28 março 2006
Origens Lingüísticas do Atraso Brasileiro
Foi num desses artigos q o doutor originalmente publicou a tese amplamente comprovada de q uma das maiores mazelas do Brasil, senão a maior, é a metonímia elíptica*, q diariamente causa incalculáveis prejuízos econômicos, culturais e sociais neste país. Em outro, refutou inapelavelmente a tese de q o ensino da norma culta pode ajudar a desenvolver o raciocínio e portanto o país. Mas não vou chatear os leitores deste blogue com citações: além de serem todos extremamente técnicos, os artigos trazem transcrições fonéticas da fala brasileira de diversas regiões e, pra quem não é do ramo, fica chato pacas. Por exemplo, duas das mais fáceis de entender são:
"Çta psan djaugúa coiz?" (Você está precisando de alguma coisa?)
"É pski téça baguncéê." (É por isso q está essa bagunça aí.)
Vou só resumir aqui o q o doutor disse de duas expressões q usou pra demonstrar sua tese central sobre o atraso brasileiro:
(a) "[Jogar] conversa fora."
(b) "Falou, tá falado."
(a) O doutor fala trocentas línguas, então não vou discutir: ele afirma q não há em nenhuma das línguas mais desenvolvidas uma expressão q diga e fale "jogar conversa fora". E se vcs atentarem pro q essa expressão brasileira significa, verão q é na verdade um belo insight. Três línguas européias competem entre si pelo prêmio de Maior Desperdiçador de Neurônios: o francês, o espanhol e o português. Realmente, colocar todos os pluraizinhos, os acentinhos, as concordanciazinhas e os diminutivinhos nos lugarzinhos corretinhos é coisa de quem não tem mais do q fazer e, de fato, joga conversa fora toda vez q abre a boca. Essas três línguas têm muita argamassa pra pouco tijolo. É de se elogiar q só o português tenha produzido esse insight. Nem tudo está perdido.
Mas mesmo qdo não se usa as regritas, joga-se conversa fora. Numa frase comum como "Eu tou indo na feira.", apesar de apocopar 'estou', o falante usou 'eu' desnecessariamente. E ¿que catso significa "ir na feira"? Não pode ter muito a dizer uma língua em q algo de significado contraditório pareça fazer sentido porque, no contexto, só pode ter outro significado. É como se ali bastasse um espirro: "tou indo atchim feira."
Mas a expressão "jogar conversa fora" indica algo mais profundo: com tanto neurônio sendo usado pra falar bonitinho, o português faz com q a interação tenha precedência sobre a comunicação: é mais importante interagir do q de fato dizer algo. Daí q se usa "jogar conversa fora" com o sentido de "interargir amigavelmente pela fala". O Dr Plausível não está dizendo q não se joga conversa fora em outras línguas: apenas q no Brasil as características do português transformaram a jogação de conversa fora numa regra e não numa exceção, sendo especificamente por esse motivo q essa expressão colou no Brasil. Nenhuma língua fala do q nela mesma não há.
(b) Uma das maneiras de jogar conversa fora é um tipo de interação bastante comum entre brasileiros, na qual o ouvinte repete o q ouviu quase verbatim. Por exemplo:
A. Eu tou indo na feira.
B. Ah, ce tá indo na feira?
A. É.
B. Ntão me compra ...&c
Se o A for, digamos, um alemão, é bem capaz de o diálogo ficar assim:
A. Eu tou indo na feira.
B. Ah, ce tá indo na feira?
A. (leve irritação) ¿Não foi isso, o q acabei de dizer?
Isso pq o alemão, o inglês e outras línguas têm pouca tolerância pra repetições bobas: são línguas em q, de fato, "falou, tá falado." E no entanto, nenhuma dessas línguas tem essa expressão. É sintomático q a aparente imbecilidade no hábito comum de repetir inutilmente o q já se disse seja compensada pela mera existência da expressão "Falou, tá falado." Tipo, "Ah, a gente repete as coisa, mas pelo menos qdo falou, tá falado." – ?!?!?
Note-se tbm q a expressão fala em 'falar' e não em 'dizer'. 'Falar' é apenas o ato de soar palavras pela boca, não necessáriamente dizendo algo. Ou seja, q a expressão q aparentemente diz "Se vc disse, está dito." na verdade não diz mais q "Se palavras soaram, palavras foram soadas." Agora, se algo q preste foi de fato dito, já são outros quinhentos.
Por exemplo, essa tese toda q vc acaba de beliscar, ¿é algo q preste? ¿O Dr Plausível derridanamente jogou conversa fora, ou falou derridanamente com total seriedade? ¿Foi sarcástico, ou foi preciso?
E essa tua dúvida ¿é sobre as palavras do enobrecido doutor, ou sobre a viabilidade mesma do português? Hmmm.
*Também chamada de 'substantivação elíptica' e 'nominalização elipto-retórica', mais conhecida como 'braquilogia' ou 'braquiologia'.
