Sesdias, tava eu aqui bundando, e levei o maior susto ao receber uma mensagem de alguém de Brasília expressando profundo desgosto pelas crítica acérbica de nosso ecumênico doutor contra o projeto daquela cidade qdo expôs aqui seus defeito arquitetônico e urbanístico, como se despisse um doente terminal merecedor de apreço e caridade, exibindo ao mundo suas verminose, chaga, pústula e tunga.
O leitor se disse pessoalmente ofendido. Mas à menos q seja ele o próprio arquiteto bundão ainda vivo ou alguém psicografando o urbanista ou o ex-presidente, não vejo como qqer outra pessoa além deles possa justificadamente se ofender pessoalmente com críticas ou gargalhadas à edifícios e ruas.
No entanto, acho q o doutor foi mesmo meio desleixado ao não contar a história toda. Muita gente volta da Suíça declamando odes de louvor ä beleza do lugar e reclamando laivos de ódio à seus habitante. Com Brasília, há q ser o oposto –pelo menos em minha experiência.
Ô povo bacana, viu. Talvez o fato de ele viver no duplo apartheid compulsório imposto pela idéia centro-oeste de JK e pelo urbanismo asséptico de Lúcio Costa, os morador classe média/alta de Brasília –qdo, após longo e anódino passeios urbano de carro, finalmente se encontram nas casa, nos restaurante, nos centro de compras, &c– são tomado por uma sociabilidade contagiante, uma generosidade entranhada, um gosto sincero pelo convívio e pela alegre colaboração q não conheci em nenhum outro lugar do Brasil. Junte-se à isso a vocação cosmopolita duma capital federal, e o resultado é um povo dos mais interessante: culto, sofisticado e relax. Me hospedei com pessoas fabulosa q nada deixaram faltar; toquei com músicos excelente q abriram portas sem hesitar; colaborei com conhecidos e desconhecidos q tudo fizeram pra me ajudar.
O valor de Brasília é seu povo comum, apolítico, insistindo em preencher de escala humana os horroroso vazio de sua arquitetura, dia após dia durante 50 ano teimando em terminar com material humano essa construção tão mal idealizada por pessoas tão insensível, insensata e inescrupulosa qto Kubitschek, Costa e Niemeyer –q recebem ajuda de gente ainda mais insensível, ignorante e inescrupulosa como Roriz &c.
Então leitor de Brasília, pode o doutor gargalhar ä vontade, eu só tenho à agradecer à seu povo.
18 junho 2011
13 junho 2011
O prosciente
O mundo tem tanto crente q nosso estrupidante doutor já tava enjoando de explicar o q quer dizer ‘agnóstico radical’. Ele vinha tentando achar um termo melhor pra se definir perante aquele pessoal viciado em religião. Muita gente dizia q não era possível uma pessoa negar tão completamente a importância das questão última da existência, tipo ¿que merda é esta? ¿que catso é a consciência? ¿de onde caralhos veio o infinito?
Sempre saquei q a canhestreza do termo ‘agnóstico radical’ já denuncia o improviso de quem –tal como o doutor– nunca deu muita trela pro assunto das deidade, e adotei essa auto-definição no mesmo espírito (ou seja, nenhum espírito). Mas dá um trabaAalho explicar…
O trabalho provém em parte da palavra ‘agnóstico’, q tem um inconveniente parecido com o da ‘ateu’: é uma auto-definição q parte daquilo à q não se dá importância. Claro, toda pessoa q não fuma é não-fumante. Num mundo tão entuchado de crentes, faz sentido definir-se através da negativa, e é bobo reclamar do prefixo negativo em ‘agnóstico’ e ‘ateu’; já falei disso aqui. O inconveniente dessas palavra não é o prefixo ‘a’, mas os radical ‘gnosis’ e ‘theo’. Se vc é agnóstico ou ateu, e se define como tal, então vc tá prestando um desserviço prà erradicação do papel central da religiosidade nas sociedade, já q vc tá dizendo q sim, q a crença é um definidor importante da pessoa.
Se vc é um humano normal exceto por ter os mindinho do pé mais curto, eles são um detalhe pouquíssimo importante dentro do todo e vc não vai *se definir* à partir de vossos mindinho:
P: ¿Que tipo de pessoa é vc? ¿Qual vossa nacionalidade? altura? idade? profissão? vosso Q.I.? salário? estado civil?
R: Ah, sou minipododactilobráquio.
Do mesmo modo, nosso eqüipolente humanista sustenta q a auto-definição à partir da crença é uma inflação estratosférica dum assunto ínfimo do humano, uma auto-definição à ser usada apenas em conversas sobre *esse* detalhe mínimo.
Claro, muita gente diria chocada “¡Nããão! A crença é uma das característica mais importante do humano, se não a MAIS importante. É o q *define* a humanidade. Blablablá bloblobló.”
O doutor já falou várias vez da diferença entre ‘crer’ e ‘saber’. Mas não suficientemente deste detalhe: mesmo q vc seja o maior crente crédulo crendeiro sobre a face da Terra, o tamanho e quantidade de coisas q vc *sabe* são trocentas vez maior do q o de coisas em q vc *crê*. Vc sabe falar português (e talvez outras língua), sabe amarrar sapato, abrir torneira, coçar a cabeça, pegar ônibus; sabe onde fica vossa cama, vossa casa, vosso país; sabe quem são vossos amigo e parente; sabe o q sente por eles; sabe lidar com os incontável detalhe de vossa profissão; sabe de cór e salteado milhões de detalhe sobre vossa própria vida; sabe q, erguendo um pouco a cabeça, tem uma visão mais panorâmica do entorno; sabe interpretar palavras e intenções alheia, manipulá-las; sabe expressar vossas intenção e sentimento; sabe prever conseqüências de vossos ato; isso sem falar da avalanche de conhecimentos factual –q vc talvez chame de “conhecimento inútil”; vc sabe sabe sabe sabe sabe sabe sabe sabe… milhões, talvez bilhões de coisas. E lá num cantinho obscuro do cérebro vc tem algumas crença; e *mesmo* q vc seja um papa ou um capiau fanático religioso no meio do nada, vossas crença têm sobre vossas ação e decisão –e sobre as conseqüência delas– uma influência microscópica, se comparada ä influência q têm vossos conhecimento.
Então ¿por que catsos o Dr Plausível forneceria uma auto-definição baseada na crença? O correto é ele definir sua atitude perante o saber, não perante o crer. Uma possibilidade seria ‘prognóstico’, definindo sua postura favorável ao conhecimento. Mas pô, ‘gnose’ foi seqüestrada pelo debate “espiritual”: seu significado original de “ciência, conhecimento” deturpou-se pra “conhecimento esóterico da verdade espiritual blablablá bloblobló”. Daí q já existe a definição de ‘prognóstico’ como “pessoa q almeja o pleno conhecimento espiritual transcendente sobre Deus”. Ok, pode almejar sentado.
Então tava lá o doutor procurando um termo novo, específico e explícito. Qual não foi sua surpresa qdo eu, euzinho, seu discípulo e datilógrafo, achei o termo perfeito: prosciente.
Prosciente, prosciência, proscientismo. Essa é uma auto-definição à partir do q a gente sabe e pretende saber, à partir do q o humano sabe e pretende saber, à partir da ciência –definida em seu âmbito total: ciência é tudo aquilo de que vc é ou tá *ciente*. Vários problema ficam resolvido. Qdo vier um criacionista vos xingar de ‘evolucionista’ –esse termo q, cientìficamente, não significa nada (é como xingar alguém de ‘magnetista’ ou ‘gravidista’ ou ‘eletronista’)– vc pode dizer, “Êpa, peraí, sou apenas um prosciente: me defino à partir do q *sei* e pretendo saber, não do q creio.” Qdo vier um crente qqer dizer q vc é um ateu filho de Satanás, vc pode dizer, “Êpa, peraí, que falducação. Sou um prosciente tão legalzinho…”
Mas tbm, essa é uma maneira de dizer ao “bom” cristão/judeu/muçulmano/escambau q não, suas crença NÃO são importante, NÃO são uma base respeitável ou venerável pra discriminar e professar, pra aprofundar e abranger, pra moralizar e politizar, pra emocionar e se ofender.
Sempre saquei q a canhestreza do termo ‘agnóstico radical’ já denuncia o improviso de quem –tal como o doutor– nunca deu muita trela pro assunto das deidade, e adotei essa auto-definição no mesmo espírito (ou seja, nenhum espírito). Mas dá um trabaAalho explicar…
O trabalho provém em parte da palavra ‘agnóstico’, q tem um inconveniente parecido com o da ‘ateu’: é uma auto-definição q parte daquilo à q não se dá importância. Claro, toda pessoa q não fuma é não-fumante. Num mundo tão entuchado de crentes, faz sentido definir-se através da negativa, e é bobo reclamar do prefixo negativo em ‘agnóstico’ e ‘ateu’; já falei disso aqui. O inconveniente dessas palavra não é o prefixo ‘a’, mas os radical ‘gnosis’ e ‘theo’. Se vc é agnóstico ou ateu, e se define como tal, então vc tá prestando um desserviço prà erradicação do papel central da religiosidade nas sociedade, já q vc tá dizendo q sim, q a crença é um definidor importante da pessoa.
Se vc é um humano normal exceto por ter os mindinho do pé mais curto, eles são um detalhe pouquíssimo importante dentro do todo e vc não vai *se definir* à partir de vossos mindinho:
P: ¿Que tipo de pessoa é vc? ¿Qual vossa nacionalidade? altura? idade? profissão? vosso Q.I.? salário? estado civil?
R: Ah, sou minipododactilobráquio.
Do mesmo modo, nosso eqüipolente humanista sustenta q a auto-definição à partir da crença é uma inflação estratosférica dum assunto ínfimo do humano, uma auto-definição à ser usada apenas em conversas sobre *esse* detalhe mínimo.
Claro, muita gente diria chocada “¡Nããão! A crença é uma das característica mais importante do humano, se não a MAIS importante. É o q *define* a humanidade. Blablablá bloblobló.”
O doutor já falou várias vez da diferença entre ‘crer’ e ‘saber’. Mas não suficientemente deste detalhe: mesmo q vc seja o maior crente crédulo crendeiro sobre a face da Terra, o tamanho e quantidade de coisas q vc *sabe* são trocentas vez maior do q o de coisas em q vc *crê*. Vc sabe falar português (e talvez outras língua), sabe amarrar sapato, abrir torneira, coçar a cabeça, pegar ônibus; sabe onde fica vossa cama, vossa casa, vosso país; sabe quem são vossos amigo e parente; sabe o q sente por eles; sabe lidar com os incontável detalhe de vossa profissão; sabe de cór e salteado milhões de detalhe sobre vossa própria vida; sabe q, erguendo um pouco a cabeça, tem uma visão mais panorâmica do entorno; sabe interpretar palavras e intenções alheia, manipulá-las; sabe expressar vossas intenção e sentimento; sabe prever conseqüências de vossos ato; isso sem falar da avalanche de conhecimentos factual –q vc talvez chame de “conhecimento inútil”; vc sabe sabe sabe sabe sabe sabe sabe sabe… milhões, talvez bilhões de coisas. E lá num cantinho obscuro do cérebro vc tem algumas crença; e *mesmo* q vc seja um papa ou um capiau fanático religioso no meio do nada, vossas crença têm sobre vossas ação e decisão –e sobre as conseqüência delas– uma influência microscópica, se comparada ä influência q têm vossos conhecimento.
Então ¿por que catsos o Dr Plausível forneceria uma auto-definição baseada na crença? O correto é ele definir sua atitude perante o saber, não perante o crer. Uma possibilidade seria ‘prognóstico’, definindo sua postura favorável ao conhecimento. Mas pô, ‘gnose’ foi seqüestrada pelo debate “espiritual”: seu significado original de “ciência, conhecimento” deturpou-se pra “conhecimento esóterico da verdade espiritual blablablá bloblobló”. Daí q já existe a definição de ‘prognóstico’ como “pessoa q almeja o pleno conhecimento espiritual transcendente sobre Deus”. Ok, pode almejar sentado.
Então tava lá o doutor procurando um termo novo, específico e explícito. Qual não foi sua surpresa qdo eu, euzinho, seu discípulo e datilógrafo, achei o termo perfeito: prosciente.
Prosciente, prosciência, proscientismo. Essa é uma auto-definição à partir do q a gente sabe e pretende saber, à partir do q o humano sabe e pretende saber, à partir da ciência –definida em seu âmbito total: ciência é tudo aquilo de que vc é ou tá *ciente*. Vários problema ficam resolvido. Qdo vier um criacionista vos xingar de ‘evolucionista’ –esse termo q, cientìficamente, não significa nada (é como xingar alguém de ‘magnetista’ ou ‘gravidista’ ou ‘eletronista’)– vc pode dizer, “Êpa, peraí, sou apenas um prosciente: me defino à partir do q *sei* e pretendo saber, não do q creio.” Qdo vier um crente qqer dizer q vc é um ateu filho de Satanás, vc pode dizer, “Êpa, peraí, que falducação. Sou um prosciente tão legalzinho…”
Mas tbm, essa é uma maneira de dizer ao “bom” cristão/judeu/muçulmano/escambau q não, suas crença NÃO são importante, NÃO são uma base respeitável ou venerável pra discriminar e professar, pra aprofundar e abranger, pra moralizar e politizar, pra emocionar e se ofender.
07 junho 2011
Origens lingüística do atraso brasileiro, parte 4
Não faz muito tempo, este blogue disse q os vários problema do português “condenam o brasilês à ficar preso à lugares comum, à repetir idéias comum, à sempre voltar ao eixo caseiro e banal das percepção, à jamais prover a base pra pensamentos revolucionário, à sempre consumir idéias importada de línguas q facilitam a criação de instruções q tarão cada vez mais distante do meramente intuitivo.”
Neste texto, veremos q a fonética do português é um desses problema.
Não sei se muitos NoCuísta sabem, mas a língua portuguesa surgiu num lugar q, por sua localização no continente zoropeu, foi durante milênios a última borda do mundo antes de cair no poço do nada. Era o lugar aonde ia o Zoropeu civilizado qdo queria ver pastor amoroso filosofar sobre a imensidão do mar —ou seja, nunca. Se houvesse usinas nuclear em 1450, era em Portugal q a Zoropa enterraria seu lixo atômico. É difícil ignorar q a língua falada por aquela gente boa empurrada contra o mar até 1492 é na verdade uma degeneração do espanhol. Se o espanhol já não é lá essas coisa, imagine uma degeneração dele.
A degeneração é fácil de comprovar. Só como curiosidade, qdo na Zoropa se fala ‘colore’, ‘couleur’, ‘colour’, ‘kolore’ &c, o português fala ‘cor’, mas ‘colorido’; qdo na Zoropa se fala ‘pater’, ‘vader’, ‘father’, ‘padre’, ‘Vater’, &c, o português fala ‘pai’, mas ‘paterno’; qdo na Zoropa se fala ‘général’, ‘general’, ‘ghinearálta’, ‘generale’, ‘generell’ &c, o português fala ‘geral’, mas ‘generalizar’.
Outros exemplo:
Zoropa: douleur, dolore, durere, dolor; Portugal: ‘dor’, mas ‘dolorido’
Zoropa: genera, generate, generare, générer, generar; Portugal: ‘gerar’, mas ‘degenerar’
Zoropa: pulbere, polvo, poudre, powder, polvere; Portugal: ‘pó’, mas ‘polvilho’
Claro q isso é picuinha sem maiores conseqüência –até pq não há muitos exemplo. A degeneração à partir do espanhol se verifica mais claramente na fonética. O português manteve todos problema semântico do espanhol e adicionou outros tanto, mas o golpe fatal foi ter enrolado tudo numa pronúncia nhenhenhém q embota o pensamento. Já o brasilês –com sua mescla de influências do tupi-guarani, do italiano, das língua africana &c– vem tentando sair do impasse. Pela culatra, mas pô, vem tentando. Algumas rocoquice do espanhol (q já eram rocoquices no latim), se mantêm no português. Por exemplo, se alguém fosse intencionalmente atrapalhar o desenvolvimento duma nação, ¿conseguiria criar um sistema de números ordinal mais rococó do q este:
1° primeiro
23° vigésimo terceiro
456° quadringentésimo qüinquagésimo sexto
7890° septiesmilésimo octingentésimo nonagésimo
98765° nonagésimo octiesmilésimo septingentésimo sexagésimo quinto?
E então, caso o 7891° lugar na maratona feminina dê empate, vc deve concordar todas palavra:
• Dois segundos depois da septiesmilésima octingentésima nonagésima colocada, chegaram as duas septiesmilésimas octingentésimas nonagésimas primeiras colocadas.
HAHAHAHAHAHAHA
Concordar em número e gênero é um grande problema prum país q raramente tá entre os primeiro. :•p
Mas esse existe em toda língua latina. O português tem tbm uns problema um pouco mais sério, pq mais ligado à questões cognitiva.
Tanto a cognição qto a comunicação dependem diretamente de associações mental. Qdo vc ouve um substantivo, a definição dele é a associação q vc faz com algo na realidade, ou com uma abstração. O povo do Portugal de 500+ anos atrás devia ter uma relação muito insegura e indefinida com a realidade, pois sua língua começou à tomar por definido e particular muita coisa indefinida e geral. O artigo definido ficou sendo usado desnecessàriamente pra, digamos, *ajudar* à definir melhor de quê se tá falando. Esse paroxismo defininte äs vez embola até a gramática:
• A paixão do Pedro e do meu primo SÃO os carros.
q diz a mesmíssima coisa q:
• A paixão de Pedro e de meu primo É carros.
Isso é muito diferente de colocar o artigo antes dum substantivo definido:
• Importamos as idéias criadas no país vizinho.
A degeneração do espanhol ‘el’ e ‘la’ pro português ‘o’ e ‘a’ é uma das grande tragédia da interação entre semântica e fonética. Tá certo q os artigo português facilitam nas contração com certas preposição: do, nas, aos &c. Mas vejam vcs q, por exemplo, o artigo definido feminino singular ‘a’ é a mesma palavra q a preposição ‘a’ e q o pronome ‘a’. Aí ¿quê acontece? O cérebro começa à evitar frases q mesclem esses som. Vejam esta idéia expressável clara e perfeitamente em espanhol:
• La degeneración la condenó a la abundancia de As.
E vejam o q acontece qdo essa idéia é expressa em português “norma” “culta”:
• A degeneração condenou-a à abundância de As.
Descontraindo a crase, temos:
• A degeneração condenou-a a a abundância de As.
onde:
a = pronome
a = preposição
a = artigo.
