Nosso expressivo Dr Plausível é um dos mais entusiásticos defensores, promotores ou enfatizadores da necessidade imperiosa de se cultivar, diversificar e sofisticar a cultura brasileira.
Porque, putzcarraldo, imitar é uma coisa q o brasileiro não faz bem.
Um dos filmes favoritos do Dr Plausível é Shakespeare apaixonado, q ganhou o Plausuto de Ouro no Festival Internacional de Cinema Plausível de 1999. Ele sempre o vê como Shakespeare in love, mas dois dias atrás estava a fim dumas risadas e viu uma versão dublada no canal TNT.
Pausa pra rir.
RARARARARAQUAHAHAHAQUA
HAKAKAKAKAKAcofQUAQUAQUA
QUAHAHAHAHARARARAKAKAKAK...&c
Mprêssionante.
Deu a exata impressão de q alguns adolescentes cariocas com vozes parecidas, malemolência, dicção ruim, zero em modulação vocal, nenhum senso dramático, compreensão nula e dialética inexistente juntaram-se pra se divertir fazendo teatrinho numa tarde nublada, e a idéia de dublar um filme surgiu, mais ou menos assim:
Tátchie: Êi, ¿puorhquiê quiea giêntchie num faij umae dublagein djium fíelmie?
Cadúâ: ¡Goashtêie! Marh ¿quie fielmie, puô?
Tátchie: Ah, sei lá, véi, shcólhi qualqué um aêa.
Berhnarhdjinhuô: ¿Qui tal o Tchietaníquie?
Alíecie: Ah nãoâ, si a gientchie fizé o Tchietaníquie, com cierhtêzae eu vo chorarhh.
Fielíepie: Tão vamo fazê o Cheiquishpíerapaixonáduâ.
Tátchie: ¡Maniêruô! Iêsse aiêa tchinha tuoduo pra dá cérhtuâ.
O resultado ficou uma gororoba de dar dó. Usaram uma tradução até q razoável pra uma encenação colegial. Mas qdo vc põe uma turma dessas pra falar contra o relógio, só pode virar uma maçaroca esvaziada, bisonha e platafórmica. Eles pegaram uma história cheia de subtextos, um texto repleto de minúcias e atuações carregadas de meandros, e simplesmente não viram nada além duma seqüência de palavras. Às vezes alguém dubla mais alto, às vezes mais triste ou mais alegre, e aí está. Foi como ler uma receita dum prato sofisticado, complexo e delicioso, e então jogar tudo num liqüidificador: ¿ué, não é a mesma coisa? - ¿não vai virar tudo bolo digestivo na barriga? Pobre povão brasileiro, q se vê bombardeado por produções estrangeiras esvaídas de sentido e significância por filtros desse quilate. Por isso é q o Dr Plausível ri mas também procura estimular o brasileiro a complexificar a própria cultura, refinando-a e aumentando seus riscos.
Mas ¡ó hirtos histriões! ¡ó chucro cheikspir!, ninguém é de ferro: nosso econômico doutor foi dormir rindo, acordou rindo e passou um dia agradabilíssimo recordando a inocente ignorância de sua vida pregressa.
26 fevereiro 2005
15 fevereiro 2005
E o doutor ficou sério de repente...
Recentemente, um dos inúmeros leitores assíduos deste blogue perguntou a nosso estratosférico doutor qual é a diferença entre 'inteligente' e 'plausível'. Por alguma razão q me escapa, 'plausível' é comumente confundida com 'coerente', 'verossímil', 'consistente', 'honesto', 'justo'. Há até os leitores q —vítimas da escassez de unidades semânticas abstratas no português corrente e da confusão generalizada sobre o significado útil das existentes— mal-interpretam o atendimento humanitário prestado pelo bom doutor e conseqüentemente ¡nela não vêem benefício algum! Mas esta é a primeira vez q um leitor vai direto à fonte e se pergunta o q haverá de inteligente no plausível e o q de plausível no inteligente. Como se trata dum leitor daqueles q realmente prestam atenção e geralmente não dão bola fora ao comentar, fui perguntar ao próprio Dr Plausível q catso de distinção se pode fazer entre duas coisas tão díspares. Embasbacaram meu entediante cérebro as sábias palavras explicatórias do enlevante pensador —motivo pelo qual as resumo aqui:
Em português, 'inteligência' tem dois sentidos principais, digamos inteligência.1 e inteligência.2. A .1 expressa um fato, a .2 um juízo. Até mesmo um mongolóide pode ser chamado de 'inteligente.1' qdo essa palavra expressa o fato de q ele utiliza computações neuronais pra lidar com o mundo físico, por mais toscamente. Fala-se da inteligência.1 de macacos, golfinhos e cães, e pode-se até calcular o grau de inteligência.1 de formigas e lesmas. 'Inteligência' aqui é uma medida como 'distância' ou 'peso', e se aplica aos seres vivos. É a capacidade de inteligir, verbo este muito utilizado pelo doutor qdo volta de suas caminhadas filosóficas.
O outro sentido de 'inteligência' pretensamente expressa um valor absoluto. Qdo se diz q fulano é 'inteligente.2' ou 'muito inteligente.2', o sentido está mais pra 'arguto' ou 'perspicaz'. Digo 'pretensamente' no mesmo sentido em q palavras como 'distante' e 'pesado' pretensamente expressam valores absolutos. Por exemplo, o Manuel não consegue carregar uma mala e diz: "Tá muito pesado." O Joaquim fica intrigado: "¿Pesado como um trem, como uma montanha, ou como a Lua sobre a superfície de Urano?" E o Manuel esclarece: "Pesado como acima do peso q me permitiria carregá-lo." Do mesmo modo, diz-se q uma pessoa é 'inteligente.2' se seu grau de inteligência.1 lhe permite resolver um problema, e 'muito inteligente.2' se lhe permite resolvê-lo com uma facilidade acima do esperado.
Ora, assim como só pode haver distância onde há espaço, também só pode haver plausibilidade onde há inteligência.1 e comunicação de idéias. Por si só, um fato não tem como ser plausível ou implausível: só se pode diagnosticar a plausibilidade de relatos, crenças e teorias. Estes podem ser explícitos (como num filme) ou implícitos (como num slogan). Relatos, crenças e teorias são plausíveis se são contíguos à realidade, ou seja, se sua continuidade interna é semelhante à continuidade da realidade. Por exemplo, uma história em quadrinhos de ficção científica pode ser inverossímil, incoerente e desonesta. Mas ao mesmo tempo pode ser perfeitamente plausível, contanto q logo de início explicite a moldura mental em q vai se desenrolar e não saia dela: o q acontece num momento tem q levar ao q acontece depois (para a diferença entre 'coerente' e 'plausível', leia aqui). Igualmente com as crenças e teorias. A implausibilidade destas é tanto mais visível qto mais sua estrutura se aproxima da continuidade oleosa da ficção mal feita, daquela lubrificância em q toda questão incômoda escorrega e some.
Plausibilidade nada tem a ver com inteligência.2. Até mesmo um retardado pode produzir relatos ou ter crenças absolutamente plausíveis. No entanto, a detecção de implausibilidades (explícitas ou implícitas, próprias ou alheias), essa sim requer uma certa inteligência.2. No caso das implausibilidades próprias, sua eliminação requer não apenas inteligência.2 mas honestidade, humanismo, e em certos casos conhecimento cru e desentupido. Digo isso porque o q se vê em todas as frentes de comunicação são produtores de grande inteligência vomitando, regurgitando e cagando hipoplausibiloses aos borbotões —às vezes por desleixo, às vezes por desinteresse, mas também às vezes por pura má-fé. A reação de nosso essencial luminar aos efeitos da hipoplausibilose é, dado o poder dos midieiros, a única plausível: gargalhar, destrambelhar-se de rir da empáfia emocional, da petulância cultural e do bolor intelectual q toda essa gente sem escrúpulos, sem cuidado ou sem inteligência.2 pensa q está conseguindo esconder.
Em português, 'inteligência' tem dois sentidos principais, digamos inteligência.1 e inteligência.2. A .1 expressa um fato, a .2 um juízo. Até mesmo um mongolóide pode ser chamado de 'inteligente.1' qdo essa palavra expressa o fato de q ele utiliza computações neuronais pra lidar com o mundo físico, por mais toscamente. Fala-se da inteligência.1 de macacos, golfinhos e cães, e pode-se até calcular o grau de inteligência.1 de formigas e lesmas. 'Inteligência' aqui é uma medida como 'distância' ou 'peso', e se aplica aos seres vivos. É a capacidade de inteligir, verbo este muito utilizado pelo doutor qdo volta de suas caminhadas filosóficas.
O outro sentido de 'inteligência' pretensamente expressa um valor absoluto. Qdo se diz q fulano é 'inteligente.2' ou 'muito inteligente.2', o sentido está mais pra 'arguto' ou 'perspicaz'. Digo 'pretensamente' no mesmo sentido em q palavras como 'distante' e 'pesado' pretensamente expressam valores absolutos. Por exemplo, o Manuel não consegue carregar uma mala e diz: "Tá muito pesado." O Joaquim fica intrigado: "¿Pesado como um trem, como uma montanha, ou como a Lua sobre a superfície de Urano?" E o Manuel esclarece: "Pesado como acima do peso q me permitiria carregá-lo." Do mesmo modo, diz-se q uma pessoa é 'inteligente.2' se seu grau de inteligência.1 lhe permite resolver um problema, e 'muito inteligente.2' se lhe permite resolvê-lo com uma facilidade acima do esperado.
Ora, assim como só pode haver distância onde há espaço, também só pode haver plausibilidade onde há inteligência.1 e comunicação de idéias. Por si só, um fato não tem como ser plausível ou implausível: só se pode diagnosticar a plausibilidade de relatos, crenças e teorias. Estes podem ser explícitos (como num filme) ou implícitos (como num slogan). Relatos, crenças e teorias são plausíveis se são contíguos à realidade, ou seja, se sua continuidade interna é semelhante à continuidade da realidade. Por exemplo, uma história em quadrinhos de ficção científica pode ser inverossímil, incoerente e desonesta. Mas ao mesmo tempo pode ser perfeitamente plausível, contanto q logo de início explicite a moldura mental em q vai se desenrolar e não saia dela: o q acontece num momento tem q levar ao q acontece depois (para a diferença entre 'coerente' e 'plausível', leia aqui). Igualmente com as crenças e teorias. A implausibilidade destas é tanto mais visível qto mais sua estrutura se aproxima da continuidade oleosa da ficção mal feita, daquela lubrificância em q toda questão incômoda escorrega e some.
Plausibilidade nada tem a ver com inteligência.2. Até mesmo um retardado pode produzir relatos ou ter crenças absolutamente plausíveis. No entanto, a detecção de implausibilidades (explícitas ou implícitas, próprias ou alheias), essa sim requer uma certa inteligência.2. No caso das implausibilidades próprias, sua eliminação requer não apenas inteligência.2 mas honestidade, humanismo, e em certos casos conhecimento cru e desentupido. Digo isso porque o q se vê em todas as frentes de comunicação são produtores de grande inteligência vomitando, regurgitando e cagando hipoplausibiloses aos borbotões —às vezes por desleixo, às vezes por desinteresse, mas também às vezes por pura má-fé. A reação de nosso essencial luminar aos efeitos da hipoplausibilose é, dado o poder dos midieiros, a única plausível: gargalhar, destrambelhar-se de rir da empáfia emocional, da petulância cultural e do bolor intelectual q toda essa gente sem escrúpulos, sem cuidado ou sem inteligência.2 pensa q está conseguindo esconder.
06 fevereiro 2005
A passeio com o doutor
Nosso educativo Dr Plausível sempre gostou de caminhar pelas ruas da cidade. É o q fazia regularmente antes de ficar aqueles meses em coma; e agora, caminhar é o q seu médico aconselha. Só q não dá. O coma foi causado pelas gargalhadas irreprimíveis, e pra andar pelas ruas sem gargalhar a cada quarteirão ele teria q morar no Japão, pra não entender os cartazes, anúncios, placas e vitrines.
Domingo passado, saí com ele a passeio e vi q realmente é difícil não rir. Vejam só:
Na vitrine dum restaurante chinês:
HOMENS - 6,00
MULHERES - 5,00
MARMITEX - 5,00
Ã?? ¿Será 'marmitex' alguma gíria chinesa pra homossexual? ¿Vamos regulamentar o casamento marmitex, o casamento vale-tudo enlatado em banho-maria? E se nosso econômico filantropo e eu entrássemos no chinês de mãos dadas e declarássemos nosso desejo por um almoço marmitex, ¿pagaríamos apenas R$10 em vez de R$12? ¡¡QUANG-QUANG-QUANG-QUANG-QUANG!!
No quarteirão seguinte, um bulbo luminoso à entrada dum bar anuncia
Aqui tem
BOHEMIA
Desde 1853
Ãã???? ¿Como é q é? ¿Aquele barzinho fuleiro existe há 150 anos? Cacilda!! E se fosse só esse, seria plausível. Mas acontece q trocentos outros barzinhos de SPaulo "existem" desde 1853. Alguém devia pesquisar pra saber o q fez o governo daquela época pra conseguir incentivar tanta gente a abrir botequins tão longevos.
Mais um quarteirão, e um autidór - q eu nem entendi o q anuncia - diz em letras garrafais
MULHERES, IGNOREM ESTE ANÚNCIO.