26 março 2006
A verdade não me deixa mentir
Só erraram no título. Deveria ser Uma Mão Lava a Outra.
22 março 2006
O radóstico agnical
Mas vira e mexe me aparece nos comentários alguém q, achando entender o termo 'agnóstico radical', impunemente improvisa impropérios impugnantes imputando imperfeições imperdoáveis. A crítica comum aos agnósticos é a de q são ateus covardes, egoístas preguiçosos e pensadores vacilantes.
HAHAHAHAHAHAHAHAHA
É bem possível q haja agnósticos q combinem com essa descrição. Não, contudo, os radicais. Os radicais são aqueles pra quem a questão da providência, criação e existência dum deus não fede nem cheira: ninguém sabe nada de nada. Porém, a um nível mais profundo, a expressão "crer em Deus" nem sequer faz sentido prum agnóstico radical. Vejam a mesma pergunta posta a um crente, a um ateu, a um agnóstico e a um agnóstico radical:
¿Deus existe?
crente: Sim.
ateu: Não.
agnóstico: Não sei.
agnóstico radical: ...?!?!?
Eis aqui um diálogo típico entre um fuçador e um agnóstico radical:
F: ¿Deus existe?
AR: ...?!?
F: Então vc não crê em Deus.
AR: ...?!?!?
F: Ué, ¿vc crê ou não crê?
AR: ...?!?!?!?
Aos ouvidos do AR, o 'diálogo' soa assim:
F: ¿Vbznñglfng mnhfns?
AR: ¿O quê? ¿Como?
F: Então vc não blmpqrkgñ em vnzlms.
AR: ¿Como? ¿Quê? ¿Hein?
F: Ué, ¿vc fngzbljnmñpxs ou não xzbvfnglrtspfñgl?
AR: ¿Ué o quê? ¿Como? ¿Que disse? Ãã?
Pro AR, a existência ou inexistência de Deus, a transcendência ou destranscendência dos dogmas, a necessidade ou desnecessidade das tradições são questões q não fazem a menor diferença, cosmicamente falando: a ignorância da gente é tão vasta, q tanto crer como descrer são apenas atos de soberba e presunção.
De fato, as crenças recebem um ajuda especial da soberba e da presunção. O agnóstico radical às vezes desconfia q a expressão "eu creio" significa na verdade "eu quero":
Eu quero em Deus (viver bem, não sofrer, ir pro céu, ter vida eterna, q meus inimigos se ferrem, &c).
... e não admira q as religiões todas procurem negar precisamente aquilo q mais as promovem: ao mesmo tempo em q se valem de laços familiares e étnicos mais q de atributos dogmáticos pra se manter e crescer (Eu quero em Deus q tudo dê certo pra mim, meus familiares e meus semelhantes.), buscam cinicamente sustentar q 'crer' é uma expressão de altruísmo capaz de congregar todas as raças e classes. Hmm. E é melhor vc começar a crer já, senão vc não consegue nada do q quer – muito pelo contrário, vai levar na cabeça muita coisa q não quer. Ou seja, ao crer, tua alma vai realizar todos os desejos e anseios de tua animalidade. – ...?!?!?
Mas tem um detalhe q pouca gente pesca no termo 'agnóstico radical': pro AR, a questão da (in)existência de deuses é uma questão secundária dum sub-assunto piquititico do conhecimento. Bilhões de pessoas neste mundinho se definem idiotamente a partir de suas crenças, qdo o q na verdade define o indivíduo e o distingue dos outros são seus conhecimentos – e o q vc sabe é TUDO q vc sabe: vc sabe falar português, vc sabe o q teu pé esquerdo tá sentindo agora, vc sabe o q fez ontem, vc sabe o q dizem os textos religiosos, vc sabe q a água congela no frio e evapora no calor &c &c &c &c &c. Os próprios crentes sabem intuitivamente q o conhecimento é mais definidor pois, afinal, crer é uma expectativa de saber: a fé é uma confiança num saber futuro: o crer almeja o saber: questões de crença são avassaladoramente menos relevantes do q questões de conhecimento. Mas nem os q se auto-definem 'ateus' percebem isso: a cada vez q pensam em crença como defininte, tão jogando o jogo insípido e bocó dos teístas; a cada vez q se definem como ateus, tão entregando a bola de bandeja pro time adversário. Se o saber é multivezes mais relevante do q o crer, então não faz sentido se definir a partir do crer. Pois pensa bem, leitor, se vc não tem uma coisa quase imperceptível, tal como a unha dum dos dedos médios do pé, vc não se define como 'não-unhático'; porém, se é IMPOSSÍVEL vc ter uma coisa super defininte da aparência, tal como cabelo, faz sentido vc se dizer 'careca'.
Então. ¿Sabe QDO ateus e teístas vão enxergar q a crença é um definidor quase irrelevante do indivíduo? Nunca. O hipoplausivírus os viciou nos argumentos circulares da crença.