Ou seja, certas idéia NUNCA são expressa em português *por causa* da confusão q sua fonética cria. ¿Não é uma tragédia? Talvez só nosso eutênico humanista e seus discípulo percebam a tragédia; mas não é ä toa q ele é o único doutor honoris causa em plausibilática em toda a história do Universo.
Pra evitar o encontro de As, o cérebro (qdo já revitalizado pelo aporte do tupi-guarani &c) encontra automàticamente outras solução:
• Levou-a à água. (levou-a a a água)
vira:
• Levou ela na água.
ou
• Levou ela até a água.
O espanhol diz simplesmente:
• La llevó al agua.
(Em espanhol, ‘agua’ é feminino; mas, sendo uma língua um pouco mais esperta, põe-se o artigo masculino singular em palavras feminina começada em A acentuado:
• el agua tibia = a água morna
• el área condenada = a área condenada
mas:
• las aguas
• las áreas
Na frase acima, ‘al’ é contração de ‘a’ e ‘el’.)
Outro grande fracasso relacionado ao artigo definido, não diretamente ä fonética, é a ridícula e rebusnante redundância de colocá-lo antes de possessivos.
• o meu jumento = mi burro
• a sua inteligência = su inteligencia
• os meus relinchos = mis relinchos
• as suas idiotices = sus idioteces
Isso é redundante pq o artigo aí não tá definindo absolutamente nada: o possessivo JÁ TÁ definindo de qual jumento e inteligência e quais relincho e idiotice tamos falando. Bastaria dizer:
• meu jumento
• sua inteligência
• meus relinchos
• suas idiotices
A redundância vem daquela insegurança no definir, mas tbm provàvelmente da tronhice em confundir *pronome* possessivo com *adjetivo* possessivo –confusão q muitos gramático ainda fazem.
adjetivos:
• Meu guincho é mais belo q teu guincho.
• Mi chillido es más bello que tu chillido.
pronomes:
• O meu é mais belo q o teu.
• El mío es más bello que el tuyo.
adj e pron:
• Meu guincho é mais belo q o teu.
• Mi chillido es más bello que el tuyo.
Muitos gramático despistado dizem q o primeiro é um pronome e o segundo é um substantivo. Mas prestenção: PROnome é o q *substitue* um nome; na frase acima, ‘meu’ não tá substituindo nada e ‘teu’ tá. Então.
(Qdo se critica a NoCu, sempre vem gente falando de Machado pra cá, de Assis pra lá. Mas basta uma pesquisinha em seus livro e já se vê q nem ele enxerga a redundância de ‘o meu”. Em Dom Casmurro, por exemplo, ele usa ‘o meu’ e ‘meu’ indiscriminadamente numa proporção de 3 pra 1; e a maior parte das vez em q diz apenas ‘meu’ é qdo se refere ao pai: “meu pai” —justamente um conjunto de apenas um ítem; vá entender.)
Outro fracasso relacionado aos possessivo é, vcs sabem, confundir os orneio q VOCÊ dá com os q ELE dá:
• Você é um asno e seus orneios me entristecem. = Eres un asno y tus rebuznos me entristecen.
• Ele é um asno e seus orneios me divertem. = [Él] es un asno y sus rebuznos me divierten.
Leitores deste blogue hão de haver notado q o padrão aqui é:
vc > teu
ele > seu
pra não confundir. Mas à partir de hoje, tá decidido:
tu > teu
você > vosso
ele > seu
Isso pq, pô, se ‘você’ vem de ‘vossa mercê’, então foi uma burrice de conseqüências nefasta este país ter sido uma colônia em q se dizia:
• Vossa mercê deveria cuidar melhor de seus possessivos.
em lugar do perfeitamente lógico e coerente:
• Vossa mercê deveria cuidar melhor de vossos possessivo, em vez de ficar enchendo o saco sobre a concordância dos plural.
Esse problema é herdado já do espanhol, em q se dizia:
• Dígame vuestra merced, por cortesía, su nombre.
Só q, mais uma vez, o espanhol foi mais esperto: manteve o ‘usted’, o ‘tu’ e o ‘vosotros’ como três entidades separada. E quem acha q o português criou o ‘você’, nananinanão: já aparece ‘voacé’ no Don Quijote, de 1605.
O artigo definido masculino ‘o’ tbm dá problema, em particular qdo é confundido com o pronome ‘o’. 99% dos falante semi-informado de português dirão q a palavra ‘o’ nas frase:
• Gostei do que ele disse.
• Não tenho o que dizer.
é um artigo, e aí põem o acento em ‘que’, mormente pronunciado ‘qui’. Mas ¿será q o ‘o’ é artigo? Não. Veja o espanhol:
• Me gustó lo que dijo.
• No sé qué decir.
E aí vem o camponês e pergunta:
• ¿O que disseste?
Isso se for um camponês norma culta, pois camponês normal pergunta:
• ¿O que foi que vc disse?
q o espanhol —sempre mais conciso— expressa:
• ¿Qué dijiste?
Mas, voltando ä fonética. Não foi picuinha dizer q o português é um espanhol nhenhenhém. A nasalisação dos som espanhol com M ou N tornou o português uma língua de fanhos. Inúmeras idéia nunca são expressada em português pq… pq… soam feio…
HAHAHAHAHAHA
• Vem em embalagem encerada. /vê nhenhêm balage nhên cerada/
• Quem não entretém em encantos, nem em enfeites seduz.
• Expressou-se bem em enfáticos ‘dãs’.
• Não ficaria contente com um undécimo lugar.
• Nasceu com um úmero torto q não se alivia com um ungüento qqer.
O espanhol lida muito mais eficientemente com essas junção de palavras:
• ‘en encantos’ se pronuncia /e nen cantos/
• ‘con un ungüento’ se pronuncia /co nu nun güento/
________
Esta exposição poderia continuar por páginas e páginas; poderia explorar os inúmero mal-entendido q a fanhosidade do português causa, as várias inconsistência no uso de ‘você’, o conflito entre “norma” “culta” e fluência, &c &c. Mas o texto já tá ficando chato.
Uma língua cuja lógica interna embole as definição e cuja estética fonética impeça inúmeras combinação de *idéias* não proverá um bom amparo cognitivo pra desenvolver o intelecto e o povo q a fala. (Aposto q ao ler a frase anterior, teu cérebro tropeçou no subjuntivo de ‘embolar’. Tsc tsc. Leia novamente.)
Talvez o melhor q possa acontecer ao brasilês será ele se distanciar cada vez mais do português. Vida longa à Marcos Bagno.
Neste texto, veremos q a fonética do português é um desses problema.
Não sei se muitos NoCuísta sabem, mas a língua portuguesa surgiu num lugar q, por sua localização no continente zoropeu, foi durante milênios a última borda do mundo antes de cair no poço do nada. Era o lugar aonde ia o Zoropeu civilizado qdo queria ver pastor amoroso filosofar sobre a imensidão do mar —ou seja, nunca. Se houvesse usinas nuclear em 1450, era em Portugal q a Zoropa enterraria seu lixo atômico. É difícil ignorar q a língua falada por aquela gente boa empurrada contra o mar até 1492 é na verdade uma degeneração do espanhol. Se o espanhol já não é lá essas coisa, imagine uma degeneração dele.
A degeneração é fácil de comprovar. Só como curiosidade, qdo na Zoropa se fala ‘colore’, ‘couleur’, ‘colour’, ‘kolore’ &c, o português fala ‘cor’, mas ‘colorido’; qdo na Zoropa se fala ‘pater’, ‘vader’, ‘father’, ‘padre’, ‘Vater’, &c, o português fala ‘pai’, mas ‘paterno’; qdo na Zoropa se fala ‘général’, ‘general’, ‘ghinearálta’, ‘generale’, ‘generell’ &c, o português fala ‘geral’, mas ‘generalizar’.
Outros exemplo:
Zoropa: douleur, dolore, durere, dolor; Portugal: ‘dor’, mas ‘dolorido’
Zoropa: genera, generate, generare, générer, generar; Portugal: ‘gerar’, mas ‘degenerar’
Zoropa: pulbere, polvo, poudre, powder, polvere; Portugal: ‘pó’, mas ‘polvilho’
Claro q isso é picuinha sem maiores conseqüência –até pq não há muitos exemplo. A degeneração à partir do espanhol se verifica mais claramente na fonética. O português manteve todos problema semântico do espanhol e adicionou outros tanto, mas o golpe fatal foi ter enrolado tudo numa pronúncia nhenhenhém q embota o pensamento. Já o brasilês –com sua mescla de influências do tupi-guarani, do italiano, das língua africana &c– vem tentando sair do impasse. Pela culatra, mas pô, vem tentando. Algumas rocoquice do espanhol (q já eram rocoquices no latim), se mantêm no português. Por exemplo, se alguém fosse intencionalmente atrapalhar o desenvolvimento duma nação, ¿conseguiria criar um sistema de números ordinal mais rococó do q este:
1° primeiro
23° vigésimo terceiro
456° quadringentésimo qüinquagésimo sexto
7890° septiesmilésimo octingentésimo nonagésimo
98765° nonagésimo octiesmilésimo septingentésimo sexagésimo quinto?
E então, caso o 7891° lugar na maratona feminina dê empate, vc deve concordar todas palavra:
• Dois segundos depois da septiesmilésima octingentésima nonagésima colocada, chegaram as duas septiesmilésimas octingentésimas nonagésimas primeiras colocadas.
HAHAHAHAHAHAHA
Concordar em número e gênero é um grande problema prum país q raramente tá entre os primeiro. :•p
Mas esse existe em toda língua latina. O português tem tbm uns problema um pouco mais sério, pq mais ligado à questões cognitiva.
Tanto a cognição qto a comunicação dependem diretamente de associações mental. Qdo vc ouve um substantivo, a definição dele é a associação q vc faz com algo na realidade, ou com uma abstração. O povo do Portugal de 500+ anos atrás devia ter uma relação muito insegura e indefinida com a realidade, pois sua língua começou à tomar por definido e particular muita coisa indefinida e geral. O artigo definido ficou sendo usado desnecessàriamente pra, digamos, *ajudar* à definir melhor de quê se tá falando. Esse paroxismo defininte äs vez embola até a gramática:
• A paixão do Pedro e do meu primo SÃO os carros.
q diz a mesmíssima coisa q:
• A paixão de Pedro e de meu primo É carros.
Isso é muito diferente de colocar o artigo antes dum substantivo definido:
• Importamos as idéias criadas no país vizinho.
A degeneração do espanhol ‘el’ e ‘la’ pro português ‘o’ e ‘a’ é uma das grande tragédia da interação entre semântica e fonética. Tá certo q os artigo português facilitam nas contração com certas preposição: do, nas, aos &c. Mas vejam vcs q, por exemplo, o artigo definido feminino singular ‘a’ é a mesma palavra q a preposição ‘a’ e q o pronome ‘a’. Aí ¿quê acontece? O cérebro começa à evitar frases q mesclem esses som. Vejam esta idéia expressável clara e perfeitamente em espanhol:
• La degeneración la condenó a la abundancia de As.
E vejam o q acontece qdo essa idéia é expressa em português “norma” “culta”:
• A degeneração condenou-a à abundância de As.
Descontraindo a crase, temos:
• A degeneração condenou-a a a abundância de As.
onde:
a = pronome
a = preposição
a = artigo.
Ou seja, certas idéia NUNCA são expressa em português *por causa* da confusão q sua fonética cria. ¿Não é uma tragédia? Talvez só nosso eutênico humanista e seus discípulo percebam a tragédia; mas não é ä toa q ele é o único doutor honoris causa em plausibilática em toda a história do Universo.
Pra evitar o encontro de As, o cérebro (qdo já revitalizado pelo aporte do tupi-guarani &c) encontra automàticamente outras solução:
• Levou-a à água. (levou-a a a água)
vira:
• Levou ela na água.
ou
• Levou ela até a água.
O espanhol diz simplesmente:
• La llevó al agua.
(Em espanhol, ‘agua’ é feminino; mas, sendo uma língua um pouco mais esperta, põe-se o artigo masculino singular em palavras feminina começada em A acentuado:
• el agua tibia = a água morna
• el área condenada = a área condenada
mas:
• las aguas
• las áreas
Na frase acima, ‘al’ é contração de ‘a’ e ‘el’.)
Outro grande fracasso relacionado ao artigo definido, não diretamente ä fonética, é a ridícula e rebusnante redundância de colocá-lo antes de possessivos.
• o meu jumento = mi burro
• a sua inteligência = su inteligencia
• os meus relinchos = mis relinchos
• as suas idiotices = sus idioteces
Isso é redundante pq o artigo aí não tá definindo absolutamente nada: o possessivo JÁ TÁ definindo de qual jumento e inteligência e quais relincho e idiotice tamos falando. Bastaria dizer:
• meu jumento
• sua inteligência
• meus relinchos
• suas idiotices
A redundância vem daquela insegurança no definir, mas tbm provàvelmente da tronhice em confundir *pronome* possessivo com *adjetivo* possessivo –confusão q muitos gramático ainda fazem.
adjetivos:
• Meu guincho é mais belo q teu guincho.
• Mi chillido es más bello que tu chillido.
pronomes:
• O meu é mais belo q o teu.
• El mío es más bello que el tuyo.
adj e pron:
• Meu guincho é mais belo q o teu.
• Mi chillido es más bello que el tuyo.
Muitos gramático despistado dizem q o primeiro é um pronome e o segundo é um substantivo. Mas prestenção: PROnome é o q *substitue* um nome; na frase acima, ‘meu’ não tá substituindo nada e ‘teu’ tá. Então.
(Qdo se critica a NoCu, sempre vem gente falando de Machado pra cá, de Assis pra lá. Mas basta uma pesquisinha em seus livro e já se vê q nem ele enxerga a redundância de ‘o meu”. Em Dom Casmurro, por exemplo, ele usa ‘o meu’ e ‘meu’ indiscriminadamente numa proporção de 3 pra 1; e a maior parte das vez em q diz apenas ‘meu’ é qdo se refere ao pai: “meu pai” —justamente um conjunto de apenas um ítem; vá entender.)
Outro fracasso relacionado aos possessivo é, vcs sabem, confundir os orneio q VOCÊ dá com os q ELE dá:
• Você é um asno e seus orneios me entristecem. = Eres un asno y tus rebuznos me entristecen.
• Ele é um asno e seus orneios me divertem. = [Él] es un asno y sus rebuznos me divierten.
Leitores deste blogue hão de haver notado q o padrão aqui é:
vc > teu
ele > seu
pra não confundir. Mas à partir de hoje, tá decidido:
tu > teu
você > vosso
ele > seu
Isso pq, pô, se ‘você’ vem de ‘vossa mercê’, então foi uma burrice de conseqüências nefasta este país ter sido uma colônia em q se dizia:
• Vossa mercê deveria cuidar melhor de seus possessivos.
em lugar do perfeitamente lógico e coerente:
• Vossa mercê deveria cuidar melhor de vossos possessivo, em vez de ficar enchendo o saco sobre a concordância dos plural.
Esse problema é herdado já do espanhol, em q se dizia:
• Dígame vuestra merced, por cortesía, su nombre.
Só q, mais uma vez, o espanhol foi mais esperto: manteve o ‘usted’, o ‘tu’ e o ‘vosotros’ como três entidades separada. E quem acha q o português criou o ‘você’, nananinanão: já aparece ‘voacé’ no Don Quijote, de 1605.
O artigo definido masculino ‘o’ tbm dá problema, em particular qdo é confundido com o pronome ‘o’. 99% dos falante semi-informado de português dirão q a palavra ‘o’ nas frase:
• Gostei do que ele disse.
• Não tenho o que dizer.
é um artigo, e aí põem o acento em ‘que’, mormente pronunciado ‘qui’. Mas ¿será q o ‘o’ é artigo? Não. Veja o espanhol:
• Me gustó lo que dijo.
• No sé qué decir.
E aí vem o camponês e pergunta:
• ¿O que disseste?
Isso se for um camponês norma culta, pois camponês normal pergunta:
• ¿O que foi que vc disse?
q o espanhol —sempre mais conciso— expressa:
• ¿Qué dijiste?
Mas, voltando ä fonética. Não foi picuinha dizer q o português é um espanhol nhenhenhém. A nasalisação dos som espanhol com M ou N tornou o português uma língua de fanhos. Inúmeras idéia nunca são expressada em português pq… pq… soam feio…
HAHAHAHAHAHA
• Vem em embalagem encerada. /vê nhenhêm balage nhên cerada/
• Quem não entretém em encantos, nem em enfeites seduz.
• Expressou-se bem em enfáticos ‘dãs’.
• Não ficaria contente com um undécimo lugar.
• Nasceu com um úmero torto q não se alivia com um ungüento qqer.
O espanhol lida muito mais eficientemente com essas junção de palavras:
• ‘en encantos’ se pronuncia /e nen cantos/
• ‘con un ungüento’ se pronuncia /co nu nun güento/
________
Esta exposição poderia continuar por páginas e páginas; poderia explorar os inúmero mal-entendido q a fanhosidade do português causa, as várias inconsistência no uso de ‘você’, o conflito entre “norma” “culta” e fluência, &c &c. Mas o texto já tá ficando chato.
Uma língua cuja lógica interna embole as definição e cuja estética fonética impeça inúmeras combinação de *idéias* não proverá um bom amparo cognitivo pra desenvolver o intelecto e o povo q a fala. (Aposto q ao ler a frase anterior, teu cérebro tropeçou no subjuntivo de ‘embolar’. Tsc tsc. Leia novamente.)
Talvez o melhor q possa acontecer ao brasilês será ele se distanciar cada vez mais do português. Vida longa à Marcos Bagno.
05 junho 2011
Som ambiente
Ano passado, nas prefeituras de todo o país:
«¿Que é q tem de programação aí pro ano q vem?»
«Xovê. Mm. Tem a Semana do Meio Ambiente.»
«Hm. Vamo então fazê uns shows aí, ué, né?, no parque da cidade.»
«Tipo ¿o quê?»
«Ah, um sambão, ué. Né? A gente monta um parco com 500 megawatts de som e contrata algum Representante Legítimo do Povão pra berrá umas mensage construtiva e cantá umas musga; aí todo mundo sai feliz e dá tudo certo.»
«Hm. Mas ¿não é a Semana do **Meio Ambiente**?»
«E?»
«Vai tê poluição sonora, vão pisotiá o gramado todo, enchê tudo de lixo, o show vai afugentá os pássaro do parque…»
«Ah, depois vorta tudo.»
«Tá. E ¿qual vai sê a mensage q o RLP vai berrá?»
«Ah, pode sê carqué uma dessas aí pra conscientizá o púbrico à diminuí a poluição, protegê a flora, reciclá o lixo e respeitá a fauna.»
