dr Plausível listou e demonstrou recentemente, no XII Congresso Exurbano de Geoplausibilática Funcional:
(1) Quando um chinês está fulo de raiva e quer dar uma bronca no filho porque não lavou os palitinhos antes de comer, ele não pode sair gritando, como qualquer ocidental, "SEU PORCÃO! VAI JÁ LAVAR OS PALITO!!", porque se ele gritar como um ocidental, sua entonação vai mudar, e portanto o significado do q ele diz também vai mudar. ¿Q faz, então? Em vez de berrar, ele tensiona o pescoço e engrossa a voz: "Seu porcão. Vai já lavar os palito." Alugue algum DVD de filme chinês e confirme. Assim, a música cantada chinesa tradicional não pode ter qualquer melodia com uma letra em cima: muda-se a melodia e muda o sentido. As canções chinesas tradicionais são indecifráveis aos ouvidos ocidentais. "¿Como é q alguém pode gostar disso?" é o q se pergunta qualquer brasileiro q escuta. O mundo é cheio de variedade, mas ¿sabe QUANDO a cultura chinesa vai pegar no ocidente?
(2) Uma cultura em q a expressão visceral dos sentimentos é codificada num padrão travado de entonações é o palco perfeito pra governos totalitários. ¡Não há nisso crítica alguma contra governos totalitários! O progresso chinês é a prova de q pode dar certo, e a cultura chinesa é provavelmente a q mais influenciou a história da civilização. Mas dentre os ocidentais – acostumados à exuberância de suas artes, idéias e berros –, pouquíssimos aceitariam a influência direta da China sobre seus gostos e palavras. Em 1999, o então presidente Clinton dos Euá tentou dar umas bronquinhas no primeiro ministro chinês visitante, Zhu Rongji, sobre infrações de direitos humanos na China, mas o Zhu deu-lhe um chega-pra-lá irrespondível, equivalente a "Calma lá, cara-pálida, q vocês ocidentais não sacaram ainda como as coisas funcionam lá." E, de fato, é outro mundo.
Apenas por esses dois motivos, é fácil ver q o chinês não é a "próxima" língua. A China deve ser recebida com raras honrarias ao clube dos países desinglesados, mas terá q praticar o maldito verbo to be e o present perfect como todo o mundo. ¿Tá pensando o quê?
05 agosto 2007
24 julho 2007
Perguntas bobas do doutor, #e41j
¿Por quê será q nenhum economista jamais definiu o lucro como um insulto?
21 junho 2007
bosta vejo
There is no cabbiment, minha gente. Dois meses depois de o Dr Plausível ter insuflado as massas populares com uma crítica certeira e feroz ao bustv, ¿q é q me aparece? : uma portaria da prefeitura de São Paulo dando a entender q tudo bem, q emerdar os ouvidos de passageiro de ônibus é legal.
Dá uma olhada:
[São Paulo, 15 de junho de 2007.]
Portaria n.º 79/07–SMT.GAB.
"Art. 5° Na área interna dos veículos será permitida a afixação de publicidade no vidro atrás do motorista (anteparo) e na parte superior das janelas (frechal ou sanca), bem como a utilização de dispositivos para transmissão de sons, imagens e dados, resguardando o espaço destinado à publicidade institucional e de caráter informativo."
E ¿aquele aviso em todos os ônibus: "é vedado o uso de aparelhos sonoros"?
Mas... Mas... Qual não foi minha surpresa ao ler o NOME do secretário municipal de transportes q assinou essa aleivosia: Frederico Bussinger.
Ah, não, peraí... ¡Dá um tempo, Ironyman! ¿¡¿Frederico Bussinger?!?
¿BUS SINGER?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
A gente se ferra mas se diverte.
Dá uma olhada:
[São Paulo, 15 de junho de 2007.]
Portaria n.º 79/07–SMT.GAB.
"Art. 5° Na área interna dos veículos será permitida a afixação de publicidade no vidro atrás do motorista (anteparo) e na parte superior das janelas (frechal ou sanca), bem como a utilização de dispositivos para transmissão de sons, imagens e dados, resguardando o espaço destinado à publicidade institucional e de caráter informativo."
E ¿aquele aviso em todos os ônibus: "é vedado o uso de aparelhos sonoros"?
Mas... Mas... Qual não foi minha surpresa ao ler o NOME do secretário municipal de transportes q assinou essa aleivosia: Frederico Bussinger.
Ah, não, peraí... ¡Dá um tempo, Ironyman! ¿¡¿Frederico Bussinger?!?
¿BUS SINGER?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
A gente se ferra mas se diverte.
17 junho 2007
A música das esperas
¿Lembra q recentemente nosso elogioso doutor soltou uma gargalhada num restaurante?
É q ele já tava de bom humor. O restaurante era o Carlota. E ele não tava de bom humor pela comida, não.
Conteceu assim. Depois duma espera de mais de hora e meia num ambiente à parte, entramos no salão principal. Logo ao entrar se nota q o lugar, cuja comida não é de se jogar fora, tem ãã... uma trilha sonora. Qdo fomos, tavam tocando BUM-BUM-BUMxcaBUM. Num lugar com comilões conversantes, só se ouve, claro, o BUM-BUM do bumbo e o TS-TSk-TS-kTS do ximbau. Só q ali... volume ALTÍSSIMO. Nada aconchegante. Digestivamente contraproducente, eu diria. Gastronomicamente ulcerante.
O doutor ficou se perguntando por q cargas d'água a gerência prefere transformar numa ante-sala de danceteria um ambiente onde se janta comida-q-não-é-de-se-jogar-fora a preço-de-olhos-da-cara. Ficou ali matutando até q decidiu perguntar a um garçom. Delicadamente, claro.
A resposta foi: "pra evitar q as pessoas ouçam a conversa das outras mesas".
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
¡¡There is no cabbiment, meu expensivo esperador!! ¿Quem será q inventou essa desculpa pra fingir q um lugar é descolado? Algum descolado, certamente.
Descolado da realidade.
É q ele já tava de bom humor. O restaurante era o Carlota. E ele não tava de bom humor pela comida, não.
Conteceu assim. Depois duma espera de mais de hora e meia num ambiente à parte, entramos no salão principal. Logo ao entrar se nota q o lugar, cuja comida não é de se jogar fora, tem ãã... uma trilha sonora. Qdo fomos, tavam tocando BUM-BUM-BUMxcaBUM. Num lugar com comilões conversantes, só se ouve, claro, o BUM-BUM do bumbo e o TS-TSk-TS-kTS do ximbau. Só q ali... volume ALTÍSSIMO. Nada aconchegante. Digestivamente contraproducente, eu diria. Gastronomicamente ulcerante.
O doutor ficou se perguntando por q cargas d'água a gerência prefere transformar numa ante-sala de danceteria um ambiente onde se janta comida-q-não-é-de-se-jogar-fora a preço-de-olhos-da-cara. Ficou ali matutando até q decidiu perguntar a um garçom. Delicadamente, claro.
A resposta foi: "pra evitar q as pessoas ouçam a conversa das outras mesas".
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
¡¡There is no cabbiment, meu expensivo esperador!! ¿Quem será q inventou essa desculpa pra fingir q um lugar é descolado? Algum descolado, certamente.
Descolado da realidade.
06 junho 2007
Origens lingüísticas do atraso brasileiro, parte 2
Tava lá nosso emblemático doutor escrevendo um artigo sobre a substantivação de adjetivos pro Cadernos de Plausibilática, e procurava sem sucesso como falar da qualidade de 'errado' (erritude? erridão? erratidão?) – e amaldiçoando o ouvido sensíííível de quem fala português –, qdo finalmente, após quase 50 anos de pesquisas, chegou ao centro da questão: ¿Por que é q os povos latinos produzem comparativamente menos idéias, menos filosofias, menos tecnologia e menos conhecimentos do q os povos germânicos? ¿Por que é q os latinos são povos mais afeitos a remanchar prazerosamente enquanto q os povos germânicos, pra chegar a tal refinamento, precisam beber?
A resposta está no ACENTO das palavras.
Tal como já é costume aqui, vou comparar o português ao inglês. Tome-se isso como uma comparação genérica entre as línguas latinas e as germânicas (exclua o francês, q é uma língua meio híbrida).
Olha só o q acontece com o acento das palavras na derivação, em português e em inglês.
Em inglês:
chAste > chAstity
rIght > rIghtness
fAt > fAtness
wrIte > wrIter
wOrld > wOrldwide
mOtor > mOtorist
Ugly > Ugliness
beaUty > beaUtiful > beaUtifully
sEnse > sensAtion > sensAtional
Em português:
cAsto > castidAde
cErto > certEza
escrIta > escritOr
gOrdo > gordUra
mUndo > mundiAl
motOr > motorIsta
fEio > feiÚra
bElo > belEza > belamEnte
sEnso > sensaçÃo > sensacionAl
¿Notou uma coisa? Ao derivar palavras em inglês, o acento continua caindo no radical da palavra, exceto no caso do sufixo latino -ation. Mas ao derivar palavras em português, o FOCO da palavra se desloca de seu radical pra seu sufixo, ou seja, de sua SEMÂNTICA pra sua GRAMÁTICA, ou seja, de seu SENTIDO profundo pra sua CLASSE gramatical. Uma outra vítima desse processo são os verbos e as conjugações. Enquanto q em inglês, o acento cai sempre no radical (sIng, sIngs, sAng, sInging, sUng), em português isso acontece apenas nos tempos simples (cAnto, cAntas, cAnta, cAntam, cAnte, cAntes, cAntem; mas cantAmos, cantAvam, cantarEi, cantarIas, cantÁramos, cantAsse, cantArmos, cantAndo, cantAdo, &c).
Essa diferença tem amplas conseqüências. Numa frase inglesa, a força das idéias geradoras é mantida a cada palavra derivada:
The tEacher wrOte some extrEmely Interesting descrIptions of his nAtive land.
O professOr escrevEu umas descriçÕes extrEmamEnte interessAntes de sua terra natAl.
Faça o teste vc mesmo. Diga em voz alta as palavras abaixo colocando o acento no radical, em vez de no sufixo. Compare com a sensação q vc tem qdo põe o acento no sufixo:
cAstidade, cErteza, escrItor, gOrdura, mUndial, mOtorista, bEleza, bElamente, sEnsação, sEnsacional, profEssor, escrEveu, descrIções, extrEmamente, intEressante, nAtal
¿Sentiu um deslocamento pro sentido profundo da palavra? ¿Não parece, de algum modo, q a palavra fica mais clara, menos difusa? Hm. Nas línguas latinas, vc tem a sensação de raramente estar falando das coisas, de raramente olhar pra elas de frente, de ficar rodeando os assuntos interminavelmente, de estar prestando atenção na forma muito mais do q o necessário. É por isso q as línguas latinas têm tanta dificuldade em criar palavras novas a partir das antigas, e ficam dando voltas e mais voltas em torno dum vocabulário q ainda não saiu do Iluminismo.
Não admira q o q é dito numa língua latina soe tão mais superficial do q o q é dito numa língua germânica, inclusive pra seus falantes; daí q, depois q a ciência de várias nacionalidades cuidou do básico no século XIX, o bojo de tudo q se pensou, se criou e se descobriu no mundo a partir do século XX tenha partido das línguas germânicas, q expressam idéias complexas com mais facilidade e clareza. O mundo latino é empurrado prà frente pela pujança, flexibilidade, praticidade e criatividade das línguas germânicas e pra isso, claro, paga royalties.
O futuro, ninguém sabe. É inteiramente possível q "remanchar prazerosamente" venha a ser a melhor maneira de viver, depois q os germânicos pensarem, criarem e descobrirem tudo q é possível pensar, criar e descobrir; e talvez aquele seja mesmo o objetivo de pensar, criar e descobrir – objetivo esse q os latinos já alcançaram sem muito falatório. Vá saber. O certo é q, por agora, é muito frustrante querer expressar uma idéia e se incomodar com o som q ela tem.
A resposta está no ACENTO das palavras.
Tal como já é costume aqui, vou comparar o português ao inglês. Tome-se isso como uma comparação genérica entre as línguas latinas e as germânicas (exclua o francês, q é uma língua meio híbrida).
Olha só o q acontece com o acento das palavras na derivação, em português e em inglês.
Em inglês:
chAste > chAstity
rIght > rIghtness
fAt > fAtness
wrIte > wrIter
wOrld > wOrldwide
mOtor > mOtorist
Ugly > Ugliness
beaUty > beaUtiful > beaUtifully
sEnse > sensAtion > sensAtional
Em português:
cAsto > castidAde
cErto > certEza
escrIta > escritOr
gOrdo > gordUra
mUndo > mundiAl
motOr > motorIsta
fEio > feiÚra
bElo > belEza > belamEnte
sEnso > sensaçÃo > sensacionAl
¿Notou uma coisa? Ao derivar palavras em inglês, o acento continua caindo no radical da palavra, exceto no caso do sufixo latino -ation. Mas ao derivar palavras em português, o FOCO da palavra se desloca de seu radical pra seu sufixo, ou seja, de sua SEMÂNTICA pra sua GRAMÁTICA, ou seja, de seu SENTIDO profundo pra sua CLASSE gramatical. Uma outra vítima desse processo são os verbos e as conjugações. Enquanto q em inglês, o acento cai sempre no radical (sIng, sIngs, sAng, sInging, sUng), em português isso acontece apenas nos tempos simples (cAnto, cAntas, cAnta, cAntam, cAnte, cAntes, cAntem; mas cantAmos, cantAvam, cantarEi, cantarIas, cantÁramos, cantAsse, cantArmos, cantAndo, cantAdo, &c).
Essa diferença tem amplas conseqüências. Numa frase inglesa, a força das idéias geradoras é mantida a cada palavra derivada:
The tEacher wrOte some extrEmely Interesting descrIptions of his nAtive land.
O professOr escrevEu umas descriçÕes extrEmamEnte interessAntes de sua terra natAl.