E ¡ó dogmas defensivos! ¡ó tótens truculentos! não me venham dizer q estou aqui promovendo uma visão de mundo melhor q as outras. Só estou explicando o q quer dizer 'agnóstico radical'. Quem tendeu, tendeu. Quem num tendeu, num tende mais.
17 março 2006
poca onda
"I beg you. Let not America go wrong in her first hour."
¡¡¡HARHARHARHARHARHARHARFÓÓÓóóó...!!!
¡¡¡QUARKQUARKQUARKQUARKQUARKQUARK!!!
Tem gente q não aprende, né? O Dr Plausível aqui disponível pra evitar q tantos roteiristas passem ridículo, e assim mesmo eles vão lá e insiiiistem.
15 março 2006
mas... mas...
03 março 2006
O grupo do Sérgio
Num país carente de leitura como é o Brasil, é muito disseminada a prática de engrupir o editor e por tabela o leitor pagante. Um contumaz adepto era o PFrancis, de quem já falei aqui, onde tbm falei de outro caso. Essa prática não seria tão ruim se os albardeiros fossem bons tradutores. Afinal, de qqer modo, toda informação deriva de outra, e essa de outra e assim ad infinitum. Mas informação é uma coisa e autoria é outra. ¿Que tal citar as fontes? Êi, e ¿que tal não assinar? Se ao menos disfarçassem demonstrando um decente e criativo conhecimento das duas línguas, ou mesmo bom-senso, o plágio não ficaria tão óbvio. A ocasião faz o ladrão e a inaptidão faz a prisão.
Talvez um termo melhor q 'albardeiro' fosse 'salsicheiro' pois, como se diz, ninguém comeria salsicha se todos soubessem como é feita.
O Sérgio de meu título é, suponho, ãã... um dos críticos de cinema na Folha. O artigo q inspirou estes comentários foi publicado no Guia da Folha no último 3 de março e é quase um manual do albardeiro-salsicheiro. Quem tiver acesso via internet, pode lê-los nestes locais:
http://www1.folha.uol.com.br/guia/ci0303200601.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/guia/ci0303200603.shtml
Abaixo uma listinha dos indícios comuns:
1. Frases com raciocínios evidentemente criados em inglês:
Se adultos podem discutir quais são os seus filmes prediletos entre os indicados e para quem gostariam que os prêmios fossem entregues, este só pode ser um ano atípico na história recente do Oscar
2. Expressões q até fazem sentido em português, mas q, no contexto, só podem ter aparecido na mente dum inglesante:
filme eminentemente popular
3. Expressões contendo preposições q indicam movimento duma maneira inusitada em português:
transpor a fronteira para o território do "cinema de prestígio"
4. Frases em q há uma distância enorme entre palavras q apareceriam próximas em português (note a palavra 'fizeram', inglês 'did'): Nenhuma superprodução ou filme eminentemente popular se mostrou capaz de transpor a fronteira para o território do "cinema de prestígio" ou "de qualidade", como "Gladiador", "Uma Mente Brilhante" e "O Senhor dos Anéis" fizeram.
5. Frases com estrutura modular embutida, típica do inglês, q teriam estrutura mais arredondada se escritas originalmente em português:
A lista dos dez indicados nas duas categorias de roteiro, seleção ampliada do que os eleitores da Academia consideram que houve de melhor na temporada...
6. Expressões sintéticas cheias de significado em inglês, mas q soam vagas se simplesmente traduzidas:
No que realmente conta, nem sinal de "As Crônicas de Nárnia", "King Kong", "Harry Potter", "Batman Begins" e "Star Wars".
7. Frases cuja estrutura inglesa levam desde o início a uma certa entonação, mas q em português confundem o leitor:
De volta aos anos 70, quando o Oscar de melhor filme era disputado por "Laranja Mecânica", "A Última Sessão de Cinema", "Amargo Pesadelo", "Gritos e Sussurros", "Chinatown", "A Conversação", "Um Estranho no Ninho", "Nashville" e "Taxi Driver", entre outros? Nem tanto, mas até lembra um pouco aquele tempo.
8. Frases de efeito q tipicamente aparecem em inglês, incomuns em português:
Diga o que quiser dessa história, exceto que só pode ser coisa de filme.
9. Inícios de frase q remetem a estruturas comuns em inglês, inauditas em português:
Houve mesmo Laura Henderson, a personagem que valeu à inglesa Judi Dench, 71, sua quinta indicação para o Oscar.
10. Estruturas modulares analíticas q em português mais comumente seriam sintéticas:
indicação para o Oscar em vez de indicação ao Oscar.
11. Expressões simplesmente mal traduzidas:
ajudou a revigorar a cena teatral inglesa
12. Aparente ignorância sobre a origem de expressões inglesas:
Aqui, esse pedaço da trama reaparece, (...) mas em chave triste. 'On a sad key' é um termo originado da música (onde key=tom); diz-se q os tons menores são 'tristes'.