«¿Que é q tem de programação aí pro ano q vem?»
«Xovê. Mm. Tem a Semana do Meio Ambiente.»
«Hm. Vamo então fazê uns shows aí, ué, né?, no parque da cidade.»
«Tipo ¿o quê?»
«Ah, um sambão, ué. Né? A gente monta um parco com 500 megawatts de som e contrata algum Representante Legítimo do Povão pra berrá umas mensage construtiva e cantá umas musga; aí todo mundo sai feliz e dá tudo certo.»
«Hm. Mas ¿não é a Semana do **Meio Ambiente**?»
«E?»
«Vai tê poluição sonora, vão pisotiá o gramado todo, enchê tudo de lixo, o show vai afugentá os pássaro do parque…»
«Ah, depois vorta tudo.»
«Tá. E ¿qual vai sê a mensage q o RLP vai berrá?»
«Ah, pode sê carqué uma dessas aí pra conscientizá o púbrico à diminuí a poluição, protegê a flora, reciclá o lixo e respeitá a fauna.»
30 maio 2011
26 maio 2011
Ponto & ação
Pelamãedoguarda, nestas última semana nosso êufono doutor só faltou peidar o Hino de tanto rir. ¿Viram o bafafá todo sobre o livro do MEC? Catso. ¡Como tem palhaço no mundo, e como tem gramático amador neste país! Um hipoplausibilético fala do assunto num saite do iG, e o Brasil inteiro vira um trololó amorfo.
Qdo o assunto é o brasilês, é assustadora a velocidade da perna depois q bate o martelinho do certo-e-errado. Tem algo de traumático aí —tipo, qdo o assassino começa à suar frio só de ver um moleque fantasiado de guarda rodoviário. Todo brasileiro sabe q não fala como escreve, q o brasilês tem uma discrepância hipócrita e esquizofrênica entre o falar e o escrever. Então. Dum artigo no iG ä tevê, foi um relâmpago. Antes de se lançar numa diatribe pré-redigida seguindo as regrinha e lida no teleprompter, um tal de Alexandre Garcia demonstrou como *realmente* fala:
Se pra ele a NoCu é tão essencial pra “vencê na vida”, é de se perguntar como é q ele venceu falando assim em público. ¿E aí, Xandim?, contaê pa turma comé q foi.
HAHAHAHAHA
Òbviamente, “falar errado” significa “falar como 99,9% da população brasileira, q não segue as regra de concordância lavrada pela NoCu”. Mas pros NoCuísta, “falar errado” é um eufemismo pra “falar soando como pobre anarfa”. Freud explica: o ego soa como pobre anarfa e o superego procura à todo custo reprimi-lo e sublimar o conflito num surto psicótico normativo.
Se vc conhece a —HAHAHAHAHA— polêmica, dá uma lida no texto q (teòricamente) a originou.
http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/V6Cap1.pdf
Lendo isso, vc pode confirmar q o circo inventado e erguido pela imprensa não tem *NADA* à ver com o q é dito no livro —q é excelente, como a maior parte do material do MEC, e usa exemplos de português popular *justamente* pra auxiliar no ensino da “norma” “culta”. O máximo à q chega é responder ä pergunta: “¿Posso falar ‘nói vai’?” A resposta é “Claro q pode.” querendo dizer “Vc não vai ser preso por dizer ‘nói vai’; vc PODE tbm passar o resto da vida repetindo ‘gugugú-gogogó’ à cada 30 segundos: vc PODE; e PODE tbm sentar num formigueiro de saúvas cantando ópera, e PODE fritar um ovo podre todo 15 de fevereiro: não há nenhuma lei contra essas coisa.” Aí os paciente terminal da imprensa pegaram o “vc pode” e interpretaram como uma autorização do PT à *ensinar* ‘nói vai’ como padrão.
HAHAHAHAHA
Devia-se ensinar ‘nói vai’, mesmo. É claro e suficiente.
O q mais diverte nosso êufono doutor é ver tanto gramático amador defendendo a “norma” “culta”. O executivo diz em casa: “A gente vai querê umas déiz. Déiz tá bão, né?”; mas numa reunião com clientes, pra demonstrar q domina a NoCu à outros q tampouco a dominam, diz: “Eu acho q nós vamos querer dez. Dez são o bastante, não?” Se *realmente* dominasse, diria o estrupício: “Quereremos dez, creio. Dez bastarão, não bastarão?”
HAHAHAHAHAHAHA
Mas não é nem disso q o Dr Plausível mais ri.
***Prestenção agora.***
¿Qdo é, minha gente, QUANDO É, meus leitor, *QUANDÉ* q todo esses caga-regra normativo, esses cretino ortográfico, esse contingente continental de gramáticos amador vai perceber q o importante, o essencial, o sine-qua-non na comunicação escrita inteligente, clara e suficiente NÃO É A ORTOGRAFIA NEM A CONCORDÂNCIA VERBAL, NOMINAL OU ESCAMBAU; É, SIM, APENAS E TÃO-SÒMENTE A PONTUAÇÃO?
A pontuação, gente. Existe um remédio contra a hipoplausibilose q ataca toda aula de português NoCu neste país, todo cérebro empanturrado de regrinhas imprática, todo bacamarte em pânico achando q a lógica da língua tá na concordância e tendo surto psicótico toda vez q alguém fala em “linguagem popular”. Esse remédio se chama FOCO NA PONTUAÇÃO.
Observe bem o parágrafo abaixo; o único problema nele é q o autor não tem em seu vocabulário as palavra ‘cateto’, ‘hipotenusa’ e ‘ao quadrado’:
“Ói, ¿sabi aqueis triango q tem um canto quadradin? Ce vai vê q os dois lado q fais o canto quadradin são mais curto q o lado do otro lado. Aí, ói só: si ocê midí os lado tudo, ce vai vê q, si ocê murtipricá o cumprimento dum dos lado mais curto por eli memo e murtipricá tamén o cumprimento do otro lado mais curto por eli memo, e aí ocê somá uma murtipricação mais a otra, o resurtado deça conta é a mema coisa q si ocê murtipricá o cumprimento do lado mais cumprido por eli memo.”
CQD.
Não há absolutamente NADA de errado ou inconsistente no parágrafo acima. De não-convencional, pode ser. Mas ¿e daí? Vc, leitor, é uma pessoa única no mundo; milhões de coisas em vc não são convencionais; e teu cérebro tem direito, até obrigação, de expressar o q ele É —não apenas o q tá em concordância com as convenção. Vc PODE.
E aí, surge do nada um GIGANTESCO e iradíssimo pânico nacional sobre ‘os livro’ e ‘nói vai’, e ninguém (NIN-GUÉM) fala do essencial prä transmissão lógica do pensamento pela escrita, q é a pontuação.
Ô país formalista, viu? Ô bando de trouxa. Ô gente obedientezinha. Nos Euá, a frase “Yes, we can.” elegeu um presidente negro; no Brasil, a frase “Claro q pode.” vira um escândalo nacional. Não, vc não precisa colocar todos pluralzinho nos lugar certinho, não precisa transformar uma frase numa série rocambolesca de arabescos rococó, tipo “Oss meuss livross francesess verdess foram vendidoss amarradoss todoss juntoss.” —q reflete com certeza a idéia portuguesa de beleza:

Vc só *precisa* dizer e escrever “Meus livro francês verde foi vendido amarrado tudo junto.”
O brasileiro, se tomasse plausivirol, faria o q tem q ser feito pra curar o brasilês dessa esquizofrenia do “escrever é diferente de falar”: mandar as regra de concordância e as convenção ortográfica prä PUTÍSSIMA QUE AS PARIU.
HAHAHAHAHAHAHA
A partir de hoje, este blogue vai publicar todos plural sem os arabesco inútil e patético da concordância.
Qdo o assunto é o brasilês, é assustadora a velocidade da perna depois q bate o martelinho do certo-e-errado. Tem algo de traumático aí —tipo, qdo o assassino começa à suar frio só de ver um moleque fantasiado de guarda rodoviário. Todo brasileiro sabe q não fala como escreve, q o brasilês tem uma discrepância hipócrita e esquizofrênica entre o falar e o escrever. Então. Dum artigo no iG ä tevê, foi um relâmpago. Antes de se lançar numa diatribe pré-redigida seguindo as regrinha e lida no teleprompter, um tal de Alexandre Garcia demonstrou como *realmente* fala:
Se pra ele a NoCu é tão essencial pra “vencê na vida”, é de se perguntar como é q ele venceu falando assim em público. ¿E aí, Xandim?, contaê pa turma comé q foi.
HAHAHAHAHA
Òbviamente, “falar errado” significa “falar como 99,9% da população brasileira, q não segue as regra de concordância lavrada pela NoCu”. Mas pros NoCuísta, “falar errado” é um eufemismo pra “falar soando como pobre anarfa”. Freud explica: o ego soa como pobre anarfa e o superego procura à todo custo reprimi-lo e sublimar o conflito num surto psicótico normativo.
Se vc conhece a —HAHAHAHAHA— polêmica, dá uma lida no texto q (teòricamente) a originou.
http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/V6Cap1.pdf
Lendo isso, vc pode confirmar q o circo inventado e erguido pela imprensa não tem *NADA* à ver com o q é dito no livro —q é excelente, como a maior parte do material do MEC, e usa exemplos de português popular *justamente* pra auxiliar no ensino da “norma” “culta”. O máximo à q chega é responder ä pergunta: “¿Posso falar ‘nói vai’?” A resposta é “Claro q pode.” querendo dizer “Vc não vai ser preso por dizer ‘nói vai’; vc PODE tbm passar o resto da vida repetindo ‘gugugú-gogogó’ à cada 30 segundos: vc PODE; e PODE tbm sentar num formigueiro de saúvas cantando ópera, e PODE fritar um ovo podre todo 15 de fevereiro: não há nenhuma lei contra essas coisa.” Aí os paciente terminal da imprensa pegaram o “vc pode” e interpretaram como uma autorização do PT à *ensinar* ‘nói vai’ como padrão.
HAHAHAHAHA
Devia-se ensinar ‘nói vai’, mesmo. É claro e suficiente.
O q mais diverte nosso êufono doutor é ver tanto gramático amador defendendo a “norma” “culta”. O executivo diz em casa: “A gente vai querê umas déiz. Déiz tá bão, né?”; mas numa reunião com clientes, pra demonstrar q domina a NoCu à outros q tampouco a dominam, diz: “Eu acho q nós vamos querer dez. Dez são o bastante, não?” Se *realmente* dominasse, diria o estrupício: “Quereremos dez, creio. Dez bastarão, não bastarão?”
HAHAHAHAHAHAHA
Mas não é nem disso q o Dr Plausível mais ri.
***Prestenção agora.***
¿Qdo é, minha gente, QUANDO É, meus leitor, *QUANDÉ* q todo esses caga-regra normativo, esses cretino ortográfico, esse contingente continental de gramáticos amador vai perceber q o importante, o essencial, o sine-qua-non na comunicação escrita inteligente, clara e suficiente NÃO É A ORTOGRAFIA NEM A CONCORDÂNCIA VERBAL, NOMINAL OU ESCAMBAU; É, SIM, APENAS E TÃO-SÒMENTE A PONTUAÇÃO?
A pontuação, gente. Existe um remédio contra a hipoplausibilose q ataca toda aula de português NoCu neste país, todo cérebro empanturrado de regrinhas imprática, todo bacamarte em pânico achando q a lógica da língua tá na concordância e tendo surto psicótico toda vez q alguém fala em “linguagem popular”. Esse remédio se chama FOCO NA PONTUAÇÃO.
Observe bem o parágrafo abaixo; o único problema nele é q o autor não tem em seu vocabulário as palavra ‘cateto’, ‘hipotenusa’ e ‘ao quadrado’:
“Ói, ¿sabi aqueis triango q tem um canto quadradin? Ce vai vê q os dois lado q fais o canto quadradin são mais curto q o lado do otro lado. Aí, ói só: si ocê midí os lado tudo, ce vai vê q, si ocê murtipricá o cumprimento dum dos lado mais curto por eli memo e murtipricá tamén o cumprimento do otro lado mais curto por eli memo, e aí ocê somá uma murtipricação mais a otra, o resurtado deça conta é a mema coisa q si ocê murtipricá o cumprimento do lado mais cumprido por eli memo.”
CQD.
Não há absolutamente NADA de errado ou inconsistente no parágrafo acima. De não-convencional, pode ser. Mas ¿e daí? Vc, leitor, é uma pessoa única no mundo; milhões de coisas em vc não são convencionais; e teu cérebro tem direito, até obrigação, de expressar o q ele É —não apenas o q tá em concordância com as convenção. Vc PODE.
E aí, surge do nada um GIGANTESCO e iradíssimo pânico nacional sobre ‘os livro’ e ‘nói vai’, e ninguém (NIN-GUÉM) fala do essencial prä transmissão lógica do pensamento pela escrita, q é a pontuação.
Ô país formalista, viu? Ô bando de trouxa. Ô gente obedientezinha. Nos Euá, a frase “Yes, we can.” elegeu um presidente negro; no Brasil, a frase “Claro q pode.” vira um escândalo nacional. Não, vc não precisa colocar todos pluralzinho nos lugar certinho, não precisa transformar uma frase numa série rocambolesca de arabescos rococó, tipo “Oss meuss livross francesess verdess foram vendidoss amarradoss todoss juntoss.” —q reflete com certeza a idéia portuguesa de beleza:

Vc só *precisa* dizer e escrever “Meus livro francês verde foi vendido amarrado tudo junto.”
O brasileiro, se tomasse plausivirol, faria o q tem q ser feito pra curar o brasilês dessa esquizofrenia do “escrever é diferente de falar”: mandar as regra de concordância e as convenção ortográfica prä PUTÍSSIMA QUE AS PARIU.
HAHAHAHAHAHAHA
A partir de hoje, este blogue vai publicar todos plural sem os arabesco inútil e patético da concordância.
11 maio 2011
Morte dum muçulmano mau
Um leitor pediu encarecidamente q nosso eutéxico doutor comentasse a morte do binLaden.
Hm.
O doutor não é muito de ficar notando estrepolias de super-potências. É um assunto meio enjoativo: é claro q eles vão abusar de seu poder; é claro q os outros vão reclamar. Ele até q deu umas risadas. Lembrou-se dum episódio do Batman (da tv) em q o Coringa coloca um quadro seu numa exposição de arte. O quadro é uma tela toda branca. Qdo alguém lhe pergunta de quê se trata, o Coringa faz um gesto melodramático e diz q o quadro se chama "Morte dum Morcego Mau".
Então. A morte do binLaden é a mesma coisa: a tela em branco e o pintor melodramático.
Hm.
O doutor não é muito de ficar notando estrepolias de super-potências. É um assunto meio enjoativo: é claro q eles vão abusar de seu poder; é claro q os outros vão reclamar. Ele até q deu umas risadas. Lembrou-se dum episódio do Batman (da tv) em q o Coringa coloca um quadro seu numa exposição de arte. O quadro é uma tela toda branca. Qdo alguém lhe pergunta de quê se trata, o Coringa faz um gesto melodramático e diz q o quadro se chama "Morte dum Morcego Mau".
Então. A morte do binLaden é a mesma coisa: a tela em branco e o pintor melodramático.
10 maio 2011
Elevação e queda do ensino
Não sei se vcs sabem disso, mas o Brasil até q já teve uns nativos admiráveis.
Um brasileiro q tem o saudável apreço de nosso eufônico doutor é Anizio Teixeira, q nasceu pràticamente imune ao hipoplausivírus e teve a presença de espírito de aprender, aplicar, imitar e adaptar algumas idéias educativas do gênio euaense John Dewey num país até então notòriamente avesso à aprender e aplicar, embora já bem versado em imitar e adaptar. Se vc, ilustrado leitor deste blogue, nasceu na segunda metade do século passado, então deve ao Dewey (e, por associação, ao Teixeira) a maior parte das coisas boas em tua educação escolar; as coisas ruins foram (e são) ranço dos carunchos pré-teixeirinos …ou estultices educacionais pós-teixerinas.
O Dr Plausível não é muito de sair por aí admirando qqer um, não; mas o Teixeira até q se saiu bem nesse quesito. Como se vê neste documentário, foi preciso ter galhardia pra promover neste país a escolarização gratuita, laica e obrigatória. O cara foi perseguido como ateu e comunista, pelo Estado Novo, pela igreja e pelos militares; teve q esconder-se no sertão e exilar-se no estrangeiro. Ainda assim, parte de suas propostas foram implantadas –mais por pressão da curva de Gauss do q por iluminarem-se os retrógrados.
Não deu totalmente certo –mormente por causa do clima tropical, favorável ä proliferação do hipoplausivírus. É difícer educar a mente e administrar um país em português; muitos tombam no caminho. A mistura de provincianismo e progressismo, de intelijumência e inteligência, de escamoteio e escola é evidente até mesmo no texto do documentário sobre esse q chamam de 'maior educador do Brasil'. Vejam, por exemplo, a confusão de tempos verbais neste trecho:
«Nesta[?] época, Caitité era conhecida como "a corte do sertão". Ainda em Caitité, Anizio faz o curso primário no São Luiz … q era da Ordem dos Jesuítas. A Europa vive a primeira grande guerra qdo Anizio viaja pela primeira vez para Salvador … Anizio quis entrar para a Companhia de Jesus … mas essa decisão[?] foi veementemente combatida por seus pais. O desejo de seu pai … era q ele seguisse carreira política e, assim, o convence à estudar direito no Rio de Janeiro, onde ele se forma em 1922.»
Isso parece escrito por duas pessoas q não se conversam; ou pior: por dois lados do cérebro q não dialogam. No brasilês escrito, é comum demais pra não ser causado por uma deficiência generalizada na formação educacional da mentalidade brasileira.
Irônico, não?
(Aliás, ¿tem coisa mais horrenda do q o galicismo de, em biografias, usar o presente histórico –q, segundo o Houaiss, "dá mais vivacidade e atualidade ao texto"? HAHAHAHAHA)
Irônica foi a morte de Anizio Teixeira. Por insistência de amigos, candidatou-se à uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Pra conversar sobre o assunto, foi ao apartamento de Aurélio Buarque de Holanda; depois da visita, saiu do apartamento e não mais foi visto. Seu corpo foi encontrado alguns dias depois no fundo do fosso do elevador. Há quem veja aí um assassinato pelo governo militar, mas é possível q ele não tivesse… ãã… verificado se o mesmo encontrava-se parado naquele andar. E ¿por quê? Há várias explicações, mas a irônica é pq ainda não era obrigatório nas portas de elevadores daquela época esse aviso de redação estapafúrdia, ignorante e semi-letrada.