Ããã?????? E aí aparece a mensagem do autidór em letrinhas menorzinhas num canto. ¡¿Q é q é isso?! Parece coisa de amador esquizofrênico. Primeiro, q o cartaz pede às mulheres q ignorem algo q já leram até o fim, pois o resto do anúncio parece expediente. Segundo, q é impossível prestar atenção no resto da mensagem, com aquele trambolho lógico estatelado no meio do campo de visão. E por último, ¿quem é q vai ficar lendo letrinhas em autidór, minha gente? ¡Esse pessoal de propaganda parece q bebeu, sô!
O Dr Plausível já estava quase se arrastando pela calçada, qdo veio o golpe de misericórdia q me fez colocá-lo de olhos vendados num táxi e levá-lo de volta pra casa: numa banca um cartaz anuncia q, se vc fizer não sei o quê com o jornal Agora São Paulo, vc ganha um dicionário Michaelis Espanhol-Português. Na borda do cartaz, algum gênio de marketing colocou
PROMOÇÃO VÁLIDA A PARTIR DE 31/1 OU ENQUANTO DURAREM OS ESTOQUES
Ãããã???????? Esse pessoal deve viver num loop do espaço-tempo. Pois ¡¿como é q pode a promoção ser válida a partir daquela data ou até acabar o estoque?! KAKAKAKAKAKA!!
Meu, esses três últimos não são anúncios em cidadezinhas do interior, como aqueles no Anguished English do Lederer: são coisas de Sumpaulo, onde supostamente se encontra o melhor repositório de lógica, perspicácia e sagacidade deste país. Esse pessoal precisa urgententemente começar uma prolongada e exaustiva plausoterapia, pois se esse grau de hipoplausibilose nem é notado, deve ser porque o país está afundando na própria incontinência. Ainda por cima, simplesmente não podem continuar ameaçando assim o bem-estar de nosso efúlgeo doutor. É cruel demais. Aproveitam-se de sua mente epifânica pra minar seu frágil físico. Maldade.
Domingo passado, saí com ele a passeio e vi q realmente é difícil não rir. Vejam só:
Na vitrine dum restaurante chinês:
HOMENS - 6,00
MULHERES - 5,00
MARMITEX - 5,00
Ã?? ¿Será 'marmitex' alguma gíria chinesa pra homossexual? ¿Vamos regulamentar o casamento marmitex, o casamento vale-tudo enlatado em banho-maria? E se nosso econômico filantropo e eu entrássemos no chinês de mãos dadas e declarássemos nosso desejo por um almoço marmitex, ¿pagaríamos apenas R$10 em vez de R$12? ¡¡QUANG-QUANG-QUANG-QUANG-QUANG!!
No quarteirão seguinte, um bulbo luminoso à entrada dum bar anuncia
Aqui tem
BOHEMIA
Desde 1853
Ãã???? ¿Como é q é? ¿Aquele barzinho fuleiro existe há 150 anos? Cacilda!! E se fosse só esse, seria plausível. Mas acontece q trocentos outros barzinhos de SPaulo "existem" desde 1853. Alguém devia pesquisar pra saber o q fez o governo daquela época pra conseguir incentivar tanta gente a abrir botequins tão longevos.
Mais um quarteirão, e um autidór - q eu nem entendi o q anuncia - diz em letras garrafais
MULHERES, IGNOREM ESTE ANÚNCIO.
Ããã?????? E aí aparece a mensagem do autidór em letrinhas menorzinhas num canto. ¡¿Q é q é isso?! Parece coisa de amador esquizofrênico. Primeiro, q o cartaz pede às mulheres q ignorem algo q já leram até o fim, pois o resto do anúncio parece expediente. Segundo, q é impossível prestar atenção no resto da mensagem, com aquele trambolho lógico estatelado no meio do campo de visão. E por último, ¿quem é q vai ficar lendo letrinhas em autidór, minha gente? ¡Esse pessoal de propaganda parece q bebeu, sô!
O Dr Plausível já estava quase se arrastando pela calçada, qdo veio o golpe de misericórdia q me fez colocá-lo de olhos vendados num táxi e levá-lo de volta pra casa: numa banca um cartaz anuncia q, se vc fizer não sei o quê com o jornal Agora São Paulo, vc ganha um dicionário Michaelis Espanhol-Português. Na borda do cartaz, algum gênio de marketing colocou
PROMOÇÃO VÁLIDA A PARTIR DE 31/1 OU ENQUANTO DURAREM OS ESTOQUES
Ãããã???????? Esse pessoal deve viver num loop do espaço-tempo. Pois ¡¿como é q pode a promoção ser válida a partir daquela data ou até acabar o estoque?! KAKAKAKAKAKA!!
Meu, esses três últimos não são anúncios em cidadezinhas do interior, como aqueles no Anguished English do Lederer: são coisas de Sumpaulo, onde supostamente se encontra o melhor repositório de lógica, perspicácia e sagacidade deste país. Esse pessoal precisa urgententemente começar uma prolongada e exaustiva plausoterapia, pois se esse grau de hipoplausibilose nem é notado, deve ser porque o país está afundando na própria incontinência. Ainda por cima, simplesmente não podem continuar ameaçando assim o bem-estar de nosso efúlgeo doutor. É cruel demais. Aproveitam-se de sua mente epifânica pra minar seu frágil físico. Maldade.
19 janeiro 2005
Ingrêis é essenciar (2)
Tem um tal de "editau de selessão" rondando por aí, pretensamente tirando sarrito do Itamaraty ao fazer um linque mental entre a ortografia 'pobre' do brasileiro médio e o monoglotismo do Lula, prestando lip-service pra essa meléia toda sobre a necessidade ou não de diplomata falar inglês.
O Dr Plausível, como sóe ocorrer em situações hilariantes, hilariou-se.
Primeiro, porque a sátira do "editau" erra feio de alvo. O grande problema do ensino e prática de português não tem nada a ver com ortografia, q é uma questão mais dialetal do q de ensino. Faça o teste: ignore o dialeto ortográfico do texto, e vai ver q ele está muitíssimo bem escrito: todos os raciocínios estão bem concatenados, nada falta e nada sobra. A única razão pra o autor achar q estava satirizando alguma coisa é q entre os brasileiros letrados há uma mentalidade de rebanho q utiliza a ortografia como um ícone unificador e exclusor.
O texto seria mais a propósito se satirizasse outras deficiências dos usuários ignotos da língua - por exemplo, (1) qdo não conseguem escrever três idéias seguidas sem incorrer em non-sequiturs, incoerências, hipoplausibiloses e outros problemas de lógica e bom-senso; e (2) qdo as deficiências vocabulares e estruturais do próprio português são obstáculos contra a expressão de idéias novas. Leia o q já foi dito sobre isso neste blogue.
Segundo, porque nosso enlevado doutor acha tudo isso jogo de gandula. Pra quem já não está encaminhado, o curso do Instituto Rio Branco é q nem programa de calouros ou Casa dos Artistas – esses eventos usados pra promover aspirantes de segundo e terceiro escalão. Programas como a CdA ou o BBB foram criados porque as emissoras são rondadas diáriamente por aspirantes pouco talentosos enchendo o saco pra aparecer na tv como artistas. ¿Q fazer com toda essa gente? Cria-se um programa q os coloca em evidência pra ver se "pegam". Por outro lado, os artistas de real talento ou de robusto cartucho já vão dando lucro às emissoras e gravadoras desde a adolescência, e não precisam fazer provinhas.
O IRB, sinto dizê-lo, é quase a mesma coisa. Existe pra tentar pescar um ou outro aspirante entre os já cartuchados e sabidamente talentosos poliglotas. Além disso, assim como a maioria dos formados em CdA ou BBB saem da notoriedade pro anonimato em menos de um mês, também a maioria dos ditos "diplomatas" do IRB saem de lá pra virar auxiliar de sub-cônsul em países como a Ucrânia, onde só precisa do inglês pra entender filme legendado em ucraniano na tv a cabo. É triste mas é verdade. Pois lo que la naturaleza no da, Salamanca no presta.
Então ¿pra quê todo esse fuzuê? ¿Será q já não bolaram essa alteração na prova pra q a imprensa e o povão incauto associasse tudo ao célebre e mal-falado monoglotismo do braz-prez?
O Dr Plausível, como sóe ocorrer em situações hilariantes, hilariou-se.
Primeiro, porque a sátira do "editau" erra feio de alvo. O grande problema do ensino e prática de português não tem nada a ver com ortografia, q é uma questão mais dialetal do q de ensino. Faça o teste: ignore o dialeto ortográfico do texto, e vai ver q ele está muitíssimo bem escrito: todos os raciocínios estão bem concatenados, nada falta e nada sobra. A única razão pra o autor achar q estava satirizando alguma coisa é q entre os brasileiros letrados há uma mentalidade de rebanho q utiliza a ortografia como um ícone unificador e exclusor.
O texto seria mais a propósito se satirizasse outras deficiências dos usuários ignotos da língua - por exemplo, (1) qdo não conseguem escrever três idéias seguidas sem incorrer em non-sequiturs, incoerências, hipoplausibiloses e outros problemas de lógica e bom-senso; e (2) qdo as deficiências vocabulares e estruturais do próprio português são obstáculos contra a expressão de idéias novas. Leia o q já foi dito sobre isso neste blogue.
Segundo, porque nosso enlevado doutor acha tudo isso jogo de gandula. Pra quem já não está encaminhado, o curso do Instituto Rio Branco é q nem programa de calouros ou Casa dos Artistas – esses eventos usados pra promover aspirantes de segundo e terceiro escalão. Programas como a CdA ou o BBB foram criados porque as emissoras são rondadas diáriamente por aspirantes pouco talentosos enchendo o saco pra aparecer na tv como artistas. ¿Q fazer com toda essa gente? Cria-se um programa q os coloca em evidência pra ver se "pegam". Por outro lado, os artistas de real talento ou de robusto cartucho já vão dando lucro às emissoras e gravadoras desde a adolescência, e não precisam fazer provinhas.
O IRB, sinto dizê-lo, é quase a mesma coisa. Existe pra tentar pescar um ou outro aspirante entre os já cartuchados e sabidamente talentosos poliglotas. Além disso, assim como a maioria dos formados em CdA ou BBB saem da notoriedade pro anonimato em menos de um mês, também a maioria dos ditos "diplomatas" do IRB saem de lá pra virar auxiliar de sub-cônsul em países como a Ucrânia, onde só precisa do inglês pra entender filme legendado em ucraniano na tv a cabo. É triste mas é verdade. Pois lo que la naturaleza no da, Salamanca no presta.
Então ¿pra quê todo esse fuzuê? ¿Será q já não bolaram essa alteração na prova pra q a imprensa e o povão incauto associasse tudo ao célebre e mal-falado monoglotismo do braz-prez?
18 dezembro 2004
Refugo
Ontem fiquei horas acalmando o Dr Plausível. Ele ria, ria, ria, e eu perguntava o q era tão engraçado, e ele tentava falar, engasgava de rir, chorava de rir. Fiquei apavorado. Achei q ele ia entrar em coma de novo e aí eu não ia ter mais do q escrever. Só à tarde consegui entender. ¡Ele estava rindo depois de ler um artigo meu em outro blogue! ¡Quanta honra! Ele riu mais da parte em q, falando da pomposidade de quem se acha culto, comparei dois dicionários de sinônimos. Como não tenho nada mais pra dizer, transcrevo aqui o trecho q quase levou nosso doutor de volta à UTI:
POMPA É BOMBA
Comparem as introduções de dois dicionários de sinônimos, o inglês Thesaurus de bolso da Oxford e o brasileiro Houaiss de Sinônimos e Antônimos. Em número de verbetes, são quase análogos: o Oxford tem "150,000 alternative words", e o Houaiss tem "187.000 sinônimos".
Esta é minha tradução da introdução completa do Oxford:
"Um dicionário de sinônimos é feito para ajudar você a encontrar as palavras de que precisa para se expressar com mais eficácia e tornar seus escritos mais interessantes. Este dicionário foi elaborado para combinar o máximo de facilidade com o máximo de auxílio que seu pequeno formato possibilita. A gama de sinônimos e de outras informações incluídas aqui é mais ampla do que seria de se esperar num livro deste tamanho. Os verbetes estão dispostos em ordem alfabética, e a organização de cada verbete é simples e em grande parte auto-explicativa. Geralmente, você encontrará o que quer no verbete em que procurar, mas às vezes será necessário cruzar informações com outros verbetes se você precisar de antônimos, ou se você estiver procurando uma gama maior de palavras.
"Ao utilizar um dicionário de sinônimos, deve-se tomar alguns cuidados. Em primeiro lugar, nenhuma lista de sinônimos pode ser considerada 'completa'. Muitas listas poderiam ser estendidas - algumas quase indefinidamente. Considere, por exemplo, a variedade de palavras que poderíamos usar em lugar de (digamos) bom ou agradável. Em segundo lugar, raramente no inglês duas palavras são totalmente intercambiáveis. Os assim chamados sinônimos podem expressar nuances distintas de significado, ou pertencer a contextos diferentes, ou implicar em sinais diferentes sobre o escritor ou o leitor-alvo - e assim por diante. Espero, portanto, que este volume se torne um recurso útil, mas não somente como um repositório sem vida de "palavras para usar": minha principal esperança é que um dicionário de sinônimos - mesmo um pequeno como este - nos incite a pensar sobre a língua, e nos torne capazes de explorar mais profundamente nosso próprio conhecimento e compreensão de seus complexos processos."
Alan Spooner
Só isso. 280 palavras (na tradução).