Faça o teste vc mesmo. Diga em voz alta as palavras abaixo colocando o acento no radical, em vez de no sufixo. Compare com a sensação q vc tem qdo põe o acento no sufixo:
cAstidade, cErteza, escrItor, gOrdura, mUndial, mOtorista, bEleza, bElamente, sEnsação, sEnsacional, profEssor, escrEveu, descrIções, extrEmamente, intEressante, nAtal
¿Sentiu um deslocamento pro sentido profundo da palavra? ¿Não parece, de algum modo, q a palavra fica mais clara, menos difusa? Hm. Nas línguas latinas, vc tem a sensação de raramente estar falando das coisas, de raramente olhar pra elas de frente, de ficar rodeando os assuntos interminavelmente, de estar prestando atenção na forma muito mais do q o necessário. É por isso q as línguas latinas têm tanta dificuldade em criar palavras novas a partir das antigas, e ficam dando voltas e mais voltas em torno dum vocabulário q ainda não saiu do Iluminismo.
Não admira q o q é dito numa língua latina soe tão mais superficial do q o q é dito numa língua germânica, inclusive pra seus falantes; daí q, depois q a ciência de várias nacionalidades cuidou do básico no século XIX, o bojo de tudo q se pensou, se criou e se descobriu no mundo a partir do século XX tenha partido das línguas germânicas, q expressam idéias complexas com mais facilidade e clareza. O mundo latino é empurrado prà frente pela pujança, flexibilidade, praticidade e criatividade das línguas germânicas e pra isso, claro, paga royalties.
O futuro, ninguém sabe. É inteiramente possível q "remanchar prazerosamente" venha a ser a melhor maneira de viver, depois q os germânicos pensarem, criarem e descobrirem tudo q é possível pensar, criar e descobrir; e talvez aquele seja mesmo o objetivo de pensar, criar e descobrir – objetivo esse q os latinos já alcançaram sem muito falatório. Vá saber. O certo é q, por agora, é muito frustrante querer expressar uma idéia e se incomodar com o som q ela tem.
23 maio 2007
o povo punido jamais terá partido
Engraçadíssimo é universitário gratuito. Faz 20 dias q a USP está em greve. Parece q é todo ano é a mesma coisa. Invadem a reitoria, cantam Apesar de Você, fazem assembléia...
Estávamos nosso estimado Dr Plausível e eu num restaurante qdo lhe contei q estudei na USP dééécadas atrás. Ele estava a ponto de garfar um bife. Por alguns segundos, sua mão parou no ar com o garfo apontando pra baixo e os olhos dele me fitando como se eu fosse um grão de pó no horizonte. E foi aí q gargantalhou em minha cara e animou o restaurante inteiro.
Fiz 7 anos de USP. Todo ano (todo ano) houve greve. A reitoria foi invadida 2 vezes (¿ou terão sido 3? já não lembro). Num dos anos, a greve se eXtendeu até janeiro do ano seguinte, e os professores tiveram q aprovar todos os alunos.
Jendia parece q a molecada classe média quer entrar prà universidade pra fazer de conta q está nos anos 60. A USP virou um parque temático. HAHAHAHA A reitoria agora deve ter uma ala reservada pra invasões, q fica sem uso o resto do ano. Os seguranças vão direcionando a turba enSandycida ("Por ali, por ali, por favor."), q entra numa área com um dj tocando muzak contra a ditadura ("Caminhando e cantando e seguindo a canção..." e depois "Apesar de você, amanhã há de ser...") e o pessoal se acomoda ali, esperando o lanchinho.
Pra se sentir nos anos 60, tem até estudantes (e isto é a pura verdade) q chamam o atual governo estadual de "ditadura"... ¡Um governador eleito!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Qdo confessei ao doutor q eu mesmo fui junto numa dessas invasões numa época em q ãã meu cinismo ainda não tinha aflorado e eu era, portanto, bem mais idiota do q sou agora, ¿vcs querem ter uma noção do tamanho da risada q ele deu?
HAHAHAHAHA
Q humilhação.
Estávamos nosso estimado Dr Plausível e eu num restaurante qdo lhe contei q estudei na USP dééécadas atrás. Ele estava a ponto de garfar um bife. Por alguns segundos, sua mão parou no ar com o garfo apontando pra baixo e os olhos dele me fitando como se eu fosse um grão de pó no horizonte. E foi aí q gargantalhou em minha cara e animou o restaurante inteiro.
Fiz 7 anos de USP. Todo ano (todo ano) houve greve. A reitoria foi invadida 2 vezes (¿ou terão sido 3? já não lembro). Num dos anos, a greve se eXtendeu até janeiro do ano seguinte, e os professores tiveram q aprovar todos os alunos.
Jendia parece q a molecada classe média quer entrar prà universidade pra fazer de conta q está nos anos 60. A USP virou um parque temático. HAHAHAHA A reitoria agora deve ter uma ala reservada pra invasões, q fica sem uso o resto do ano. Os seguranças vão direcionando a turba enSandycida ("Por ali, por ali, por favor."), q entra numa área com um dj tocando muzak contra a ditadura ("Caminhando e cantando e seguindo a canção..." e depois "Apesar de você, amanhã há de ser...") e o pessoal se acomoda ali, esperando o lanchinho.
Pra se sentir nos anos 60, tem até estudantes (e isto é a pura verdade) q chamam o atual governo estadual de "ditadura"... ¡Um governador eleito!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Qdo confessei ao doutor q eu mesmo fui junto numa dessas invasões numa época em q ãã meu cinismo ainda não tinha aflorado e eu era, portanto, bem mais idiota do q sou agora, ¿vcs querem ter uma noção do tamanho da risada q ele deu?
HAHAHAHAHA
Q humilhação.
09 maio 2007
P2a: Pessoas-que-acreditam-em-coisas [1/2]
Abaixo, um resumo da primeira parte da palestra do Dr Plausível sobre a onisciência divina e o livre arbítrio humano, proferida no Instituto de Plausibilática de Tallinn, ano passado.
« Alex Castro, autor do Liberal Libertário Libertino, publicou há meses um artigo sobre as "pessoas-que-acreditam-em-coisas", em q parodiou uma conversa típica entre ele e um crente q tenta inutilmente proselitizá-lo. O crente metafórico acredita em "elefantes roxos q flutuam" e, conseqüentemente, q "não se deve vestir camisetas brancas". Em dado momento, a pessoa-que-acredita-em-coisas acusa o autor: "Ao contrário do que vc pensa em tua imensa vaidade, tua mente está fechada a tudo q não se conforme a tua visão estreita de mundo."
« Hm.
« Sempre acho graça de pessoas-que-acreditam-em-coisas. A regra fundamental pra essas pessoas é:
1. acredite em coisas
2. acredite em coisas q não contradigam o q vc já acredita
3. não acredite em coisas em q gente estranha acredita
« É sobre o ítem 2 q quero falar. Os ítem 1 e 3 contêm apenas, digamos, reações viscerais/intuitivas à vastíssima complexidade do mundo. Compreensível, dada a capacidade humana de compreender q não compreende a escala das coisas.
« Mas o ítem 2 tem ali uma palavra relacionada com lógica ("contradigam") q pretende adicionar um elemento inteligível à visceragem/intuição.
« A impressão q dá é q toda religião grande é um amontoado de ingredientes saídos de vários cérebros diferentes, cada um tendo uma idéia independente da outra e tentando encaixar tudo numa mesma panela. Parece tbm aquela história em q umas beatas se encontram pra compor uma música pruma procissão, discutem, discutem e chegam num acordo: "Ói, cês vão pa casa e faiz a muzga, e nóis vão pa casa e faiz a letra." E aí depois qdo elas se encontram é "muita letra pra pouca música."
« Uma dessas incoerências é a crença, ao mesmo tempo, na onisciência divina e no livre arbítrio humano – um dos embaraços mais conhecidos de algumas religiões grandes, um embaraço pro qual todo teólogo tem uma resposta, mas q nenhum ainda conseguiu satisfazer, sacomé? Simplesmente não é possível, sem entortar o sentido das palavras, q a primeira e o segundo sejam verdade ao mesmo tempo. É como diz meu nobre colega, o Dr PACS: "Tem gente q acredita simultaneamente q ninguém sabe a fórmula da Coca-Cola, e q já se conhece o genoma humano. As duas coisas simplesmente não podem ser verdade ao mesmo tempo." HAHAHAHAHAHAHA
« Reconheço os esforços dos trocentos teólogos do passado longínquo e próximo e do presente q tentaram e tentam criar teorias pra conciliar as duas idéias; mas a lógica resiste. A saída mais simples do dilema, reconhecida e usada na hora do aperto, é dizer, "Pô, foi Deus q criou a lógica, a justiça e a hermenêutica; então a vontade divina criou até a racionalidade q é INcapaz de entender."
« ¿¡¿Uééé?!?
« Mas então... ¿não era pra entender? »
continua...
« Alex Castro, autor do Liberal Libertário Libertino, publicou há meses um artigo sobre as "pessoas-que-acreditam-em-coisas", em q parodiou uma conversa típica entre ele e um crente q tenta inutilmente proselitizá-lo. O crente metafórico acredita em "elefantes roxos q flutuam" e, conseqüentemente, q "não se deve vestir camisetas brancas". Em dado momento, a pessoa-que-acredita-em-coisas acusa o autor: "Ao contrário do que vc pensa em tua imensa vaidade, tua mente está fechada a tudo q não se conforme a tua visão estreita de mundo."
« Hm.
« Sempre acho graça de pessoas-que-acreditam-em-coisas. A regra fundamental pra essas pessoas é:
1. acredite em coisas
2. acredite em coisas q não contradigam o q vc já acredita
3. não acredite em coisas em q gente estranha acredita
« É sobre o ítem 2 q quero falar. Os ítem 1 e 3 contêm apenas, digamos, reações viscerais/intuitivas à vastíssima complexidade do mundo. Compreensível, dada a capacidade humana de compreender q não compreende a escala das coisas.
« Mas o ítem 2 tem ali uma palavra relacionada com lógica ("contradigam") q pretende adicionar um elemento inteligível à visceragem/intuição.
« A impressão q dá é q toda religião grande é um amontoado de ingredientes saídos de vários cérebros diferentes, cada um tendo uma idéia independente da outra e tentando encaixar tudo numa mesma panela. Parece tbm aquela história em q umas beatas se encontram pra compor uma música pruma procissão, discutem, discutem e chegam num acordo: "Ói, cês vão pa casa e faiz a muzga, e nóis vão pa casa e faiz a letra." E aí depois qdo elas se encontram é "muita letra pra pouca música."
« Uma dessas incoerências é a crença, ao mesmo tempo, na onisciência divina e no livre arbítrio humano – um dos embaraços mais conhecidos de algumas religiões grandes, um embaraço pro qual todo teólogo tem uma resposta, mas q nenhum ainda conseguiu satisfazer, sacomé? Simplesmente não é possível, sem entortar o sentido das palavras, q a primeira e o segundo sejam verdade ao mesmo tempo. É como diz meu nobre colega, o Dr PACS: "Tem gente q acredita simultaneamente q ninguém sabe a fórmula da Coca-Cola, e q já se conhece o genoma humano. As duas coisas simplesmente não podem ser verdade ao mesmo tempo." HAHAHAHAHAHAHA
« Reconheço os esforços dos trocentos teólogos do passado longínquo e próximo e do presente q tentaram e tentam criar teorias pra conciliar as duas idéias; mas a lógica resiste. A saída mais simples do dilema, reconhecida e usada na hora do aperto, é dizer, "Pô, foi Deus q criou a lógica, a justiça e a hermenêutica; então a vontade divina criou até a racionalidade q é INcapaz de entender."
« ¿¡¿Uééé?!?
« Mas então... ¿não era pra entender? »
continua...
14 abril 2007
O pior anúncio do mundo
Marqueteiro e marcheteiro têm algumas coisas em comum. Ambos gostam de coisas encaixadinhas e ambos adoram ficar martelando. Se uma coisa teima em não se encaixar, nada q uma marretada não resolva.
Dez anos atrás, às 8h duma manhã cinza de inverno, a população inteira dum ônibus urbano lotado teve uma oportunidade única de conhecer a gargalhada de nosso eutrófico doutor.
Algum tonho de alguma firmeca de marketing muito provavelmente havia pensado assim:
"Hm. Xovê. ¿Onde é q tem gente tão encaixadinha q não teria escolha exceto ser martelado com as ãã informações publicitárias dum anunciante? Hm. Caixa, caixa... Martelo, martelo... ¡Ah, já sei! Um ônibus lotado!"
E pensando nos passageiros acotovelados e indefesos, criou a sórdida idéia de emporcalhar-lhes os ouvidos com as "informações" de quem quer q pagasse uns trocados. Daí nasceu o radinho com programação ãã customizada pra tocar em linhas de ônibus de São Paulo, "the city that never shuts up" [© Bel Seslaf].
Mas voltando àquela manhã dez anos atrás. O doutor já estava de saco cheio, obrigado a ouvir músicas cretinas qdo queria ler seu livrinho, mesmo apinhado e de pé (as Clínicas Dr Plausível nunca deram dinheiro), qdo um anúncio simplesmente o PIOR anúncio de todos os tempos provocou-lhe uma risada tão contagiante q o ônibus todo ficou sem ar. (Imagine dezenas de pessoas ensardinhadas rindo ao mesmo tempo. É uma operação q exigiria planejamento e coreografia.) Era o anúncio dum curso de informática, e começava assim:
"Você aí que agora está olhando pela janela deste ônibus, ¿não seria muito melhor estar olhando na tela dum computador?"
QUA QUA QUA QUA QUA QUA QUA QUA QUA
¿Em qual nádega esse pessoal tem a cabeça, meu santo?
Tá bom, tá bom. Não é o pior anúncio do mundo, mas o ponto final tá perto.
O radinho parou depois de alguns meses, certamente devido às reclamações de passageiros. (E, sem dúvida, muitas reclamações de parentes e amigos dos motoristas e cobradores q eram obrigados a ouvir a mesma ladainha 8 horas por dia, dia após dia.)