Um brasileiro q tem o saudável apreço de nosso eufônico doutor é Anizio Teixeira, q nasceu pràticamente imune ao hipoplausivírus e teve a presença de espírito de aprender, aplicar, imitar e adaptar algumas idéias educativas do gênio euaense John Dewey num país até então notòriamente avesso à aprender e aplicar, embora já bem versado em imitar e adaptar. Se vc, ilustrado leitor deste blogue, nasceu na segunda metade do século passado, então deve ao Dewey (e, por associação, ao Teixeira) a maior parte das coisas boas em tua educação escolar; as coisas ruins foram (e são) ranço dos carunchos pré-teixeirinos …ou estultices educacionais pós-teixerinas.
O Dr Plausível não é muito de sair por aí admirando qqer um, não; mas o Teixeira até q se saiu bem nesse quesito. Como se vê neste documentário, foi preciso ter galhardia pra promover neste país a escolarização gratuita, laica e obrigatória. O cara foi perseguido como ateu e comunista, pelo Estado Novo, pela igreja e pelos militares; teve q esconder-se no sertão e exilar-se no estrangeiro. Ainda assim, parte de suas propostas foram implantadas –mais por pressão da curva de Gauss do q por iluminarem-se os retrógrados.
Não deu totalmente certo –mormente por causa do clima tropical, favorável ä proliferação do hipoplausivírus. É difícer educar a mente e administrar um país em português; muitos tombam no caminho. A mistura de provincianismo e progressismo, de intelijumência e inteligência, de escamoteio e escola é evidente até mesmo no texto do documentário sobre esse q chamam de 'maior educador do Brasil'. Vejam, por exemplo, a confusão de tempos verbais neste trecho:
«Nesta[?] época, Caitité era conhecida como "a corte do sertão". Ainda em Caitité, Anizio faz o curso primário no São Luiz … q era da Ordem dos Jesuítas. A Europa vive a primeira grande guerra qdo Anizio viaja pela primeira vez para Salvador … Anizio quis entrar para a Companhia de Jesus … mas essa decisão[?] foi veementemente combatida por seus pais. O desejo de seu pai … era q ele seguisse carreira política e, assim, o convence à estudar direito no Rio de Janeiro, onde ele se forma em 1922.»
Isso parece escrito por duas pessoas q não se conversam; ou pior: por dois lados do cérebro q não dialogam. No brasilês escrito, é comum demais pra não ser causado por uma deficiência generalizada na formação educacional da mentalidade brasileira.
Irônico, não?
(Aliás, ¿tem coisa mais horrenda do q o galicismo de, em biografias, usar o presente histórico –q, segundo o Houaiss, "dá mais vivacidade e atualidade ao texto"? HAHAHAHAHA)
Irônica foi a morte de Anizio Teixeira. Por insistência de amigos, candidatou-se à uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Pra conversar sobre o assunto, foi ao apartamento de Aurélio Buarque de Holanda; depois da visita, saiu do apartamento e não mais foi visto. Seu corpo foi encontrado alguns dias depois no fundo do fosso do elevador. Há quem veja aí um assassinato pelo governo militar, mas é possível q ele não tivesse… ãã… verificado se o mesmo encontrava-se parado naquele andar. E ¿por quê? Há várias explicações, mas a irônica é pq ainda não era obrigatório nas portas de elevadores daquela época esse aviso de redação estapafúrdia, ignorante e semi-letrada.
26 abril 2011
O Dr Plausível e seus aforismos (3)
"Toda vez q ouço a palavra 'cultura', revolvo meu saco." in O Cavalo de Traia
08 abril 2011
06 fevereiro 2011
Pernas curtas e ouvidos de lata
Nosso escrupuloso doutor já fez diversos one-man lobbies no ministério da saúde pra passar a Lei do Burrifo –uma medida, digamos, cautelar q obrigaria todo município brasileiro à periodicamente borrifar Plausivirol nas principais cidades. Pq, pô, viu. O mundo todo sabe q a internêta é um charqueiro pestífero onde o hipoplausivírus funga por vítimas, mas nenhum excelentíssimo senhor ministro dá ouvidos ao doutor.
Pq, vejam bem, o vírus penetra o cérebro pelo ouvido, e são vítimas constantes os pacientes com otoestanhose (ouvidos de lata). À seguir, um caso recente ilustra a malignidade dessa contagiosíssima moléstia.
Sesdias (um sábado), um blogueiro rapazola resenhista literário amador resolveu publicar um email em q uma editora praticamente o ameaçava judicialmente se não apagasse de seu blogue uma resenha desfavorável à um certo livro. Aí uma porção de gente achou a atitude da editora um bessurdo, um escândalo, um abuso editorial, um despautério, &c e tal; deu o maior bafafá, leitores dando apoio, conselhos legais, o baralho à buatro. Alguns especularam q o email tinha vindo da editora Record e começaram à protestar diretamente ä editora. Até O Globo noticiou o não-fato e tentou contactar o blogueiro.
Tem aqui uma imagem do blogue (q o rapazola fechou, qdo viu a bestice q fez).
E aqui um cache do texto q originou o bafafá.
Bastou nosso eterno humanista ler a tronhice pra cair na gargalhada.
Pq, pô, né? Só mesmo a otoestanhose pra explicar como tanta gente boa foi enganada nessa pabulagem da grossa. O doutor imediatamente diagnosticou o rapaz: hipoplausivirose galopante na hipófise, e graciosamente me permitiu mostrar à meus leitores como chegou à essa conclusão. Qdo vc enxerga, é óbvio.
Pelo texto do rapaz, logo se vê q ele, digamos, não transborda em recursos de estilo. Ainda é jovem e tem tempo pra aprender. Mas ao ler o pretenso email da pretensa editora, vê-se q esta, digamos, tampouco transborda... Hm. Há uma conveniente vaguidão específica –em frases tais como "um dos títulos publicados pelo nosso grupo editorial"–, muito utilizada em fraudes amadorísticas; além disso, o email tá escrito com os mesmos ritmos e entonação do blogueiro, e numa voz peculiar:
"Viemos através dessa", "o imediato fechamento desse."
"entendemos e até certo ponto, respeitamos"
"somos de teoria que"
"no sentido de nos fazer vender"
"dessa forma" usado no sentido de 'por isso'
Entre esses ítens, chamam imediatamente ä atenção 'ser de teoria' e 'dessa forma'. ¿Que fez então nosso doutor? Procurou no blogue mesmo outras instâncias dessas peculiaridades. E ¿onde foi achar 'ser de teoria que'? Ora, ¡na própria denúncia, logo no primeiro parágrafo! "Sou de teoria que um blog blablabla".
HAHAHAHAHAHAHA
Argumentar-se-ia q o rapaz poderia tar ironizando o email. Ok: plausível, embora improvável –dada a otoestanhose geral de seu blogue. Vejamos então 'dessa forma'. Os resultados dessa busca tão aqui.
De fato, o rapaz amiúde usa 'dessa forma' como 'por isso':
«O formulário do blog deu problema, muita gente se inscreveu e não teve seus dados enviados. Dessa forma, resolvi fazer essa nova promoção...»
«...existem livros que são prioridade em minha pilha porque devem atender à estratégia de divulgação planejada pelos respectivos editoriais[sic]. Dessa forma, obras nacionais podem levar até 5 semanas para serem lidas.»
¿Qtas pessoas, caro leitor, vc conhece q usam 'sou de teoria' e 'dessa forma' dessa forma? O email da editora tem gosto e cheiro de lorota.
Sábado ä tarde, o doutor já tava expectorando a gargalhada; não disse nada pq nesse estágio pouca gente iria enxergar a piada. Mas o blogueiro ainda tinha um golpe de bestre na banga. Qdo começou à pipocar uma desconfiança geral de q essa história tava mal contada, ele publicou domingo ä tarde outro pretenso email da pretensa editora. Veja como o doutor [entre colchetes] leu o adendo do blogueiro:
«O E-MAIL NÃO PARTIU DA EDITORA RECORD E NEM DIZ RESPEITO A FALLEN! ... A Luiza, que é a assistente de marketing, sempre leu e respeitou minhas opiniões.
«...depois de vários conselhos de profissionais editoriais [em pleno sábado ä tarde], entrei em contato com a assessoria de imprensa do grupo editorial [no expediente do sábado ä noite] e enviei o link do post. Algumas horas depois da repercursão[sic] no Twitter [q aconteceu domingo de manhã], recebi um e-mail do próprio publisher [trabalhando no domingo, devido ä suma importância do blogueiro] que vocês conferem abaixo.
«Caro Sr. Silva,
«Chegou ao meu conhecimento [sábado ä tarde] um suposto [ué?] post envolvendo a alta diretoria [não sou megalômano] do nosso grupo.
«...acredite em mim [por favor, acredite em MIM] quando digo que a referida funcionária [¿Luíza?] que lhe enviou essa mensagem [cherchez la femme] NÃO FALOU EM NOME DO GRUPO [caixa alta: recurso muito usado por blogueiros e altas diretorias...].
«Estamos tomando as devidas providências na apuração do caso [em pleno domingo] e garantimos que o senhor será notificado quanto ao andamento do caso. Asseguramos também que ... uma ação judicial, vista como "causa perdida" pela maioria dos especialistas [todos eles consultados hoje, domingo, de manhã], será movida contra o senhor [se nada será feito, então ¿qual é o "caso" q terá "andamento"?].»
O estilo púbere do email já soltou um cheirume; mas o pior mesmo foi o ato falho de falar duma "referida funcionária" qdo a única funcionária referida foi pelo próprio blogueiro três parágrafos antes de ele começar à redigir o segundo email.
HAHAHAHAHAHAHA
E o atual ministro da saúde nem tchungas.
----
De maneira alguma nosso evulsivo doutor pretende denegrir a imagem do blogueiro. Todo mundo faz cagadas. Dada a pressa com q fechou seu blogue e sumiu de vista, o blogueiro aprendeu à duras penas a lição de q brincar de gente grande se faz entre crianças, não entre adultos. Mas, já q o intuito do texto acima foi explicar uma técnica diagnóstica, espero q meus leitores tenham aprendido algo sobre como prevenir-se contra a otoestanhose. Trocentas pessoas ficaram incensadas com a editora (mas qual?), publicaram notas de repúdio, textos indignados, tuitadas revoltadas. É irônico q tanta gente defenda o direito de expressão sem no entanto atentar ao q é expressado.
----
(contribuiu: Bel Seslaf)
Pq, vejam bem, o vírus penetra o cérebro pelo ouvido, e são vítimas constantes os pacientes com otoestanhose (ouvidos de lata). À seguir, um caso recente ilustra a malignidade dessa contagiosíssima moléstia.
Sesdias (um sábado), um blogueiro rapazola resenhista literário amador resolveu publicar um email em q uma editora praticamente o ameaçava judicialmente se não apagasse de seu blogue uma resenha desfavorável à um certo livro. Aí uma porção de gente achou a atitude da editora um bessurdo, um escândalo, um abuso editorial, um despautério, &c e tal; deu o maior bafafá, leitores dando apoio, conselhos legais, o baralho à buatro. Alguns especularam q o email tinha vindo da editora Record e começaram à protestar diretamente ä editora. Até O Globo noticiou o não-fato e tentou contactar o blogueiro.
Tem aqui uma imagem do blogue (q o rapazola fechou, qdo viu a bestice q fez).
E aqui um cache do texto q originou o bafafá.
Bastou nosso eterno humanista ler a tronhice pra cair na gargalhada.
Pq, pô, né? Só mesmo a otoestanhose pra explicar como tanta gente boa foi enganada nessa pabulagem da grossa. O doutor imediatamente diagnosticou o rapaz: hipoplausivirose galopante na hipófise, e graciosamente me permitiu mostrar à meus leitores como chegou à essa conclusão. Qdo vc enxerga, é óbvio.
Pelo texto do rapaz, logo se vê q ele, digamos, não transborda em recursos de estilo. Ainda é jovem e tem tempo pra aprender. Mas ao ler o pretenso email da pretensa editora, vê-se q esta, digamos, tampouco transborda... Hm. Há uma conveniente vaguidão específica –em frases tais como "um dos títulos publicados pelo nosso grupo editorial"–, muito utilizada em fraudes amadorísticas; além disso, o email tá escrito com os mesmos ritmos e entonação do blogueiro, e numa voz peculiar:
"Viemos através dessa", "o imediato fechamento desse."
"entendemos e até certo ponto, respeitamos"
"somos de teoria que"
"no sentido de nos fazer vender"
"dessa forma" usado no sentido de 'por isso'
Entre esses ítens, chamam imediatamente ä atenção 'ser de teoria' e 'dessa forma'. ¿Que fez então nosso doutor? Procurou no blogue mesmo outras instâncias dessas peculiaridades. E ¿onde foi achar 'ser de teoria que'? Ora, ¡na própria denúncia, logo no primeiro parágrafo! "Sou de teoria que um blog blablabla".
HAHAHAHAHAHAHA
Argumentar-se-ia q o rapaz poderia tar ironizando o email. Ok: plausível, embora improvável –dada a otoestanhose geral de seu blogue. Vejamos então 'dessa forma'. Os resultados dessa busca tão aqui.
De fato, o rapaz amiúde usa 'dessa forma' como 'por isso':
«O formulário do blog deu problema, muita gente se inscreveu e não teve seus dados enviados. Dessa forma, resolvi fazer essa nova promoção...»
«...existem livros que são prioridade em minha pilha porque devem atender à estratégia de divulgação planejada pelos respectivos editoriais[sic]. Dessa forma, obras nacionais podem levar até 5 semanas para serem lidas.»
¿Qtas pessoas, caro leitor, vc conhece q usam 'sou de teoria' e 'dessa forma' dessa forma? O email da editora tem gosto e cheiro de lorota.
Sábado ä tarde, o doutor já tava expectorando a gargalhada; não disse nada pq nesse estágio pouca gente iria enxergar a piada. Mas o blogueiro ainda tinha um golpe de bestre na banga. Qdo começou à pipocar uma desconfiança geral de q essa história tava mal contada, ele publicou domingo ä tarde outro pretenso email da pretensa editora. Veja como o doutor [entre colchetes] leu o adendo do blogueiro:
«O E-MAIL NÃO PARTIU DA EDITORA RECORD E NEM DIZ RESPEITO A FALLEN! ... A Luiza, que é a assistente de marketing, sempre leu e respeitou minhas opiniões.
«...depois de vários conselhos de profissionais editoriais [em pleno sábado ä tarde], entrei em contato com a assessoria de imprensa do grupo editorial [no expediente do sábado ä noite] e enviei o link do post. Algumas horas depois da repercursão[sic] no Twitter [q aconteceu domingo de manhã], recebi um e-mail do próprio publisher [trabalhando no domingo, devido ä suma importância do blogueiro] que vocês conferem abaixo.
«Caro Sr. Silva,
«Chegou ao meu conhecimento [sábado ä tarde] um suposto [ué?] post envolvendo a alta diretoria [não sou megalômano] do nosso grupo.
«...acredite em mim [por favor, acredite em MIM] quando digo que a referida funcionária [¿Luíza?] que lhe enviou essa mensagem [cherchez la femme] NÃO FALOU EM NOME DO GRUPO [caixa alta: recurso muito usado por blogueiros e altas diretorias...].
«Estamos tomando as devidas providências na apuração do caso [em pleno domingo] e garantimos que o senhor será notificado quanto ao andamento do caso. Asseguramos também que ... uma ação judicial, vista como "causa perdida" pela maioria dos especialistas [todos eles consultados hoje, domingo, de manhã], será movida contra o senhor [se nada será feito, então ¿qual é o "caso" q terá "andamento"?].»
O estilo púbere do email já soltou um cheirume; mas o pior mesmo foi o ato falho de falar duma "referida funcionária" qdo a única funcionária referida foi pelo próprio blogueiro três parágrafos antes de ele começar à redigir o segundo email.
HAHAHAHAHAHAHA
E o atual ministro da saúde nem tchungas.
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De maneira alguma nosso evulsivo doutor pretende denegrir a imagem do blogueiro. Todo mundo faz cagadas. Dada a pressa com q fechou seu blogue e sumiu de vista, o blogueiro aprendeu à duras penas a lição de q brincar de gente grande se faz entre crianças, não entre adultos. Mas, já q o intuito do texto acima foi explicar uma técnica diagnóstica, espero q meus leitores tenham aprendido algo sobre como prevenir-se contra a otoestanhose. Trocentas pessoas ficaram incensadas com a editora (mas qual?), publicaram notas de repúdio, textos indignados, tuitadas revoltadas. É irônico q tanta gente defenda o direito de expressão sem no entanto atentar ao q é expressado.
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(contribuiu: Bel Seslaf)
01 fevereiro 2011
Desleixo monumental
Nosso epitômico doutor, ora em Brasília solucionando detalhes especializadíssimos das relações Brasil-Japão, todo dia passa horas entuchado num escritório trabalhando com aquela seriedade peculiar dele. Tadinho.
Então, muito me agrada ver q pra ele é um alívio sair ao ar livre na capital brasileira e gargagargagargagargalhar sem parar vendo todo aquele imeeEEenso monumento ä estupidez q perpetraram Juscelino Kubitschek, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e o resto da patota hipoplausivirótica com sua visão futurista-década-de-cinqüenta-em-país-ingênuo-e-atrasado. O Niemeyer, como escultor, foi um péssimo comunista.
Já eu, acho triste. Tanta falta de cidade, de urbanismo, tanta falta de uso, de cuidado, tanta falta de escala humana, de conhecimento sobre o humano... puts, que lugar deprê. A imbecilidade e o desleixo do projeto todo são de lascar, ainda mais pq é impossível voltar atrás, dizer "Tscupaê, gente, aquela utopia pós-guerra corbuseriana não deu certo. Descobriu-se q as pessoas são seres humanos. Vortemo pro Rio. AQUILO é q é capitar."
Mas o doutor se esbalda. Ainda mais agora q acaba de voltar duma longa estadia numa CIDADE de verdade, pô, q os cidadãos usam, permeiam, articulam, discutem, conservam, embelezam e (só pra ratificar) usam. Em Brasília, o doutor começa à rir no Eixo Monumental, gargalha num Setor Habitacional qqer, e só pára (por dó) qdo chega nalgum Setor de Invasões Ilegais. Ô figurinha pra rir, viu. Daqui à pouco, até a Polícia Federal vai querer interrogar. Mas aí é q ele não vai parar mesmo.
Olha, ele até prometeu q, se a japonesada der uma brecha, ele manda umas fotos pra ilustrar as gargalhadas.