13. Expressões aliterativas em inglês q são de uso comum por causa de sua aliteratividade. Em português, a tradução às vezes soa como o primo pobre de alguma outra expressão portuguesa de mesmo significado:
embora os bombardeios aterrorizem Londres, é sempre possível encontrar alegria, companhia e seios nus no Windmill. (inglês=bare breasts)
Nosso estelar doutor pode estar totalmente errado. O jornalista q ganhou uns trocados pela publicação desse texto no Guia da Folha pode simplesmente ter lido todo o material promocional (em inglês) e algumas críticas (em inglês) e, consultando seu invejável conhecimento de cinema, ter escrito essas linhas todas de próprio punho. Ele pode simplesmente ser um mau escritor. Mas... mas... ¿isso não seria até mais hilariante? ¿...q um veículo de circulação nacional se veja reduzido a publicar um artigo assinado dum suposto crítico de cinema q lê tanto em inglês q mal consegue diferenciar o inglês do português em seus próprios escritos?
Na verdade há pouquizíssimos críticos de cinema no Brasil. Há, sim, uma quantidade enorme de divulgadores de cinema, o pessoal q une seu conhecimento de inglês, seu gosto por cinema e seus contatos com veículos de imprensa pra ganhar a vida modestamente. Nada contra alguém ganhar a vida modestamente. O jornalista q assinou as matérias acima tem minha total compreensão. Mas seu cachê vem dos milhões de pessoas (entre elas, parentes e amigos meus) q gastam dinheiro de seu próprio bolso ao comprar jornais em q esperam obter, no mínimo, uma compreensão imediata do q lêem; e no entanto são rotineiramente expostos à cara-de-pau de albardeiros q nem sequer utilizam muitos neurônios pra costurar os retalhos q roubam. O problema, o hilariante, é o q isso demonstra sobre a maneira como se fazem tantas coisas influentes no Brasil.
A gargalhável seriedade da fachada.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
21 fevereiro 2006
O sonho pônei
O Dr Plausível não ri só qdo trata hipoplausibiléticos; também ri do q é perfeitamente encaixadinho. Mas aí é um riso estético-extático, reservado älguns budistas e um q outro agnóstico. Uns meses atrás, despucelando-se de rir, nosso empedernido doutor me mostrou uma tirinha de jornal. Olhei e logo vi q se tratava de uma das mais geniais tirinhas de toda a história dos quadrinhos, e na data de hoje escolhi render homenagem ä dita cuja. Sempre sigo o conselho do Tom Stoppard, “don't clap too loudly, it’s a very old world” &c. Mas o autor da tirinha, Caco Galhardo, acertou tão na mosca, q merece uns tapinhas nas costas e uma noitada num puteiro.
O Pequeno Pônei é um cavalinho mal-humorado q quer, por assim dizer, extrapolar sua poneidade. Sempre q declara um desejo de ser outra coisa, vem alguém e diz, “¡Mas você é um pônei!” Por exemplo, na tira anterior, o Pequeno Pônei encontra o Chet Baker:
PeqPon: Chet, estou farto dessa vida fútil. Quero ser profundo como você.
CheBak: Forget it, pal. You’re a pônei.
E aí vem esta obra-prima:
E na tirinha seguinte:
PP: Chet, estamos neste deserto há horas e até agora nem sombra de inspiração.
CB: Eu estou curtindo.
PP: Curtindo o quê, o sol escaldante, a areia penetrante, a solidão implacável?
CB: Não, curtindo andar de pônei.
PP: Não zoa, Chet.
O Dr Plausível pondera q boa parte do mundo se divide entre chets-bakers e pequenos-pôneis: num lado, aqueles poucos q, com talento e trabalho, se encontraram nalguma arte ou ofício e, no outro, aqueles muitos q, procurando uma revelação ou uma mudança de vida, sustentam e enriquecem os primeiros ao tentar percorrer o mesmo caminho q eles, mas na verdade os carregam. Nosso esbaldado humanista com certeza teria coisas mais profundas à dizer sobre a tirinha. Já eu, ¿quê posso dizer senão isto?:
Talvez por tê-los visto algumas horas antes, instantâneamente me vieram ä mente o Ozzy Osbourne, Paulo Coelho e os críticos do Lula.
Explico. ¿Já viram aquele seriado com a família Osbourne? Pois então. Vendo aquela riqueza estapafúrdia em q o Ozzy vive, e por associação (em > ou < grau) todo artista famoso, é impossível descartar a constatação de q aquilo tudo saiu dos bolsos das dezenas de milhões de fãs idólatras impressionáveis q compraram discos à preços ‘de mercado’ (haha) e pagaram pra ver shows exorbitantes economizando as merrequinhas do dia-a-dia.