Mas recentemente, algum outro tonho achou por bem renovar a idéia dum jeito mais hi-tech. Algumas linhas de ônibus trazem agora duas telas de tv... com SOM... Em São Paulo, uma firma responsável por esse torpe desrespeito ao cidadão, essa nauseante invasão do espaço privado, esse asqueroso abuso da imobilidade do passageiro chama-se BUS TV. Dê uma vista d'olhos no site www.bustv.com.br pra ver a intensa mediocridade e o sebento cinismo do pensamento marqueteiro. Agora o passageiro não precisa mais olhar pela janela pra ver como a vida moderna é uma bosta. Olha a telinha, e a bosta vê. E dá-lhe muzak, anúncios de Nescau, Casas Pernambucanas e McDonald's, além de dicas de culinária e de segurança, clipinhos de grupinhos de rapazinhos limpinhos cantando regginhos, previsão do tempo e programação cultural. Um cocô total.
¡Q vergonha, hein, Nescau?
¿Será q o "apoio integral de instituições públicas e governamentais" (nas palavras do site deles) inclue a otherwise elogiosa proibição de cartazes publicitários ao longo das ruas onde transitam os ônibus? Paranóia, né? Mas se a prefeitura proíbe um cartaz q só está ali enfeiando a paisagem, ¿por que é q não proíbe a vileza insidiosa e ofensiva de amarrar o povaréu à frente duma telinha e emerdar-lhe o cérebro?
Dez anos atrás, às 8h duma manhã cinza de inverno, a população inteira dum ônibus urbano lotado teve uma oportunidade única de conhecer a gargalhada de nosso eutrófico doutor.
Algum tonho de alguma firmeca de marketing muito provavelmente havia pensado assim:
"Hm. Xovê. ¿Onde é q tem gente tão encaixadinha q não teria escolha exceto ser martelado com as ãã informações publicitárias dum anunciante? Hm. Caixa, caixa... Martelo, martelo... ¡Ah, já sei! Um ônibus lotado!"
E pensando nos passageiros acotovelados e indefesos, criou a sórdida idéia de emporcalhar-lhes os ouvidos com as "informações" de quem quer q pagasse uns trocados. Daí nasceu o radinho com programação ãã customizada pra tocar em linhas de ônibus de São Paulo, "the city that never shuts up" [© Bel Seslaf].
Mas voltando àquela manhã dez anos atrás. O doutor já estava de saco cheio, obrigado a ouvir músicas cretinas qdo queria ler seu livrinho, mesmo apinhado e de pé (as Clínicas Dr Plausível nunca deram dinheiro), qdo um anúncio simplesmente o PIOR anúncio de todos os tempos provocou-lhe uma risada tão contagiante q o ônibus todo ficou sem ar. (Imagine dezenas de pessoas ensardinhadas rindo ao mesmo tempo. É uma operação q exigiria planejamento e coreografia.) Era o anúncio dum curso de informática, e começava assim:
"Você aí que agora está olhando pela janela deste ônibus, ¿não seria muito melhor estar olhando na tela dum computador?"
QUA QUA QUA QUA QUA QUA QUA QUA QUA
¿Em qual nádega esse pessoal tem a cabeça, meu santo?
Tá bom, tá bom. Não é o pior anúncio do mundo, mas o ponto final tá perto.
O radinho parou depois de alguns meses, certamente devido às reclamações de passageiros. (E, sem dúvida, muitas reclamações de parentes e amigos dos motoristas e cobradores q eram obrigados a ouvir a mesma ladainha 8 horas por dia, dia após dia.)
Mas recentemente, algum outro tonho achou por bem renovar a idéia dum jeito mais hi-tech. Algumas linhas de ônibus trazem agora duas telas de tv... com SOM... Em São Paulo, uma firma responsável por esse torpe desrespeito ao cidadão, essa nauseante invasão do espaço privado, esse asqueroso abuso da imobilidade do passageiro chama-se BUS TV. Dê uma vista d'olhos no site www.bustv.com.br pra ver a intensa mediocridade e o sebento cinismo do pensamento marqueteiro. Agora o passageiro não precisa mais olhar pela janela pra ver como a vida moderna é uma bosta. Olha a telinha, e a bosta vê. E dá-lhe muzak, anúncios de Nescau, Casas Pernambucanas e McDonald's, além de dicas de culinária e de segurança, clipinhos de grupinhos de rapazinhos limpinhos cantando regginhos, previsão do tempo e programação cultural. Um cocô total.
¡Q vergonha, hein, Nescau?
¿Será q o "apoio integral de instituições públicas e governamentais" (nas palavras do site deles) inclue a otherwise elogiosa proibição de cartazes publicitários ao longo das ruas onde transitam os ônibus? Paranóia, né? Mas se a prefeitura proíbe um cartaz q só está ali enfeiando a paisagem, ¿por que é q não proíbe a vileza insidiosa e ofensiva de amarrar o povaréu à frente duma telinha e emerdar-lhe o cérebro?
08 abril 2007
Desligare
Uma coisa q o Dr Plausível elogia nas pessoas é q, qdo devidamente encostadas na parede, todas elas meio q admitem q seguir uma religião é delegar a uma tradição as decisões sobre questões polêmicas, e q a tradição é apenas mais uma aplicação prática da antiga e nobre vocação humana de tirar o fiofó da reta. ¿Pra quê ser totalmente responsável por suas opiniões, decisões e ações se é possível jogar esse fardo em cima do imponderável, não é verdade?
Mas as tradições têm um grave defeito. A ignorância das gentes antigas (ou caso vc seja crente de alguma religião a ignorância humana q Deus presumia nas gentes, ao sonegar informações preciosas naquelas revelações todas) foi inegavelmente uma forte influência na construção das tradições religiosas. [Já vai ter gente caindo de pau, dizendo q nas questões fundamentais da existência estamos tão porcamente na lama da ignorância hoje como antes. Mas qdo fala de ignorância, nosso enlevante doutor quer dizer ignorância sobre coisas práticas tipo "ferver água mata germes," "a terra é uma bola de 40mil km em volta, q gira em torno do sol," "qqer estrutura presente é historicamente determinada," "todo ser humano tem direitos inalienáveis," coisas desse tipo.]
A ignorância na origem das religiões resulta em limitações de vocabulário q, hoje, deveriam restringir a abrangência das aplicações da religião. É uma questão meramente combinatória.
Explico. Por conta dessa ignorância sobre o diminuto (micro-organismos, genes, elétrons) e o vasto (planeta, galáxias, universo) as tradições religiosas lidam forçosamente apenas com combinações triviais de problemas entre as gentes normais e numerosas tipo nascimentos, casamentos, mortes, negócios, traições, doenças, &c. Além disso, nos tempos bíblicos (ou védicos ou búdicos ou confúcicos ou muçúlmicos), havia muito menos gente do q hoje. A população MUNDIAL em, digamos, 15 de maio de 5 a.C. era de apenas uns 200 milhões, um trigésimo do q é hoje. Assim, havia logicamente menos variedade de experiências, e a pouca variedade q havia estava circunscrita entre extremos menos díspares. Um sujeito ia à guerra e via gente sendo degolada, queimada e pisoteada... mas nunca via ninguém explodir em mil pedaços ou virar pó em segundos; todos sabiam q havia um homossexual aqui e outro ali... mas nem se imaginava q milhares deles poderiam fazer uma festa numa avenida do tamanho duma cidade bíblica (a população de Jerusalém naquele mesmo 15 de maio era de 80mil; a parada gay de SPaulo na virada deste século teve cerca de 100mil). O mundo de hoje é pelo menos (!) trinta vezes mais complexo do q era qdo aqueles profetas profundamente provincianos enumeravam suas regras universais de convivência.
Com o vertiginoso acúmulo de conhecimento humano de uns quinhentos anos pra cá, a religião parece um andarilho numa selva à noite: ¡leva cada susto! Ela não sabe nem sequer como reagir: dá um fora atrás do outro, e só às vezes se desculpa. O conhecimento nunca pede desculpas: ninguém se sente culpado por saber alguma coisa.
Sesdias, houve um exemplo de como, deparando-se com possibilidades humanas dantes impensáveis, a religião reage às cegas. Ao mesmo tempo em q, em Brasília, a influência da igreja mexe os pauzinhos pra proibir o aborto de anencéfalos e as pesquisas com células tronco, um casal de namorados em Niterói queria se casar mas o padre invocou preceitos da mesma igreja pra dizer não: o rapaz tem paralisia cerebral e a moça tem déficit de aprendizado; ou seja, um aleijado e uma retardada queriam casar, mas a moral religiosa q move mundos e fundos pra garantir o nascimento dum anencéfalo, q promove a caridade aos desafortunados, q quer ver toda e qqer trepadinha produzindo um novo ser humano, nem q seja um mal-amado e mal-alimentado vegetal semi-funcional a moral religiosa, digo, defende com unhas e dentes as vidas dos coitados mas se recusa a permitir q essas mesmas vidas sejam normais. Nascer, deve; viver na miséria, pode; casar, não deve; gerar, não pode. ¿¡¿Uééé?!?
Jesus manda o paralítico andar, mas é só até ali na esquina e volta. Nada de ficar paquerando as leprosas.
Mas as tradições têm um grave defeito. A ignorância das gentes antigas (ou caso vc seja crente de alguma religião a ignorância humana q Deus presumia nas gentes, ao sonegar informações preciosas naquelas revelações todas) foi inegavelmente uma forte influência na construção das tradições religiosas. [Já vai ter gente caindo de pau, dizendo q nas questões fundamentais da existência estamos tão porcamente na lama da ignorância hoje como antes. Mas qdo fala de ignorância, nosso enlevante doutor quer dizer ignorância sobre coisas práticas tipo "ferver água mata germes," "a terra é uma bola de 40mil km em volta, q gira em torno do sol," "qqer estrutura presente é historicamente determinada," "todo ser humano tem direitos inalienáveis," coisas desse tipo.]
A ignorância na origem das religiões resulta em limitações de vocabulário q, hoje, deveriam restringir a abrangência das aplicações da religião. É uma questão meramente combinatória.
Explico. Por conta dessa ignorância sobre o diminuto (micro-organismos, genes, elétrons) e o vasto (planeta, galáxias, universo) as tradições religiosas lidam forçosamente apenas com combinações triviais de problemas entre as gentes normais e numerosas tipo nascimentos, casamentos, mortes, negócios, traições, doenças, &c. Além disso, nos tempos bíblicos (ou védicos ou búdicos ou confúcicos ou muçúlmicos), havia muito menos gente do q hoje. A população MUNDIAL em, digamos, 15 de maio de 5 a.C. era de apenas uns 200 milhões, um trigésimo do q é hoje. Assim, havia logicamente menos variedade de experiências, e a pouca variedade q havia estava circunscrita entre extremos menos díspares. Um sujeito ia à guerra e via gente sendo degolada, queimada e pisoteada... mas nunca via ninguém explodir em mil pedaços ou virar pó em segundos; todos sabiam q havia um homossexual aqui e outro ali... mas nem se imaginava q milhares deles poderiam fazer uma festa numa avenida do tamanho duma cidade bíblica (a população de Jerusalém naquele mesmo 15 de maio era de 80mil; a parada gay de SPaulo na virada deste século teve cerca de 100mil). O mundo de hoje é pelo menos (!) trinta vezes mais complexo do q era qdo aqueles profetas profundamente provincianos enumeravam suas regras universais de convivência.
Com o vertiginoso acúmulo de conhecimento humano de uns quinhentos anos pra cá, a religião parece um andarilho numa selva à noite: ¡leva cada susto! Ela não sabe nem sequer como reagir: dá um fora atrás do outro, e só às vezes se desculpa. O conhecimento nunca pede desculpas: ninguém se sente culpado por saber alguma coisa.
Sesdias, houve um exemplo de como, deparando-se com possibilidades humanas dantes impensáveis, a religião reage às cegas. Ao mesmo tempo em q, em Brasília, a influência da igreja mexe os pauzinhos pra proibir o aborto de anencéfalos e as pesquisas com células tronco, um casal de namorados em Niterói queria se casar mas o padre invocou preceitos da mesma igreja pra dizer não: o rapaz tem paralisia cerebral e a moça tem déficit de aprendizado; ou seja, um aleijado e uma retardada queriam casar, mas a moral religiosa q move mundos e fundos pra garantir o nascimento dum anencéfalo, q promove a caridade aos desafortunados, q quer ver toda e qqer trepadinha produzindo um novo ser humano, nem q seja um mal-amado e mal-alimentado vegetal semi-funcional a moral religiosa, digo, defende com unhas e dentes as vidas dos coitados mas se recusa a permitir q essas mesmas vidas sejam normais. Nascer, deve; viver na miséria, pode; casar, não deve; gerar, não pode. ¿¡¿Uééé?!?
Jesus manda o paralítico andar, mas é só até ali na esquina e volta. Nada de ficar paquerando as leprosas.
30 março 2007
Bota clima nisso
Hoje saiu no jornal uma baita foto de duas páginas anunciando o lançamento dum condomínio no lado oposto da Imigrantes ao Jardim Botânico. Coisa fina. Os 14.800m² tem "diversão para todas as idades", tipo "street ball (?), fitness center (?), sala de spinning (??), garage band (???), studio office (????), pet play (?????), espaço mulher (??????), quadra de bocha, mirante, churrasqueira, espaço grill (?), piscina coberta aquecida," e mais 21 ítens, todos desse tipinho deixa-eu-ser-eu. O mais patético é o espaço "garage band": vc quer prender seu filho pra sempre num condomínio, e tem a crueldade de criar um espaço pra ele ser rebelde. HAHAHAHAHA
Mas voltemos. Na baita foto, aparece a área onde será construído o condô: um terreno baldio ali na cara da Imigrantes. Agora, pensa bem. É um terreno baldio por algum motivo, ¿não é mesmo? ¿De cara com a Imigrantes? Mas ¿não é q o site deles diz q é "o melhor clima de São Paulo"? HAHAHAHAHAHA Empreiteiro é gente sem escrúpulos, meu. Fala qualquer coisa pra ganhar uns trocados.