Já a introdução do Houaiss, de Mauro de Salles Villar, estende-se por 4½ páginas. Não vou encher vosso saco. Só vou citar algumas partes, pra vcs sentirem o baque:
"Desde a Antigüidade os homens interrogam-se sobre a origem das palavras e sua significação. Heródoto, Platão, Aristóteles, Cícero, Lucrécio, Plutarco, Plotino, e os gramáticos Varrão (que codificou a gramática latina no século I a.C.), Sexto Festo e Nônio Marcelo estão entre aqueles que escreveram sobre tais questões. Foi, porém, Demócrito, pai da teoria atômica do universo e prógono das teorias de indestrutibilidade da matéria e da conservação de energia, quem primeiro registrou, pelo remoto século IV a.C, os fenômenos da polissemia (multiplicidade de sentidos numa só palavra ou locução) e da sinonímia (relação de sentido entre dois ou mais vocábulos ou locuções cuja significação é a mesma ou muito próxima)."
E dá-lhe parágrafos de rocambolices históricas. Mais adiante:
"A noção de SINÔNIMO é polissêmica, e sobre ela escreveu M. Tutescu (Précis de semantique française, Paris, Klincksieck, 1975, citado por D.A. Cruse) tratar-se da "relação semântica que mais tinta fez correr, a relação que o bom senso estima ser clara, mas que os lógicos não cessam de proclamar como martirizante". Sinônimos absolutos denominam-se aqueles capazes de se permutar em qualquer frase, pelo fato de denotarem e conotarem de modo igual a mesma realidade. (...) Na metaliguagem empregada pelos dicionários de tipo semasiológico, por seu lado, a cada unidade léxica deve equivaler uma paráfrase (...) cuja perfeição é medida em relação à sua maior ou menor possibilidade de se permutar em qualquer contexto com a unidade léxica definida."
E por aí vai. 2.400 palavras de chatice totalmente irrelevante pra 99,99% dos usuários do dicionário. É 'sinônimo perifrástico' pra cá, 'valor disfêmico' pra lá. Nenhum comentário simples, nenhuma frase inspiradora, nada além duma secura descritiva, um ar professoral, uma tentativa quase desesperada de mostrar q o assunto tá dominado e q o Houaiss não foi compilado de qqer jeito, não: ¡teve muita pesquisa, muito discernimento, muita seriedade! É tanta demonstração de erudição, tanta asserção de coerência, q até se desconfia o oposto: o Spooner, com sua simplicidade, parece gostar mais de filologia do q o Salles Villar.
É óbvio q não quero comparar a qualidade dos dois dicionários nem a erudição de seus redatores. Mas as perguntas q me faço tbm são óbvias: ¿Q motivo levaria um redator a achar necessário ou apropriado ou oportuno escrever algo q só 0,01% de seus usuários apreciariam devidamente? ¿Por que a editora consentiu a q o redator pavoneasse seus conhecimentos em lugar de servir ao público com uma introdução sucinta e animadora?
As respostas, só eles sabem. Mas arrisco q certamente têm algo a ver com a opinião q eles fazem dos leitores brasileiros, aqueles coitadinhos q precisam dum pouco mais de cultura, q mal sabem juntar três palavras corretamente. É justamente esse um dos principais motivos por que os coitadinhos não leiam mais: a pose do escritor, aquela pose arrebicada q não engana ninguém.
Sobre a introdução do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, melhor eu nem falar. Pra vcs terem uma idéia, tem nela uma palavra usada num sentido q ¡nem sequer consta no próprio dicionário!
POMPA É BOMBA
Comparem as introduções de dois dicionários de sinônimos, o inglês Thesaurus de bolso da Oxford e o brasileiro Houaiss de Sinônimos e Antônimos. Em número de verbetes, são quase análogos: o Oxford tem "150,000 alternative words", e o Houaiss tem "187.000 sinônimos".
Esta é minha tradução da introdução completa do Oxford:
"Um dicionário de sinônimos é feito para ajudar você a encontrar as palavras de que precisa para se expressar com mais eficácia e tornar seus escritos mais interessantes. Este dicionário foi elaborado para combinar o máximo de facilidade com o máximo de auxílio que seu pequeno formato possibilita. A gama de sinônimos e de outras informações incluídas aqui é mais ampla do que seria de se esperar num livro deste tamanho. Os verbetes estão dispostos em ordem alfabética, e a organização de cada verbete é simples e em grande parte auto-explicativa. Geralmente, você encontrará o que quer no verbete em que procurar, mas às vezes será necessário cruzar informações com outros verbetes se você precisar de antônimos, ou se você estiver procurando uma gama maior de palavras.
"Ao utilizar um dicionário de sinônimos, deve-se tomar alguns cuidados. Em primeiro lugar, nenhuma lista de sinônimos pode ser considerada 'completa'. Muitas listas poderiam ser estendidas - algumas quase indefinidamente. Considere, por exemplo, a variedade de palavras que poderíamos usar em lugar de (digamos) bom ou agradável. Em segundo lugar, raramente no inglês duas palavras são totalmente intercambiáveis. Os assim chamados sinônimos podem expressar nuances distintas de significado, ou pertencer a contextos diferentes, ou implicar em sinais diferentes sobre o escritor ou o leitor-alvo - e assim por diante. Espero, portanto, que este volume se torne um recurso útil, mas não somente como um repositório sem vida de "palavras para usar": minha principal esperança é que um dicionário de sinônimos - mesmo um pequeno como este - nos incite a pensar sobre a língua, e nos torne capazes de explorar mais profundamente nosso próprio conhecimento e compreensão de seus complexos processos."
Alan Spooner
Só isso. 280 palavras (na tradução).
Já a introdução do Houaiss, de Mauro de Salles Villar, estende-se por 4½ páginas. Não vou encher vosso saco. Só vou citar algumas partes, pra vcs sentirem o baque:
"Desde a Antigüidade os homens interrogam-se sobre a origem das palavras e sua significação. Heródoto, Platão, Aristóteles, Cícero, Lucrécio, Plutarco, Plotino, e os gramáticos Varrão (que codificou a gramática latina no século I a.C.), Sexto Festo e Nônio Marcelo estão entre aqueles que escreveram sobre tais questões. Foi, porém, Demócrito, pai da teoria atômica do universo e prógono das teorias de indestrutibilidade da matéria e da conservação de energia, quem primeiro registrou, pelo remoto século IV a.C, os fenômenos da polissemia (multiplicidade de sentidos numa só palavra ou locução) e da sinonímia (relação de sentido entre dois ou mais vocábulos ou locuções cuja significação é a mesma ou muito próxima)."
E dá-lhe parágrafos de rocambolices históricas. Mais adiante:
"A noção de SINÔNIMO é polissêmica, e sobre ela escreveu M. Tutescu (Précis de semantique française, Paris, Klincksieck, 1975, citado por D.A. Cruse) tratar-se da "relação semântica que mais tinta fez correr, a relação que o bom senso estima ser clara, mas que os lógicos não cessam de proclamar como martirizante". Sinônimos absolutos denominam-se aqueles capazes de se permutar em qualquer frase, pelo fato de denotarem e conotarem de modo igual a mesma realidade. (...) Na metaliguagem empregada pelos dicionários de tipo semasiológico, por seu lado, a cada unidade léxica deve equivaler uma paráfrase (...) cuja perfeição é medida em relação à sua maior ou menor possibilidade de se permutar em qualquer contexto com a unidade léxica definida."
E por aí vai. 2.400 palavras de chatice totalmente irrelevante pra 99,99% dos usuários do dicionário. É 'sinônimo perifrástico' pra cá, 'valor disfêmico' pra lá. Nenhum comentário simples, nenhuma frase inspiradora, nada além duma secura descritiva, um ar professoral, uma tentativa quase desesperada de mostrar q o assunto tá dominado e q o Houaiss não foi compilado de qqer jeito, não: ¡teve muita pesquisa, muito discernimento, muita seriedade! É tanta demonstração de erudição, tanta asserção de coerência, q até se desconfia o oposto: o Spooner, com sua simplicidade, parece gostar mais de filologia do q o Salles Villar.
É óbvio q não quero comparar a qualidade dos dois dicionários nem a erudição de seus redatores. Mas as perguntas q me faço tbm são óbvias: ¿Q motivo levaria um redator a achar necessário ou apropriado ou oportuno escrever algo q só 0,01% de seus usuários apreciariam devidamente? ¿Por que a editora consentiu a q o redator pavoneasse seus conhecimentos em lugar de servir ao público com uma introdução sucinta e animadora?
As respostas, só eles sabem. Mas arrisco q certamente têm algo a ver com a opinião q eles fazem dos leitores brasileiros, aqueles coitadinhos q precisam dum pouco mais de cultura, q mal sabem juntar três palavras corretamente. É justamente esse um dos principais motivos por que os coitadinhos não leiam mais: a pose do escritor, aquela pose arrebicada q não engana ninguém.
Sobre a introdução do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, melhor eu nem falar. Pra vcs terem uma idéia, tem nela uma palavra usada num sentido q ¡nem sequer consta no próprio dicionário!
13 dezembro 2004
¿De quem são os ovos de Colombo?
Esta é de matar de rir.
A suprema corte da Colômbia determinou q um marido é responsável por qqer filho de sua esposa, mesmo q o barrigudinho seja filho natural de outro homem. Leia aqui.
HAHAHAHAHAHAHA
O argumento é q o filho e as famílias envolvidas têm o direito de não saber da traição da mãe e de sua gestação adúltera. ¡Ah, façam-me o favor!
¡Pois esse pessoal não pensa! Uma coisa q aparentemente favorece a esposa é na verdade sua sentença de morte ou de desamparo. Pois vejam só. Eu, casado com fulana, tenho certeza de q ela me traiu com outro homem e teve um filho dele: o barrigudinho q está aí mamando de meu orçamento. ¿Q faço? Das duas, uma. Ou mato essa vadia desgraçada e seu filho da puta e fujo pro Brasil, ou simplesmente junto tudo q é meu e fujo pro Brasil.
QUAQUAQUAQUAQUAQUA
E ¿q dizer do filho? Lá pelas tantas, qdo ele faz 25 anos, a mãe num ataque de consciência decide revelar-lhe a verdade. O filho, q tinha o direito de não saber, logicamente tem por isso o direito de processar a mãe até o último centavo por lhe causar danos morais irreparáveis.
KAKAKAKAKAKAKAKA
As "supremas cortes" por aí estão dando vexame, hem? A dos EUA instalou o Arbusto na Casa Branca, a do Brasil está num chove-não-molha vergonhoso sobre o feto anencéfalo, e agora vem essa diretamente da Colômbia.
¡Casbófia das Protubálias!
A suprema corte da Colômbia determinou q um marido é responsável por qqer filho de sua esposa, mesmo q o barrigudinho seja filho natural de outro homem. Leia aqui.
HAHAHAHAHAHAHA
O argumento é q o filho e as famílias envolvidas têm o direito de não saber da traição da mãe e de sua gestação adúltera. ¡Ah, façam-me o favor!
¡Pois esse pessoal não pensa! Uma coisa q aparentemente favorece a esposa é na verdade sua sentença de morte ou de desamparo. Pois vejam só. Eu, casado com fulana, tenho certeza de q ela me traiu com outro homem e teve um filho dele: o barrigudinho q está aí mamando de meu orçamento. ¿Q faço? Das duas, uma. Ou mato essa vadia desgraçada e seu filho da puta e fujo pro Brasil, ou simplesmente junto tudo q é meu e fujo pro Brasil.
QUAQUAQUAQUAQUAQUA
E ¿q dizer do filho? Lá pelas tantas, qdo ele faz 25 anos, a mãe num ataque de consciência decide revelar-lhe a verdade. O filho, q tinha o direito de não saber, logicamente tem por isso o direito de processar a mãe até o último centavo por lhe causar danos morais irreparáveis.
KAKAKAKAKAKAKAKA
As "supremas cortes" por aí estão dando vexame, hem? A dos EUA instalou o Arbusto na Casa Branca, a do Brasil está num chove-não-molha vergonhoso sobre o feto anencéfalo, e agora vem essa diretamente da Colômbia.
¡Casbófia das Protubálias!
11 dezembro 2004
O bloguipélago
Nosso empenhado Dr Plausível às vezes não tem absolutamente nada pra fazer. Tadinho. Fica ali na bergère no canto da sala relendo Darwin em voz alta, com seu sorriso Walter Brennan.
Mas outras vezes ele quer mais q sorrir, ele quer só rir (ugh!). Aí ele entra na internêta e surfa por blogues e blogues e mais blogues, rindo, gargalhando, casquinando e... e... ¿já notaram a humilhante escassez de verbos de rir no português?
Bem, voltando ao pô. Uma coisa q faz o Dr Plausível casquinar à tripa forra é ver como cada grupelho q junta mais de dez blogueiros se acha o mais iluminado, o mais influente, o mais genial e o mais central de todo o reino. ¡¡HAHAHAHAHA!! Ninguém nesses grupelhos percebe q está numa ilha q está num arquipélago: o bloguipélago. Há centenas de ilhas, e os habitantes de cada uma delas se acham os mais iluminados, influentes, geniais escritores e os mais promissores de toda a safra da inteligência brasileira: cada bloguilhota tem essa impressão de q "aqui, onde eu estou, é o lugar mais esclarecido da internêta." pffff
Os melhores blogues, de longe, são aqueles dos q têm um barquinho q nunca se atraca em nenhuma ilha: botes e jangadas q se cruzam no oceano, trocam algumas palavras, descem a âncora ao largo das praias, passeiam aqui e ali, e depois saem livres, se divertindo. Têm suas preferências, sim. Mas não se sentem agrupados. Já os bloguilhotas em suas ilhas são seres acossados e inseguros q se reconfortam mutuamente. Pois, pensem bem, meninos: só quem tem pavor de se afogar é q se fixa em ilhas, né?