E também é quase impossível não pensar (e este é meu ponto principal) numa parte desses fãs: os milhões de jovens sem grande talento, tempo ou tino q se ‘inspiram’ nos ‘grandes’ artistas e compram guitarras, teclados, trompetes, baterias, métodos, CDs &c e desperdiçam horas, meses e anos de suas vidas no sonho pônei de também se tornarem ‘grandes’ artistas (nada contra tocar um instrumento pra se divertir ou pra ganhar uns trocados). A grande maioria desses jovens jamais vai chegar à lugar algum dessa maneira; mas durante esse processo, perdem tempo e gastam um baita dinheirão comprando os produtos q ajudam à patrocinar a imensa riqueza dos artistas e fabricantes, distribuidores, lojistas, &c. Tudo se move à partir da aura do artista, a aura de quem tem o pé firmemente plantado em si mesmo, q conhece seus limites, sabe do q é capaz e o faz, e enormes fortunas são carregadas literalmente nas costas de quem procura trilhar o mesmo “longo caminho”. De vez em qdo alguém se dá bem, mas aí o caminho é o caminho dele e não o do artista (q à partir daí é demovido ao status de “influência”).
O q me leva ao P.Coelho, o “alquimista” q transforma lugares-comuns em ouro de tolo. É o cara q supostamente diz q cada um deve seguir seu próprio sonho e, paradoxalmente, enriqueceu vendendo os mesmíssimos livros à dezenas de milhões de leitores. É gargalhàvelmente triste. Pensei nele ao ver a tirinha, mas poderia ter pensado em qqer um das miríades de outros autores, compositores e filósofos q, ao expressarem sua própria verdade em seu próprio estilo forjado por seu próprio talento e seu próprio trabalho, dão ao pônei a sensação de q ele pode chegar ao mesmo lugar imitando o resultado do trabalho e talento dos gênios –¡parece tão fácil!–, no q está não só enganando à si mesmo como sustentando e enriquecendo, distanciando e inchando a máquina mesma q os engana. Em essência, gozando com o pau dos outros.
E pensei também na pressão implacável pra q gastem fortunas aprendendo outras línguas pessoas q mal articulam um raciocínio claro em sua própria língua ou como se não houvesse mais à dizer e criar em sua própria língua; pensei no batalhão de mãezolas q pagam pra ver e suspiram vendo MBarishnikov ou NComaneci e enfiam as filhas no balé ou na ginástica (esse é o típico sonho pônei: ao aprender o básico de inglês ou de piano, pelo menos vc se diverte); pensei em toda a babação em cima de filósofos e todas as páginas publicadas e compradas q nunca foram nem serão lidas, e nos bilhões de livros comprados q mofam em prateleiras, sebos e cérebros; pensei nos escritores, atores e artistas –de preferência zeuaenses ou zoropeus– e suas hordas de fãs imitando trejeitos, dicções, frases, opiniões, penteados, modas e gostos, fãs q à cada imitação derramam alguns centavos, alguns milhares de neurônios, e assim pagam o aluguel devido como inquilinos de mentes alheias.
Dependendo do gosto, pra cada O.Osbourne e P.Coelho há uma E.Regina e um M.Proust ou outros milhares de artistas e escritores e dezenas de milhares de seus associados cavalgando centenas de milhões de pôneis q acreditam poder transcender sua poneidade pelo simples fato de percorrer um caminho já trilhado. Mais realista seria alguém chegar à cada um desses milhões e milhões de imitadores, fãs e deslumbrados e dizer: “¡Mas você é um pônei!” Mas já q isso seria dum mau-gosto abismal, ninguém se arrisca. Assim, é preciso q um Caco Galhardo coloque a coisa numa perspectiva, digamos, mais metafórica. E por isso, repito, merece bem merecido, e não mais q, uns tapinhas nas costas e uma noitada num puteiro.
Ainda há a questão do pônei em si. Pois ¿há algo de errado ou ruim ou vergonhoso em ser pônei? Pelo contrário, por dois motivos.
(1) O pequeno-pônei é o default do ser humano. Todo mundo é pônei em quase tudo. Já vi o P.Coelho tentando filosofar e posso dizer q não é a praia dele. E ¡me poupem de ver o cara dançando balé! Quem já viu o Ozzy no seriado, sabe q ele é pônei em tudo menos em beber da própria fama. ¿Quê dizer de Nietzsche, q se sentiu o próprio pônei depois q caiu dum cavalo e não pôde virar soldado? ¿Quê dizer de Tchaikovski, q ao q consta era tão bem dotado qto um pônei comparado à um garanhão?
(2) O mais importante é q todo chet-baker começou como pequeno-pônei, mas teve a sorte de desejar aquilo em q seu talento natural e suas circunstâncias desembocavam. Assim, não há nada de errado ou intrìnsecamente ridículo em alguém almejar, sonhar, sofrer influências e trabalhar feito um cavalo pra encontrar o próprio caminho. O ridículo, o ataque hipoplausibilético, é guiar-se pelos outros, deixando as rédeas do focinho nas mãos do chet-baker de ocasião.