Mas deixei pro final o nome do lugar. Os caras pensaram bem essa, e é provavelmente a única coisa plausível no anúncio. Vão construir um condomínio fechadérrimo e batizaram o lugar de "Clima Bothanico".
Pois olha bem pra esse nome, dona-de-casa. Clima Bothanico. ¿Lembra alguma coisa? Claro, lembra Pieter Willem Botha, o "Grande Crocodilo", defensor ferrenho do apartheid (!!) na África do Sul e, entre 1978 e 1989, primeiro ministro e presidente daquela joça.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
¿Tem cabimento? Das duas, uma: ou nessa empreiteira tem gente q não pensa, ou tem gente q pensa demais, nuéverdade?
Porque, pô, né? E na cara da "Imigrantes"...
Mas voltemos. Na baita foto, aparece a área onde será construído o condô: um terreno baldio ali na cara da Imigrantes. Agora, pensa bem. É um terreno baldio por algum motivo, ¿não é mesmo? ¿De cara com a Imigrantes? Mas ¿não é q o site deles diz q é "o melhor clima de São Paulo"? HAHAHAHAHAHA Empreiteiro é gente sem escrúpulos, meu. Fala qualquer coisa pra ganhar uns trocados.
Mas deixei pro final o nome do lugar. Os caras pensaram bem essa, e é provavelmente a única coisa plausível no anúncio. Vão construir um condomínio fechadérrimo e batizaram o lugar de "Clima Bothanico".
Pois olha bem pra esse nome, dona-de-casa. Clima Bothanico. ¿Lembra alguma coisa? Claro, lembra Pieter Willem Botha, o "Grande Crocodilo", defensor ferrenho do apartheid (!!) na África do Sul e, entre 1978 e 1989, primeiro ministro e presidente daquela joça.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
¿Tem cabimento? Das duas, uma: ou nessa empreiteira tem gente q não pensa, ou tem gente q pensa demais, nuéverdade?
Porque, pô, né? E na cara da "Imigrantes"...
25 março 2007
Ref.: pleba
Parece q muita gente está animada com a idéia dum referendo sobre reeleição, financiamento público de campanhas, aborto, o parelhamento e voto obrigatório. O Dr Plausível só ergueu o sobrolho levemente.
Existem trocentas teorias sobre a função do estado. Uma guglada por cima traz pimpinelas cor-de-rosa como:
A função do estado é:
:) "proteger a sociedade e as pessoas de bem em primeiro lugar"
:) "assegurar os direitos negativos da população, isto é: impedir a coerção, &c"
:) "traduzir em normas escritas os princípios que se firmam na consciência social"
:) "preservar os direitos naturais à vida, à liberdade e aos bens"
:) "promover o desenvolvimento social"
e por aí vai. Tudo verdade, claro. Mas nosso esclarecido doutor, como sempre, vai mais além e resume toda e qqer definição plausível de estado a um só princípio básico universal:
"A função do estado é proteger o cidadão contra gente imbecil."
De onde resulta o paradoxo q vc, leitor, só de ler esse princípio, já pescou: se 96% dos "cidadãos" são também "gente imbecil", incluíndo aí 96% dos estadistas, então ¿que catso?
O doutor presume, no entanto, q apesar de 96% dos estadistas serem também imbecis, são eles q desempenham a função do estado e, mesmo q 96% de suas decisões sejam também imbecis, eles são apenas representantes do povo, e não o povo em si: ou seja, qqer imbecilidade q praticam pode ser facilmente revertida bastando substituí-los por outros representantes.
Exceto... qdo cometem uma imbecilidade irreversível, tipo, qdo se eximem vergonhosamente de seu trabalho de proteger o cidadão contra os imbecis numa controvérsia polêmica e pedem ao próprio povaréu imbecil q decida diretamente o q fazer pra se proteger uns dos outros. Aí não dá pra voltar atrás: ¿não foi o próprio povo q decidiu?
Em decisões q dependam da moral, fazer referendo é encomendar golpe não golpe de estado, mas golpe parlamentar, golpe jurídico, &c. Porque ¿vai q o referendo decide algo q gente poderosa não está a fim de cumprir? E ¿de que vale um referendo se, depois de decidir algo impalatável a imbecis poderosos, eles podem contestar tudo invocando algum preciosismo legal na ribomboca duma cláusula?
Muita gente acha q plebiscito e referendo são a expressão máxima da democracia. Que nada. Em questões de moral, são nada mais q a expressão máxima da ditadura do imbecil coletivo, o equivalente cognitivo dum estouro da manada, o equivalente político do linchamento sumário. Levar uma questão polêmica à decisão do povo é a manobra de quem sabe e quer a resposta q o povo dará.
Mas, qdo os próprios representantes sabem tão pouco o q estão fazendo ali a ponto de pedir a opinião "soberana" do povaréu em questões morais, ¿que mais se poderia esperar?
Aliás, no mesmo referendo decidir sobre obrigatoriedade do voto e sobre as outras polêmicas é atestado de burrice, não é? O sujeito vota q não deveria ser obrigado a votar e ¿logo em seguida é obrigado a votar nos outros ítens? Ou pior, o inverso: ele vota nos quatro primeiros ítens e ¿aí é traiçoeiramente obrigado a votar q nenhum de seus votos anteriores era pra ser levado a sério?
?!?!? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
¿Não seria mais ãã... inteligente fazer primeiro um referendo sobre a obrigatoriedade e depois um outro sobre o resto?
Claro q seria. Mas imbecil é imbecil, né? Fazer o quê?
Existem trocentas teorias sobre a função do estado. Uma guglada por cima traz pimpinelas cor-de-rosa como:
A função do estado é:
:) "proteger a sociedade e as pessoas de bem em primeiro lugar"
:) "assegurar os direitos negativos da população, isto é: impedir a coerção, &c"
:) "traduzir em normas escritas os princípios que se firmam na consciência social"
:) "preservar os direitos naturais à vida, à liberdade e aos bens"
:) "promover o desenvolvimento social"
e por aí vai. Tudo verdade, claro. Mas nosso esclarecido doutor, como sempre, vai mais além e resume toda e qqer definição plausível de estado a um só princípio básico universal:
"A função do estado é proteger o cidadão contra gente imbecil."
De onde resulta o paradoxo q vc, leitor, só de ler esse princípio, já pescou: se 96% dos "cidadãos" são também "gente imbecil", incluíndo aí 96% dos estadistas, então ¿que catso?
O doutor presume, no entanto, q apesar de 96% dos estadistas serem também imbecis, são eles q desempenham a função do estado e, mesmo q 96% de suas decisões sejam também imbecis, eles são apenas representantes do povo, e não o povo em si: ou seja, qqer imbecilidade q praticam pode ser facilmente revertida bastando substituí-los por outros representantes.
Exceto... qdo cometem uma imbecilidade irreversível, tipo, qdo se eximem vergonhosamente de seu trabalho de proteger o cidadão contra os imbecis numa controvérsia polêmica e pedem ao próprio povaréu imbecil q decida diretamente o q fazer pra se proteger uns dos outros. Aí não dá pra voltar atrás: ¿não foi o próprio povo q decidiu?
Em decisões q dependam da moral, fazer referendo é encomendar golpe não golpe de estado, mas golpe parlamentar, golpe jurídico, &c. Porque ¿vai q o referendo decide algo q gente poderosa não está a fim de cumprir? E ¿de que vale um referendo se, depois de decidir algo impalatável a imbecis poderosos, eles podem contestar tudo invocando algum preciosismo legal na ribomboca duma cláusula?
Muita gente acha q plebiscito e referendo são a expressão máxima da democracia. Que nada. Em questões de moral, são nada mais q a expressão máxima da ditadura do imbecil coletivo, o equivalente cognitivo dum estouro da manada, o equivalente político do linchamento sumário. Levar uma questão polêmica à decisão do povo é a manobra de quem sabe e quer a resposta q o povo dará.
Mas, qdo os próprios representantes sabem tão pouco o q estão fazendo ali a ponto de pedir a opinião "soberana" do povaréu em questões morais, ¿que mais se poderia esperar?
Aliás, no mesmo referendo decidir sobre obrigatoriedade do voto e sobre as outras polêmicas é atestado de burrice, não é? O sujeito vota q não deveria ser obrigado a votar e ¿logo em seguida é obrigado a votar nos outros ítens? Ou pior, o inverso: ele vota nos quatro primeiros ítens e ¿aí é traiçoeiramente obrigado a votar q nenhum de seus votos anteriores era pra ser levado a sério?
?!?!? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
¿Não seria mais ãã... inteligente fazer primeiro um referendo sobre a obrigatoriedade e depois um outro sobre o resto?
Claro q seria. Mas imbecil é imbecil, né? Fazer o quê?
16 março 2007
Macarrão no Cool
Fusilli, pra ser exato.
Nosso esporeante Dr Plausível às vezes sofre, viu. A criatividade de gente improdutiva é de desfuçar a cara à base de gargalhos. Haja plástica.
Tem uns caras aí q querem pq querem fazer um plebiscito (nacional?) pra "decidir sobre a criação do Maranhão do Sul," tipo assim qdo vc levanta uma parede no meio da sala e "cria" uma sala de jantar.
HA-HA-HA-HAR-HAR-HAR-AR-AR!-AR!!cof-cof
Vamos por partes. ¿Pra q tchongas um Maranhão do Norte? ¿Por q tchungas um Maranhão do Sul?
A Escarlates já disse tudo q o doutor diria. Então, por pura preguiça, cito-a verbatim:
"Novo Executivo, novo Legislativo, novo Judiciário, novos palácios superfaturados para abrigar os respectivos Poderes, novas folhas de pagamento, concursos para juiz, promotor, salários de desembargador, jeton de Assembléia Legislativa, frotas de carros oficiais, residência oficial do Governador, auxílio-caraglio-a-quatro, franquia postal, telefônica e aérea, campanhas eleitorais, novos conchavos, novos 10%, tudo isso e muito mais para restaurar a paz entre os povos inimigos do Maranhão do Norte e do Sul, que vivem uma sangrenta intifada na Faixa de Imperatriz, como todos tristemente sabemos." Sem falar dos irreconciliáveis problemas presentes do estado, causados por suas "dimensões continentais. E dos 47 dialetos. E das 5 religiões majoritárias."
E ¿como tchengas um plebiscito?
A idéia dum Maranhão do Sul já é redêcula, mas a do plebiscito é um desputério total. É o q resulta qdo um narcisista-q-não-usa-a-cabeça quer pq quer q uma comissão-q-não-raciocina peça a um senado-q-não-reflete q faça uma população-q-nunca-pensou-no-assunto decidir sobre uma idéia q ele teve um dia desses qdo estava pescando traíra no rio Cumbuca do Sul. Entre uma cerveja e outra, a cachola do cara desandou a juntar palavras: "Hmm. Ããã. Nhéé. Mm. ¿Tem cabimento Maranhão do Sul? Nhé. Mm! É só ãããã empurrar o Maranhão um pouco pro norte, e aí vai caber, né? Mmm. Nhééé."
Aí já vai ter gente dizendo, ah não, o plebiscito é só no estado. EEEles é q têm q decidir.
Ah tá.
--------
Mas trata-se da plausibilidade, veja bem.
Qdo um político se expõe ao ridículo com uma idéia estupafúrdia, nosso emérito doutor sempre acha q o cara está ou cobrando ou pagando alguma coisa. O pleba em questão parece apenas um caso de olha-aqui-meu-coronér-como-eu-gosto-do-teu-feudo.
Nosso esporeante Dr Plausível às vezes sofre, viu. A criatividade de gente improdutiva é de desfuçar a cara à base de gargalhos. Haja plástica.
Tem uns caras aí q querem pq querem fazer um plebiscito (nacional?) pra "decidir sobre a criação do Maranhão do Sul," tipo assim qdo vc levanta uma parede no meio da sala e "cria" uma sala de jantar.
HA-HA-HA-HAR-HAR-HAR-AR-AR!-AR!!cof-cof
Vamos por partes. ¿Pra q tchongas um Maranhão do Norte? ¿Por q tchungas um Maranhão do Sul?
A Escarlates já disse tudo q o doutor diria. Então, por pura preguiça, cito-a verbatim:
"Novo Executivo, novo Legislativo, novo Judiciário, novos palácios superfaturados para abrigar os respectivos Poderes, novas folhas de pagamento, concursos para juiz, promotor, salários de desembargador, jeton de Assembléia Legislativa, frotas de carros oficiais, residência oficial do Governador, auxílio-caraglio-a-quatro, franquia postal, telefônica e aérea, campanhas eleitorais, novos conchavos, novos 10%, tudo isso e muito mais para restaurar a paz entre os povos inimigos do Maranhão do Norte e do Sul, que vivem uma sangrenta intifada na Faixa de Imperatriz, como todos tristemente sabemos." Sem falar dos irreconciliáveis problemas presentes do estado, causados por suas "dimensões continentais. E dos 47 dialetos. E das 5 religiões majoritárias."
E ¿como tchengas um plebiscito?
A idéia dum Maranhão do Sul já é redêcula, mas a do plebiscito é um desputério total. É o q resulta qdo um narcisista-q-não-usa-a-cabeça quer pq quer q uma comissão-q-não-raciocina peça a um senado-q-não-reflete q faça uma população-q-nunca-pensou-no-assunto decidir sobre uma idéia q ele teve um dia desses qdo estava pescando traíra no rio Cumbuca do Sul. Entre uma cerveja e outra, a cachola do cara desandou a juntar palavras: "Hmm. Ããã. Nhéé. Mm. ¿Tem cabimento Maranhão do Sul? Nhé. Mm! É só ãããã empurrar o Maranhão um pouco pro norte, e aí vai caber, né? Mmm. Nhééé."