Contra a hipoplausibilose não há vacina: só há tratamento. E demorado.
Mas outras vezes ele quer mais q sorrir, ele quer só rir (ugh!). Aí ele entra na internêta e surfa por blogues e blogues e mais blogues, rindo, gargalhando, casquinando e... e... ¿já notaram a humilhante escassez de verbos de rir no português?
Bem, voltando ao pô. Uma coisa q faz o Dr Plausível casquinar à tripa forra é ver como cada grupelho q junta mais de dez blogueiros se acha o mais iluminado, o mais influente, o mais genial e o mais central de todo o reino. ¡¡HAHAHAHAHA!! Ninguém nesses grupelhos percebe q está numa ilha q está num arquipélago: o bloguipélago. Há centenas de ilhas, e os habitantes de cada uma delas se acham os mais iluminados, influentes, geniais escritores e os mais promissores de toda a safra da inteligência brasileira: cada bloguilhota tem essa impressão de q "aqui, onde eu estou, é o lugar mais esclarecido da internêta." pffff
Os melhores blogues, de longe, são aqueles dos q têm um barquinho q nunca se atraca em nenhuma ilha: botes e jangadas q se cruzam no oceano, trocam algumas palavras, descem a âncora ao largo das praias, passeiam aqui e ali, e depois saem livres, se divertindo. Têm suas preferências, sim. Mas não se sentem agrupados. Já os bloguilhotas em suas ilhas são seres acossados e inseguros q se reconfortam mutuamente. Pois, pensem bem, meninos: só quem tem pavor de se afogar é q se fixa em ilhas, né?
Contra a hipoplausibilose não há vacina: só há tratamento. E demorado.
05 dezembro 2004
Uísque
Êi, ¿alguém aí era uma das outras 10 pessoas no cinema qdo nosso exigente Dr Plausível viu Whisky? ¡Como tem gente nesta cidade, hein! O doutor ficou impressionadíssimo q tanta gente tenha ido ver um filme totalmente plausível, cuidadoso e genial. O níver tá meiorando; a cada década q passa, mais e mais pessoas percebem a importância do detalhe. Já tem umas 20.
Não sei a opinião daquelas outras 10 pessoas, mas nosso envergadoiro entusiasta concedeu a Whisky o Selo de Garantia Dr Plausível, e com louvor.
Mas não é q o filme seja assim TOtalmente plausível. Aquela do cara triplicar a aposta na roleta dum cassino semi-vazio numa cidade uruguaya de veraneio durante o inverno foi abusar um pouco do... ãã... da sorte. Tinha lá uma boa razão de ser no enredo, mas mesmo assim... E nenhum dos atores nem passaria no vestibular prà Escola Superior de Dramaturgia Dr Plausível. Mas nesse filme em particular, isso é o de menos, já q a trama gira em torno da estolidez e do tédio. (Hmm... ¿Será por isso q só havia 10 gatos-pingados no cinema?)
Mas tem gente dizendo q esse é forte candidato ao Oscar de filme estrangeiro. É de matar, hem? ¡¡HAHAHAHAHA!! ¿Sabe quando ele vai ganhar um Oscar? Nunca! O pessoal da Academia vai achar chatérrimo. E ainda tem gente dizendo q ele é candidato porque é uma história sobre judeus. ¡¡HAHAHAHAHA!! Ao ver o Jacobo tendo sorte no cassino, vão querer é censurar o filme.
Tem gente q nem fazendo curso, né?
Não sei a opinião daquelas outras 10 pessoas, mas nosso envergadoiro entusiasta concedeu a Whisky o Selo de Garantia Dr Plausível, e com louvor.
Mas não é q o filme seja assim TOtalmente plausível. Aquela do cara triplicar a aposta na roleta dum cassino semi-vazio numa cidade uruguaya de veraneio durante o inverno foi abusar um pouco do... ãã... da sorte. Tinha lá uma boa razão de ser no enredo, mas mesmo assim... E nenhum dos atores nem passaria no vestibular prà Escola Superior de Dramaturgia Dr Plausível. Mas nesse filme em particular, isso é o de menos, já q a trama gira em torno da estolidez e do tédio. (Hmm... ¿Será por isso q só havia 10 gatos-pingados no cinema?)
Mas tem gente dizendo q esse é forte candidato ao Oscar de filme estrangeiro. É de matar, hem? ¡¡HAHAHAHAHA!! ¿Sabe quando ele vai ganhar um Oscar? Nunca! O pessoal da Academia vai achar chatérrimo. E ainda tem gente dizendo q ele é candidato porque é uma história sobre judeus. ¡¡HAHAHAHAHA!! Ao ver o Jacobo tendo sorte no cassino, vão querer é censurar o filme.
Tem gente q nem fazendo curso, né?
28 novembro 2004
Amanteigados, não!
Nosso estruturado Dr Plausível é realmente um cara pra lá de prafrentex. Ele não só é feminista (apesar de não-contumaz) mas também apóia todo e qqer capricho, desejo, mania ou legítimo anseio, contanto q protegido e vacinado contra o vírus da hipoplausibilose. Se vc quiser se sentar num formigueiro durante 3 horas sussurrando Manuel Bandeira e logo em seguida amputar vossa perna esquerda, fazer churrasco dela e oferecer o petisco à passarinho pros pobres, o doutor diz "Vá em frente. Só não venha me promover isso como cura prà sinusite." E olha q, dizendo assim, parece estapafúrdio, mas com certeza tem alguém no mundo q poderia ser convencido de q essa é realmente a cura prà sinusite. ¡¡HAHAHAHAHAHA!!
Agora vem a gueizada querer casamento gay. ¡¡HAQUAQUAQUAQUA!! A reação dos reacionários só podia ser a q foi e q é. E isso tudo é porque querem chamar alho de bugalho. É como (e já se disse isso várias vezes aqui) vc chamar margarina de manteiga só pra dizer q usa manteiga. Pois vejam só:
¿A união legalizada e regulamentada entre duas pessoas do mesmo sexo é um um conceito novo? É. ¿Está devidamente vacinado e protegido contra a hipoplausibilose? Está. Então pra que cacete (ops) ficar rechafurdando na mesma lama dum conceito antigo, estabelecido e até, digamos, rançoso? ¡Chama de outro nome!
E é pra q o pobrema seja resolvido o qto antes e todos os gays e lésbicas possam ser felizes pra sempre numa união legalizada, regulamentada e plausível q nosso eloqüente doutor oferece a todos, gratuitamente!, o belo, expressivo e plausível termo "parelhamento" pra substituir esse horrendo, inútil, polêmico e desgastado termo "casamento gay". É só chamar dum termo novo, é só aumentar o vocabulário do povaréu, q as coisas vão se ajeitando.
Assim, nos formulários do porvir, no ítem "estado civil", haverá mais duas opções: solteiro, estável, casado, parelhado, divorciado, desparelhado, viúvo.
Vejam q frases lindas de morrer:
-¿Vc quer se parelhar comigo?
-O q Deus parelhou, q ninguém desparelhe.
-Cara, esse é o teu terceiro parelhamento. ¿Qdo é q vai sossegar?
-¡Q parelha linda vcs fazem! ¡Feitos um pre outre!
-¡Mas essa biba não tem jeito mesmo, hem! ¡Só pensa em parelhamento!
-Nosso parelhamento já perdeu aquele encanto de antes.
-¡Não me parelho com essa fanchona mas nem morta!
E esse foi mais um serviço de vosso dedicado Dr Plausível.
Agora vem a gueizada querer casamento gay. ¡¡HAQUAQUAQUAQUA!! A reação dos reacionários só podia ser a q foi e q é. E isso tudo é porque querem chamar alho de bugalho. É como (e já se disse isso várias vezes aqui) vc chamar margarina de manteiga só pra dizer q usa manteiga. Pois vejam só:
¿A união legalizada e regulamentada entre duas pessoas do mesmo sexo é um um conceito novo? É. ¿Está devidamente vacinado e protegido contra a hipoplausibilose? Está. Então pra que cacete (ops) ficar rechafurdando na mesma lama dum conceito antigo, estabelecido e até, digamos, rançoso? ¡Chama de outro nome!
E é pra q o pobrema seja resolvido o qto antes e todos os gays e lésbicas possam ser felizes pra sempre numa união legalizada, regulamentada e plausível q nosso eloqüente doutor oferece a todos, gratuitamente!, o belo, expressivo e plausível termo "parelhamento" pra substituir esse horrendo, inútil, polêmico e desgastado termo "casamento gay". É só chamar dum termo novo, é só aumentar o vocabulário do povaréu, q as coisas vão se ajeitando.
Assim, nos formulários do porvir, no ítem "estado civil", haverá mais duas opções: solteiro, estável, casado, parelhado, divorciado, desparelhado, viúvo.
Vejam q frases lindas de morrer:
-¿Vc quer se parelhar comigo?
-O q Deus parelhou, q ninguém desparelhe.
-Cara, esse é o teu terceiro parelhamento. ¿Qdo é q vai sossegar?
-¡Q parelha linda vcs fazem! ¡Feitos um pre outre!
-¡Mas essa biba não tem jeito mesmo, hem! ¡Só pensa em parelhamento!
-Nosso parelhamento já perdeu aquele encanto de antes.
-¡Não me parelho com essa fanchona mas nem morta!
E esse foi mais um serviço de vosso dedicado Dr Plausível.
26 novembro 2004
Nomencracia
Êi, ¿viram o barraco q está a Ucrânia? Vergonha, hem? O Dr Plausível já tinha avisado, "¡Vai dar urucubaca esse negócio!" Eu perguntei, "Mas ¿qual é o problema?" E a clarividência da resposta só poderia ter brotado do gigante cérebro desse visionário: "¿Como é q não vai dar xabu qdo os dois candidatos se chamam Viktor?"
Dá o q pensar, ¿não dá? ¡Imaginem a guerra civil em q teria mergulhado o Brasil se o Serra se chamasse Polvo!
Dá o q pensar, ¿não dá? ¡Imaginem a guerra civil em q teria mergulhado o Brasil se o Serra se chamasse Polvo!
24 novembro 2004
Frique chou
Aqui no Brasil, poucas pessoas sabem o q é o festival de música do canal Eurovision. Pouquíssimas sabem do EuroJunior, o festival pra crianças de entre 8 e 15 anos. E pouquizíssimas já sabem qual vai ser a nova frente de vendas da indústria de cosméticos. Nosso embasado Dr Plausível sabe as três coisas. Vodzêprucê, ¡ô cara informado!
Este ano ganhou o EuroJunior uma espanhola de 9 aninhos chamada María Isabel: uma artista nata, realmente impressionante, uma fúria no palco, uma voz de flamenco já pronta, um arraso total. A engraçadíssima letra da música vencedora - Antes muerta que sencilla (Antes morta q sem-graça) - foi allegedly escrita pela própria María Isabel. Segundo a ãã autora, a música fala dela mesma, de como é vaidosa, não sai na rua sem maquiagem e não liga pra o q dizem dela. Veja o vídeo e a letra. (Aviso: aos olhos brasileiros, vai parecer um freak show.)
Mas cá entre nós. À parte o seriíssimo e visível talento da moleca, o Dr Plausível só dá risada. Ano q vem, todas as cosmetarias vão lançar produtos pra pré-púberes. Afinal, as meninas também têm todo o direito de se sentir bem consigo mesmas e com seus corpinhos, não? ¡¡RARARARARA!! E o preconceito contra a feiúra das menininhas é muitíssimo mais sério q o contra a das adultas, não é? A crueldade infantil é notória, não é? E se as menininhas de 8 anos podem aumentar seu poder de sedução, melhorar sua auto-estima e potencializar seu diferencial de conquista, ¿por que não? Aprender desde cedo a cuidar de si seria bastante educacional, não? ¡¡pfffrrrRUÁRUÁRUÁRUÁffmmm!!
É pra facilitar a vida dessas crianças q a Lancôme vai lançar um creme hidratante infantil com o revolucionário mXL-09, q não agride a pele pré-púbere, justamente na época da vida em q ela precisa se preparar pràs grandes mudanças q virão... Já a BodyShop vai lançar o desfibrilador facial com glucomostóide de amendoim, o componente ativo nas pinturas faciais das crianças da tribo Finhoquós do Camboja.... E a Clinique vai apostar numa linha completa de cosméticos infantis de última geração q promete amenizar as marcas da idade, preservar a infantilidade da pele e permitir q as meninas brinquem, dancem, chorem e se lambuzem de chocolate sem perder o charme...
Haja saco.
¡E isso q nem falei dos cosméticos masculininhos!
Este ano ganhou o EuroJunior uma espanhola de 9 aninhos chamada María Isabel: uma artista nata, realmente impressionante, uma fúria no palco, uma voz de flamenco já pronta, um arraso total. A engraçadíssima letra da música vencedora - Antes muerta que sencilla (Antes morta q sem-graça) - foi allegedly escrita pela própria María Isabel. Segundo a ãã autora, a música fala dela mesma, de como é vaidosa, não sai na rua sem maquiagem e não liga pra o q dizem dela. Veja o vídeo e a letra. (Aviso: aos olhos brasileiros, vai parecer um freak show.)