Então, muito me agrada ver q pra ele é um alívio sair ao ar livre na capital brasileira e gargagargagargagargalhar sem parar vendo todo aquele imeeEEenso monumento ä estupidez q perpetraram Juscelino Kubitschek, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e o resto da patota hipoplausivirótica com sua visão futurista-década-de-cinqüenta-em-país-ingênuo-e-atrasado. O Niemeyer, como escultor, foi um péssimo comunista.
Já eu, acho triste. Tanta falta de cidade, de urbanismo, tanta falta de uso, de cuidado, tanta falta de escala humana, de conhecimento sobre o humano... puts, que lugar deprê. A imbecilidade e o desleixo do projeto todo são de lascar, ainda mais pq é impossível voltar atrás, dizer "Tscupaê, gente, aquela utopia pós-guerra corbuseriana não deu certo. Descobriu-se q as pessoas são seres humanos. Vortemo pro Rio. AQUILO é q é capitar."
Mas o doutor se esbalda. Ainda mais agora q acaba de voltar duma longa estadia numa CIDADE de verdade, pô, q os cidadãos usam, permeiam, articulam, discutem, conservam, embelezam e (só pra ratificar) usam. Em Brasília, o doutor começa à rir no Eixo Monumental, gargalha num Setor Habitacional qqer, e só pára (por dó) qdo chega nalgum Setor de Invasões Ilegais. Ô figurinha pra rir, viu. Daqui à pouco, até a Polícia Federal vai querer interrogar. Mas aí é q ele não vai parar mesmo.
Olha, ele até prometeu q, se a japonesada der uma brecha, ele manda umas fotos pra ilustrar as gargalhadas.
26 janeiro 2011
13 janeiro 2011
Posfácio do Andrada
Depois de resolver vários problemas na Grã-Bretanha, nosso esvoaçante doutor ora passa uns meses em Brasília.
A capital do Brasil é uma pérola, viu? Vodzeumacoizpcê, viu, leitor... Vc passa ali perto daquelas esculturas do Oscarito onde se decide os desvios da nação, e tem tanto hipoplausivírus no ar q vira um miasma. Não dá nem pra tirar foto. Na entrada das sinapses congressuais, o HPV chega à fazer fila q dá volta no quarteirão. Ou na quadra, como se diz ali. Cada coisa, viu?
Olhem por exemplo esta aqui:
Na câmara, um tronho deixou de herança um projeto de lei q quer pq quer q TODA livraria em território nacional tenha ä venda TODO e qqr livro produzido no Brasil.
HAHAHAHAHAHAHAHA
E se não quiser comprar, tem q explicar por quê por escrito.
HAHAHAHAHAHAHAHA
Leia aqui, se tiver paciência.
Aiaiaiai. Deve ser culpa do Oscarito. Pq pô, ¿já viu aqueles prédios esculturais lá em Brasília? O Oscarito (...apesar de comunista...) fez uns prédios q não têm a menor noção do q é a escala humana – todos boiando acima de pilotis, tentando flutuar ali como se não houvesse leis tais como a da gravidade. Aí vc entra, e metade do prédio tá embaixo da terra, sem janelas, e a outra metade tá flutuando numa caixa a 20m do solo, tbm sem janelas... ¡apesar da luz e da vastidão do Planalto Central em volta! Aí ¿que acontece? Congressista em Brasília perde totalmente a noção de ESCALA. Só em 2009, foram publicados mais de 20 mil títulos novos no Brasil, e mais de 30 mil reedições. Imagina o tamanho q uma livraria teria q ter pra satisfazer essa lei estupafúrdia. Tanta coisa por fazer no mercado editorial, e esse paciente terminal vem com essa...
E aí o Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, tira um sarro desse projeto de lei, dizendo q as lojas compram os títulos q querem vender "assim como um mercado compra o arroz que quer, o feijão que quer."
Mas esse livreiro, hem, vou ti contar. Alguém tem q chegar-lhe ao pé do ouvido e dizer, "Pedrinho, não dá idéia, meu filho. Assim, daqui a pouco algum outro tronho vai querer q TODA quitanda venda arroz de toda e qqer marca produzida no Brasil."
A capital do Brasil é uma pérola, viu? Vodzeumacoizpcê, viu, leitor... Vc passa ali perto daquelas esculturas do Oscarito onde se decide os desvios da nação, e tem tanto hipoplausivírus no ar q vira um miasma. Não dá nem pra tirar foto. Na entrada das sinapses congressuais, o HPV chega à fazer fila q dá volta no quarteirão. Ou na quadra, como se diz ali. Cada coisa, viu?
Olhem por exemplo esta aqui:
Na câmara, um tronho deixou de herança um projeto de lei q quer pq quer q TODA livraria em território nacional tenha ä venda TODO e qqr livro produzido no Brasil.
HAHAHAHAHAHAHAHA
E se não quiser comprar, tem q explicar por quê por escrito.
HAHAHAHAHAHAHAHA
Leia aqui, se tiver paciência.
Aiaiaiai. Deve ser culpa do Oscarito. Pq pô, ¿já viu aqueles prédios esculturais lá em Brasília? O Oscarito (...apesar de comunista...) fez uns prédios q não têm a menor noção do q é a escala humana – todos boiando acima de pilotis, tentando flutuar ali como se não houvesse leis tais como a da gravidade. Aí vc entra, e metade do prédio tá embaixo da terra, sem janelas, e a outra metade tá flutuando numa caixa a 20m do solo, tbm sem janelas... ¡apesar da luz e da vastidão do Planalto Central em volta! Aí ¿que acontece? Congressista em Brasília perde totalmente a noção de ESCALA. Só em 2009, foram publicados mais de 20 mil títulos novos no Brasil, e mais de 30 mil reedições. Imagina o tamanho q uma livraria teria q ter pra satisfazer essa lei estupafúrdia. Tanta coisa por fazer no mercado editorial, e esse paciente terminal vem com essa...
E aí o Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, tira um sarro desse projeto de lei, dizendo q as lojas compram os títulos q querem vender "assim como um mercado compra o arroz que quer, o feijão que quer."
Mas esse livreiro, hem, vou ti contar. Alguém tem q chegar-lhe ao pé do ouvido e dizer, "Pedrinho, não dá idéia, meu filho. Assim, daqui a pouco algum outro tronho vai querer q TODA quitanda venda arroz de toda e qqer marca produzida no Brasil."
14 dezembro 2010
Os brasilários
Ói, vodzeumacoipcêis, viu. Após quatro longos meses de árduo trabalho de campo na Grã-Bretanha, nosso evocante doutor já entrou rindo de volta ao Brasil. É só passar um tempinho na Zoropa, q ele já fica mal-acostumado. Dormia num bairro silencioso, ninguém lhe enchia o saco, não enchia o saco de ninguém, &c &c... A lista é grande. Mas em 5 minutos de Brasil, já caiu na gargalhada. ¿Não é hilariante? O Brasil é um país muito engraçado.
Vou contar-lhes o q sucedeu.
Chegado em Cumbica, e terminada a longa espera na fila do controle alfandegário (aquela em q ninguém tem nada à declarar), o doutor foi liberado e entrou no saguão principal do aeroporto. Tava com sede e arresolveu comprar uma garrafinha de água mineral. Viu duas lanchonetes com curtas filas ao caixa. Pegou a menor.
• Nem bem perfilou-se, notou q o primeiro freguês da fila tava numa briguinha com a moça do caixa:
Caixa: Mas não vai dar pra trocar, moço.
Freguês: Vc é obrigada a ter troco.
C: Äs vezes acontece. ¿Não quer levar outra coisa pra inteirar?
F: Não quero comprar outra coisa. ¿Por que não me dá um desconto?
C: Não quero dar desconto.
Hm... O doutor já viu q isso ia longe, então foi até a outra fila.
• Nessa outra lanchonete, havia duas moças de caixa: uma fechando seu caixa e a outra atendendo no outro. As duas trocando idéias e a fila andando. Aí um sujeito duas pessoas atrás do doutor, pensando q os dois caixas tavam abertos, fez voz pseudo-peremptória e reclamou alto:
Sujeito: Vamo trabalhar aê, ô. Olha a preguiça. Ficam aí batendo cabeça. (resmunga) Gente incompetente.
O doutor já pensaaando...
• Mais um freguês atendido, e então uma senhora q já tava comendo um lanche numa das mesas se levantou, foi até o caixa e pediu alguma coisa – na certa um adendo à sua refeição.
Caixa: Aguarda um pouquinho, por gentileza. Tem essa fila aí.
Senhora: Mas já aguardei taaanto hoje, moça. Passei a manhã aguardando na alfândega.
Foi aí q o Dr Plausível desatou sua gargalhada.
Pô. 5 minutos no Brasil – ¡CINCO MINUTOS! – e ele já presenciou:
• duas pessoas querendo tirar vantagem uma da outra durante um problema;
• um sujeito metido criando caso e desrespeitando trabalhadores;
• uma senhora descaradamente se arrogando prerrogativas especiais.
HAHAHAHAHAHAHA
Dor de barriga.
-----------
Sim, claro, a vida na Inglaterra tem vários defeitos. Mas pô, né? Cinco minutos...
Vou contar-lhes o q sucedeu.
Chegado em Cumbica, e terminada a longa espera na fila do controle alfandegário (aquela em q ninguém tem nada à declarar), o doutor foi liberado e entrou no saguão principal do aeroporto. Tava com sede e arresolveu comprar uma garrafinha de água mineral. Viu duas lanchonetes com curtas filas ao caixa. Pegou a menor.
• Nem bem perfilou-se, notou q o primeiro freguês da fila tava numa briguinha com a moça do caixa:
Caixa: Mas não vai dar pra trocar, moço.
Freguês: Vc é obrigada a ter troco.
C: Äs vezes acontece. ¿Não quer levar outra coisa pra inteirar?
F: Não quero comprar outra coisa. ¿Por que não me dá um desconto?
C: Não quero dar desconto.
Hm... O doutor já viu q isso ia longe, então foi até a outra fila.
• Nessa outra lanchonete, havia duas moças de caixa: uma fechando seu caixa e a outra atendendo no outro. As duas trocando idéias e a fila andando. Aí um sujeito duas pessoas atrás do doutor, pensando q os dois caixas tavam abertos, fez voz pseudo-peremptória e reclamou alto:
Sujeito: Vamo trabalhar aê, ô. Olha a preguiça. Ficam aí batendo cabeça. (resmunga) Gente incompetente.
O doutor já pensaaando...
• Mais um freguês atendido, e então uma senhora q já tava comendo um lanche numa das mesas se levantou, foi até o caixa e pediu alguma coisa – na certa um adendo à sua refeição.
Caixa: Aguarda um pouquinho, por gentileza. Tem essa fila aí.
Senhora: Mas já aguardei taaanto hoje, moça. Passei a manhã aguardando na alfândega.
Foi aí q o Dr Plausível desatou sua gargalhada.
Pô. 5 minutos no Brasil – ¡CINCO MINUTOS! – e ele já presenciou:
• duas pessoas querendo tirar vantagem uma da outra durante um problema;
• um sujeito metido criando caso e desrespeitando trabalhadores;
• uma senhora descaradamente se arrogando prerrogativas especiais.
HAHAHAHAHAHAHA
Dor de barriga.
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Sim, claro, a vida na Inglaterra tem vários defeitos. Mas pô, né? Cinco minutos...
25 novembro 2010
A gaussocracia
No mundo de hoje, com tanto dinheiro gasto em marketing e exércitos pra promover a democracia, é difícil pacas achar uma única pessoa q não, dalgum modo, "acredite" nos ideais democráticos. Nem sequer nosso eláfrio doutor deixa de entusiàsticamente defender a dita cuja; e de fato o faz, e com o mesmíssimo entusiasmo q aconselharia subnutridos à ingerir ovos podres num deserto faminto. Aliás, não faltam receitas com ovo podre —na culinária chinesa, por exemplo; pode checar, clica aí:

Mas mesmo apoiando a barrigudinha, o doutor não acredita em democracia; e vc tampouco; nem teu vizinho, nem teu chefe, nem teu governador. Na verdade verdadeira, absolutamente NINGUÉM em lugar algum do mundo acredita em democracia. Vc mesmo pode confirmar o doutoral diagnóstico. Pegue um amigo teu q alardeia uma inabalável crença nesse sistema (uuââââ... ronc-ronc) "em q o povo exerce a soberania". Pergunte ao despistado democrata o q ele faria se num plebiscito 70% da população decidisse q, sei lá, toda e qqr infração de trânsito fosse punida com um tiro na testa do infrator, após um julgamento sumário ali mesmo na rua pelo guarda, q receberia comissão por cada execução; e alguns meses depois em assembléia constituída 80% dos deputados eleitos decidissem q toda criança de 11 anos devesse compulsòriamente passar um ano inteiro internada numa instituição onde seria iniciada em todas as práticas sexuais possíveis; e no ano seguinte um novo plebiscito decidisse q à partir dos 60 todo cidadão devesse ter um membro amputado e triturado à cada 5 anos pra fazer ração de gato, tornando-se aos 75 um inválido sem braços e pernas.
Mas ¡que exagero, não? ¿Que é q deu no doutor pra imaginar absurdos assim?
HAHAHAHAHAHA
Pois é. São absurdos, mas absurdos possíveis. Pra q se tornem realidade numa democracia, basta q sejam votados pela maioria; nada mais simples.
Então. ¿Quê diria teu amigo se essas leis fossem de fato aprovadas pelo voto? Melhor: ¿quê FARIA? ¿Mudaria de país? ¿Entraria na política? ¿Criaria uma milícia subversiva? ¿Viraria terrorista? Ou talvez ele apenas continuasse sua vida, reclamando do governo e do vizinho, tal como já faz... A questão é q aquelas leis horrendas, apesar de possíveis, são improváveis. Por serem improváveis, ninguém com um mínimo de senso comum acredita q a sociedade possa virar uma aberração cataclísmica dessa envergadura.
Portanto, no fundo não é em democracia q teu amigo acredita; ie, ele não acredita q a vontade da maioria é soberana, qqer q seja. Ele acredita é na curva de Gauss:
Ao plotar estatísticas de fenômenos naturais, sociais, culturais, físicos, biológicos &c &c &c, pouquizíssimos aspectos não resultam numa curva de Gauss. Quase tudo q acontece no universo tá lá no centrão do q teòricamente é possível acontecer. O universo tem uma regularidade e uma inércia —uma estabilidade fundamental— em torno da qual acontece a variabilidade. Essa estabilidade média central é äs vezes difícil de discernir, mas ela tá ali sempre.
Qdo aplicada ä política, a curva de Gauss pode ser visualizada assim: isole uma gama de opiniões sobre um assunto; disponha-as à grosso modo numa linha horizontal, indo da mais radical prum lado até a mais radical pro outro; conte qtas pessoas têm cada opinião variante; o resultado sempre será mais ou menos a curva de Gauss acima. Vejamos, por exemplo, uma gama de opiniões possíveis sobre como punir um estuprador assassino de menininhas:
-3 esquartejá-lo aos poucos até ele morrer
-2½ castrá-lo e estuprá-lo diariamente pro resto da vida
-2 enforcá-lo
-1½ castrá-lo
-1 torturá-lo
-½ prendê-lo perpètuamente
0 prendê-lo por alguns anos
+½ colocá-lo num programa de reabilitação social
+1 dar-lhe uma surra
+1½ dar-lhe um bofetão
+2 dar-lhe uma bronca
+2½ fazer-lhe cosquinhas no pé com uma pena
+3 xingá-lo de bobinho
A opinião da grande maioria do povaréu vai oscilar entre -½ e +½, raramente longe da média normal. E vai ser assim pra QUALQUER opinião.
Na realidade, só existe a gaussocracia; os governos democráticos são apenas sistemas pra dar emprego e meios de corrupção pra quem alega ser capaz de administrar um país através da média normal. Teu amigo apóia e coopera com a democracia apenas pq ele mesmo é um ser mediano, cercado de seres medianos. O q acontece numa democracia é q o centrão+½ tenta puxar a curva um cagagésimo pra cá e o centrão-½ tenta puxar um cagagésimo pra lá —e a curva de fato oscila periòdicamente, como uma gelatina. Mas no fundo, sempre, há 10 mil anos, há 100 mil anos, até mesmo onde nunca houve democracia, o centrão acaba predominando: só persistem as posições políticas e sociais mais coadunadas com a realidade física e biológica, com as possibilidades e exigências da física e da biologia –q por seu lado *tbm* tão fundamentalmente subordinadas ä curva de Gauss.
O mundo é Gauss: a arte é kitsch, a música é brega, a ideologia é sentimentalóide, a escola é burra, o governo é medíocre, e a democracia é pouco mais q um método pra periòdicamente desagradar ou incomodar alguém dalguma forma durante algum tempo. E, pra nosso doutor, tudo isso é esputàvelmente hilariante.
Sorry, periferia.
Mas mesmo apoiando a barrigudinha, o doutor não acredita em democracia; e vc tampouco; nem teu vizinho, nem teu chefe, nem teu governador. Na verdade verdadeira, absolutamente NINGUÉM em lugar algum do mundo acredita em democracia. Vc mesmo pode confirmar o doutoral diagnóstico. Pegue um amigo teu q alardeia uma inabalável crença nesse sistema (uuââââ... ronc-ronc) "em q o povo exerce a soberania". Pergunte ao despistado democrata o q ele faria se num plebiscito 70% da população decidisse q, sei lá, toda e qqr infração de trânsito fosse punida com um tiro na testa do infrator, após um julgamento sumário ali mesmo na rua pelo guarda, q receberia comissão por cada execução; e alguns meses depois em assembléia constituída 80% dos deputados eleitos decidissem q toda criança de 11 anos devesse compulsòriamente passar um ano inteiro internada numa instituição onde seria iniciada em todas as práticas sexuais possíveis; e no ano seguinte um novo plebiscito decidisse q à partir dos 60 todo cidadão devesse ter um membro amputado e triturado à cada 5 anos pra fazer ração de gato, tornando-se aos 75 um inválido sem braços e pernas.
Mas ¡que exagero, não? ¿Que é q deu no doutor pra imaginar absurdos assim?
HAHAHAHAHAHA
Pois é. São absurdos, mas absurdos possíveis. Pra q se tornem realidade numa democracia, basta q sejam votados pela maioria; nada mais simples.
Então. ¿Quê diria teu amigo se essas leis fossem de fato aprovadas pelo voto? Melhor: ¿quê FARIA? ¿Mudaria de país? ¿Entraria na política? ¿Criaria uma milícia subversiva? ¿Viraria terrorista? Ou talvez ele apenas continuasse sua vida, reclamando do governo e do vizinho, tal como já faz... A questão é q aquelas leis horrendas, apesar de possíveis, são improváveis. Por serem improváveis, ninguém com um mínimo de senso comum acredita q a sociedade possa virar uma aberração cataclísmica dessa envergadura.