Aí já vai ter gente dizendo, ah não, o plebiscito é só no estado. EEEles é q têm q decidir.
Ah tá.
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Mas trata-se da plausibilidade, veja bem.
Qdo um político se expõe ao ridículo com uma idéia estupafúrdia, nosso emérito doutor sempre acha q o cara está ou cobrando ou pagando alguma coisa. O pleba em questão parece apenas um caso de olha-aqui-meu-coronér-como-eu-gosto-do-teu-feudo.
04 março 2007
Monstruoso texto sobre uma pequena observação
Vc aí q está lendo isto provavelmente acha q o Óscar não é termômetro de coisa alguma. Já o Dr Plausível (q recentemente publicou seu "Neuro-Refluxo Pseudo-Cognitivo do Pânico Moroso: Patologias Sociais Intra-Língüísticas") pensaria diferente. Com essa obra de vastíssima abrangência e algumas páginas, nosso epistolário humanista permite analisar e compreender fatos aparentemente tão díspares q só um idiota completo veria imediatamente alguma relação entre eles. Por exemplo, ¿o q têm em comum os dois fatos abaixo?
fato 1: em 2003, os Euá se basearam numa lorota pra promover e realizar a invasão do Iraque;
fato 2: nos últimos 6 anos, 58% [7/12] dos Óscares de melhor ator e melhor atriz foram outorgados àqueles q fizeram papéis baseados em pessoas reais (contando os coadjuvantes, 46% [11/24]). Nos últimos 3 anos (isto é, nos Óscares relativos a 2004-2006), essa proporção subiu pra 83% [5/6] (com os coadjuvantes, 58% [7/12]). Veja a lista abaixo:
Ator:
2002 Adrien Brody fez Wladyslaw Szpilman em The Pianist
2004 Jamie Foxx fez Ray Charles em Ray
2005 Philip Seymour Hoffman fez Truman Capote em Capote
2006 Forrest Whitaker fez Idi Amin em The Last King of Scotland
Atriz:
2002 Nicole Kidman fez Virginia Woolf em The Hours
2005 Reese Witherspoon fez June Carter em Walk the Line
2006 Helen Mirren fez a rainha Elizabeth II em The Queen
Ator coadjuvante:
2001 Jim Broadbent fez John Bayley em Iris
Atriz coadjuvante:
2001 Jennifer Connelly fez Alicia Nash em A Beautiful Mind
2004 Cate Blanchett fez Katharine Hepburn em The Aviator
2006 Jennifer Hudson fez Effie White (baseada em Florence Ballard) em Dreamgirls
Não são apenas pessoas reais: não são, tipo, George Washington ou Lavoisier: são personalidades contemporâneas, de vidas já bem documentadas em fotos, filmes e gravações. Ou seja, na verdade esses atores e atrizes ganharam o Óscar por imitações.
É uma porrada de personagens reais, não acha? Mas ¿q tchongas tem o fato 1 a ver com o fato 2? ¿O q a invasão do Iraque tem a ver com os Óscares recentes?
A resposta é q, nos Euá de hoje, a relação desejo/realidade está muito mais desequilibrada q de costume. A razão de ser dos Euá é, sem tirar nem pôr, a fantasia de unir desejo e realidade – uma fantasia a q estão peculiarmente predispostas as culturas baseadas na língua inglesa.
"Quêêê? Língua inglesa? Mas esse discípulo do Dr Plausível só fala besteira, hem?" já ouço os leitores pensando. Ok. Então preciso demonstrar o q é q o inglês tem de peculiar. E pra q todos meus leitores entendam, e só pra entediá-los um pouco, vou usar comparações com o português pra demonstrar algumas peculiaridades do inglês.
Se vc está tentando aprender inglês, aqui vai uma dica: a estrutura dessa língua é extremamente burocrática e bitolada:
-a. A seqüência de informações numa frase inglesa só aparece na ordem [quando]-quem-verbo-quê-como-onde-[quando]; ou seja, o inglês diz "[ontem] eu comi uma jaca vorazmente no parque [ontem]" e não "eu ontem comi uma jaca no parque vorazmente" nem "eu comi vorazmente uma jaca ontem no parque" nem qqer de tantas outras combinações válidas e comuns em português.
-b. Os adjetivos vêm antes do substantivo, e (pra resumir) aparecem na ordem tamanho-cor-procedência-utilidade: em português, vc pode dizer "uma raquete marrom de tênis alemã enorme" ou "uma enorme raquete alemã de tênis marrom" ou várias outras combinações; em inglês, só se diz "um enorme marrom alemão tênis raquete."
-c. Qqer coisa dita em inglês segue scripts estruturais rígidos e consistentes; ao contrário do português, em q a semântica influencia a estrutura.
--c¹. Em inglês, se uma estrutura é usada numa situação, ela é usada pra qqer outra situação análoga. Se digo "não consigo viver com fulano" e "não consigo viver sem fulana", o inglês perguntaria "¿quem vc não consegue viver com?" e "¿quem vc não consegue viver sem?", ao passo q o português perguntaria "¿com quem vc não consegue viver?" e "¿quem vc não consegue viver sem?" (além de "¿vc não consegue viver sem quem?", q vale pràs duas línguas).
--c². No inglês, é sempre a mesma coisa: sujeito, verbo, objetos, complementos. O português diz "aconteceu um acidente ontem" e "o acidente aconteceu em minha rua"; em inglês, se diz "um acidente aconteceu ontem" e "o acidente aconteceu em minha rua."
-d. Ao falar de ações e acontecimentos, o inglês tende a ilustrar processos enquanto o português tende a observar resultados. Por exemplo, em português, um cara "entra na sala correndo" (primeiro o resultado, depois o método); em inglês, ele "corre pra dentro da sala" (primeiro o método, depois o resultado, acompanhando o fato).
-e. O inglês tende ao explícito e essencial, enquanto q o português (devido às muitas concordâncias necessárias) tende ao subentendido e ao redundante; por exemplo, em português, "nós colocamos as mãos nos bolsos" traz a informação /plural/ repetida em todas as palavras, não explicita de quem são as mãos nem os bolsos e precisa concordar a informação inútil qto ao gênero das palavras 'mão' e 'bolso'; em inglês, se diz "nós pôr nosso mãos dentro nosso bolsos."
-f. Como a estrutura inglesa é rígida e explícita, tende-se a criar novas palavras e expressões qdo uma lacuna ameaça aparecer na estrutura ou na explicitude, aumentando assim o detalhamento na descrição da realidade; em português, como as lacunas são facilmente preenchidas ou mesmo deixadas em branco como subentendidas, o vocabulário de palavras e expressões cresce ou se modifica bem mais devagar.
-g. Um país como os Euá seria impossível se baseado na língua portuguesa. Seria como imaginar o resultado se metade de todas as palavras e expressões de repente sumissem definitivamente de todos os livros, dicionários, jornais, conversas e memórias de 200 milhões de pessoas, levando junto metade das criações, produtos e instituições, q só se pode compreender e descrever com aquelas palavras.
O inglês é um sistema coerente e consistente de racionalizar, retratar e comunicar a realidade (ou melhor, o q a realidade tem de racionalizável). Foi através da explicitude burocrática da língua inglesa q os britânicos construíram e organizaram o maior império da história, e é através de seu detalhamento cartesiano q os euaenses criam e mantêm o país mais complexo e poderoso de hoje. Se não fosse falado por gente, o inglês seria um língua robótica, ultra-padronizada e esmagadora. O lance legal do inglês é justamente o fato de ser falado por seres humanos – q são uns bichos cheios de contradições, segundas intenções, inconsistências, vacilações, motivações q eles mesmos não compreendem, &c. Quer dizer, o robô inglês é lubrificado pela humanidade dos inglesantes.
Ao falar, o falante de qqer língua acha q está descrevendo a realidade. Todos se enganam mastodonticamente, é claro. Mas a eficiência do inglês engana os inglesantes duma maneira bem particular. A descrição padronizada da realidade tem um preço: onde tudo está esquadrinhado, parece haver poucos mistérios; e ao mesmo tempo em q o inglesante de hoje descreve a realidade com invejável precisão e economia, chegando a controlar o mundo natural com igualmente invejável prec. e econ., ele se crê capaz de também controlar as contradições inerentes ao convívio social. O notório puritanismo e preciosismo dos euaenses tem exageros singulares: vê-se desde o conceito de "politicamente correto" aparecer e se alastrar como fogueira em mato seco, até menino de 6 anos ser indiciado por beijar o rosto duma coleguinha de escola, passando por todas as falcatruas truculentas pra disseminar o conceito (pra eles, moralmente imperativo) da democracia. Depois q o detalhamento do inglês os ajudou a construir o país mais organizado, poderoso e confortável da história – a terra q realiza os desejos de seus ocupantes –, os euaenses caíram numa armadilha cognitiva: a representação da realidade acaba se tornando a coisa-em-si: a coerência e consistência do inglês é confundida com a coerência e consistência do mundo natural; e daí o convívio social, as relações políticas, os medos irracionais, as confusas dinâmicas do desejo, &c acabam enganosamente parecendo por sua vez nitidamente coerentes e consistentes e, portanto, passíveis de controle.
¿Será coincidência q, num momento em q os Euá descobrem no 11 de setembro a ineficácia de seus controles, e descobrem no Iraque a futilidade de seus desejos, e também ali são lembrados diariamente da incoerência e inconsistência das relações humanas, será coincidência, pergunto, q a CRIAÇÃO de novas personagens no cinema seja preterida em favor da IMITAÇÃO de personalidades reais?, q os euaenses busquem o escapismo numa realidade q seja ritualisticamente controlada por um script?
O Dr Plausível diria q não é mera coincidência.
De fato, o "script" (aliás, a única palavra inglesa q fui obrigado a usar neste texto) é um elemento essencial da cultura euaense. Pouco se faz nos Euá sem um script, ou sem q alguém imponha um script. Veja esta foto, tirada sesdias por um leitor num banheiro público na Flórida (¡obrigado, CBeetz!):

[Molhe as mãos e aplique o sabão. / Esfregue as mãos e enxágüe. / Seque bem as mãos com toalhas de papel.]
E é lóóógico, um script é o q eles tentam promover no resto do mundo. O q Condoleezza Rice faz viajando por aí é distribuir scripts, q uns aceitam e outros não. Ironicamente, o q faz (por exemplo) um israelense e um palestino aceitar a arbitragem da secretária de estado dum país do outro lado do mundo é um subentendido: ¿recusou Condoleezza? minhas condolências: eles e ela sabem q o poder dela emana não do valor intrínseco de seu script mas do poderio bélico q a leva de lá pra cá.
A questão é q, qdo se trata de grandezas conhecidas, do mundo natural, de organizar gente imbecil, ¡os scripts dão certo! (Todo o mundo prefere chegar em festa q já está rolando.) O script é a expressão dum desejo de como certas coisas devam funcionar. Eu faço blá, vc faz blé, ele faz bló e os três construímos algo juntos. A armadilha na eficiência do script é q, ao confundir desejo e realidade, se perde (também ironicamente) o controle não sobre a realidade mas sobre o desejo: ¿O q se quer ver no cinema, afinal?, homenagens ou diversão? ¿O q se quer ver no Iraque, afinal?, gente agradecida ou gente livre?
----
Dois apartes:
(1) Existe a teoria de q a língua q uma pessoa fala influencia sua percepção das coisas. Tipo, se uma língua não tem uma palavra pra 'verde', então seus falantes não percebem a cor verde da mesma maneira q os falantes de outras línguas. Essa teoria já foi devidamente refutada, e não é dela q estou falando aqui. Estou falando da língua não como um dado da cognição individual mas como uma ferramenta de comunicação entre indivíduos. Exagerando, se uma cultura não tem uma palavra ou expressão pra, digamos, 'estupro', é evidente q, embora possa haver nessa cultura algo q outras chamariam de "estupro", não há maneira de, por exemplo, inserir o conceito inconfundível de 'estupro' na legislação dessa cultura sem um termo ou expressão q o designe; portanto, essa cultura não consegue falar do conceito de 'estupro' como uma entidade independente e seu sistema legal será, conseqüentemente, mais simples nesse aspecto do q uma cultura q contém o termo. Já é difícil em culturas onde o termo existe; imagine onde não existisse. Resumindo, a complexidade duma cultura está diretamente ligada a seu vocabulário de palavras, expressões e estruturas. Mais sobre isso aqui.
(2) Nada do q digo aqui invalida-se caso a onda de filmes retratando personalidades reais termine logo e nenhum Óscar seja dado a esse tipo de filme no futuro. É bem provável q muita gente, mesmo na academia, já tenha notado a tendência. E tal como diz Will Self, em The Quanity Theory of Insanity, "o efeito q a observação tem sobre acontecimentos aberrantes tende a ser a reversão de sua causalidade" ("the effect of observation on aberrant events tends to be the reversal of their causality").
fato 1: em 2003, os Euá se basearam numa lorota pra promover e realizar a invasão do Iraque;
fato 2: nos últimos 6 anos, 58% [7/12] dos Óscares de melhor ator e melhor atriz foram outorgados àqueles q fizeram papéis baseados em pessoas reais (contando os coadjuvantes, 46% [11/24]). Nos últimos 3 anos (isto é, nos Óscares relativos a 2004-2006), essa proporção subiu pra 83% [5/6] (com os coadjuvantes, 58% [7/12]). Veja a lista abaixo:
Ator:
2002 Adrien Brody fez Wladyslaw Szpilman em The Pianist
2004 Jamie Foxx fez Ray Charles em Ray
2005 Philip Seymour Hoffman fez Truman Capote em Capote
2006 Forrest Whitaker fez Idi Amin em The Last King of Scotland
Atriz:
2002 Nicole Kidman fez Virginia Woolf em The Hours
2005 Reese Witherspoon fez June Carter em Walk the Line
2006 Helen Mirren fez a rainha Elizabeth II em The Queen
Ator coadjuvante:
2001 Jim Broadbent fez John Bayley em Iris
Atriz coadjuvante:
2001 Jennifer Connelly fez Alicia Nash em A Beautiful Mind
2004 Cate Blanchett fez Katharine Hepburn em The Aviator
2006 Jennifer Hudson fez Effie White (baseada em Florence Ballard) em Dreamgirls
Não são apenas pessoas reais: não são, tipo, George Washington ou Lavoisier: são personalidades contemporâneas, de vidas já bem documentadas em fotos, filmes e gravações. Ou seja, na verdade esses atores e atrizes ganharam o Óscar por imitações.