Mas cá entre nós. À parte o seriíssimo e visível talento da moleca, o Dr Plausível só dá risada. Ano q vem, todas as cosmetarias vão lançar produtos pra pré-púberes. Afinal, as meninas também têm todo o direito de se sentir bem consigo mesmas e com seus corpinhos, não? ¡¡RARARARARA!! E o preconceito contra a feiúra das menininhas é muitíssimo mais sério q o contra a das adultas, não é? A crueldade infantil é notória, não é? E se as menininhas de 8 anos podem aumentar seu poder de sedução, melhorar sua auto-estima e potencializar seu diferencial de conquista, ¿por que não? Aprender desde cedo a cuidar de si seria bastante educacional, não? ¡¡pfffrrrRUÁRUÁRUÁRUÁffmmm!!
É pra facilitar a vida dessas crianças q a Lancôme vai lançar um creme hidratante infantil com o revolucionário mXL-09, q não agride a pele pré-púbere, justamente na época da vida em q ela precisa se preparar pràs grandes mudanças q virão... Já a BodyShop vai lançar o desfibrilador facial com glucomostóide de amendoim, o componente ativo nas pinturas faciais das crianças da tribo Finhoquós do Camboja.... E a Clinique vai apostar numa linha completa de cosméticos infantis de última geração q promete amenizar as marcas da idade, preservar a infantilidade da pele e permitir q as meninas brinquem, dancem, chorem e se lambuzem de chocolate sem perder o charme...
Haja saco.
¡E isso q nem falei dos cosméticos masculininhos!
21 novembro 2004
As meia muié
Ei, ¿já viram essas muié emancipada, liberal, intelectualizada, &c q ficam tirando sarro, escrachando e arranhando as feministas? ¡¡HAHAHAHAHA!! ¡Coisa mais implausível, sô!
Nosso embevecente Dr Plausível não é um feminista contumaz. Mas nem é preciso ter faro pro vírus da hipoplausibilose pra sacar q absolutamente toda mulher ocidental de hoje tem muito q agradecer às feministas de ontem. A mulher ocidental de hoje pode votar, pode ter qqer emprego, pode ter propriedades, pode herdar e deixar herdeiros, pode fazer faculdade, &c &c, coisas q 150, 100 ou até 50 anos atrás eram reservadas às pessoas com duas bolas entre as pernas; e isso tudo só foi conseguido porque muita feminista teve q lamber sabão. Ajudou q houve progresso tecnológico, é verdade, mas se aquelas feministas não tivessem fincado o pé, hoje haveria carros, computadores, foguetes, micro-ondas e o escambau, mas as mulheres ainda não poderiam votar, ter empregos e propriedades, não poderiam herdar ou deixar herdeiros, nem fazer faculdade, &c &c. Ou ¿vcs acham q os homens iam dar tudo assim de mão beijada? Quem acha q sim está precisando se consultar com o Dr Plausível. ¡¡HAHAHAHA!!
Mas então ¿por que é q essas meia muié escracham as feminista? ¡Gente mais mal-agradecida! É exatamente como se os negros de repente dessem de xingar os abolicionistas. E as muié pensam q o trabalho das feministas já acabou, q já deu, q já tá bom. Como se, pros negros, já tivesse acabado o racismo. Êita. E aí ficam fazendo pouco, esculachando, chamando as feministas de mal-amadas, dando uma de q sabem mais. Êê, acorda!! Muita mulher q hoje escreve contra as feministas só sabe soletrar porque houve feministas q insistiram pra q ela aprendesse. Se depender dessas emancipetes, a mulher de amanhã não vai ter muito q agradecer às feministas de hoje. Porque ¡vai atrapalhar assim lá na casa do caralho! (Ops!)
Nosso embevecente Dr Plausível não é um feminista contumaz. Mas nem é preciso ter faro pro vírus da hipoplausibilose pra sacar q absolutamente toda mulher ocidental de hoje tem muito q agradecer às feministas de ontem. A mulher ocidental de hoje pode votar, pode ter qqer emprego, pode ter propriedades, pode herdar e deixar herdeiros, pode fazer faculdade, &c &c, coisas q 150, 100 ou até 50 anos atrás eram reservadas às pessoas com duas bolas entre as pernas; e isso tudo só foi conseguido porque muita feminista teve q lamber sabão. Ajudou q houve progresso tecnológico, é verdade, mas se aquelas feministas não tivessem fincado o pé, hoje haveria carros, computadores, foguetes, micro-ondas e o escambau, mas as mulheres ainda não poderiam votar, ter empregos e propriedades, não poderiam herdar ou deixar herdeiros, nem fazer faculdade, &c &c. Ou ¿vcs acham q os homens iam dar tudo assim de mão beijada? Quem acha q sim está precisando se consultar com o Dr Plausível. ¡¡HAHAHAHA!!
Mas então ¿por que é q essas meia muié escracham as feminista? ¡Gente mais mal-agradecida! É exatamente como se os negros de repente dessem de xingar os abolicionistas. E as muié pensam q o trabalho das feministas já acabou, q já deu, q já tá bom. Como se, pros negros, já tivesse acabado o racismo. Êita. E aí ficam fazendo pouco, esculachando, chamando as feministas de mal-amadas, dando uma de q sabem mais. Êê, acorda!! Muita mulher q hoje escreve contra as feministas só sabe soletrar porque houve feministas q insistiram pra q ela aprendesse. Se depender dessas emancipetes, a mulher de amanhã não vai ter muito q agradecer às feministas de hoje. Porque ¡vai atrapalhar assim lá na casa do caralho! (Ops!)
18 novembro 2004
As câmera nas câmara
Restabelecendo-se após seu prolongado coma, nosso elástico Dr Plausível não pode ter emoções fortes e deu de ficar zanzando pela casa procurando fios pra forrar, ceroulas pra cerzir e louça pra lavar. Às vezes, qdo precisa descansar dessas fatigantes tarefas, vê-se obrigado a assistir a algum programa sub-sináptico na tv; e é por isso q vez ou outra estaciona nos canais políticos.
Dia desses, lá estava nosso elegante pensador vendo uma sessão da câmara federal, qdo retumbou pela rua uma gargalhada como há muito não se ouvia no mundo. PLAAAH-QUA-QUA-QUA-QUA!! HAHAHAHA!! BLAS-BLA-BLA-BLA-BLA!!!
Não era pra menos. O doutor ficou intrigado por que a câmera teimava em focalizar uma pequena cena de cada vez e nunca abria um plano geral. Pouco a pouco, observando o q rolava à volta de quem tinha a palavra, o motivo disso foi ficando evidente. ¿Alguém aí já assistiu a esses canais por mais de 10 minutos? ¡Não admira q este país não vá prà frente! Aquilo é uma baderna permanentemente à beira do caos total. Há alguns microfones espalhados pelo plenário, e qdo um deputado tem a palavra pra (por ironia) levantar uma "questão de ordem", à volta dele ficam uns gatos-pingados de pé olhando pro nada, conversando, rindo. O deputado dirige a palavra ao presidente da câmara, (por ironia) Inocêncio de Oliveira, q fica sentado ali controlando os microfones, ladeado por dois ou três deputados de aparência totalmente enfastiada. Atrás do presidente, duas, três, às vezes quatro assessores de pé ficam ali desviando a atenção dele, enfiando papéis pra ele assinar, cochichando em seu ouvido, &c. Às vezes passa alguém por trás falando num celular. A câmera só focaliza ceninhas pequenas porque se mostrar o plano geral, deve ser deprimente: um monte de gente distribuída ao acaso num salão enorme, cada um cuidando de sua vida. HAHAHAHAHA!!
A maior gargalhada de nosso excelente doutor aconteceu qdo um deputado mineiro falava no púlpito sobre o perigo de dirigir na estrada de BH até sua cidade natal, e lá no finalzinho mandou ver uma pérola deste quilate: "E sendo hoje 16 de novembro, quero parabenizar minha Luciana belezinha q tanta alegria me dá. ¡Um beijo!" Abriu um sorriso de orelha a orelha e saiu de cena. ¡¡QUA-QUA-QUA-QUA-QUA!! ¡Impressionante, não? Dá até pra ver o nobre deputado negociando sua subida ao púlpito naquele dia,
"Pô, dá uma brechinha aí, ô Inocêncio, é o niversário da minha filhinha."
"Mas ¿vc vai falar do quê?"
"Ah, tem uma estrada lá q o pessoal tá me enchendo o saco pra falar..."
"Tão tá. Sobe lá depois do Fulano, q vai dar uma indireta prà sogra."
O mais engraçado mesmo é q vira e mexe tem alguém chamando aquela paçoca de "parlamento". ¡Ê, peraí, parlamento é coisa organizada! Isso é como chamar margarina de manteiga só pra dizer q vc come manteiga. Aquilo q o doutor viu na tv está mais prum parlapatório.
Mas não é curpa dos deputado. Eles são só as vítima de algum ataque de hipoplausibilose idealista q assolou os constituinte. Só pode ter sido isso. Pois ¿quem, em sã consciência, acharia plausível q uma câmara assim montada seria eficiente?
Dia desses, lá estava nosso elegante pensador vendo uma sessão da câmara federal, qdo retumbou pela rua uma gargalhada como há muito não se ouvia no mundo. PLAAAH-QUA-QUA-QUA-QUA!! HAHAHAHA!! BLAS-BLA-BLA-BLA-BLA!!!
Não era pra menos. O doutor ficou intrigado por que a câmera teimava em focalizar uma pequena cena de cada vez e nunca abria um plano geral. Pouco a pouco, observando o q rolava à volta de quem tinha a palavra, o motivo disso foi ficando evidente. ¿Alguém aí já assistiu a esses canais por mais de 10 minutos? ¡Não admira q este país não vá prà frente! Aquilo é uma baderna permanentemente à beira do caos total. Há alguns microfones espalhados pelo plenário, e qdo um deputado tem a palavra pra (por ironia) levantar uma "questão de ordem", à volta dele ficam uns gatos-pingados de pé olhando pro nada, conversando, rindo. O deputado dirige a palavra ao presidente da câmara, (por ironia) Inocêncio de Oliveira, q fica sentado ali controlando os microfones, ladeado por dois ou três deputados de aparência totalmente enfastiada. Atrás do presidente, duas, três, às vezes quatro assessores de pé ficam ali desviando a atenção dele, enfiando papéis pra ele assinar, cochichando em seu ouvido, &c. Às vezes passa alguém por trás falando num celular. A câmera só focaliza ceninhas pequenas porque se mostrar o plano geral, deve ser deprimente: um monte de gente distribuída ao acaso num salão enorme, cada um cuidando de sua vida. HAHAHAHAHA!!
A maior gargalhada de nosso excelente doutor aconteceu qdo um deputado mineiro falava no púlpito sobre o perigo de dirigir na estrada de BH até sua cidade natal, e lá no finalzinho mandou ver uma pérola deste quilate: "E sendo hoje 16 de novembro, quero parabenizar minha Luciana belezinha q tanta alegria me dá. ¡Um beijo!" Abriu um sorriso de orelha a orelha e saiu de cena. ¡¡QUA-QUA-QUA-QUA-QUA!! ¡Impressionante, não? Dá até pra ver o nobre deputado negociando sua subida ao púlpito naquele dia,
"Pô, dá uma brechinha aí, ô Inocêncio, é o niversário da minha filhinha."
"Mas ¿vc vai falar do quê?"
"Ah, tem uma estrada lá q o pessoal tá me enchendo o saco pra falar..."
"Tão tá. Sobe lá depois do Fulano, q vai dar uma indireta prà sogra."
O mais engraçado mesmo é q vira e mexe tem alguém chamando aquela paçoca de "parlamento". ¡Ê, peraí, parlamento é coisa organizada! Isso é como chamar margarina de manteiga só pra dizer q vc come manteiga. Aquilo q o doutor viu na tv está mais prum parlapatório.
Mas não é curpa dos deputado. Eles são só as vítima de algum ataque de hipoplausibilose idealista q assolou os constituinte. Só pode ter sido isso. Pois ¿quem, em sã consciência, acharia plausível q uma câmara assim montada seria eficiente?
11 novembro 2004
É pó, é powder, é o Vim no ralinho
Ei, ¿já notou q muitas canções não são mais q listas?
Alguns anos atrás um jornal paulistano com falta de assunto fez uma enquete com várias personalidades da música e outras artes, q responderam à pergunta "¿Qual a melhor canção brasileira?" ou algo assim. Qual não foi a surpresa do Dr Plausível qdo ganhou de lavada aquele monótono paradigma das letras-lista, "Águas de Março" (Tom Jobim) -setenta e oito ítens, um atrás do outro. O doutor achou engraçadíssimo q uma letra q não diz nada, num ritmo semi-hipnótico, sobreposto a uma harmonia q fica girando em círculos, tenha sido a mais citada entre os enquetados. Cada coisa, não? Como música, "Águas de março" é boa, mas pra ser a melhor canção brasileira teria q empilhar muita pedra.