E ¿quê dizer de Lula, q é acusado diàriamente de ser um pônei da gramática e está pouco se lixando pois se recusa à carregar a cheta-baker q é a norma culta (NoCu, segundo eu) até um deserto q ele jamais poderia chamar de Lar? Certo está ele, pois apesar do q dizem os pôneis da NoCu, ninguém fala errado a própria língua. Os críticos desse aspecto do Lula são os q promovem a idéia do Brasil como um país-pônei, uma nação de expatriados, uma imitação de pátria. São os q querem o Brasil todo pedindo à um chet-baker “me ensina à ser desenvolvido como vc” e o chet-baker dizendo “tá bom, tá bom, mas é um loooongo caminho.” Merecem gargalhadas (nem estéticas nem extáticas).
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
15 fevereiro 2006
A pergunta calada
Q: How many men must die before we can really have a free and true and peaceful society?
A: Will 6.5 billion do?
(Tradução:
P: Qtas pessoas precisam morrer pra q a gente possa realmente ter uma sociedade livre, correta e pacífica?
R: 6,5 bilhões já dá?)
12 fevereiro 2006
Pentacampeãs
Sesdias, nosso emoldurado cientista estava num cinema vendo os trailers, e eis senão q lhe aparece um dum filme chamado, acho, Mulheres do Brasil, q entrelaça as histórias de "... cinco mulheres de todos os cantos do Brasil...". Aí não deu...
HAHAHAHAHAHARHARHARHAR
¿¡¿Cinco mulheres de todos os cantos do Brasil?!?
¿De onde esse pessoal tira essas coisas, Casimiro?
09 fevereiro 2006
O cartum humano (2)
E foi num desses raciocínios reversos q o Dr Plausível de repente caiu numa gargalhada q foi ouvida a dois quarteirões (eu sei disso pq eu estava a dois quarteirões qdo ele riu). A pergunta q se fez foi a seguinte:
P: ¿Por que será q os muçulmanos proíbem a representação gráfica de seu profeta?"
R: Ele devia ser feio pacas.
(Aliás, aos apressadinhos é oportuno avisar q nem eu nem o Dr Plausível temos qqer preconceito contra gente feia, tal como fica claro na palestra cujas duas primeiras partes eu transcrevi aqui e aqui. Se algum muçulmano, ao ler o exposto acima, se ofender, pode com razoável certeza culpar a si mesmo por ter um abominável preconceito contra gente feia a ponto de achar q a suposta feiúra de seu profeta pudesse ser motivo de vergonha, censura ou indivinidade. ¡Vê se te manca, mano!)
(Outraliás, os apressadinhos q considerarem o texto acima insultante por outros motivos, devem ser informados de q as três religiões do deserto, cada uma a sua maneira, ganham de lavada e empatados o "concurso de organizações mais insultantes do planeta", tal como analisado pelo Dr Plausível aqui. Então, olhem-se no espelho e atire a primeira pedra quem nunca tiver insultado os agnósticos e os ateus.)
04 fevereiro 2006
O cartum humano
Cada época tem sua religião pentelha. Já tivemos os faraócios, os cri-cris, estamos quase saindo dos jujubas, e agora, no começo deste século, sobrou pros muças. Esses implicam até com senso de humor. Alguém tem q pedir a eles q por favor façam uma listinha de tudo q não se pode fazer no resto do mundo, do mesmo jeito q em outras épocas teriam sido bem-vindas outras listinhas – dos cristãos e, até recentemente, dos judeus (¡ó não! ¿ainda não pode isso?).
Talvez ajudasse se alguém levasse os muças a um cantinho e lhes fizesse umas perguntinhas, só pra evitar mal-entendidos. Tipo:
¿Posso entrar de calção em bar de esfiha?
¿Posso usar algarismos arábicos pros versículos do Torá?
¿Posso perguntar se Maomé tinha meleca?
¿Posso cantarolar "Alá, meu bom Alá" em ônibus vazio indo prà Bahia?
¿Posso fazer trocadilho com Mao-Mé-Tung em jornal de Cuiabá?
¿Posso trocar uma letra em meu bidê Deca?
Por favor, diz aí, quebra esse galho.
Pois o amusement do doutor é bem compreensível. Tudo bem q uma religião condene aos infernos um seguidor q pisa na bola. Mas ¡¿condenar um não muçulmano por fazer algo q um muçulmano não pode?!
¡¡¿¿UÉÉÉÉÉÉÉ??!!
02 fevereiro 2006
"Pouco" é pouco
Sesdias, foi a vez do iogurte desglotir-se sobre o teclado. O doutor estava dando uma bizoiada no site de ensino de inglês da Voice of America. Tem uns artigos em texto facilitado e áudio marcha-lenta pra estrangeiros entenderem e estudarem. É óbvio q, sendo o site estadunidense, os textos vão teimar em fazer pouco da inteligência do estudante estrangeiro de inglês (qdo na verdade... ãã, deixa pra lá). O culpado pela perda total do teclado foi o seguinte título de artigo:
Geena Davis Is Not Really a President, but She Plays One on TV
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA...
¡¡¡Vai fazer pouco assim dos outros lá na Implausolândia!!!