É uma porrada de personagens reais, não acha? Mas ¿q tchongas tem o fato 1 a ver com o fato 2? ¿O q a invasão do Iraque tem a ver com os Óscares recentes?
A resposta é q, nos Euá de hoje, a relação desejo/realidade está muito mais desequilibrada q de costume. A razão de ser dos Euá é, sem tirar nem pôr, a fantasia de unir desejo e realidade – uma fantasia a q estão peculiarmente predispostas as culturas baseadas na língua inglesa.
"Quêêê? Língua inglesa? Mas esse discípulo do Dr Plausível só fala besteira, hem?" já ouço os leitores pensando. Ok. Então preciso demonstrar o q é q o inglês tem de peculiar. E pra q todos meus leitores entendam, e só pra entediá-los um pouco, vou usar comparações com o português pra demonstrar algumas peculiaridades do inglês.
Se vc está tentando aprender inglês, aqui vai uma dica: a estrutura dessa língua é extremamente burocrática e bitolada:
-a. A seqüência de informações numa frase inglesa só aparece na ordem [quando]-quem-verbo-quê-como-onde-[quando]; ou seja, o inglês diz "[ontem] eu comi uma jaca vorazmente no parque [ontem]" e não "eu ontem comi uma jaca no parque vorazmente" nem "eu comi vorazmente uma jaca ontem no parque" nem qqer de tantas outras combinações válidas e comuns em português.
-b. Os adjetivos vêm antes do substantivo, e (pra resumir) aparecem na ordem tamanho-cor-procedência-utilidade: em português, vc pode dizer "uma raquete marrom de tênis alemã enorme" ou "uma enorme raquete alemã de tênis marrom" ou várias outras combinações; em inglês, só se diz "um enorme marrom alemão tênis raquete."
-c. Qqer coisa dita em inglês segue scripts estruturais rígidos e consistentes; ao contrário do português, em q a semântica influencia a estrutura.
--c¹. Em inglês, se uma estrutura é usada numa situação, ela é usada pra qqer outra situação análoga. Se digo "não consigo viver com fulano" e "não consigo viver sem fulana", o inglês perguntaria "¿quem vc não consegue viver com?" e "¿quem vc não consegue viver sem?", ao passo q o português perguntaria "¿com quem vc não consegue viver?" e "¿quem vc não consegue viver sem?" (além de "¿vc não consegue viver sem quem?", q vale pràs duas línguas).
--c². No inglês, é sempre a mesma coisa: sujeito, verbo, objetos, complementos. O português diz "aconteceu um acidente ontem" e "o acidente aconteceu em minha rua"; em inglês, se diz "um acidente aconteceu ontem" e "o acidente aconteceu em minha rua."
-d. Ao falar de ações e acontecimentos, o inglês tende a ilustrar processos enquanto o português tende a observar resultados. Por exemplo, em português, um cara "entra na sala correndo" (primeiro o resultado, depois o método); em inglês, ele "corre pra dentro da sala" (primeiro o método, depois o resultado, acompanhando o fato).
-e. O inglês tende ao explícito e essencial, enquanto q o português (devido às muitas concordâncias necessárias) tende ao subentendido e ao redundante; por exemplo, em português, "nós colocamos as mãos nos bolsos" traz a informação /plural/ repetida em todas as palavras, não explicita de quem são as mãos nem os bolsos e precisa concordar a informação inútil qto ao gênero das palavras 'mão' e 'bolso'; em inglês, se diz "nós pôr nosso mãos dentro nosso bolsos."
-f. Como a estrutura inglesa é rígida e explícita, tende-se a criar novas palavras e expressões qdo uma lacuna ameaça aparecer na estrutura ou na explicitude, aumentando assim o detalhamento na descrição da realidade; em português, como as lacunas são facilmente preenchidas ou mesmo deixadas em branco como subentendidas, o vocabulário de palavras e expressões cresce ou se modifica bem mais devagar.
-g. Um país como os Euá seria impossível se baseado na língua portuguesa. Seria como imaginar o resultado se metade de todas as palavras e expressões de repente sumissem definitivamente de todos os livros, dicionários, jornais, conversas e memórias de 200 milhões de pessoas, levando junto metade das criações, produtos e instituições, q só se pode compreender e descrever com aquelas palavras.
O inglês é um sistema coerente e consistente de racionalizar, retratar e comunicar a realidade (ou melhor, o q a realidade tem de racionalizável). Foi através da explicitude burocrática da língua inglesa q os britânicos construíram e organizaram o maior império da história, e é através de seu detalhamento cartesiano q os euaenses criam e mantêm o país mais complexo e poderoso de hoje. Se não fosse falado por gente, o inglês seria um língua robótica, ultra-padronizada e esmagadora. O lance legal do inglês é justamente o fato de ser falado por seres humanos – q são uns bichos cheios de contradições, segundas intenções, inconsistências, vacilações, motivações q eles mesmos não compreendem, &c. Quer dizer, o robô inglês é lubrificado pela humanidade dos inglesantes.
Ao falar, o falante de qqer língua acha q está descrevendo a realidade. Todos se enganam mastodonticamente, é claro. Mas a eficiência do inglês engana os inglesantes duma maneira bem particular. A descrição padronizada da realidade tem um preço: onde tudo está esquadrinhado, parece haver poucos mistérios; e ao mesmo tempo em q o inglesante de hoje descreve a realidade com invejável precisão e economia, chegando a controlar o mundo natural com igualmente invejável prec. e econ., ele se crê capaz de também controlar as contradições inerentes ao convívio social. O notório puritanismo e preciosismo dos euaenses tem exageros singulares: vê-se desde o conceito de "politicamente correto" aparecer e se alastrar como fogueira em mato seco, até menino de 6 anos ser indiciado por beijar o rosto duma coleguinha de escola, passando por todas as falcatruas truculentas pra disseminar o conceito (pra eles, moralmente imperativo) da democracia. Depois q o detalhamento do inglês os ajudou a construir o país mais organizado, poderoso e confortável da história – a terra q realiza os desejos de seus ocupantes –, os euaenses caíram numa armadilha cognitiva: a representação da realidade acaba se tornando a coisa-em-si: a coerência e consistência do inglês é confundida com a coerência e consistência do mundo natural; e daí o convívio social, as relações políticas, os medos irracionais, as confusas dinâmicas do desejo, &c acabam enganosamente parecendo por sua vez nitidamente coerentes e consistentes e, portanto, passíveis de controle.
¿Será coincidência q, num momento em q os Euá descobrem no 11 de setembro a ineficácia de seus controles, e descobrem no Iraque a futilidade de seus desejos, e também ali são lembrados diariamente da incoerência e inconsistência das relações humanas, será coincidência, pergunto, q a CRIAÇÃO de novas personagens no cinema seja preterida em favor da IMITAÇÃO de personalidades reais?, q os euaenses busquem o escapismo numa realidade q seja ritualisticamente controlada por um script?
O Dr Plausível diria q não é mera coincidência.
De fato, o "script" (aliás, a única palavra inglesa q fui obrigado a usar neste texto) é um elemento essencial da cultura euaense. Pouco se faz nos Euá sem um script, ou sem q alguém imponha um script. Veja esta foto, tirada sesdias por um leitor num banheiro público na Flórida (¡obrigado, CBeetz!):

[Molhe as mãos e aplique o sabão. / Esfregue as mãos e enxágüe. / Seque bem as mãos com toalhas de papel.]
E é lóóógico, um script é o q eles tentam promover no resto do mundo. O q Condoleezza Rice faz viajando por aí é distribuir scripts, q uns aceitam e outros não. Ironicamente, o q faz (por exemplo) um israelense e um palestino aceitar a arbitragem da secretária de estado dum país do outro lado do mundo é um subentendido: ¿recusou Condoleezza? minhas condolências: eles e ela sabem q o poder dela emana não do valor intrínseco de seu script mas do poderio bélico q a leva de lá pra cá.
A questão é q, qdo se trata de grandezas conhecidas, do mundo natural, de organizar gente imbecil, ¡os scripts dão certo! (Todo o mundo prefere chegar em festa q já está rolando.) O script é a expressão dum desejo de como certas coisas devam funcionar. Eu faço blá, vc faz blé, ele faz bló e os três construímos algo juntos. A armadilha na eficiência do script é q, ao confundir desejo e realidade, se perde (também ironicamente) o controle não sobre a realidade mas sobre o desejo: ¿O q se quer ver no cinema, afinal?, homenagens ou diversão? ¿O q se quer ver no Iraque, afinal?, gente agradecida ou gente livre?
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Dois apartes:
(1) Existe a teoria de q a língua q uma pessoa fala influencia sua percepção das coisas. Tipo, se uma língua não tem uma palavra pra 'verde', então seus falantes não percebem a cor verde da mesma maneira q os falantes de outras línguas. Essa teoria já foi devidamente refutada, e não é dela q estou falando aqui. Estou falando da língua não como um dado da cognição individual mas como uma ferramenta de comunicação entre indivíduos. Exagerando, se uma cultura não tem uma palavra ou expressão pra, digamos, 'estupro', é evidente q, embora possa haver nessa cultura algo q outras chamariam de "estupro", não há maneira de, por exemplo, inserir o conceito inconfundível de 'estupro' na legislação dessa cultura sem um termo ou expressão q o designe; portanto, essa cultura não consegue falar do conceito de 'estupro' como uma entidade independente e seu sistema legal será, conseqüentemente, mais simples nesse aspecto do q uma cultura q contém o termo. Já é difícil em culturas onde o termo existe; imagine onde não existisse. Resumindo, a complexidade duma cultura está diretamente ligada a seu vocabulário de palavras, expressões e estruturas. Mais sobre isso aqui.
(2) Nada do q digo aqui invalida-se caso a onda de filmes retratando personalidades reais termine logo e nenhum Óscar seja dado a esse tipo de filme no futuro. É bem provável q muita gente, mesmo na academia, já tenha notado a tendência. E tal como diz Will Self, em The Quanity Theory of Insanity, "o efeito q a observação tem sobre acontecimentos aberrantes tende a ser a reversão de sua causalidade" ("the effect of observation on aberrant events tends to be the reversal of their causality").
13 fevereiro 2007
It's fumed
Pra nosso estupefaciente doutor, anúncio de cigarro em padaria é uma das criações mais hilariantes da humanidade. Já falamos disso aqui antes, como também já falamos dos anúncios traduzidos. Agora, alguém numa agência aí decidiu finalmente entregar os pontos: ¿pra quê, afinal, lutar contra a legislação? quem fuma fuma, quem não fuma não fuma; e ¿pra quê, afinal, traduzir os anúncios? quem entende entende, quem não entende não entende.
¿Não é?
Assim, os anúncios do Lucky Strike são agora a coqueluche do hipoplausivírus. Vejam estes dois exemplos:
Eslôgã: "IT'S TOASTED." (a letra 'O' é um anel de fumaça)
Foto-advertência: paciente com câncer de pulmão
Eslôgã redundante; pois é claro q o pulmão do sujeito ao lado está totalmente tostado.
HAHAHAHAHAHAHAHA
E este:
Eslôgã: "IT'S TOASTED." (a letra 'O' é um anel de fumaça)
Sub-eslôgã: "A DIFERENÇA É O SABOR."
Foto-advertência: feto mal-formado num jarro de formol, com a pele meio escurecida
É, feto tostado tem um sabor bem diferente. ¡Experimente!
QUAQUAQUAQUAQUAQUAQUAQUA
Ais ais meus sais. Diga a verdade. Anúncio de cigarro ¿não é a cara do capitalismo social-democrático? Dum lado, um bando de cretinos vendendo veneno maquiado pq cada cidadão tem direito de fazer o q bem entender com o próprio corpo; do outro, um bando de paternalistas informando a população pq cada cidadão tem direito de entender bem o q faz com o próprio corpo.
O Dr Plausível nunca jamais em tempo algum fumou ou fumará. Gente há q chamaria isso de 'posicionamento'. Não, não, não, não. É q, veja bem, trata-se do Doutor Plausível.
¿Não é?
Assim, os anúncios do Lucky Strike são agora a coqueluche do hipoplausivírus. Vejam estes dois exemplos:
Eslôgã: "IT'S TOASTED." (a letra 'O' é um anel de fumaça)
Foto-advertência: paciente com câncer de pulmão
Eslôgã redundante; pois é claro q o pulmão do sujeito ao lado está totalmente tostado.
HAHAHAHAHAHAHAHA
E este:
Eslôgã: "IT'S TOASTED." (a letra 'O' é um anel de fumaça)
Sub-eslôgã: "A DIFERENÇA É O SABOR."
Foto-advertência: feto mal-formado num jarro de formol, com a pele meio escurecida
É, feto tostado tem um sabor bem diferente. ¡Experimente!
QUAQUAQUAQUAQUAQUAQUAQUA
Ais ais meus sais. Diga a verdade. Anúncio de cigarro ¿não é a cara do capitalismo social-democrático? Dum lado, um bando de cretinos vendendo veneno maquiado pq cada cidadão tem direito de fazer o q bem entender com o próprio corpo; do outro, um bando de paternalistas informando a população pq cada cidadão tem direito de entender bem o q faz com o próprio corpo.
O Dr Plausível nunca jamais em tempo algum fumou ou fumará. Gente há q chamaria isso de 'posicionamento'. Não, não, não, não. É q, veja bem, trata-se do Doutor Plausível.