Portanto, no fundo não é em democracia q teu amigo acredita; ie, ele não acredita q a vontade da maioria é soberana, qqer q seja. Ele acredita é na curva de Gauss:
Qdo aplicada ä política, a curva de Gauss pode ser visualizada assim: isole uma gama de opiniões sobre um assunto; disponha-as à grosso modo numa linha horizontal, indo da mais radical prum lado até a mais radical pro outro; conte qtas pessoas têm cada opinião variante; o resultado sempre será mais ou menos a curva de Gauss acima. Vejamos, por exemplo, uma gama de opiniões possíveis sobre como punir um estuprador assassino de menininhas:
-3 esquartejá-lo aos poucos até ele morrer
-2½ castrá-lo e estuprá-lo diariamente pro resto da vida
-2 enforcá-lo
-1½ castrá-lo
-1 torturá-lo
-½ prendê-lo perpètuamente
0 prendê-lo por alguns anos
+½ colocá-lo num programa de reabilitação social
+1 dar-lhe uma surra
+1½ dar-lhe um bofetão
+2 dar-lhe uma bronca
+2½ fazer-lhe cosquinhas no pé com uma pena
+3 xingá-lo de bobinho
A opinião da grande maioria do povaréu vai oscilar entre -½ e +½, raramente longe da média normal. E vai ser assim pra QUALQUER opinião.
Na realidade, só existe a gaussocracia; os governos democráticos são apenas sistemas pra dar emprego e meios de corrupção pra quem alega ser capaz de administrar um país através da média normal. Teu amigo apóia e coopera com a democracia apenas pq ele mesmo é um ser mediano, cercado de seres medianos. O q acontece numa democracia é q o centrão+½ tenta puxar a curva um cagagésimo pra cá e o centrão-½ tenta puxar um cagagésimo pra lá —e a curva de fato oscila periòdicamente, como uma gelatina. Mas no fundo, sempre, há 10 mil anos, há 100 mil anos, até mesmo onde nunca houve democracia, o centrão acaba predominando: só persistem as posições políticas e sociais mais coadunadas com a realidade física e biológica, com as possibilidades e exigências da física e da biologia –q por seu lado *tbm* tão fundamentalmente subordinadas ä curva de Gauss.
O mundo é Gauss: a arte é kitsch, a música é brega, a ideologia é sentimentalóide, a escola é burra, o governo é medíocre, e a democracia é pouco mais q um método pra periòdicamente desagradar ou incomodar alguém dalguma forma durante algum tempo. E, pra nosso doutor, tudo isso é esputàvelmente hilariante.
Sorry, periferia.
19 novembro 2010
Cerealismo
Carlos P. Motta, o mentor intelectual deste blogue, resolveu viajar pelo mundo sob os auspícios da Lei de Incentivo à Mentores Intelectuais, e tá passando uns tempos nos Euá. De vez em qdo ainda envia à nosso eurisófico doutor umas pérolas da hipoplausibilose guturoborbulhante generalizada neste mundo subnutrido. A mais recente foi este texto no verso da embalagem dum cereal euaense, marca Post:

HAHAHAHAHAHA
¿Como catsos pode algo chamado "honey nut shredded wheat" ser descomplicado? E se for simples mesmo (o q é mais provável) ¿por que dar-lhe um nome tão forçação de barra, meu santo? E ¿que jerdas tem à ver a vida ser complicada com o cereal matinal q um engenheiro de alimentos inventou? E o pior de tudo, se os caras querem dizer q o cereal não precisa ser complicado, ¿por que cargas d'água disseram "shouldn't have to be" = "não deveria ter q ser"?
HAHAHAHAHAHAHA
Aliás, complicado é escolher um cereal matinal nos Euá com a esbugalhante quantidade de cereais matinais vendidos lá.
A vida é complicada; mas a simplicidade não deveria ter q precisar poder ser.
aiaiaiai

HAHAHAHAHAHA
¿Como catsos pode algo chamado "honey nut shredded wheat" ser descomplicado? E se for simples mesmo (o q é mais provável) ¿por que dar-lhe um nome tão forçação de barra, meu santo? E ¿que jerdas tem à ver a vida ser complicada com o cereal matinal q um engenheiro de alimentos inventou? E o pior de tudo, se os caras querem dizer q o cereal não precisa ser complicado, ¿por que cargas d'água disseram "shouldn't have to be" = "não deveria ter q ser"?
HAHAHAHAHAHAHA
Aliás, complicado é escolher um cereal matinal nos Euá com a esbugalhante quantidade de cereais matinais vendidos lá.
A vida é complicada; mas a simplicidade não deveria ter q precisar poder ser.
aiaiaiai
02 novembro 2010
Repulsa ao nexo (2/2)
Difícil achar um adulto q não tenha se perguntado o qualoporquê de haver dois sexos na natureza. O cara vê os lindos mares, rios, campos e montanhas borbulhando de sexualidade pra cima e pra baixo numa fodeção imparável entre os dois sexos, vesgueia os olhos e indaga, "Mas ¿por que DOIS? ¿Por que não três?" E, mais à propósito, ¿por que não apenas um?: se o objetivo da sexualidade é a (auto-)reprodução, ¿por que a auto-fertilização e a partenogênese são tão raras?
Ou talvez a pergunta tenha q ser reformulada. Vejam esta: ¿Por que o sistema de dois sexos foi tão bem sucedido neste planetinha tão gostosinho? (A definição de "bem sucedido" é filosófica demais pra caber neste blogue.)
Uma hipótese recente –q faturou o Plêmio Plausível 1993– é a de q, no começo da vida aqui, a dimorfia sexual (ie, o sistema de dois sexos, Pedro Bó) vingou em organismos pluricelulares pq funcionou contra a velocidade de reprodução das bactérias e vírus, q os destruíam implacàvelmente. (Não, gente, ninguém sabe *quando* os vírus surgiram no planeta; mas nessa hipótese, surgiram manemeni junto com as bactérias, nos primórdios da vida, pq afinal dá no mesmo.) (E pra simplificar, de agora em diante, 'organismos pluricelulares' = 'plúris'; e 'vírus e bactérias' = 'vírus' –pq fica bonitinho.)
Os vírus e os plúris tão numa espécie de batalha ou corrida armamentista q já dura bilhões de anos. Os vírus se reproduzem ràpidamente, mas têm desvantagens: são microscópicos, então têm um raio de ação menor e dependem de portadores; têm "memória" curta do que já deu certo antes; e sua reprodução é simplória, mecânica e previsível, então ela não lida bem com mudanças aleatórias no meio. Já os plúris sexuados, se reproduzem mais lentamente; só q, apesar de sua maior lentidão, a relativa imprecisão do processo sexual resulta numa aleatoriedade genética entre indivíduos maior do q a q é possível produzir assexuadamente –tal como faz o vírus–, e daí uma probabilidade maior de um plúris seguir existindo como espécie, pois tá sempre no mínimo um passo ä frente da variação do vírus, q se reproduz mecânicamente.
Pois então. Quase toda a história da vida complexa neste planeta pode ser vista como essa batalha dos organismos pluricelulares contra as bactérias e vírus. Qto mais espécies diferentes de plúris houver, tanto mais eficientemente eles se escafedem dos vírus. Os plúris se diferenciaram em plantas e animais, e depois nas miríades de classes e gêneros, alimentando-se uns dos outros, à cada passo escapando da sanha assassina microscópica ininterrupta insensível empedernida mecânica do vírus. Este é o primeiro e o maior PREDADOR do plúris: é seu inimigo número um. A moralidade é necessàriamente resultante de o plúris ser a presa do vírus.
... ôpa ôpa ôpa ¿¡¿QUÊÊÊ?!? Mas ¿tás viajando, doutor? ¿Ficou bobo na corte inglesa? ¡Que salto mortal, meu caro vatso! ¿Que catso tem à ver o vírus com a moral? ¿Planta por acaso tem moral?
Ué, diria nosso efluvioso humanista, ¿não é óbvio? Não?
Vai mais devagar aê, ô, efluvioso.
Não sei se o nobre leitor já percebeu um detalhe sobre a moralidade. Todo princípio moral... peraí, dexeufrisar, TODO (¿leu bem?: todo) princípio moral é em essência um paradigma entre presas com livre-arbítrio, é um agente conglomerante de indivíduos ambulantes em perigo, é uma defesa contra um predador (concreto ou abstrato) –e é tanto mais exitoso qto melhor co-opta o próprio predador. Este, enquanto preda, é imoral e amoral: só é regulado por suas necessidades orgânicas, sua química orgânica, seus mecanismos vitais, sua lógica devastadora. O predador tbm pode ter moral, sim; mas seus comportamentos morais intra- e extra-espécie aparecem ùnicamente qdo sua sobrevivência *não* tá em jogo. Se descermos pelos inúmeros ramos correntes da moral, em direção ao passado paleocitológico, desfazendo as bifurcações todas uma à uma, chegando ao tronco primitivo, ä primeira manifestação dum pré-princípio moral originário germinativo e desencadeante, bilhões de anos antes do q Nietzsche sequer conseguiria imaginar, veremos a genitura de toda moralidade no esboço do futuro plúris, com suas moléculas vagarosamente formando um esquema de defesa bioquìmicamente colaborativo entre indivíduos parecidos. Uma parte, desprovida de liberdade espacial (o reino vegetal) encontrou meios mecânicos de resistência ao vírus. Na outra parte (o reino animal), tudo q deu certo desde então na batalha contra o vírus foi uma ampliação, uma diversificação e uma complexificação paulatinas dessa colaboração bioquímica na sopa ancestral, co-optando o reino vegetal. Mas o vírus permanece como arqui-predador, o Mal-em-si, o capeta, pure evil, o anjo da morte, o morto-vivo q tem um completo, gélido e aterrador desprezo pela ãã "vida".
E, claro, no centro da colaboração bioquímica tava a dimorfia sexual. A resposta ä pergunta "¿por que 2 sexos?" deve ser "porque 2 é o menor número inteiro depois de 1." Na economia biológica, o 2 dos plúris é suficientemente alto e eficientemente baixo contra o 1 dos vírus.
Então, apesar de soar estapafúrdia ä enésima potência e cheia de buracos, a hipótese plausível não pode tar muito longe da verdade: a origem da moralidade tá na origem da dimorfia sexual –daí o sexo figurar tão, digamos, tão bojudamente tanto nas prescrições morais qto nas trangressões, intrigas e folclores. Os comportamentos bioquímicos q promoveram a manutenção e evolução dos micro-plúris ancestrais são aqueles q se tornaram a moralidade; ou seja, a moralidade de hoje descende de comportamentos bioquímicos ancestrais.
Aquilo q o humano médio vê como moralidade são as inúmeras ramificações deduzíveis e induzíveis de dois eixos principais: sexo e agressão –a normatização do sexo e o controle da agressão: duas prioridades presentes deeeeesdo cafundó das tripa. A agressão original dos vírus contra os plúris, e o sexo original na relação inter-plúris. Não importa q, com a gradual complexificação da ecologia, a defesa contra agressões viróticas tenha se tornado uma defesa contra agressões entre diferentes espécies de plúris e, mais tarde, uma defesa contra agressões dentro da mesma espécie (tal como acontece entre humanos): os comportamentos "aprendidos" (ie, fixados) por meros aglomerados de células certamente se complexificaram e foram usados por organismos mais complexos, até chegarem ao despirocamento total q é a cultura humana. Tudo no humano é mais complexo e diversificado. O âmbito humano tem desde agressões escabrosas tais como um soldado invasor estuprando e degolando uma criança filha de inimigos, até agressões sutilíssimas tais como jogar um papel de bala no chão do elevador sabendo q o faxineiro do prédio vai ter q recolher.
Há quem postule q até a distinção entre sexo e agressão é falaciosa: é possível q sexo seja mesmo –tal como querem, por exemplo, algumas feministas– um tipo de agressão: isso q hoje são macho e fêmea da mesma espécie podem originalmente ter sido duas espécies de micro-organismos ligeiramente diferentes uma da outra; a agressão sexual original era o proto-macho invadindo forçosamente a proto-fêmea pra nela incubar seu dna. Muito se fala da harmonia, da interdependência e beleza na relação entre fêmea e macho, x e y, lua e sol, ying e yang, ♀ e ♂, e o caralho à quatro (!) mas é possível q na verdade a ♀ não precisaria do ♂ pra se reproduzir. Usa-se a palavra 'homem' como sinônimo de 'humanidade', mas a verdade pode ser q a mulher é q é o humano fundamental.
Daria pra ir até um pouquinho mais longe. A origem da moral não tá na origem da vida: não haveria moral alguma num planeta em q a vida consistisse dum único organismo descomunal, do tamanho desse planeta. A origem da moral é posterior ä origem da individuação de organismos separados, autônomos porém interdependentes. A independência espacial é um marcador da moral: as plantas não têm.
Mas... mas... ¿pra quê tudo isso, doutor? Meeeesmo q tenha acontecido assim –o q é questionável–, ¿que relevância tem? ¿Que diferença faz hipotesar, ou faria saber, q a moralidade tem essa genealogia?
Ora, de novo, ¿não tá óbvio? diria o doutor, ¿preciso explicar TUDO?
Ah, tá bom; é q prometi falar tanto da origem qto do ESCOPO da moralidade; e o escopo é q é o grande pô, né?
Pra isso, é preciso distinguir sexo de agressão. Agressão é toda ação proposital física, ou de conseqüências físicas, q atrapalha teu bem-estar, tuas coisas-funcionando-normalmente, e portanto perfaz toda a gama da causação de desconfortos, incômodos, desagrados, prejuízos, violências, ferimentos, traumatismos, aleijamentos e homicídios. (Note q, em se tratando de humanos, a definição de agressões sutis [desconfortos, incômodos e desagrados] pode chegar ä beira da paranóia –tipo achar imoral "fazer pouco da religião X" ou "tirar sarro do sexo Y" ou "avacalhar a raça Z" até mesmo qdo nenhum x, y ou z tá presente pra sofrer a "agressão". A fala tornou o macaco refém 24hs da moralidade pq, como se diz, "as palavras têm conseqüências".)
Voltando, se separarmos o q é estritamente sexo/reprodução do q é sexo mais agressão, veremos q o escopo da moralidade na verdade não inclue o q é estritamente sexual, nem sequer os chamados "desvios". Todo aspecto da biologia tem uma tendência à se expandir, uma ganância; e a ganância dos códigos morais embutiu a moralidade na sexualidade com a desculpa da defesa contra os predadores sexuais e os ãã descompromissados com a reprodução (ie, os não-aliciados contra as hostes viróticas: homossexuais, abortistas, &c). Toda essa codificação do sexo promovida pelas religiões –atitudes, comportamentos, vestuário, estratificação social, a parafernália toda– em si faz parte da agressão, tanto da agressão predatória do macho contra a fêmea, qto da agressão estratégica da fêmea contra o macho. A agressão não tá no puramente sexual; tá é nos paramentos culturais q procuram idiotamente proteger a sexualidade. A intromissão das religiões e outros sistemas morais na sexualidade é na verdade contra-producente: desvia a atenção da tarefa principal, q é a batalha contra os vírus. Qto mais sexo, qto mais diversificadas forem a fodeção, a começão e a trepagem reprodutórias, tanto melhor a espécie humana se defende contra os diabinhos virais. Só q os guardiães da moral e dos bons costumes não querem nada disso. "NananinaNÃO. Bicho pode, pq bicho é bicho e não sabe ler Bíblia, não tem toda essa complexidade humana." Muita gente complexa e muita gente ãã menos complexa (e –triste notícia– há sim, viu, uma gradação entre humanos menos e mais complexos), qdo imagina como seria o mundo se liberassem geral a putaria universal não-agressiva, têm bàsicamente três pavores: sexo com menores, homossexualismo e aborto. Note, caro leitor, q todos os três pavores brotam diretamente dum zelo pelo instinto reprodutor e resultam em objeções proibitórias.
Das três objeções, só tem plausibilidade moral aquela q diz respeito à sexo com menores. A criança é um ser muito delicado pra ser aviltado dessa forma imbecil por gente idiota. Sexo com menores é sexo + agressão, e os dois aspectos são biològicamente aviltantes: o sexo não reproduz (ou não nutre a reprodução adequadamente) e a agressão traumatiza a capacidade reprodutiva da pessoa agredida. Não é por acaso q meramente ouvir falar dum estupro de menor dói em 99% dos humanos.
Sobre a segunda objeção, seria idiota usar a visão biológica pra espezinhar o homossexualismo por sua ãã tendência à não produzir bebês. Um indivíduo q, por qqer q seja o mecanismo inerente à si, não prioriza sua reprodução é, evolutivamente, um beco sem saída, um ponto-final de ramificação. Deixa ele em paz, então, né? Na enormidade da escala biológica, ¿qual é o pobrema? Tem comida pra todo o mundo, e até os vírus entram em becos evolutivos sem saída.
A terceira objeção é biològicamente interessante: pô, qqer humanozinho novo ajuda na batalha contra o vírus, ora pois não? No entanto, a proibição do aborto não se sustenta numa espécie q elevou a moralidade à um código consciente e racional de proteção física e psicológica sistemática do indivíduo. Se é pra ser isso, então q seja, né, catso. Ao nascer (ie, ao tornar-se um ser fìsicamente autônomo), o indivíduo recebe da sociedade o reconhecimento de seu direito ao controle de seu corpo. Qqer outra pessoa, qqer ser, qqer célula, qqer molécula precisa da autorização explícita do indivíduo pra sabidamente penetrar, permanecer em, alimentar-se de, brotar em e transformar seu corpo. Alguns diriam q um câncer faz isso na maior, sem autorização. Sim, e é por isso q se dá ao indivíduo portador de câncer o direito de extirpá-lo à seu bel-prazer, mesmo q pra isso tenha q amputar parte de seu corpo. Com o aborto não é diferente. Pelo código moral de proteção sistemática do indivíduo, a mulher é a suprema autoridade sobre o interior de seu próprio corpo, òbviamente incluindo seu útero.
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E é isso. Por esses exemplinhos genéricos, já se vê q, qdo entendida genealògicamente, a moral demonstra ter um escopo mais restrito do q o q querem os fominhas religiosos e filosóficos de todos os cantos do planeta, q a imaginam derramada majestosamente do céu num pacote pronto. Apesar de todos seus problemas –os q mencionei aqui, os q pensei mas não mencionei, aqueles q o próprio doutor deve conhecer, e os q os leitores podem levantar– a hipótese plausível da moralidade demonstra q não é preciso postular nem pressupor uma metafísica ou uma entidade criadora sobrenatural pra explicar e esclarecer a existência da moralidade entre humanos. Basta uma genealogia.