16 janeiro 2006
29 dezembro 2005
Kant e sua nêmesis
Editor: Esse teu texto vai confundir o leitor. (confundir = causar confusão na mente de alguém)
Está confundinte; quem ler vai entender tudo errado. (confundinte = q confunde)
Vc precisa reduzir a confundintez desse texto, se não, não vai dar. (confundintez = qualidade daquilo q confunde)
¿Por que confundintizou esse assunto? ¿Quer q ninguém entenda? (confundintizar = tornar algo capaz de confundir)
Vc perdeu muito tempo na confundintização desse texto e agora está com preguiça. (confundintização = ato de confundintizar)
O confundintizamento desse assunto só pode ter resultado de tua inépcia. (confundintizamento = efeito da confundintização)
Esse assunto é muito confundintizável; teria sido melhor nem escrever sobre ele, pois será difícil não confundir o leitor. (confundintizável = q se pode tornar capaz de confundir)
A confundintizabilidade desse assunto deve ser o motivo de pouca gente escrever sobre ele. ¿Por que não desiste? (confundintizabilidade = qualidade do q se pode tornar capaz de confundir)
¿Quer fazer o favor de desconfundintizar esse texto? Do jeito q está, eu não publico. (desconfundintizar = reduzir a confunditez de algo, torná-lo mais claro)
Se quiser, eu até pago pela desconfundintização desse teu texto. (desconfundintização = ato de desconfundintizar)
Vc só vai conseguir publicar isso se chegar a um desconfundintizamento razoável. (desconfundintizamento = efeito da desconfundintização)
Acho até q esse texto está desconfundintizável; faça um esforço, q vc consegue torná-lo menos confundinte. (desconfundintizável = q se pode desconfundintizar)
Se não fosse a desconfundintizabilidade desse texto, eu já teria desistido de publicá-lo. (desconfundintizabilidade = qualidade do q se pode deixar mais claro)
¿Criptografar? ¿Tá maluco? Se vc criptografar o texto, vai indesconfundintizá-lo de vez. (indesconfundintizar = tornar impossível a desconfundintização de algo)
¿O quê? ¿Vc quis a indesconfundintização desse texto? E ¿onde é q o leitor fica nessa? (indesconfundintização = ato de indesconfundintizar)
Mas vejo q vc não fez o serviço completo. O indesconfundintizamento não foi total. Ainda há esperança. (indesconfundintizamento = efeito da indesconfundintização)
Kant: Sinto muito, mas esse assunto é indesconfundintizável: ou vc entente ou não entende. (indesconfundintizável = q não se pode tornar capaz de causar menos confusão)
Editor: Bem, se vc acredita na indesconfundintizabilidade desse texto, acho melhor não publicar. (indesconfundintizabilidade = qualidade do q não se pode deixar mais claro)
21 outubro 2005
Travessuras de gramãticos
Pois ¿não é q o dicionããrio não glosa 'malcriação'?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Q ridículo.
Qqer besta de carga pode raciocinar q a locução 'má criação' (tal como numa frase como "Os maus modos à mesa são indício de má criação.") resultou na locução adjetiva 'mal criado' e então no adjetivo 'malcriado', e daí resultaram os substantivos 'malcriação' e 'malcriadez', ora pois não?
Mas depois de relegar 'malcriação' e 'malcriações' ao Cemitério das Boas Criações do Português, lá vêm os gramããticos dizer q o certo é 'má-criação' com o plural 'más-criações' e ¡PASMEM TODOS! também 'má-criações'.
Se vc encontrar uma só pessoa q diz unselfconsciously 'má-criações' em todo o planeta Terra e mais três luas, o Dr Plausível jura q faz o curso de Fascismo Avançado da Universidade Mussolini de Berlin.
15 outubro 2005
P1b: preconceitos sem ibope [2/3]
« Em filmes, por exemplo, o herói não pode menosprezar gente de raças diferentes da dele e deve tratar a mulher com respeito e equanimidade. Mas qdo o mesmo herói faz careta ao receber atenções de mulher feia, burra ou chata, a cena é tratada comicamente. Enforcar negros/judeus/índios e queimar/escravizar/espancar mulheres não pode; mas dificultar a felicidade e a reprodução de gente feia/burra/chata pode, né?
« Talvez admire a alguns q o racismo e o sexismo gozem de tanta publicidade, qdo há tantos outros preconceitos mais funestos e odiosos. Mas os motivos pra tanto ibope são simples:
« (1) raça e sexo resultam em preconceitos de vista curta, ou seja, generalizações identificáveis à distância mesmo por quem não enxerga bem; o racismo e o sexismo têm assim uma longa gama de distâncias pra se divertir, enquanto q o burricismo, o feiurismo e o chaticismo (por exemplo) precisam de maior proximidade pra fazer diferença;
« (2) tanto o racismo qto o sexismo se tornaram mais evidentes só recentemente, nos útimos 300 anos, com a multiplicação das interações entre as raças e com a multiplicação das atividades compartilhadas entre homens e mulheres; ou seja, preconceito antigo é tido como "natureza humana" e preconceito 'novo' é tido como ofensa (até 300 anos atrás, a ojeriza contra raças estrangeiras não era de todo infundada).