11 fevereiro 2007
A lei do barulho
Uma lei q precisa se consultar urgentemente com o Dr Plausível é a mal-chamada Lei do Silêncio. Porque não é possível, ¿né, dona-de-casa?
Basicamente, qualquer pessoa pode fazer qualquer tipo de barulho em qualquer volume em qualquer lugar da cidade ou do país a qualquer hora do dia ou da noite, contanto q ninguém apresente queixa formal à polícia especificamente contra o barulheiro. HAHAHAHAHA
Funciona assim, ó: se às duas da manhã algum tonto idiota cretino safado sobe e desce tua rua de carro tocando fanque no último volume através de seu som de última geração especificamente instalado na caçamba pra ser ouvido num raio de 1km, vc "tem a opção" de pedir à polícia q faça o barulho parar, bastando pra isso q vc informe a marca, modelo, cor e placa do carro e o endereço onde ele se encontra no momento. Pra conseguir essas informações, basta vc sair da cama, se vestir, descer até a rua, esperar o carro passar novamente, anotar as informações, voltar pra casa e ligar de novo. Aí então uma viatura é acionada e, caso aquele mesmo carro, e não outro fazendo o mesmo barulho, passe uma terceira vez pelo mesmo endereço durante os instantes em q a viatura pára ali pros policiais olharem pra lá e pra cá, o tonto é avisado de q o ruído ensurdecedor de suas caixas de última geração estão incomodando algumas pessoas, e é solicitado a desligar o aparelho. O idiota tem duas opções: ele pode desligar o som ou, vejam só, NÃO desligá-lo. Pela lei, a polícia não pode fazer nada se ainda não foi registrada uma queixa contra o barulheiro, ou seja, a "Lei do Silêncio" só é invocada se houver uma vítima. Se o cretino safado continuar com o barulho, vc então terá q ligar de novo prà polícia e registrar uma queixa, prà qual vc deve dar seu nome, endereço e rg. Registrada a queixa, configurando vc como "vítima", a viatura é acionada novamente ao mesmo endereço, onde espera o carro passar pela quarta vez, detém o motorista e aí... HA! ¡vão os dois prà delegacia!, você e o safado são colocados frente a frente perante um delegado pra resolver o caso.
HAHAHAHAHAHAHAHAHA
O "procedimento" descrito acima é baseado em informações q obtive da própria polícia em diversas ocasiões diferentes. Vale pra qqer barulho q incomode a qqer hora do dia: barzinhos sem isolamento e sem licença pra som ao vivo q contratam cantor desafinado ou músico ruim pra animar seis ou sete clientes sentados em mesinhas na calçada; turmas de tontos, cada um com seu carro, q promovem buzinaços às duas da manhã nas ruas cheias dos mesmos barzinhos; outros cretinos q estacionam seus carros de caçamba sonora em postos de gasolina às duas da manhã e descem do carro pra dançar e beber ali mesmo no posto; turmas de imbecis de moto q ficam brincando de explodir o escapamento; turmas de idiotas a pé na rua q ... bom, vc entendeu.
Mas note uma coisa: se um policial vê e ouve um cretino obviamente incomodando uma vizinhança, ele não pode tomar a iniciativa de mandá-lo parar, ou multá-lo em flagrante. No Brasil, um policial ou agente do DSV ou qqer outra autoridade não pode fazer recurso ao próprio entendimento pra silenciar um idiota. A "Lei do Silêncio" é uma ofensa à própria polícia, q é impedida de usar seu bom-senso. Na prática, essa lei está dizendo q o idiota é na verdade o policial, q não teria tino suficiente pra perceber a infração e só acorda ao ser cutucado por uma vítima. Mas tem mais gente aí sendo tratada de idiota, não é?
Qdo soube disso tudo, nosso excomungado doutor riu tanto, mas tanto!, q logo lhe apareceu um policial à porta querendo saber qual era a piada.
Basicamente, qualquer pessoa pode fazer qualquer tipo de barulho em qualquer volume em qualquer lugar da cidade ou do país a qualquer hora do dia ou da noite, contanto q ninguém apresente queixa formal à polícia especificamente contra o barulheiro. HAHAHAHAHA
Funciona assim, ó: se às duas da manhã algum tonto idiota cretino safado sobe e desce tua rua de carro tocando fanque no último volume através de seu som de última geração especificamente instalado na caçamba pra ser ouvido num raio de 1km, vc "tem a opção" de pedir à polícia q faça o barulho parar, bastando pra isso q vc informe a marca, modelo, cor e placa do carro e o endereço onde ele se encontra no momento. Pra conseguir essas informações, basta vc sair da cama, se vestir, descer até a rua, esperar o carro passar novamente, anotar as informações, voltar pra casa e ligar de novo. Aí então uma viatura é acionada e, caso aquele mesmo carro, e não outro fazendo o mesmo barulho, passe uma terceira vez pelo mesmo endereço durante os instantes em q a viatura pára ali pros policiais olharem pra lá e pra cá, o tonto é avisado de q o ruído ensurdecedor de suas caixas de última geração estão incomodando algumas pessoas, e é solicitado a desligar o aparelho. O idiota tem duas opções: ele pode desligar o som ou, vejam só, NÃO desligá-lo. Pela lei, a polícia não pode fazer nada se ainda não foi registrada uma queixa contra o barulheiro, ou seja, a "Lei do Silêncio" só é invocada se houver uma vítima. Se o cretino safado continuar com o barulho, vc então terá q ligar de novo prà polícia e registrar uma queixa, prà qual vc deve dar seu nome, endereço e rg. Registrada a queixa, configurando vc como "vítima", a viatura é acionada novamente ao mesmo endereço, onde espera o carro passar pela quarta vez, detém o motorista e aí... HA! ¡vão os dois prà delegacia!, você e o safado são colocados frente a frente perante um delegado pra resolver o caso.
HAHAHAHAHAHAHAHAHA
O "procedimento" descrito acima é baseado em informações q obtive da própria polícia em diversas ocasiões diferentes. Vale pra qqer barulho q incomode a qqer hora do dia: barzinhos sem isolamento e sem licença pra som ao vivo q contratam cantor desafinado ou músico ruim pra animar seis ou sete clientes sentados em mesinhas na calçada; turmas de tontos, cada um com seu carro, q promovem buzinaços às duas da manhã nas ruas cheias dos mesmos barzinhos; outros cretinos q estacionam seus carros de caçamba sonora em postos de gasolina às duas da manhã e descem do carro pra dançar e beber ali mesmo no posto; turmas de imbecis de moto q ficam brincando de explodir o escapamento; turmas de idiotas a pé na rua q ... bom, vc entendeu.
Mas note uma coisa: se um policial vê e ouve um cretino obviamente incomodando uma vizinhança, ele não pode tomar a iniciativa de mandá-lo parar, ou multá-lo em flagrante. No Brasil, um policial ou agente do DSV ou qqer outra autoridade não pode fazer recurso ao próprio entendimento pra silenciar um idiota. A "Lei do Silêncio" é uma ofensa à própria polícia, q é impedida de usar seu bom-senso. Na prática, essa lei está dizendo q o idiota é na verdade o policial, q não teria tino suficiente pra perceber a infração e só acorda ao ser cutucado por uma vítima. Mas tem mais gente aí sendo tratada de idiota, não é?
Qdo soube disso tudo, nosso excomungado doutor riu tanto, mas tanto!, q logo lhe apareceu um policial à porta querendo saber qual era a piada.
02 fevereiro 2007
Tradução tintim
Tem gente q não se emenda, não?
Uma das coisas mais funestas em país de escanteio é campanha publicitária internacional. Sacomé, um cara no meio de nãoseionde inventa um anúncio e o mundo inteiro tem q usar a mesma idéia. É o conhecido McAnúncio.
Outra das coisas mais funestas é tradução tintim por tintim. Um cara no meio de nãoseionde cria uma frase q funciona às mil maravilhas lá na língua dele e vem um brasileiro e acha q tem q traduzir exatamente do jeito q está lá.
¿Já viram esses botões de lapela escrito "Perca peso agora. Pergunte-me como."? Pois é. Pode ser q brasileiro monolíngüe nem perceba, mas trata-se duma tradução tintim dum eslôgã importado pra promover uma idéia (pra variar) importada. O original é "Lose weight now. Ask me how." ¿Percebeu a rima? ¿Percebeu os dois versinhos de três sílabas e o rítmo DAdaDÁ DAdaDÁ? ¿Percebeu a porcariada q a agência brazuca fez? Exceto pela totalmente fortuita aliteração silábica (perca/pergunte), é fácil notar o esforço zero de produzir um eslôgã sonoro e cadenciado pra fazer jus a ser portado numa lapela.
Pois bem. Não foi a primeira nem a última vez q a criatividade dum país foi dizimada por outro.
Agora, supunhetaria-se q a maicrosófite tivesse no Brasil uma graninha pra pagar um escritor, não? Ela acaba de lançar um não-sei-quê aí q tem alguma coisa a ver com baixar filmes via internet. No jornal, comprou frente e verso duma folha inteira em papel melhorado e ainda fez uma montagem q se levanta qdo vc abre a página central. E lá está o eslôgã, pra humilhar todo e qualquer brasileiro q já pensou em ganhar a vida criando anúncios:
O "UAU" começa agora.
Tradução tintim de "The WOW starts now."
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Coisa horrível. Porque, pô, né? Tenha dó.
Uma das coisas mais funestas em país de escanteio é campanha publicitária internacional. Sacomé, um cara no meio de nãoseionde inventa um anúncio e o mundo inteiro tem q usar a mesma idéia. É o conhecido McAnúncio.
Outra das coisas mais funestas é tradução tintim por tintim. Um cara no meio de nãoseionde cria uma frase q funciona às mil maravilhas lá na língua dele e vem um brasileiro e acha q tem q traduzir exatamente do jeito q está lá.
¿Já viram esses botões de lapela escrito "Perca peso agora. Pergunte-me como."? Pois é. Pode ser q brasileiro monolíngüe nem perceba, mas trata-se duma tradução tintim dum eslôgã importado pra promover uma idéia (pra variar) importada. O original é "Lose weight now. Ask me how." ¿Percebeu a rima? ¿Percebeu os dois versinhos de três sílabas e o rítmo DAdaDÁ DAdaDÁ? ¿Percebeu a porcariada q a agência brazuca fez? Exceto pela totalmente fortuita aliteração silábica (perca/pergunte), é fácil notar o esforço zero de produzir um eslôgã sonoro e cadenciado pra fazer jus a ser portado numa lapela.
Pois bem. Não foi a primeira nem a última vez q a criatividade dum país foi dizimada por outro.
Agora, supunhetaria-se q a maicrosófite tivesse no Brasil uma graninha pra pagar um escritor, não? Ela acaba de lançar um não-sei-quê aí q tem alguma coisa a ver com baixar filmes via internet. No jornal, comprou frente e verso duma folha inteira em papel melhorado e ainda fez uma montagem q se levanta qdo vc abre a página central. E lá está o eslôgã, pra humilhar todo e qualquer brasileiro q já pensou em ganhar a vida criando anúncios:
O "UAU" começa agora.
Tradução tintim de "The WOW starts now."
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Coisa horrível. Porque, pô, né? Tenha dó.
25 janeiro 2007
Muunarquia
Sesdias, o Dr Plausível levou o maior susto. Descobriu q tem pessoas otherwise normais q aiiiinda se encontram na nódoa do espaço-tempo imperial brasileiro. Tipo, "época boa foi aquela em q o Brasil se curvava perante um imperador, hem?; não essa verrrrgônha q é hoje." Bom, tem gosto pra tudo, né? Uma das passagens mais hilariantes da história deste país foi a inclusão da opção "monarquia" no plebiscito de 1993, no qual muita gente optou pela dita cuja, influenciada menos por uma ideologia coerente do q pela leitura de contos de fadas em q os reis são todos magnânimos, os príncipes são nobres de espírito, os cavaleiros são valorosos e todas as princesas são lindas. Muitas dessas pessoas seriam mais felizes idolatrando o Rei do Iêiêiê e cantando o Hino Monárquico em fox-trot:
Eu sou aquele súdito à moda antigaaa
do tipo que ainda manda flores,
aquele que no peito ainda abrigaaa
recordações de seus grandes senhores...
Chutar cachorro morto não é do feitio de nosso equilibrado doutor, q sempre reserva uns sorrisos condolentes pràs vítimas contumazes do hipoplausivírus. Ele olha essas coisas, pensa na aparentemente infinita capacidade cômica do ser humano (quer dizer, ninguém assiste SÓ Animal Planet, né?), e resolve às vezes levar a sério.
E aí é q retumba sua gargalhada.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Porque diga a verdade, dona-de-casa tem q estar com o cerebelo meio se achando cérebro pra apoiar um monarca e jurar-lhe lealdade, ora pois não? Pois veja só três coisinhas:
Ter um rei significa sustentar uma família real: mulher, irmãos, filhos, priminhos, tias, sobrinhos, netos, avós, cunhados, genros, sogros... uma parafernália de gente enchendo o saco do povo com suas estrepolias, picuinhas e ambiçõezinhas. Na monarquia possível nos dias de hoje, a família real é pouco mais q um grupo de funcionários públicos regiamente (!) pagos pra cumprir chatices tipo inaugurar pontes e visitar vítimas de calamidades, e pra isso já temos, obrigado.
A família real é necessariamente um pool genético. Ou seja, um monarca brasileiro seria necessariamente de apenas uma raça ("¡Branca, branca!" teimariam monarquistas em pânico) subindo ao trono, assim como quem não quer nada, acima de gente de tudo qto é raça e cor e cultura, como se fosse superior a todos. ¿Sabe quando ia dar certo? ¿Sabe quando, no pé em q está a história, um negro castiço ou um nissei de raça se curvaria perante um português?
Uma das primeiras coisas q o hipoplausivírus deteriora é a noção da dimensão das coisas neste vasto mundo. ¿Será q alguém aí consegue imaginar 180 m-i-l-h-õ-e-s de pessoas de repente dum dia pro outro virando súditos? Aliás, ¿será q os monarquistas não riem da própria piada? ¿Será q acham q tem tanta gente burra, simplória, dócil e raspa-bunda no território nacional? Êta!