Uma lista de ítens só é plausível se há algum propósito conteudista. Veja "Every breath you take" (Sting): é uma lista plausível exatamente por falar duma obsessão. É só usar o cucuruto –coisa q antigamente se fazia mais amiúde na mpb. Em "Conversa de botequim", por exemplo, Noel Rosa pedia ao garçom pra:
1 trazer
1a uma boa média
1b um pão com manteiga
1c um gardanapo
1d um copo d'água
2 fechar a porta
3 perguntar o resultado do futebol
4 parar de ficar limpando a mesa
5 pedir ao patrão
5a uma caneta
5b um tinteiro
5c um envelope
5d um cartão
6 trazer
6a um palito
6b um cigarro
7 pedir ao charuteiro
7a uma revista
7b um cinzeiro
7c um isqueiro
8 telefonar pra 344 333
8a pedir um guarda chuva
9 emprestar algum dinheiro
10 pendurar a despesa
O Rosa teve o bom senso de usar um contexto humourístikü: o fato de a letra ser na verdade uma lista de pedidos é exatamente pra mostrar q o freguês é um abusado. ¿Ou tou errado? Hoje parece q pra produzir um grande sucesso é só começar cada verso com a mesma palavra e terminar com alguma rima. HAHAHAHAHA ¡Bico! O único trabalho necessário é pesquisar num dicionário de rimas. ¡Ê preguiça mental, hem! Olha só "Águas de março":
é pau / é pedra / é o fim do caminho / é um resto de toco / é um pouco sozinho
e assim por diante
[total: 78 ítens]
q tem o mesmíssimo enredo q se fosse:
é um / é dois / é trezentos e nove / é duzentos e quatro / quatrocentos e seis
Isso é uma lista porque a ordem dos fatores não obedece a nenhum propósito semântico ou tramático: misture a ordem dos versos e o conteúdo continuará o mesmo. A ordem dos versos é imposta pelas rimas. ¡Q coisa mais sem nada, sô! Olha outra:
COMEÇAR DE NOVO (Ivan Lins, Vitor Martins)
começar de novo e contar comigo
vai valer a pena ter amanhecido
sem o ítem u-um
sem o ítem do-ois
sem o ítem trê-ês
sem o ítem quatroooo
sem o ítem cinco
sem o ítem se-eis
sem o ítem sete
sem o ítem oitoooo
Olha esta de nosso ministro da curtura:
SE EU QUISER FALAR COM DEUS (Gilberto Gil)
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que fazer assim
Tenho que fazer assado
Tenho que fazer aquilo
e assim por diante
[total: 25 ítens]
Essas duas ainda tinham um certo tino legal, tal como a sacadinha metafísica do Gil terminar dizendo "tenho q caminhar decidido pela estrada que ao findar vai dar em nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada do que eu pensava encontrar". Mas as letras mais recentes q são chamadinhas de geniais, ¡vou te contar! Que vergonha. Veja só:
À PRIMEIRA VISTA (Chico César)
quando o ítem um, blablabla
quando o ítem dois, blablabla
quando o ítem três, blablabla
quando o ítem quatro, blablaaaaaa
e assim por diante
[total: 12 ítens]
Amara, dzaiá, soi, ei, dzaiá, zaia, aiii ingado, rã ã
Oh! Amara, dzaiá, soi, ei, dzaiá, zaia, aiii ingado, rã ã
E esta outra, uma seqüência incoesa de imperativos agrupados pelas rimas:
DO IT (Lenine)
aconteceu o ítem um? faça isto
aconteceu o ítem dois? faça aquilo
aconteceu o ítem três? faça tal coisa
aconteceu o ítem quatro? faça tal outra coisa
e assim por diante
[total: 40 ítens]
¿Quié quié isso, minha gente? fábrica de salsicha? ¡¡HAHAHAHAHA!!
Mas não se engane o leitor: nosso esfíngico doutor tem um respeito quase serviçal por esses compositores. Só q eles fazem composições e composições; e o q o intriga é o gosto por esse tipo de maçaroca em série, essa repetitividade sintática, uma frase após a outra dizendo praticamente a mesma coisa. ¿Será dificuldade de concentração? ¿Déficit de atenção? ¿Será... alguma coisa na língua portuguesa?
Acho q é conseqüência do sucesso fácil. Outros compositores não se rendem assim tão fácil ao público. O Chico Buarque, por exemplo, tbm é um grande listador. Só q ele tem suficiente bom senso pra estruturar muitas de suas listas num todo entrelaçado q parece uma coisa só e muitas vezes não poderia aparecer em outra ordem. Quisera seguissem seu exemplo.
Mas, ¡ó prosaico paralelismo! ¡ó anáforas anencéfalas! ¿Q esperança?
Alguns anos atrás um jornal paulistano com falta de assunto fez uma enquete com várias personalidades da música e outras artes, q responderam à pergunta "¿Qual a melhor canção brasileira?" ou algo assim. Qual não foi a surpresa do Dr Plausível qdo ganhou de lavada aquele monótono paradigma das letras-lista, "Águas de Março" (Tom Jobim) -setenta e oito ítens, um atrás do outro. O doutor achou engraçadíssimo q uma letra q não diz nada, num ritmo semi-hipnótico, sobreposto a uma harmonia q fica girando em círculos, tenha sido a mais citada entre os enquetados. Cada coisa, não? Como música, "Águas de março" é boa, mas pra ser a melhor canção brasileira teria q empilhar muita pedra.
Uma lista de ítens só é plausível se há algum propósito conteudista. Veja "Every breath you take" (Sting): é uma lista plausível exatamente por falar duma obsessão. É só usar o cucuruto –coisa q antigamente se fazia mais amiúde na mpb. Em "Conversa de botequim", por exemplo, Noel Rosa pedia ao garçom pra:
1 trazer
1a uma boa média
1b um pão com manteiga
1c um gardanapo
1d um copo d'água
2 fechar a porta
3 perguntar o resultado do futebol
4 parar de ficar limpando a mesa
5 pedir ao patrão
5a uma caneta
5b um tinteiro
5c um envelope
5d um cartão
6 trazer
6a um palito
6b um cigarro
7 pedir ao charuteiro
7a uma revista
7b um cinzeiro
7c um isqueiro
8 telefonar pra 344 333
8a pedir um guarda chuva
9 emprestar algum dinheiro
10 pendurar a despesa
O Rosa teve o bom senso de usar um contexto humourístikü: o fato de a letra ser na verdade uma lista de pedidos é exatamente pra mostrar q o freguês é um abusado. ¿Ou tou errado? Hoje parece q pra produzir um grande sucesso é só começar cada verso com a mesma palavra e terminar com alguma rima. HAHAHAHAHA ¡Bico! O único trabalho necessário é pesquisar num dicionário de rimas. ¡Ê preguiça mental, hem! Olha só "Águas de março":
é pau / é pedra / é o fim do caminho / é um resto de toco / é um pouco sozinho
e assim por diante
[total: 78 ítens]
q tem o mesmíssimo enredo q se fosse:
é um / é dois / é trezentos e nove / é duzentos e quatro / quatrocentos e seis
Isso é uma lista porque a ordem dos fatores não obedece a nenhum propósito semântico ou tramático: misture a ordem dos versos e o conteúdo continuará o mesmo. A ordem dos versos é imposta pelas rimas. ¡Q coisa mais sem nada, sô! Olha outra:
COMEÇAR DE NOVO (Ivan Lins, Vitor Martins)
começar de novo e contar comigo
vai valer a pena ter amanhecido
sem o ítem u-um
sem o ítem do-ois
sem o ítem trê-ês
sem o ítem quatroooo
sem o ítem cinco
sem o ítem se-eis
sem o ítem sete
sem o ítem oitoooo
Olha esta de nosso ministro da curtura:
SE EU QUISER FALAR COM DEUS (Gilberto Gil)
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que fazer assim
Tenho que fazer assado
Tenho que fazer aquilo
e assim por diante
[total: 25 ítens]
Essas duas ainda tinham um certo tino legal, tal como a sacadinha metafísica do Gil terminar dizendo "tenho q caminhar decidido pela estrada que ao findar vai dar em nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada nada do que eu pensava encontrar". Mas as letras mais recentes q são chamadinhas de geniais, ¡vou te contar! Que vergonha. Veja só:
À PRIMEIRA VISTA (Chico César)
quando o ítem um, blablabla
quando o ítem dois, blablabla
quando o ítem três, blablabla
quando o ítem quatro, blablaaaaaa
e assim por diante
[total: 12 ítens]
Amara, dzaiá, soi, ei, dzaiá, zaia, aiii ingado, rã ã
Oh! Amara, dzaiá, soi, ei, dzaiá, zaia, aiii ingado, rã ã
E esta outra, uma seqüência incoesa de imperativos agrupados pelas rimas:
DO IT (Lenine)
aconteceu o ítem um? faça isto
aconteceu o ítem dois? faça aquilo
aconteceu o ítem três? faça tal coisa
aconteceu o ítem quatro? faça tal outra coisa
e assim por diante
[total: 40 ítens]
¿Quié quié isso, minha gente? fábrica de salsicha? ¡¡HAHAHAHAHA!!
Mas não se engane o leitor: nosso esfíngico doutor tem um respeito quase serviçal por esses compositores. Só q eles fazem composições e composições; e o q o intriga é o gosto por esse tipo de maçaroca em série, essa repetitividade sintática, uma frase após a outra dizendo praticamente a mesma coisa. ¿Será dificuldade de concentração? ¿Déficit de atenção? ¿Será... alguma coisa na língua portuguesa?
Acho q é conseqüência do sucesso fácil. Outros compositores não se rendem assim tão fácil ao público. O Chico Buarque, por exemplo, tbm é um grande listador. Só q ele tem suficiente bom senso pra estruturar muitas de suas listas num todo entrelaçado q parece uma coisa só e muitas vezes não poderia aparecer em outra ordem. Quisera seguissem seu exemplo.
Mas, ¡ó prosaico paralelismo! ¡ó anáforas anencéfalas! ¿Q esperança?
10 novembro 2004
O doutor tira o enfezado da reta
Pra evitar q nosso eclético doutor seja injustamente acusado de ter comparado islâmicos a baratas, é preciso esclarecer umas coisas. O Dr Plausível só disse q o fundamentalismo islâmico é a barata das religiões apenas no aspecto q tanto o islamismo qto as baratas compartilham: a extraordinária capacidade de sobreviver em condições inóspitas. E se o leitor acha q expressar essa opinião é ofensivo, é porque ainda não ouviu a opinião de nosso empático terapeuta sobre as outras religiões originadas naquela terra infértil.
Só pra manter a discussão num apropriado nível entomológico, considere isto:
O cristianismo é o gafanhoto das religiões: de tempos em tempos, sem motivo aparente, o gafanhoto cristão vira uma praga q invade aos milhões uma região qqer do planeta, dizima sua cultura, devora suas riquezas e ainda fica fazendo aquele barulhinho irritante. Daqui a um século, os iraquianos poderão fazer coro com os africanos: "Antes tínhamos a terra e os cristãos tinham as bíblias. Agora temos as bíblias e eles têm a terra."
O judaísmo é a aranha das religiões: estende uma rede invisível em lugares estratégicos, e qqer inseto q entre em seu território tá ferrado. E ai de quem pisar num de seus oito calos.
Mais do q esclarecer esses pontos, é preciso deixar claro algo fundamental: o Dr Plausível, em seu entusiasmado ecumenismo, nunca poderá ser acusado de preconceito, uma vez q sempre insistiu q qqer vítima, absolutamente qqer vítima, da hipoplausibilose merece todo respeito, consideração e tratamento. Como sempre diz, "o bom de ser agnóstico são as gargalhadas". Mas essas gargalhadas são dirigidas ao vasto edifício erigido pela imbecilidade humana pra justificar algumas metáforas sobre o mundo natural, e não às humildes e ignorantes vítimas dessas religiões, q são convencidas a crer, matar e morrer em prol de tantas idéias implausíveis. A essas vítimas, o Dr Plausível só dirige seu mais compassivo sorriso Walter Brennan.
Só pra manter a discussão num apropriado nível entomológico, considere isto:
O cristianismo é o gafanhoto das religiões: de tempos em tempos, sem motivo aparente, o gafanhoto cristão vira uma praga q invade aos milhões uma região qqer do planeta, dizima sua cultura, devora suas riquezas e ainda fica fazendo aquele barulhinho irritante. Daqui a um século, os iraquianos poderão fazer coro com os africanos: "Antes tínhamos a terra e os cristãos tinham as bíblias. Agora temos as bíblias e eles têm a terra."
O judaísmo é a aranha das religiões: estende uma rede invisível em lugares estratégicos, e qqer inseto q entre em seu território tá ferrado. E ai de quem pisar num de seus oito calos.
Mais do q esclarecer esses pontos, é preciso deixar claro algo fundamental: o Dr Plausível, em seu entusiasmado ecumenismo, nunca poderá ser acusado de preconceito, uma vez q sempre insistiu q qqer vítima, absolutamente qqer vítima, da hipoplausibilose merece todo respeito, consideração e tratamento. Como sempre diz, "o bom de ser agnóstico são as gargalhadas". Mas essas gargalhadas são dirigidas ao vasto edifício erigido pela imbecilidade humana pra justificar algumas metáforas sobre o mundo natural, e não às humildes e ignorantes vítimas dessas religiões, q são convencidas a crer, matar e morrer em prol de tantas idéias implausíveis. A essas vítimas, o Dr Plausível só dirige seu mais compassivo sorriso Walter Brennan.
08 novembro 2004
A palestra do doutor
Alguns dias atrás, no auditório do Instituto Internacional para a Erradicação da Hipoplausibilose, o Dr Plausível proferiu uma palestra intitulada "O Fundamentalismo Islâmico e os Portadores de Pênis Alheios", transcrita abaixo:
"Toda religião pretende de algum modo padronizar o viver de seus seguidores, e para isso as religiões em grande parte se pleiteiam como conjuntos de regras. As regras religiosas são, por assim dizer, uma resposta pseudo-mística à imbecilidade humana. Não poderia ser diferente, pois para q qqer grupo heterogêneo de pessoas seja economicamente viável, é preciso haver regras q controlem as atividades de gente burra, desonesta ou mesquinha - ou seja, a maior parte da população, senão toda ela em algum momento. Qqer gerente ou supervisor num acesso de raiva (e muitos a qqer hora) concordaria com essa definição de 'regra'.