« Hoje há campanhas enormes, amplamente diluídas em toda a mídia, contra o racismo e o sexismo. No entanto, usar a modernidade dum preconceito como justificativa pra atacá-lo é, no mínimo, uma atitude preconceituosa. É como dizer q a moda de hoje é 'melhor' q a de ontem. Todo preconceituoso, assim como todo lambe-moda, acha q tem mais discernimento q o resto dos mortais; mas quem isola um preconceito pra atacar tbm está sendo preconceituoso: existe sim o preconceitismo - a crença de q o preconceito q vc ataca é mais importante e indigno q os demais. »
14 outubro 2005
Celebremos o cérebro
Dia desses, nosso eflorescente doutor depositou as vistas num programa de tv da Rita Lee no exato momento em q sua desnêmesis Baby Consuelo colocou em palavras o seguinte pensamento:
"Nova Orleans era a terra do vudu, e o Senhor tinha q intervir."
QUÁQUÁQUÁQUÁQUÁquáaa....
Prêssionante.
A informação trivial de q acontecem furacões naquela região há pelo menos 100 mil anos (pra não humilhar demais) não deve ter vindo nas embalagens de Ping-Pong.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
La Baby é uma das cantoras mais afinadas do Brasil. Mas ¡ô dó sustenido! ¡ô dó bemol! ¿que mais se poderia esperar da tv, qdo se confunde celebridade com cerebridade?
Agradecimentos a Cam Seslaf, de nosso depto. de pesquisas televisivas.
08 outubro 2005
P1a: preconceitos sem ibope [1/3]
« Jendia, 'preconceito' é palavrão. E já faz um tempo. Os mais mencionados – o 'de gênero' e 'de raça' – ganham todo o ibope mas, por outro lado, abundam, florescem e medram sem peias ou freias o preconceito contra a feiúra e o contra a burrice – preconceitos estes muito mais insidiosos, daninhos e generalizados. Tá cheio de gente atacando o racismo e o sexismo, mas nada se diz sobre o burricismo ou o feiurismo, q são valorizados e tomados como prova de bom-senso. Nunca se vê gente bonita defendendo o direito de ser feio, ou gente inteligente se misturando com gente burra. Vem um e diz "beleza é fundamental" e recebe de gente burra louros de poeta. Vem outro e diz "não suporto gente burra" e todos a sua volta meneiam suas caras feias.
« Êta aporréia.
« Dir-se-ia q o maior motivo pra isso é q, bom, 99% da humanidade é burra ou feia, ou burra E feia. Mas ué? Preconceito contra minorias não pode, mas ¿contra maiorias pode? Porque desse quase ninguém se salva. HAHAHAHAHAHA
« Dizem q opinião é q nem cu: todo mundo tem um. Preconceito, então, é q nem peido: todo mundo todo dia solta vários em público mas ninguém admite. »
continua...
06 outubro 2005
Palestras do Dr Plausível
Tentarei, durante as próximas semanas, transcrever e traduzir algumas das palestras mais relevantes, começando pelos seguintes assuntos:
os preconceitos sem ibope
o aborto e suas masturbações
a onisciência divina e o livre-arbítrio humano
armas ad nauseum et ad absurdum
o marketing direto ao reto
a direita, a esquerda e o nocaute da razão
22 setembro 2005
O bardo e a berda
Ontem, ficou sabendo q rola na internet um texto de umas 700 palavras começando com "Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma"... ai ai ai... Logo de cara idéias de terceira mão, texto visivelmente traduzido do inglês já viu q ia dar alguma meleca.
E não deu outra. Pois ¡¿¡¿como é possível q alguém neste mundo leia esse amontoado de clichês de auto-ajuda, esse compêndio de Lair Ribeiro pasteurizado, esses minutos de sabedoria de almanaque, esse pastiche regurgitado da matraca de mil avós, e achar q saiu nada mais nada menos q da pena de "William Shakespeare"?!?! ¿William Shakespeare, aquele do bigodinho e barbichinha?
????
Ô, povo, bastava uma pesquisinha. O texto original foi escrito por uma tal de Veronica Shoffstall circa 1998 ainda em seus tenros anos de faculdade decerto depois duma cabeçada ou dum pé na bunda , e foi emendado várias vezes por duendes ajudantes de Papai William, q acharam 160 palavras muito pouco pra toda a profundeza de seus corações...
E nestes risonhos lindos campos, algum inquilino de mentes alheias meteu-se a traduzir essa gororoba em vez de criar sua própria e, sabe-se lá por que catso, achou por bem atribuí-la a "William Shakespeare"...
¿Não é de empastelar os miolos?
Uma das muitas páginas com o texto duendizado é esta, com direito a musiquinha de fundo (q muita gente neste mundo injusto há de atribuir a Mozart...). O poema original está aqui. Note qto trabalharam os duendes...