Bom, essa foi só pra constar.
Eu sou aquele súdito à moda antigaaa
do tipo que ainda manda flores,
aquele que no peito ainda abrigaaa
recordações de seus grandes senhores...
Chutar cachorro morto não é do feitio de nosso equilibrado doutor, q sempre reserva uns sorrisos condolentes pràs vítimas contumazes do hipoplausivírus. Ele olha essas coisas, pensa na aparentemente infinita capacidade cômica do ser humano (quer dizer, ninguém assiste SÓ Animal Planet, né?), e resolve às vezes levar a sério.
E aí é q retumba sua gargalhada.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Porque diga a verdade, dona-de-casa tem q estar com o cerebelo meio se achando cérebro pra apoiar um monarca e jurar-lhe lealdade, ora pois não? Pois veja só três coisinhas:
Ter um rei significa sustentar uma família real: mulher, irmãos, filhos, priminhos, tias, sobrinhos, netos, avós, cunhados, genros, sogros... uma parafernália de gente enchendo o saco do povo com suas estrepolias, picuinhas e ambiçõezinhas. Na monarquia possível nos dias de hoje, a família real é pouco mais q um grupo de funcionários públicos regiamente (!) pagos pra cumprir chatices tipo inaugurar pontes e visitar vítimas de calamidades, e pra isso já temos, obrigado.
A família real é necessariamente um pool genético. Ou seja, um monarca brasileiro seria necessariamente de apenas uma raça ("¡Branca, branca!" teimariam monarquistas em pânico) subindo ao trono, assim como quem não quer nada, acima de gente de tudo qto é raça e cor e cultura, como se fosse superior a todos. ¿Sabe quando ia dar certo? ¿Sabe quando, no pé em q está a história, um negro castiço ou um nissei de raça se curvaria perante um português?
Uma das primeiras coisas q o hipoplausivírus deteriora é a noção da dimensão das coisas neste vasto mundo. ¿Será q alguém aí consegue imaginar 180 m-i-l-h-õ-e-s de pessoas de repente dum dia pro outro virando súditos? Aliás, ¿será q os monarquistas não riem da própria piada? ¿Será q acham q tem tanta gente burra, simplória, dócil e raspa-bunda no território nacional? Êta!
Bom, essa foi só pra constar.
10 janeiro 2007
Nenencéfalos
Pior do q gente q não pensa, é gente q não pensa de propósito. Esses são os q causam as gargalhadas mais deliciosas no Dr Plausível. Tipo sesdias, nosso estimável doutor desgorjou o gargalo rindo do q alguns portadores de cérebro fizeram: colocaram um feto como autor de uma ação judicial pra tentar garantir atendimento médico à mãe. (Pois, ao q parece, as necessidades da mãe não bastam...) O precedente q toda feminista (q ouviu o despautério) teme é q já deve haver outros portadores de cérebro juntando cocó e ricó e tendo a idéia de colocar um feto não-portador de cérebro como autor de ação judicial contra seu próprio aborto.
E abrem-se as comportas.
Nhé.
Pois pense bem, dona-de-casa: se feto pode ser autor de ação, também pode ser RÉU, ora pois não? HAHAHAHAHAHAHA Pode ser acusado de concorrência desleal, agressão intra-uterina, deformação de mulheres, apropriação de recursos, falsidade ideológica e... vadiagem. Isso sem falar de gêmeos e trigêmeos, por formação de quadrilha, e de gravidez de alto-risco, em q o feto é o principal suspeito de tentativa de homicídio, ou até de homicídio culposo.
O barrigudinho nasce e já vai prà cadeia.
Prêssionante.
08 janeiro 2007
O CEP de Suely
Várias vezes em sua visionária vida nosso emoldurado doutor entediou-se a ponto de não gargalhar perante uma incoerência. Sesdias foi se entediar com O Céu de Suely e não gargalhou. Tadinho. Bocejar + gargalhar = engasgar.
É notável q tantas pessoas tenham elogiado a hora e meia em q ficaram sentadas vendo um conto fazendo de tudo pra virar um livro, menos o necessário, um filme cheio de buracos narrativos e pausas longuíssimas e inócuas entre uma fala e outra ("¿Quer comprar minha rifa?" ... pausa... ...olhar fixo... ...pausa... ...olhar morto... ...pausa... "¿Tá rifando o quê?"), com uma direção q acertou apenas qdo não interferiu com a naturalidade das atrizes, e uma torrente de detalhes insignificantes q, tomados juntos e inseridos no todo, ... continuam insignificantes. Um filme naturalista sem idéias não é nem um documentário; até mesmo um documentário tem q ter idéias.
Mas o parágrafo acima é só um esculacho pela perda de tempo. Nada de hipoplausibilético. O q espanta e surpreende até o Dr Plausível é q ninguém note o rombo monstruoso de hipoplausibilose aberto na testa do espectador emocionado com a moça q se rifa por uma noite pra juntar grana e sair em busca dum destino melhor. ¿Será q ninguém percebe q o diretor não teve culhões pra sustentar as únicas coisas minimamente interessentes nessa personagem: (1) seu ego inchado, e (2) seu desamor pelo próprio filho, q batizou com o nome do pai?
De volta a sua cidade natal no interior do Ceará, seu amor pelo Mateus-pai se transforma em tédio pelo Mateus-filho. O pirralho berra no quarto, e a mãe fuma lá fora e diz "Às vezes dá vontade de largar ele no mato e sair correndo." Quem cuida do moleque é a vó; mas qdo esta tem q sair e dá uma indireta-patada pra q a mãe cuide dele, a moça simplesmente vai dançar (e ¡meta cenas intermináveis do rosto dela dançando! – o diretor está apaixonado pela atriz, e o público é obrigado a ler suas longas cartas amantéticas). Mas diga a verdade, dona-de-casa: tem q ter o ego muito inchado pra se rifar (!!) por uma noite e chamar o prêmio de "Uma Noite no Paraíso", não? Tem q se achar muito pra descarregar o filho nas mãos da vó e sair pra dançar, não? E tem q se achar o máximo pra vender as rifas com um provocante sorriso de seduzir santo e, na hora de pagar o prêmio, fazer cara de tacho e escolher justamente essa hora pra descobrir a sordidez do sexo servil, não?
A moça havia sido traída e mal paga, claro, e toda essa egolatria pode ser apenas a maneira q ela encontrou de se pôr de pé novamente. Compreensível, digamos. Mas parece q nem sequer isso foi percebido pelo diretor ou pela atriz, já q pra se pôr de pé, ela precisa primeiro cair: no entanto, qdo cai a ficha da traição, a moça não demonstra qqer emoção q justifique uma mudança de vida. Dizer à sogra "Seu filho é um sacana." entre os dentes, e apenas isso no filme todo, é o mesmo q isentar o canalha de sua responsabilidade. Claro, a preocupação central do filme é isentar a moça também.
A frase não foi dita, lógico, pois o diretor não teve coragem ou visão. Em vez disso, a moça se livra lepidamente do trambolho, e fica o público se perguntando qual exatamente foi o motivo de ela querer se mandar pra tão longe daquela cidade: ¿será q ela não gostava do CEP?
03 janeiro 2007
O brasileiro nacional hino
Nosso emulsificante doutor, seguindo seu garboso dever de colocar alguns pinguinhos em alguns izinhos nacionais, agora aborda o hino.
Sobre a música, nada a dizer exceto q é bem bacana. Mas a letra... Todo mundo sabe q a letra do hino brasileiro, apesar de soar muito bem e até ter uns trechos ãã... belos, em outros é uma maçaroca difícil de entender. Por exemplo, muita gente de arta curtura ainda não sabe se é “as margens” ou “às margens”. Outra coisa q pouquizíssima gente sabe é q a versão da letra q se canta hoje não é a letra original composta pelo Osório Duque Estrada. Ele compôs uma letra em 1909 q só foi adotada oficialmente em 1922, após sofrer várias modificações apócrifas – pra melhor e pra pior – homologadas pelo congresso nacional da época. A letra original de 1909 chegou até a ser cantada por aí (os primeiros versos, por exemplo, aparecem num conto de Antônio de Alcântara Machado, publicado – enigmaticamente – em 1927).
Este q ora vos escreve adicionou a letra original no verbete da Wikipedia sobre o hino brasileiro. Veja aqui. Nota-se q algumas modificações melhoraram a prosódia; por exemplo, foi de “Entre as ondas do mar e o céo profundo” pra “Ao som do mar e à luz do céu profundo” – muito melhor.
Mas duas das modificações saltam aos olhos; uma por inserir uma mentira deslavada e implausível, fruto da mente de alguém com pouco apego à realidade; e outra por inserir um non-sequitur deselegante, fruto da mente de alguém com pouco apego à lógica.
(1) O atual, quando destrinchado, diz “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante dum povo heróico.” Então tá. Aposto q não tem um brasileiro (q preste atenção) q não tenha em algum ponto da vida se perguntado quê é q “povo heróico” tá fazendo aí, se a história é completamente outra. O filho de Dom João VI, num arroubo edípico e ambicioso, solta um brado retumbante, e anos mais tarde ¿aquilo vira o grito dum “povo heróico”? O Duque Estrada era melhor poeta do q seus editores, pois o original diz, muito mais coerentemente, “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante da independência.” Muito melhor, né? Diga a verdade.
(2) O outro trecho em questão, quando destrinchado, diz “Se, com braço forte, conseguimos conquistar o penhor dessa Igualdade, nosso peito desafia em teu seio, ó Liberdade, a própria morte.” Mas...?!? Veja só uma paráfrase mais esclarecente: “Visto q conquistamos a garantia de Igualdade, (então) desafiamos nossa própria morte no seio da Liberdade.” ¿¡¿Que catso?!? ¿Como assim? ¿Quer dizer q o brasileiro vai lá e com braço forte conquista a Igualdade, e aí, já q tá protegido pela Liberdade, se mete a desafiar a morte assim como quem não quer nada? E ¿a quê se deve esse ato falho feio e fosco de colocar “seio” e “peito” na mesma frase? Novamente, o Duque Estrada era melhor poeta q os nobres deputados q o emendaram. O original diz “Se, com braço forte, conseguimos conquistar o penhor dessa Igualdade, nosso peito desafia, pelo amor da Liberdade, a própria morte,” q, pra esclarecer, parafraseia-se “Visto q nosso braço forte conseguiu conquistar a garantia da Igualdade, desafiaríamos a morte por amor à Liberdade.” Aaaaaahh... ¡Agora faz sentido!
Mas ¿quê se há de fazer? Em 1922, o Dr Plausível nem tinha nascido...
Sobre a música, nada a dizer exceto q é bem bacana. Mas a letra... Todo mundo sabe q a letra do hino brasileiro, apesar de soar muito bem e até ter uns trechos ãã... belos, em outros é uma maçaroca difícil de entender. Por exemplo, muita gente de arta curtura ainda não sabe se é “as margens” ou “às margens”. Outra coisa q pouquizíssima gente sabe é q a versão da letra q se canta hoje não é a letra original composta pelo Osório Duque Estrada. Ele compôs uma letra em 1909 q só foi adotada oficialmente em 1922, após sofrer várias modificações apócrifas – pra melhor e pra pior – homologadas pelo congresso nacional da época. A letra original de 1909 chegou até a ser cantada por aí (os primeiros versos, por exemplo, aparecem num conto de Antônio de Alcântara Machado, publicado – enigmaticamente – em 1927).
Este q ora vos escreve adicionou a letra original no verbete da Wikipedia sobre o hino brasileiro. Veja aqui. Nota-se q algumas modificações melhoraram a prosódia; por exemplo, foi de “Entre as ondas do mar e o céo profundo” pra “Ao som do mar e à luz do céu profundo” – muito melhor.
Mas duas das modificações saltam aos olhos; uma por inserir uma mentira deslavada e implausível, fruto da mente de alguém com pouco apego à realidade; e outra por inserir um non-sequitur deselegante, fruto da mente de alguém com pouco apego à lógica.
(1) O atual, quando destrinchado, diz “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante dum povo heróico.” Então tá. Aposto q não tem um brasileiro (q preste atenção) q não tenha em algum ponto da vida se perguntado quê é q “povo heróico” tá fazendo aí, se a história é completamente outra. O filho de Dom João VI, num arroubo edípico e ambicioso, solta um brado retumbante, e anos mais tarde ¿aquilo vira o grito dum “povo heróico”? O Duque Estrada era melhor poeta do q seus editores, pois o original diz, muito mais coerentemente, “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante da independência.” Muito melhor, né? Diga a verdade.
(2) O outro trecho em questão, quando destrinchado, diz “Se, com braço forte, conseguimos conquistar o penhor dessa Igualdade, nosso peito desafia em teu seio, ó Liberdade, a própria morte.” Mas...?!? Veja só uma paráfrase mais esclarecente: “Visto q conquistamos a garantia de Igualdade, (então) desafiamos nossa própria morte no seio da Liberdade.” ¿¡¿Que catso?!? ¿Como assim? ¿Quer dizer q o brasileiro vai lá e com braço forte conquista a Igualdade, e aí, já q tá protegido pela Liberdade, se mete a desafiar a morte assim como quem não quer nada? E ¿a quê se deve esse ato falho feio e fosco de colocar “seio” e “peito” na mesma frase? Novamente, o Duque Estrada era melhor poeta q os nobres deputados q o emendaram. O original diz “Se, com braço forte, conseguimos conquistar o penhor dessa Igualdade, nosso peito desafia, pelo amor da Liberdade, a própria morte,” q, pra esclarecer, parafraseia-se “Visto q nosso braço forte conseguiu conquistar a garantia da Igualdade, desafiaríamos a morte por amor à Liberdade.” Aaaaaahh... ¡Agora faz sentido!
Mas ¿quê se há de fazer? Em 1922, o Dr Plausível nem tinha nascido...
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