Talvez o maior problema com a hipótese plausível da moralidade é q ela é demasiadamente simples; e a biologia, sua esbugalhante variedade e quantidade de interações, é o mais complexo fenômeno conhecido.
Por outro lado, é meio anti-climático q a hipótese plausível tenha elementos tão parecidos com os de mitos criacionais tipo adão-e-eva: casal é predado por vilão pérfido, dando origem ä humanidade; e então pode até ser q mesmo a interpretação dimórfica da origem da vida complexa de algum modo seja herdável como bagagem da consciência, como uma prisão cognitiva da qual o humano jamais conseguirá sair: a moral talvez nunca escape de ter explicações tipo adão-eva-serpente. Entretanto, a hipótese plausível arranja as coisas diferentemente. A tradicional desértica é
[adão+eva]/serpente=moral
; a plausível tá mais pra
eva/serpente=[moral]+[adão|eva].
E vc leu isso primeiro aqui.
Então, toda vez q vc ouvir um lambisgóio religioso, em sua repulsa ao nexo, afirmar q ele só não sai por aí "estuprando e matando" (!) pq é amado por um deus q ele cegamente obedece pois leu num livro q é assim q se deve agir, vc já sabe o q dizer: nananinaNÃO.
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Aos q até aqui chegaram, nosso extricante humanista tem mais uma palavrinha. Colaboração, empatia e justiça tão presentes em todo o reino animal. Não há empatia sem colaboração, não faz justiça quem não tem empatia. Mas ¿já viu aqueles bandos de gorilas no mato sentados com cara de tédio? ¿aqueles jacarés todos nas margens deitados olhando pro nada? ¿aqueles cardumes de sardinhas no mar indo à esmo de cá pra lá? Pois é, nunca vão chegar à lugar nenhum desse jeito, bando de preguiçosos. Os humanos podem chegar um pouco mais longe pq colheram mais um fruto cuja origem remonta ao primeiro plúris, um fruto q só poderia ter brotado depois q um primata conseguiu entender a moral racionalmente, depois q raciocinou sobre o outro: a moral da contribuição. Um besouro pode colaborar com seus iguais; uma onça pode ter empatia com um macaquinho; o humano hoje se organiza pra tentar maximizar a justiça, ou pelo menos pra hipòcritamente aparentar isso, ou caminhar nessa direção. Mas... os mais complexos e completos humanos de hoje já nascem naturalmente com mais este requinte da moral: a pulsão de contribuir, de se dar ao trabalho de dar um passo à mais pra jogar um papel no lixo, perder dois segundos segurando uma porta pra outra pessoa, abrir a janela pruma borboleta sair, desviar-se polidamente de outros transeuntes na rua, ouvir ipod baixinho com fone de ouvido qdo em público, salvar velhinhos em incêndios, deixar os outros serem como são, coisas do tipo. A contribuição é a justiça empática colaborativa q um grande gênio pode usar com um mongolóide, e vice-versa.
Muitos anos atrás, uma enorme agência de publicidade alemã contratou nosso doutor como consultor pruma campanha de segurança nas autobahnen. A sugestão doutoral, tìpicamente plausível, foi de fazer anúncios com um bruto acidente de trânsito espalhando sangue e pedaços de corpo pra todo lado e, atrás, um monstruoso congestionamento causado pelo acidente; o eslôgã: "Não atrapalhe a vida dos outros. Evite acidentes." Passou despercebida a piada de intimar a contribuição de não intimar contribuições. Paciência. Talvez daqui à 10 mil anos.
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(contribuiu: Bel Seslaf)
Ou talvez a pergunta tenha q ser reformulada. Vejam esta: ¿Por que o sistema de dois sexos foi tão bem sucedido neste planetinha tão gostosinho? (A definição de "bem sucedido" é filosófica demais pra caber neste blogue.)
Uma hipótese recente –q faturou o Plêmio Plausível 1993– é a de q, no começo da vida aqui, a dimorfia sexual (ie, o sistema de dois sexos, Pedro Bó) vingou em organismos pluricelulares pq funcionou contra a velocidade de reprodução das bactérias e vírus, q os destruíam implacàvelmente. (Não, gente, ninguém sabe *quando* os vírus surgiram no planeta; mas nessa hipótese, surgiram manemeni junto com as bactérias, nos primórdios da vida, pq afinal dá no mesmo.) (E pra simplificar, de agora em diante, 'organismos pluricelulares' = 'plúris'; e 'vírus e bactérias' = 'vírus' –pq fica bonitinho.)
Os vírus e os plúris tão numa espécie de batalha ou corrida armamentista q já dura bilhões de anos. Os vírus se reproduzem ràpidamente, mas têm desvantagens: são microscópicos, então têm um raio de ação menor e dependem de portadores; têm "memória" curta do que já deu certo antes; e sua reprodução é simplória, mecânica e previsível, então ela não lida bem com mudanças aleatórias no meio. Já os plúris sexuados, se reproduzem mais lentamente; só q, apesar de sua maior lentidão, a relativa imprecisão do processo sexual resulta numa aleatoriedade genética entre indivíduos maior do q a q é possível produzir assexuadamente –tal como faz o vírus–, e daí uma probabilidade maior de um plúris seguir existindo como espécie, pois tá sempre no mínimo um passo ä frente da variação do vírus, q se reproduz mecânicamente.
Pois então. Quase toda a história da vida complexa neste planeta pode ser vista como essa batalha dos organismos pluricelulares contra as bactérias e vírus. Qto mais espécies diferentes de plúris houver, tanto mais eficientemente eles se escafedem dos vírus. Os plúris se diferenciaram em plantas e animais, e depois nas miríades de classes e gêneros, alimentando-se uns dos outros, à cada passo escapando da sanha assassina microscópica ininterrupta insensível empedernida mecânica do vírus. Este é o primeiro e o maior PREDADOR do plúris: é seu inimigo número um. A moralidade é necessàriamente resultante de o plúris ser a presa do vírus.
... ôpa ôpa ôpa ¿¡¿QUÊÊÊ?!? Mas ¿tás viajando, doutor? ¿Ficou bobo na corte inglesa? ¡Que salto mortal, meu caro vatso! ¿Que catso tem à ver o vírus com a moral? ¿Planta por acaso tem moral?
Ué, diria nosso efluvioso humanista, ¿não é óbvio? Não?
Vai mais devagar aê, ô, efluvioso.
Não sei se o nobre leitor já percebeu um detalhe sobre a moralidade. Todo princípio moral... peraí, dexeufrisar, TODO (¿leu bem?: todo) princípio moral é em essência um paradigma entre presas com livre-arbítrio, é um agente conglomerante de indivíduos ambulantes em perigo, é uma defesa contra um predador (concreto ou abstrato) –e é tanto mais exitoso qto melhor co-opta o próprio predador. Este, enquanto preda, é imoral e amoral: só é regulado por suas necessidades orgânicas, sua química orgânica, seus mecanismos vitais, sua lógica devastadora. O predador tbm pode ter moral, sim; mas seus comportamentos morais intra- e extra-espécie aparecem ùnicamente qdo sua sobrevivência *não* tá em jogo. Se descermos pelos inúmeros ramos correntes da moral, em direção ao passado paleocitológico, desfazendo as bifurcações todas uma à uma, chegando ao tronco primitivo, ä primeira manifestação dum pré-princípio moral originário germinativo e desencadeante, bilhões de anos antes do q Nietzsche sequer conseguiria imaginar, veremos a genitura de toda moralidade no esboço do futuro plúris, com suas moléculas vagarosamente formando um esquema de defesa bioquìmicamente colaborativo entre indivíduos parecidos. Uma parte, desprovida de liberdade espacial (o reino vegetal) encontrou meios mecânicos de resistência ao vírus. Na outra parte (o reino animal), tudo q deu certo desde então na batalha contra o vírus foi uma ampliação, uma diversificação e uma complexificação paulatinas dessa colaboração bioquímica na sopa ancestral, co-optando o reino vegetal. Mas o vírus permanece como arqui-predador, o Mal-em-si, o capeta, pure evil, o anjo da morte, o morto-vivo q tem um completo, gélido e aterrador desprezo pela ãã "vida".
E, claro, no centro da colaboração bioquímica tava a dimorfia sexual. A resposta ä pergunta "¿por que 2 sexos?" deve ser "porque 2 é o menor número inteiro depois de 1." Na economia biológica, o 2 dos plúris é suficientemente alto e eficientemente baixo contra o 1 dos vírus.
Então, apesar de soar estapafúrdia ä enésima potência e cheia de buracos, a hipótese plausível não pode tar muito longe da verdade: a origem da moralidade tá na origem da dimorfia sexual –daí o sexo figurar tão, digamos, tão bojudamente tanto nas prescrições morais qto nas trangressões, intrigas e folclores. Os comportamentos bioquímicos q promoveram a manutenção e evolução dos micro-plúris ancestrais são aqueles q se tornaram a moralidade; ou seja, a moralidade de hoje descende de comportamentos bioquímicos ancestrais.
Aquilo q o humano médio vê como moralidade são as inúmeras ramificações deduzíveis e induzíveis de dois eixos principais: sexo e agressão –a normatização do sexo e o controle da agressão: duas prioridades presentes deeeeesdo cafundó das tripa. A agressão original dos vírus contra os plúris, e o sexo original na relação inter-plúris. Não importa q, com a gradual complexificação da ecologia, a defesa contra agressões viróticas tenha se tornado uma defesa contra agressões entre diferentes espécies de plúris e, mais tarde, uma defesa contra agressões dentro da mesma espécie (tal como acontece entre humanos): os comportamentos "aprendidos" (ie, fixados) por meros aglomerados de células certamente se complexificaram e foram usados por organismos mais complexos, até chegarem ao despirocamento total q é a cultura humana. Tudo no humano é mais complexo e diversificado. O âmbito humano tem desde agressões escabrosas tais como um soldado invasor estuprando e degolando uma criança filha de inimigos, até agressões sutilíssimas tais como jogar um papel de bala no chão do elevador sabendo q o faxineiro do prédio vai ter q recolher.
Há quem postule q até a distinção entre sexo e agressão é falaciosa: é possível q sexo seja mesmo –tal como querem, por exemplo, algumas feministas– um tipo de agressão: isso q hoje são macho e fêmea da mesma espécie podem originalmente ter sido duas espécies de micro-organismos ligeiramente diferentes uma da outra; a agressão sexual original era o proto-macho invadindo forçosamente a proto-fêmea pra nela incubar seu dna. Muito se fala da harmonia, da interdependência e beleza na relação entre fêmea e macho, x e y, lua e sol, ying e yang, ♀ e ♂, e o caralho à quatro (!) mas é possível q na verdade a ♀ não precisaria do ♂ pra se reproduzir. Usa-se a palavra 'homem' como sinônimo de 'humanidade', mas a verdade pode ser q a mulher é q é o humano fundamental.
Daria pra ir até um pouquinho mais longe. A origem da moral não tá na origem da vida: não haveria moral alguma num planeta em q a vida consistisse dum único organismo descomunal, do tamanho desse planeta. A origem da moral é posterior ä origem da individuação de organismos separados, autônomos porém interdependentes. A independência espacial é um marcador da moral: as plantas não têm.
Mas... mas... ¿pra quê tudo isso, doutor? Meeeesmo q tenha acontecido assim –o q é questionável–, ¿que relevância tem? ¿Que diferença faz hipotesar, ou faria saber, q a moralidade tem essa genealogia?
Ora, de novo, ¿não tá óbvio? diria o doutor, ¿preciso explicar TUDO?
Ah, tá bom; é q prometi falar tanto da origem qto do ESCOPO da moralidade; e o escopo é q é o grande pô, né?
Pra isso, é preciso distinguir sexo de agressão. Agressão é toda ação proposital física, ou de conseqüências físicas, q atrapalha teu bem-estar, tuas coisas-funcionando-normalmente, e portanto perfaz toda a gama da causação de desconfortos, incômodos, desagrados, prejuízos, violências, ferimentos, traumatismos, aleijamentos e homicídios. (Note q, em se tratando de humanos, a definição de agressões sutis [desconfortos, incômodos e desagrados] pode chegar ä beira da paranóia –tipo achar imoral "fazer pouco da religião X" ou "tirar sarro do sexo Y" ou "avacalhar a raça Z" até mesmo qdo nenhum x, y ou z tá presente pra sofrer a "agressão". A fala tornou o macaco refém 24hs da moralidade pq, como se diz, "as palavras têm conseqüências".)
Voltando, se separarmos o q é estritamente sexo/reprodução do q é sexo mais agressão, veremos q o escopo da moralidade na verdade não inclue o q é estritamente sexual, nem sequer os chamados "desvios". Todo aspecto da biologia tem uma tendência à se expandir, uma ganância; e a ganância dos códigos morais embutiu a moralidade na sexualidade com a desculpa da defesa contra os predadores sexuais e os ãã descompromissados com a reprodução (ie, os não-aliciados contra as hostes viróticas: homossexuais, abortistas, &c). Toda essa codificação do sexo promovida pelas religiões –atitudes, comportamentos, vestuário, estratificação social, a parafernália toda– em si faz parte da agressão, tanto da agressão predatória do macho contra a fêmea, qto da agressão estratégica da fêmea contra o macho. A agressão não tá no puramente sexual; tá é nos paramentos culturais q procuram idiotamente proteger a sexualidade. A intromissão das religiões e outros sistemas morais na sexualidade é na verdade contra-producente: desvia a atenção da tarefa principal, q é a batalha contra os vírus. Qto mais sexo, qto mais diversificadas forem a fodeção, a começão e a trepagem reprodutórias, tanto melhor a espécie humana se defende contra os diabinhos virais. Só q os guardiães da moral e dos bons costumes não querem nada disso. "NananinaNÃO. Bicho pode, pq bicho é bicho e não sabe ler Bíblia, não tem toda essa complexidade humana." Muita gente complexa e muita gente ãã menos complexa (e –triste notícia– há sim, viu, uma gradação entre humanos menos e mais complexos), qdo imagina como seria o mundo se liberassem geral a putaria universal não-agressiva, têm bàsicamente três pavores: sexo com menores, homossexualismo e aborto. Note, caro leitor, q todos os três pavores brotam diretamente dum zelo pelo instinto reprodutor e resultam em objeções proibitórias.
Das três objeções, só tem plausibilidade moral aquela q diz respeito à sexo com menores. A criança é um ser muito delicado pra ser aviltado dessa forma imbecil por gente idiota. Sexo com menores é sexo + agressão, e os dois aspectos são biològicamente aviltantes: o sexo não reproduz (ou não nutre a reprodução adequadamente) e a agressão traumatiza a capacidade reprodutiva da pessoa agredida. Não é por acaso q meramente ouvir falar dum estupro de menor dói em 99% dos humanos.
Sobre a segunda objeção, seria idiota usar a visão biológica pra espezinhar o homossexualismo por sua ãã tendência à não produzir bebês. Um indivíduo q, por qqer q seja o mecanismo inerente à si, não prioriza sua reprodução é, evolutivamente, um beco sem saída, um ponto-final de ramificação. Deixa ele em paz, então, né? Na enormidade da escala biológica, ¿qual é o pobrema? Tem comida pra todo o mundo, e até os vírus entram em becos evolutivos sem saída.
A terceira objeção é biològicamente interessante: pô, qqer humanozinho novo ajuda na batalha contra o vírus, ora pois não? No entanto, a proibição do aborto não se sustenta numa espécie q elevou a moralidade à um código consciente e racional de proteção física e psicológica sistemática do indivíduo. Se é pra ser isso, então q seja, né, catso. Ao nascer (ie, ao tornar-se um ser fìsicamente autônomo), o indivíduo recebe da sociedade o reconhecimento de seu direito ao controle de seu corpo. Qqer outra pessoa, qqer ser, qqer célula, qqer molécula precisa da autorização explícita do indivíduo pra sabidamente penetrar, permanecer em, alimentar-se de, brotar em e transformar seu corpo. Alguns diriam q um câncer faz isso na maior, sem autorização. Sim, e é por isso q se dá ao indivíduo portador de câncer o direito de extirpá-lo à seu bel-prazer, mesmo q pra isso tenha q amputar parte de seu corpo. Com o aborto não é diferente. Pelo código moral de proteção sistemática do indivíduo, a mulher é a suprema autoridade sobre o interior de seu próprio corpo, òbviamente incluindo seu útero.
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E é isso. Por esses exemplinhos genéricos, já se vê q, qdo entendida genealògicamente, a moral demonstra ter um escopo mais restrito do q o q querem os fominhas religiosos e filosóficos de todos os cantos do planeta, q a imaginam derramada majestosamente do céu num pacote pronto. Apesar de todos seus problemas –os q mencionei aqui, os q pensei mas não mencionei, aqueles q o próprio doutor deve conhecer, e os q os leitores podem levantar– a hipótese plausível da moralidade demonstra q não é preciso postular nem pressupor uma metafísica ou uma entidade criadora sobrenatural pra explicar e esclarecer a existência da moralidade entre humanos. Basta uma genealogia.
Talvez o maior problema com a hipótese plausível da moralidade é q ela é demasiadamente simples; e a biologia, sua esbugalhante variedade e quantidade de interações, é o mais complexo fenômeno conhecido.
Por outro lado, é meio anti-climático q a hipótese plausível tenha elementos tão parecidos com os de mitos criacionais tipo adão-e-eva: casal é predado por vilão pérfido, dando origem ä humanidade; e então pode até ser q mesmo a interpretação dimórfica da origem da vida complexa de algum modo seja herdável como bagagem da consciência, como uma prisão cognitiva da qual o humano jamais conseguirá sair: a moral talvez nunca escape de ter explicações tipo adão-eva-serpente. Entretanto, a hipótese plausível arranja as coisas diferentemente. A tradicional desértica é
[adão+eva]/serpente=moral
; a plausível tá mais pra
eva/serpente=[moral]+[adão|eva].
E vc leu isso primeiro aqui.
Então, toda vez q vc ouvir um lambisgóio religioso, em sua repulsa ao nexo, afirmar q ele só não sai por aí "estuprando e matando" (!) pq é amado por um deus q ele cegamente obedece pois leu num livro q é assim q se deve agir, vc já sabe o q dizer: nananinaNÃO.