"Mas não é qqer tipo de regra q serve às religiões. C Nordberg-Schulz, em seu livro Genius Loci, citando fenomenólogos cujos nomes não recordo, demonstra q as características básicas das diversas religiões são influenciadas por aspectos geográficos dos locais onde se originaram. Por exemplo, as religiões monoteístas se originaram em locais amplos e pouco variados, onde se vê o céu de horizonte a horizonte - locais tais como o Oriente Médio, as geleiras Árticas e as tundras Asiáticas. Em contrapartida, as crenças politeístas se originaram em regiões acidentadas como a península Helênica, ou de muita vegetação como a Índia e os bosques europeus. Se as religiões são maneiras q os grupos encontraram de adaptar suas vidas às condições dos locais onde viviam, então pode-se dizer q uma religião q perdura num local está muito bem adaptada a ele e aos problemas sociais advindos das condições ali reinantes. Os problemas sociais são atenuados com regras, e embora as fábulas religiosas entretenham o povaréu, o q ele gosta mesmo é das regras derivadas dessas fábulas, se essas regras prometem ou ajudam a estabilizar a vida do grupo. Depois q as regras "pegam", elas acabam se tornando ainda mais potentes q as condições geográficas locais ao determinar a identidade e o comportamento do grupo ali instalado. O q acontece depois, qdo as regras se disseminam extra-localmente, é outra história, geralmente absurda ou ridícula: vê-se desde ingleses convertidos ao islamismo até cariocas celebrando um rito mitraico em pleno verão com a imagem dum velhinho vestindo peles e viajando de trenó.
"É irônico ver tantos conservadores reclamando de religiões q "pararam no tempo", mormente fazendo pouco do islamismo, como se conservar fosse uma qualidade e permanecer imutável fosse um defeito. (Vale dizer q não tenho a menor simpatia por ou empatia com essa religião, o qqer outra em particular.) O fundamentalismo islâmico está tão perfeitamente adaptado ao local onde foi criado, q sofreu poucas modificações desde então: não se pode dizer q 'parou no tempo' porque após sua época áurea não precisou mais modificar-se, e só precisará fazê-lo ou se o ocidente invadir de vez aquela cultura, ou se as condições climáticas e geográficas do Oriente Médio se modificarem - algo q ocorrerá se a poluição industrial (que começou no ocidente, diga-se de passagem) confirmar as previsões de aquecimento global. Se, como se sabe, a barata é o animal melhor adaptado às condições deste planeta (até atravessar o caminho dum sapato) e se o Islã é a religião melhor adaptada à imbecilidade humana tal como se manifesta numa região quente e semi-inóspita (até deparar-se com ideais ocidentais) então o fundamentalismo islâmico é a barata das religiões desertícolas - com todo respeito tanto pelos islamitas como pelas baratas. Aliás, se os países islâmicos "pararam" no século XV, qual é o problema? Não faz o menor sentido achar q estamos melhor agora do q antes.
"É até compreensível q o atentado ao WTC tenha sido perpetrado por fundamentalistas islâmicos - se é q o foi - qdo se considera as mudanças quase impostas ao mundo islâmico por um credo estrangeiro e estranho ao Islã: o credo da democracia capitalista industrial. Esta já se transformou em religião no ocidente - e uma religião tão sem nexo, provas ou honestidade como qqer outra. Com a mesma veemência com q religiosos invocam a Deus ou Alá, hoje invoca-se a democracia como um conceito abstrato q vai resolver todos os problemas, qdo ao mesmo tempo todos sabemos q democracia real não existe em lugar algum. Muitos islamitas se sentem traídos.
"O q não se diz sobre o abominável atentado é q cada uma das 50 mil pessoas q trabalhavam no WTC tinham orgulho em participar de alguma forma nas decisões q influenciavam cegamente as vidas, costumes e culturas no mundo inteiro. Pode-se no mínimo dizer q, nascida nos EUA ou não, nenhuma das vítimas se ofendia ao ver um adolescente muçulmano trajando t-shirt e blue-jeans, ouvindo ou fazendo uma adaptação grotesca de rap, comendo cheeseburgers, ou utilizando qqer outro objeto cobrável de aculturação. Cada uma daquelas pessoas se orgulhava em trabalhar num dos maiores edifícios já construídos na história, na q talvez seja a cidade mais influente do planeta. Viam-se talvez a si mesmos como os "Masters of the Universe", na expressão cunhada por Tom Wolfe. O q essas cegas decisões globalizantes ignoram contumazmente é q cada lugar tem sua coisa própria, e q é natural q em toda parte se criem radicais imbecis contrariados, pessoas q se outorgam as rédeas dos acontecimentos. Não admira q um "outside-insider" como bin Laden tenha se revoltado (se foi isso mesmo o q houve); como também não admira o bombardeio da mídia ocidental q há décadas "denuncia" e ridiculariza a cultura muçulmana (¿lembra do Indiana Jones fuzilando o árabe q o ameaçava com a cimitarra?). O ser humano é naturalmente imbecil: torna-se radical qdo seu modo de vida lhe parece superior: torna-se contrariado qdo o impedem de gozá-lo a seu bel-prazer. (Os próprios EUA são um caldeirão de radicais imbecis q só não jogam aviões em outros países porque ainda não estão suficientemente contrariados.) O q temos então é a receita da catástrofe: dum lado o orgulho ignorante, do outro a imbecilidade esclarecida. Só pode dar nhaca.
"Ao tentar modificar forçosamente os costumes de qqer região, o rebote é certo e certeiro. Imagine, por exemplo, q algum estrangeiro venha querer forçar você a concordar q comer com talheres é moralmente (ou politicamente, ou economicamente) impróprio e q o certo é comer com um aparelhinho moderno, prático e higiênico que, veja só, ele mesmo vende por uma bagatela. Se você tem a mídia do mundo contando tua história, você joga propaganda no sujeito. Se você não tem, você joga um avião na fábrica de aparelhinhos. É o q os indígenas tupis e tamoios teriam feito a Portugal se houvessem tido a tecnologia; é o q as baratas fariam às fábricas de sapato se soubessem pilotar aviões; é o q algum estadunidense faria à Bahia se o ACM tivesse meios de forçar o tio Sam a comer vatapá.
"Não querendo de forma alguma ser chulo ou ofensivo, mas apenas valendo-me duma idéia bastante expressiva, classifico eufemisticamente a defesa do ideário dos poderosos estadunidenses por estrangeiros idólatras como 'gozar com o pau dos outros', servir de 'porta-pau'. Os jornais brasileiros são porta-pau qdo publicam anonimamente artigos visivelmente (e often mal) traduzidos de jornais "americanos" ou ingleses; a Veja é porta-pau toda vez q traz na capa o mesmíssimo assunto q a Time da semana; o brasileiro médio é um porta-pau qdo prefere ouvir músicas com letra numa língua q não entende; já o brasileiro ãã culto é um porta-pau qdo assina ou compra a versão "latinizada" da Time; e assim por diante passando por todos os porta-pau em todo o mundo q se sentem maiores, mais potentes, mais penetrantes e mais sedutores toda vez q envergam a verga da envergadura estadunidense."
......
Ao terminar a palestra, o Dr Plausível foi entusiasticamente aplaudido de pé por todos os três ouvintes presentes. (Ãã... bom, o porteiro do auditório já estava de pé.)
"Toda religião pretende de algum modo padronizar o viver de seus seguidores, e para isso as religiões em grande parte se pleiteiam como conjuntos de regras. As regras religiosas são, por assim dizer, uma resposta pseudo-mística à imbecilidade humana. Não poderia ser diferente, pois para q qqer grupo heterogêneo de pessoas seja economicamente viável, é preciso haver regras q controlem as atividades de gente burra, desonesta ou mesquinha - ou seja, a maior parte da população, senão toda ela em algum momento. Qqer gerente ou supervisor num acesso de raiva (e muitos a qqer hora) concordaria com essa definição de 'regra'.
"Mas não é qqer tipo de regra q serve às religiões. C Nordberg-Schulz, em seu livro Genius Loci, citando fenomenólogos cujos nomes não recordo, demonstra q as características básicas das diversas religiões são influenciadas por aspectos geográficos dos locais onde se originaram. Por exemplo, as religiões monoteístas se originaram em locais amplos e pouco variados, onde se vê o céu de horizonte a horizonte - locais tais como o Oriente Médio, as geleiras Árticas e as tundras Asiáticas. Em contrapartida, as crenças politeístas se originaram em regiões acidentadas como a península Helênica, ou de muita vegetação como a Índia e os bosques europeus. Se as religiões são maneiras q os grupos encontraram de adaptar suas vidas às condições dos locais onde viviam, então pode-se dizer q uma religião q perdura num local está muito bem adaptada a ele e aos problemas sociais advindos das condições ali reinantes. Os problemas sociais são atenuados com regras, e embora as fábulas religiosas entretenham o povaréu, o q ele gosta mesmo é das regras derivadas dessas fábulas, se essas regras prometem ou ajudam a estabilizar a vida do grupo. Depois q as regras "pegam", elas acabam se tornando ainda mais potentes q as condições geográficas locais ao determinar a identidade e o comportamento do grupo ali instalado. O q acontece depois, qdo as regras se disseminam extra-localmente, é outra história, geralmente absurda ou ridícula: vê-se desde ingleses convertidos ao islamismo até cariocas celebrando um rito mitraico em pleno verão com a imagem dum velhinho vestindo peles e viajando de trenó.
"É irônico ver tantos conservadores reclamando de religiões q "pararam no tempo", mormente fazendo pouco do islamismo, como se conservar fosse uma qualidade e permanecer imutável fosse um defeito. (Vale dizer q não tenho a menor simpatia por ou empatia com essa religião, o qqer outra em particular.) O fundamentalismo islâmico está tão perfeitamente adaptado ao local onde foi criado, q sofreu poucas modificações desde então: não se pode dizer q 'parou no tempo' porque após sua época áurea não precisou mais modificar-se, e só precisará fazê-lo ou se o ocidente invadir de vez aquela cultura, ou se as condições climáticas e geográficas do Oriente Médio se modificarem - algo q ocorrerá se a poluição industrial (que começou no ocidente, diga-se de passagem) confirmar as previsões de aquecimento global. Se, como se sabe, a barata é o animal melhor adaptado às condições deste planeta (até atravessar o caminho dum sapato) e se o Islã é a religião melhor adaptada à imbecilidade humana tal como se manifesta numa região quente e semi-inóspita (até deparar-se com ideais ocidentais) então o fundamentalismo islâmico é a barata das religiões desertícolas - com todo respeito tanto pelos islamitas como pelas baratas. Aliás, se os países islâmicos "pararam" no século XV, qual é o problema? Não faz o menor sentido achar q estamos melhor agora do q antes.
"É até compreensível q o atentado ao WTC tenha sido perpetrado por fundamentalistas islâmicos - se é q o foi - qdo se considera as mudanças quase impostas ao mundo islâmico por um credo estrangeiro e estranho ao Islã: o credo da democracia capitalista industrial. Esta já se transformou em religião no ocidente - e uma religião tão sem nexo, provas ou honestidade como qqer outra. Com a mesma veemência com q religiosos invocam a Deus ou Alá, hoje invoca-se a democracia como um conceito abstrato q vai resolver todos os problemas, qdo ao mesmo tempo todos sabemos q democracia real não existe em lugar algum. Muitos islamitas se sentem traídos.
"O q não se diz sobre o abominável atentado é q cada uma das 50 mil pessoas q trabalhavam no WTC tinham orgulho em participar de alguma forma nas decisões q influenciavam cegamente as vidas, costumes e culturas no mundo inteiro. Pode-se no mínimo dizer q, nascida nos EUA ou não, nenhuma das vítimas se ofendia ao ver um adolescente muçulmano trajando t-shirt e blue-jeans, ouvindo ou fazendo uma adaptação grotesca de rap, comendo cheeseburgers, ou utilizando qqer outro objeto cobrável de aculturação. Cada uma daquelas pessoas se orgulhava em trabalhar num dos maiores edifícios já construídos na história, na q talvez seja a cidade mais influente do planeta. Viam-se talvez a si mesmos como os "Masters of the Universe", na expressão cunhada por Tom Wolfe. O q essas cegas decisões globalizantes ignoram contumazmente é q cada lugar tem sua coisa própria, e q é natural q em toda parte se criem radicais imbecis contrariados, pessoas q se outorgam as rédeas dos acontecimentos. Não admira q um "outside-insider" como bin Laden tenha se revoltado (se foi isso mesmo o q houve); como também não admira o bombardeio da mídia ocidental q há décadas "denuncia" e ridiculariza a cultura muçulmana (¿lembra do Indiana Jones fuzilando o árabe q o ameaçava com a cimitarra?). O ser humano é naturalmente imbecil: torna-se radical qdo seu modo de vida lhe parece superior: torna-se contrariado qdo o impedem de gozá-lo a seu bel-prazer. (Os próprios EUA são um caldeirão de radicais imbecis q só não jogam aviões em outros países porque ainda não estão suficientemente contrariados.) O q temos então é a receita da catástrofe: dum lado o orgulho ignorante, do outro a imbecilidade esclarecida. Só pode dar nhaca.