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Aos q até aqui chegaram, nosso extricante humanista tem mais uma palavrinha. Colaboração, empatia e justiça tão presentes em todo o reino animal. Não há empatia sem colaboração, não faz justiça quem não tem empatia. Mas ¿já viu aqueles bandos de gorilas no mato sentados com cara de tédio? ¿aqueles jacarés todos nas margens deitados olhando pro nada? ¿aqueles cardumes de sardinhas no mar indo à esmo de cá pra lá? Pois é, nunca vão chegar à lugar nenhum desse jeito, bando de preguiçosos. Os humanos podem chegar um pouco mais longe pq colheram mais um fruto cuja origem remonta ao primeiro plúris, um fruto q só poderia ter brotado depois q um primata conseguiu entender a moral racionalmente, depois q raciocinou sobre o outro: a moral da contribuição. Um besouro pode colaborar com seus iguais; uma onça pode ter empatia com um macaquinho; o humano hoje se organiza pra tentar maximizar a justiça, ou pelo menos pra hipòcritamente aparentar isso, ou caminhar nessa direção. Mas... os mais complexos e completos humanos de hoje já nascem naturalmente com mais este requinte da moral: a pulsão de contribuir, de se dar ao trabalho de dar um passo à mais pra jogar um papel no lixo, perder dois segundos segurando uma porta pra outra pessoa, abrir a janela pruma borboleta sair, desviar-se polidamente de outros transeuntes na rua, ouvir ipod baixinho com fone de ouvido qdo em público, salvar velhinhos em incêndios, deixar os outros serem como são, coisas do tipo. A contribuição é a justiça empática colaborativa q um grande gênio pode usar com um mongolóide, e vice-versa.
Muitos anos atrás, uma enorme agência de publicidade alemã contratou nosso doutor como consultor pruma campanha de segurança nas autobahnen. A sugestão doutoral, tìpicamente plausível, foi de fazer anúncios com um bruto acidente de trânsito espalhando sangue e pedaços de corpo pra todo lado e, atrás, um monstruoso congestionamento causado pelo acidente; o eslôgã: "Não atrapalhe a vida dos outros. Evite acidentes." Passou despercebida a piada de intimar a contribuição de não intimar contribuições. Paciência. Talvez daqui à 10 mil anos.
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(contribuiu: Bel Seslaf)
21 outubro 2010
¡Parla, Tiririca!
Incontados leitores têm exigido veementemente q eu termine a série sobre a origem da moralidade. Posso adiantar q o último e funesto capítulo tá bem adiantado, mas sofre com a falta de subsídios intelectuais de nosso eviscerante doutor, passando uns tempos na Inglaterra. Dizem as reportagens q, em vez de trabalhar, ele fica horas esbugalhando-se em frente ä tv assistindo ao vivo äs sessões do parlamento britânico, descabelado, com a barba chegando ao umbigo, tomando chá verde e biscoitinhos de gengibre.
Mas ¿quem há de culpar nosso emoldurante humanista? O parlamento funciona assim, ó: o governo dum lado e a oposição do outro, mediados por um mesário; este dá a palavra ao primeiro-ministro pra ele propor legislação, diretrizes, &c; o PM senta e o líder da oposição se levanta e desce o malho. Aí vira um debate cara-a-cara coalhado de sarcasmo de quem fala e hipocrisia de quem ouve, e gargalhadas do doutor. Imperdível. Ou pode ser q quem fala é o zé das finanças do partido governista – em cujo caso a malhação é liderada pelo sombra dele (ou seja, aquele q seria o zé das finanças se o partido ora em oposição fosse o governista). E assim vai.
Toda semana, o primeiro-ministro tem q se plantar ali e responder perguntas na lata, sobre qqer assunto nacional relevante, e tem q tentar convencer – ou ridicularizar – a oposição com argumentos, presteza, humor e lábia.
Vejam uma amostra, da época em q o John Major era primeiro-ministro e o Tony Blair era o líder da oposição:
Uma coisa dessas num congresso de selvagens dava em facada e tiroteio.
Ou este vídeo mais longo, engraçadíssimo, da primeira sessão de perguntas ao Tony Blair já como primeiro-ministro.
http://www.youtube.com/watch?v=MryC6qC3FYA
¡Ma quê presidencialismo o caralho!
Contraste com o sistema de governo brazuca. Há muito q o doutor gargalha, mas por oooooutros motivos:
http://drplausivel.blogspot.com/2004/11/as-cmera-nas-cmara.html
Vendo de quê é capaz um parlamento de fato, qqer um deve concordar em q, pelo menos no Brasil, o sistema presidente-e-congresso é na verdade uma discurpa pra disfarçar as grotescas inépcias verbais dos nobres deputados e senadores: lentidão, vacilo, tergivesação, confusão, afetação – sem falar na gagueira mental, né? É tipo, presidencialismo tem oratória e pedantismo; parlamentarismo tem debate e sarcasmo. Qqer um q vê vai ver q o segundo é mais, digamos, ãã... melhor.
É claro q todo político de qqer país no fundo quer a mesma coisa; há corrupção, incompetência, clientelismo em todo lugar. Mas o parlamentarismo tem suas vantagens. Não a menor delas é q um cara só chega à primeiro-ministro se for híper-inteligente, ilustrado e articulado, e tem argumentos; em conseqüência, mesmo q vc não concorde com o canalha, vc tem q no mínimo levar o cara à sério e responder à ele em fórum público, com igual inteligência.
O Brasil, no entanto, é o país da democracia total, a democracia em sua mais profunda e libertária expressão: um país em q, como já dito aqui, contanto q brasileiros alfabetizados maiores de 21 anos, um coveiro de Catingópolis ou uma mendiga de Futum do Sul podem dirigir a nação. Taí o Tiririca, q não me deixa mentir.
QUAQUAQUAQUAQUAQUA
Aliás, quem leu o acima exposto já deve tar achando q o doutor acha um bessurdo o Tiririca e a Weslian, né? É e não é. Mais, depois.
Mas ¿quem há de culpar nosso emoldurante humanista? O parlamento funciona assim, ó: o governo dum lado e a oposição do outro, mediados por um mesário; este dá a palavra ao primeiro-ministro pra ele propor legislação, diretrizes, &c; o PM senta e o líder da oposição se levanta e desce o malho. Aí vira um debate cara-a-cara coalhado de sarcasmo de quem fala e hipocrisia de quem ouve, e gargalhadas do doutor. Imperdível. Ou pode ser q quem fala é o zé das finanças do partido governista – em cujo caso a malhação é liderada pelo sombra dele (ou seja, aquele q seria o zé das finanças se o partido ora em oposição fosse o governista). E assim vai.
Toda semana, o primeiro-ministro tem q se plantar ali e responder perguntas na lata, sobre qqer assunto nacional relevante, e tem q tentar convencer – ou ridicularizar – a oposição com argumentos, presteza, humor e lábia.
Vejam uma amostra, da época em q o John Major era primeiro-ministro e o Tony Blair era o líder da oposição:
Uma coisa dessas num congresso de selvagens dava em facada e tiroteio.
Ou este vídeo mais longo, engraçadíssimo, da primeira sessão de perguntas ao Tony Blair já como primeiro-ministro.
http://www.youtube.com/watch?v=MryC6qC3FYA
¡Ma quê presidencialismo o caralho!
Contraste com o sistema de governo brazuca. Há muito q o doutor gargalha, mas por oooooutros motivos:
http://drplausivel.blogspot.com/2004/11/as-cmera-nas-cmara.html
Vendo de quê é capaz um parlamento de fato, qqer um deve concordar em q, pelo menos no Brasil, o sistema presidente-e-congresso é na verdade uma discurpa pra disfarçar as grotescas inépcias verbais dos nobres deputados e senadores: lentidão, vacilo, tergivesação, confusão, afetação – sem falar na gagueira mental, né? É tipo, presidencialismo tem oratória e pedantismo; parlamentarismo tem debate e sarcasmo. Qqer um q vê vai ver q o segundo é mais, digamos, ãã... melhor.
É claro q todo político de qqer país no fundo quer a mesma coisa; há corrupção, incompetência, clientelismo em todo lugar. Mas o parlamentarismo tem suas vantagens. Não a menor delas é q um cara só chega à primeiro-ministro se for híper-inteligente, ilustrado e articulado, e tem argumentos; em conseqüência, mesmo q vc não concorde com o canalha, vc tem q no mínimo levar o cara à sério e responder à ele em fórum público, com igual inteligência.
O Brasil, no entanto, é o país da democracia total, a democracia em sua mais profunda e libertária expressão: um país em q, como já dito aqui, contanto q brasileiros alfabetizados maiores de 21 anos, um coveiro de Catingópolis ou uma mendiga de Futum do Sul podem dirigir a nação. Taí o Tiririca, q não me deixa mentir.
QUAQUAQUAQUAQUAQUA
Aliás, quem leu o acima exposto já deve tar achando q o doutor acha um bessurdo o Tiririca e a Weslian, né? É e não é. Mais, depois.
25 setembro 2010
Repulsa ao nexo (1¾/2)
Tá meio difícer achar o Dr Plausível, tadinho, pois ele tá lá em Londres até novembro. Prometi escrever sobre a tese plausível da origem e escopo da moral, mas o cara fica lá ocupado na análise da viabilidade das catracas na rede cicloviária, e na implantação dum sistema plausível de transporte individual. Ontem mesmo, visitou uma bicicletaria. É um dínamo da energética, nosso doutor. Então, please, relevem a natureza esboçosa do q segue abaixo. Cada frase tá passando por um campo minado de controvérsia, de falta de dados, de nomenclatura imprecisa, de interesses religiosos e políticos, de preconceitos e arrogâncias humanas.
Dizer "tese plausível da origem e escopo da moral" já deixa claro q, caso se prove daqui à três séculos ou seis milênios q essa tese não é um espelho da realidade, no mínimo poderia muito bem ser: ou seja, pelo menos em tese, ela é testável, e portanto o doutor jamais vai esperar q alguém creia nela. 'Crer' não tem significado autônomo: crer é apenas uma expectativa de saber; então fiquemos com o Saber, por menor q seja (o já-Saber); quem tiver um Crer à oferecer, pode guardá-lo pra si, muito obrigado.
Mas hipotesar não é crer. Então não me venham com picuinhas. Dito isso, vamos lá:
Tamos aqui neste planeta fervilhando de vida, e das duas, uma: OU apareceu tudo de repente num putativo ato de mágica criadora, OU houve *alguma* hierarquia de eventos –uma evolução hierárquica, uma árvore genealógica de estados q resultou na conjuntura presente. Toda teoria presume e confirma uma árvore de eventos: a Teoria da Enorme Explosão e a Teoria Evolutiva são apenas duas no enxame de teorias existentes (a Teoria dos Números, a Celular, a Musical, a Lingüística, &c &c &c), e todas presumem e confirmam –e devem confirmar– uma árvore genealógica cujos últimos ramos são a complexidade presente.
Já as teorias da moralidade, têm um problema: elas presumem uma hierarquia sem genealogia; elas analisam a moral como pronta, caída do céu –tanto figurativa qto literalmente. Um livro à propósito é Wild Justice: The Moral Lives of Animals, de Marc Bekoff e Jessica Pierce, q analisa a moral em três conjuntos de comportamentos: cooperação, empatia e justiça:
The cooperation cluster includes behaviours such as altruism, reciprocity, trust, punishment, and revenge. The empathy cluster includes sympathy, compassion, caring, helping, grieving, and consoling. The justice cluster includes a sense of fair play, sharing, a desire for equity, expectations about what one deserves and how one ought to be treated, indignation, retribution, and spite.
Os autores então observam esses comportamentos discretos em inúmeros animais, mormente vertebrados, e verificam q, qto mais inteligentes, tanto mais comportamentos exibem dentro de cada conjunto. Por exemplo, o chimpanzé exibe todos os comportamentos cooperativos listados, mas o pardal só exibe claramente, sei lá, altruísmo e punição.
Mas (diz nosso exurbano doutor) se essa variedade horizontal de comportamentos pode ser classificada em conjuntos, ela tem q ter uma genealogia vertical. Se toda língua descende duma língua-tronco, se todo mamífero descende dum mamífero-tronco, se toda célula especializada descende duma célula-tronco, então todo comportamento cooperativo deve descender duma cooperação-tronco; toda empatia, duma empatia-tronco; todo senso de justiça, dum senso-de-justiça-tronco. A cooperação-tronco, por exemplo, se especializou nos comportamentos discretos de altruísmo, reciprocidade, &c cada vez mais identificáveis qto mais complexo o organismo. Mesmo q um mosquitinho não exiba um comportamento identificável, digamos, como 'reciprocidade', ele exibe comportamentos q podem plausìvelmente ser identificados como dentro do tronco 'cooperação'.
Agora observe os micròbiozicos piquititicos de 3 bilhões de anos atrás, uns grãozinhos vivos dançando em poças d'água. É impossível imaginar até mesmo essas proto-vidas vingando e se reproduzindo sem comportamentos no mínimo assemelhados ä cooperação. 1 bilhão de anos atrás, qdo deve ter aparecido a reprodução sexuada, tinha q haver algo parecido ainda q marginalmente com empatia: pra q vinguem a vida em comum e a reprodução até mesmo dos mais minúsculos eucariotos sexuados, alguma coisa, digamos, construtiva já precisava acontecer entre dois vermezicos q se encontravam um perante o outro e –no mínimo quìmicamente– "se reconheciam" como da mesma espécie. 600 milhões de anos atrás, já havia animais complexos e, dado o cansativo trabalho q dá ser um animal neste planeta, pode-se enxergar o senso de justiça progressivamente ganhando foco através do territorialismo, da raiva, da competição, &c. O importante aqui é ver q, apesar de o senso de justiça só ganhar foco com os animais complexos, o tronco sempre existiu ao lado dos da empatia e da cooperação. Os três são meramente ramos dum tronco maior, o tronco do bem-estar-comunal –ou, noutras palavras, o tronco das coisas-funcionando-normalmente.
Pois ça va sans dire q o bem-estar dum plúris é uma condição sine qua non pra sua mera existência.
--------
¿Que será um "plúris"? ¿Qdo é q isto vai acabar? Não deixe de perder o último e emulsionante episódio desta saga, qdo, numa reviravolta deprimente, TUDO –toda a história humana, toda a complexidade da moral– começará à fazer ainda menos sentido.
Dizer "tese plausível da origem e escopo da moral" já deixa claro q, caso se prove daqui à três séculos ou seis milênios q essa tese não é um espelho da realidade, no mínimo poderia muito bem ser: ou seja, pelo menos em tese, ela é testável, e portanto o doutor jamais vai esperar q alguém creia nela. 'Crer' não tem significado autônomo: crer é apenas uma expectativa de saber; então fiquemos com o Saber, por menor q seja (o já-Saber); quem tiver um Crer à oferecer, pode guardá-lo pra si, muito obrigado.
Mas hipotesar não é crer. Então não me venham com picuinhas. Dito isso, vamos lá:
Tamos aqui neste planeta fervilhando de vida, e das duas, uma: OU apareceu tudo de repente num putativo ato de mágica criadora, OU houve *alguma* hierarquia de eventos –uma evolução hierárquica, uma árvore genealógica de estados q resultou na conjuntura presente. Toda teoria presume e confirma uma árvore de eventos: a Teoria da Enorme Explosão e a Teoria Evolutiva são apenas duas no enxame de teorias existentes (a Teoria dos Números, a Celular, a Musical, a Lingüística, &c &c &c), e todas presumem e confirmam –e devem confirmar– uma árvore genealógica cujos últimos ramos são a complexidade presente.
Já as teorias da moralidade, têm um problema: elas presumem uma hierarquia sem genealogia; elas analisam a moral como pronta, caída do céu –tanto figurativa qto literalmente. Um livro à propósito é Wild Justice: The Moral Lives of Animals, de Marc Bekoff e Jessica Pierce, q analisa a moral em três conjuntos de comportamentos: cooperação, empatia e justiça:
The cooperation cluster includes behaviours such as altruism, reciprocity, trust, punishment, and revenge. The empathy cluster includes sympathy, compassion, caring, helping, grieving, and consoling. The justice cluster includes a sense of fair play, sharing, a desire for equity, expectations about what one deserves and how one ought to be treated, indignation, retribution, and spite.
Os autores então observam esses comportamentos discretos em inúmeros animais, mormente vertebrados, e verificam q, qto mais inteligentes, tanto mais comportamentos exibem dentro de cada conjunto. Por exemplo, o chimpanzé exibe todos os comportamentos cooperativos listados, mas o pardal só exibe claramente, sei lá, altruísmo e punição.
Mas (diz nosso exurbano doutor) se essa variedade horizontal de comportamentos pode ser classificada em conjuntos, ela tem q ter uma genealogia vertical. Se toda língua descende duma língua-tronco, se todo mamífero descende dum mamífero-tronco, se toda célula especializada descende duma célula-tronco, então todo comportamento cooperativo deve descender duma cooperação-tronco; toda empatia, duma empatia-tronco; todo senso de justiça, dum senso-de-justiça-tronco. A cooperação-tronco, por exemplo, se especializou nos comportamentos discretos de altruísmo, reciprocidade, &c cada vez mais identificáveis qto mais complexo o organismo. Mesmo q um mosquitinho não exiba um comportamento identificável, digamos, como 'reciprocidade', ele exibe comportamentos q podem plausìvelmente ser identificados como dentro do tronco 'cooperação'.
Agora observe os micròbiozicos piquititicos de 3 bilhões de anos atrás, uns grãozinhos vivos dançando em poças d'água. É impossível imaginar até mesmo essas proto-vidas vingando e se reproduzindo sem comportamentos no mínimo assemelhados ä cooperação. 1 bilhão de anos atrás, qdo deve ter aparecido a reprodução sexuada, tinha q haver algo parecido ainda q marginalmente com empatia: pra q vinguem a vida em comum e a reprodução até mesmo dos mais minúsculos eucariotos sexuados, alguma coisa, digamos, construtiva já precisava acontecer entre dois vermezicos q se encontravam um perante o outro e –no mínimo quìmicamente– "se reconheciam" como da mesma espécie. 600 milhões de anos atrás, já havia animais complexos e, dado o cansativo trabalho q dá ser um animal neste planeta, pode-se enxergar o senso de justiça progressivamente ganhando foco através do territorialismo, da raiva, da competição, &c. O importante aqui é ver q, apesar de o senso de justiça só ganhar foco com os animais complexos, o tronco sempre existiu ao lado dos da empatia e da cooperação. Os três são meramente ramos dum tronco maior, o tronco do bem-estar-comunal –ou, noutras palavras, o tronco das coisas-funcionando-normalmente.
Pois ça va sans dire q o bem-estar dum plúris é uma condição sine qua non pra sua mera existência.
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¿Que será um "plúris"? ¿Qdo é q isto vai acabar? Não deixe de perder o último e emulsionante episódio desta saga, qdo, numa reviravolta deprimente, TUDO –toda a história humana, toda a complexidade da moral– começará à fazer ainda menos sentido.
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