"Ao tentar modificar forçosamente os costumes de qqer região, o rebote é certo e certeiro. Imagine, por exemplo, q algum estrangeiro venha querer forçar você a concordar q comer com talheres é moralmente (ou politicamente, ou economicamente) impróprio e q o certo é comer com um aparelhinho moderno, prático e higiênico que, veja só, ele mesmo vende por uma bagatela. Se você tem a mídia do mundo contando tua história, você joga propaganda no sujeito. Se você não tem, você joga um avião na fábrica de aparelhinhos. É o q os indígenas tupis e tamoios teriam feito a Portugal se houvessem tido a tecnologia; é o q as baratas fariam às fábricas de sapato se soubessem pilotar aviões; é o q algum estadunidense faria à Bahia se o ACM tivesse meios de forçar o tio Sam a comer vatapá.
"Não querendo de forma alguma ser chulo ou ofensivo, mas apenas valendo-me duma idéia bastante expressiva, classifico eufemisticamente a defesa do ideário dos poderosos estadunidenses por estrangeiros idólatras como 'gozar com o pau dos outros', servir de 'porta-pau'. Os jornais brasileiros são porta-pau qdo publicam anonimamente artigos visivelmente (e often mal) traduzidos de jornais "americanos" ou ingleses; a Veja é porta-pau toda vez q traz na capa o mesmíssimo assunto q a Time da semana; o brasileiro médio é um porta-pau qdo prefere ouvir músicas com letra numa língua q não entende; já o brasileiro ãã culto é um porta-pau qdo assina ou compra a versão "latinizada" da Time; e assim por diante passando por todos os porta-pau em todo o mundo q se sentem maiores, mais potentes, mais penetrantes e mais sedutores toda vez q envergam a verga da envergadura estadunidense."
......
Ao terminar a palestra, o Dr Plausível foi entusiasticamente aplaudido de pé por todos os três ouvintes presentes. (Ãã... bom, o porteiro do auditório já estava de pé.)
05 novembro 2004
Êta...
Como alguns leitores mais dedicados sabem, nosso endiabrado Dr Plausível, após voltar do coma em q esteve desde o dia das mães, foi tratado com uma versão acelerada do tratamento adeuslênin. Conta com uma equipe dos melhores médicos de todo o mundo, q o têm visitado regularmente. Não era pra menos: os dedicados serviços q nosso enobrecido humanista já prestou à medicina mais do q o... mais do q o... (pausa) ué?... Estou procurando uma palavra q expresse o mesmo q entitle do inglês, q significa ´dar direito a´. ¿Não tem essa palavra em português?
(pausa pra procurar em vários dicionários)
Não, não tem.
Hm. Continuando ... os dedicados serviços q nosso enobrecido humanista já prestou à medicina mais do q o jfhxzqlizam a esse tratamento especialíssimo.
Só hoje ele recebeu alta e pôde emitir sua ressonante, fulgurosa gargalhada ao saber do comunicado de bin Laden aos americanos 4 (quatro) dias antes duma eleição q os republicanos tinham pavor de perder. Não foi 4 meses antes, nem 4 dias depois. Foi 4 (quatro) dias antes. ¡¡¡QUAQUAQUAQUAQUAQUA!!!
Convenhamos. Ou esse bin Laden é muito, assombrosamente, humilhantemente BURRO, ou esse cara tá de sacanagem. Porque ¡vá produzir hipoplausibiloses desse tamanho lá na central de novelas! A Globo tem q contratar esse cara: só fala lugares-comuns na hora mais imprópria e tem uma audiência de 54 mihões de bocós. ¡¡HAHAHAHAHAHAHA!! E ainda tem gente q acredita! ¿Pode, uma coisa dessas?
Aliás, o centrão dos EUA tá bem precisando de mais clínicas Dr Plausível. ¡Êta povinho sem simancol!
¿Será q ninguém mais percebeu o sorrisinho de satisfação literalmente na cara do Bush três anos atrás durante a ovação de pé q recebeu do congresso apenas dois dias depois de 9/11? E se alguém percebeu, ¿dirá q era um sorriso até simpático? HAHAHAHAHA!! Cada uma q me aparece.
(pausa pra procurar em vários dicionários)
Não, não tem.
Hm. Continuando ... os dedicados serviços q nosso enobrecido humanista já prestou à medicina mais do q o jfhxzqlizam a esse tratamento especialíssimo.
Só hoje ele recebeu alta e pôde emitir sua ressonante, fulgurosa gargalhada ao saber do comunicado de bin Laden aos americanos 4 (quatro) dias antes duma eleição q os republicanos tinham pavor de perder. Não foi 4 meses antes, nem 4 dias depois. Foi 4 (quatro) dias antes. ¡¡¡QUAQUAQUAQUAQUAQUA!!!
Convenhamos. Ou esse bin Laden é muito, assombrosamente, humilhantemente BURRO, ou esse cara tá de sacanagem. Porque ¡vá produzir hipoplausibiloses desse tamanho lá na central de novelas! A Globo tem q contratar esse cara: só fala lugares-comuns na hora mais imprópria e tem uma audiência de 54 mihões de bocós. ¡¡HAHAHAHAHAHAHA!! E ainda tem gente q acredita! ¿Pode, uma coisa dessas?
Aliás, o centrão dos EUA tá bem precisando de mais clínicas Dr Plausível. ¡Êta povinho sem simancol!
¿Será q ninguém mais percebeu o sorrisinho de satisfação literalmente na cara do Bush três anos atrás durante a ovação de pé q recebeu do congresso apenas dois dias depois de 9/11? E se alguém percebeu, ¿dirá q era um sorriso até simpático? HAHAHAHAHA!! Cada uma q me aparece.
04 novembro 2004
Um país embuchado
O Dr Plausível acha os EUA um país engraçadíssimo, uma infindável fonte de gargalhadas. Só na história recente, pra citar os casos mais hilários, teve o da Estagiária Otária, o do Eleito Suspeito e o do Pânico Sadânico. Agora o centrão tonto achou por bem re-eleger pra presidente um leitor de discursos. E ¿sabem qual é uma das qualidades mais citadas do suspeito? Q ele parece boa companhia pra tomar umas cervejas no bar da esquina. ¡¡HAHAHAHAHAHAHA!! Como sempre diz nosso espontâneo luminar, "Qto maior o bicho, menor o vírus."
Mas ¿será q nenhum estadunidense percebeu nada estranho comparando os comícios? O Bucho lia tudo q falava (menos nos debates, onde... ãã... deixa pra lá...), com aquela lentidão q seus treinadores acharam por bem incutir nele pra q não se confundisse, e com uma entonação adestrada por um fonoaudiólogo. A julgar pela freqüência com q ele virava as páginas q lia, as letras deviam ser bem grandes e espaçadas, com instruções de pausas, &c. Não é preciso ter o ouvido clínico do Dr Plausível pra certificar-se dessas coisas: basta comparar o Bush de 4 anos atrás com o deste ano. Pode-se dizer do Bush o q se dizia da Xuxa: pelo menos ele aprende.
Já o outro candidato, o senador acostumado a debater idéias e contrapor opiniões, falava o q vinha de seu próprio cérebro. Baita diferença.
No entanto, ganhou o leitor de scripts. ¿Vcs não acham estranho q em anos recentes, três leitores de scripts (dois atores e um pateta) tenham sido selecionados pela cúpula republicana pra se candidatar a cargos executivos? Hmm... Como lá se diz, I smell a rat.
Bom mesmo é o sistema parlamentar britânico: ali, o Primeiro Ministro TEM q ser um cara inteligente e bem acima da média dos parlamentares. O PM tem q contrapor suas opiniões cara a cara com a oposição em debates semanais; alguém sem tino, inteligência, lábia e cultura não teria a menor chance. Um pedestre cerebral do calibre do Bush seria massacrado em menos de meia hora. No entanto, nos EUA, ele é eleito presidente fomentando o medo, a desigualdade, o rancor e a pieguice. ¡Êta bucheiro da peste! Como se diz aqui na terrinha, cada país tem o governo q merece.
Mas ¡ô demora democrata! ¡ô réprobo republicano!, ninguém me escuta...
Mas ¿será q nenhum estadunidense percebeu nada estranho comparando os comícios? O Bucho lia tudo q falava (menos nos debates, onde... ãã... deixa pra lá...), com aquela lentidão q seus treinadores acharam por bem incutir nele pra q não se confundisse, e com uma entonação adestrada por um fonoaudiólogo. A julgar pela freqüência com q ele virava as páginas q lia, as letras deviam ser bem grandes e espaçadas, com instruções de pausas, &c. Não é preciso ter o ouvido clínico do Dr Plausível pra certificar-se dessas coisas: basta comparar o Bush de 4 anos atrás com o deste ano. Pode-se dizer do Bush o q se dizia da Xuxa: pelo menos ele aprende.
Já o outro candidato, o senador acostumado a debater idéias e contrapor opiniões, falava o q vinha de seu próprio cérebro. Baita diferença.
No entanto, ganhou o leitor de scripts. ¿Vcs não acham estranho q em anos recentes, três leitores de scripts (dois atores e um pateta) tenham sido selecionados pela cúpula republicana pra se candidatar a cargos executivos? Hmm... Como lá se diz, I smell a rat.
Bom mesmo é o sistema parlamentar britânico: ali, o Primeiro Ministro TEM q ser um cara inteligente e bem acima da média dos parlamentares. O PM tem q contrapor suas opiniões cara a cara com a oposição em debates semanais; alguém sem tino, inteligência, lábia e cultura não teria a menor chance. Um pedestre cerebral do calibre do Bush seria massacrado em menos de meia hora. No entanto, nos EUA, ele é eleito presidente fomentando o medo, a desigualdade, o rancor e a pieguice. ¡Êta bucheiro da peste! Como se diz aqui na terrinha, cada país tem o governo q merece.
Mas ¡ô demora democrata! ¡ô réprobo republicano!, ninguém me escuta...
28 outubro 2004
Jornalista caturra morre de velhaco
Ué? ¿Agora ninguém mais pode morrer? Um futebolista cai morto no gramado e ¿tem q haver um culpado?
O eclipsante Dr Plausível já está podendo dar umas risadas, e esta tarde deu uns fufunhos bem saudáveis com os noticiários - aqueles em q um engravatado empostado se pavoneia pra lá e pra cá moralizando sobre as várias desgraças do povaréu incônscio.
Todo mundo sabe q a morte, qdo vem, vem. Não há escapatória. Mas ¡qta besteira, qta imbecilidade, qto despautério tem q rolar pra q uma morte renda alguma audiência! Ficam procurando alguém pra culpar, fazendo perguntas 'informativas' aos médicos ("¿O senhor sabia q a cada minuto sem o defibrilador, as chances de vida ficam menores?"), tudo com aquela cara de justiceiro buscando "a verdade". hu-hu-hu-hu-hu
Esse é o jornalismo napalm: botam fogo em tudo, esperando queimar algum culpado. Cogitaram culpar os dirigentes, os médicos, o ambulatório, a ambulância...
Mas acontece q o futebolista q morreu, mesmo sabedor de q tinha um problema cardíaco, estava em campo por sua livre vontade pois queria continuar jogando até o fim do campeonato deste ano - uma informação q levou um desses empolados, o Datena, à ESPANTOSA conclusão de q o jogador não tinha o direito de "dispor da própria vida". ¡Isso é q é jornalismo, hein!
Mas o pior não é a estultícia fabricada. O pior, o mais hilário é a mensagem q fica, a mensagem apreendida e aprendida pelo populacho febril: ¡ABAIXO O ACASO! ¡Todo fato deve ter alguém responsável! ¡Ninguém pode morrer! HAHAHAHAHA!!
¡Ô joça de jornal! ¡Ô néscio da notícia!
O eclipsante Dr Plausível já está podendo dar umas risadas, e esta tarde deu uns fufunhos bem saudáveis com os noticiários - aqueles em q um engravatado empostado se pavoneia pra lá e pra cá moralizando sobre as várias desgraças do povaréu incônscio.
Todo mundo sabe q a morte, qdo vem, vem. Não há escapatória. Mas ¡qta besteira, qta imbecilidade, qto despautério tem q rolar pra q uma morte renda alguma audiência! Ficam procurando alguém pra culpar, fazendo perguntas 'informativas' aos médicos ("¿O senhor sabia q a cada minuto sem o defibrilador, as chances de vida ficam menores?"), tudo com aquela cara de justiceiro buscando "a verdade". hu-hu-hu-hu-hu
Esse é o jornalismo napalm: botam fogo em tudo, esperando queimar algum culpado. Cogitaram culpar os dirigentes, os médicos, o ambulatório, a ambulância...
Mas acontece q o futebolista q morreu, mesmo sabedor de q tinha um problema cardíaco, estava em campo por sua livre vontade pois queria continuar jogando até o fim do campeonato deste ano - uma informação q levou um desses empolados, o Datena, à ESPANTOSA conclusão de q o jogador não tinha o direito de "dispor da própria vida". ¡Isso é q é jornalismo, hein!
Mas o pior não é a estultícia fabricada. O pior, o mais hilário é a mensagem q fica, a mensagem apreendida e aprendida pelo populacho febril: ¡ABAIXO O ACASO! ¡Todo fato deve ter alguém responsável! ¡Ninguém pode morrer! HAHAHAHAHA!!
¡Ô joça de jornal! ¡Ô néscio da notícia!
22 outubro 2004
Mas ¿escrever o quê?
¿Já viram a última boçalidade dos lingüistas & gramáticos brasileiros? Querendo mostrar serviço, e em sintonia com toda a boçalidade com q o Brasil 'culto' em geral lida com a língua, vão tentar decretar mais uma mudança ortográfica no português, desta vez unindo-se aos portugueses boçais pra "padronizar" a escrita nos dois lados do Athlãtxiku. Cada um q me aparece…
Nosso encomioso Dr Plausível ainda não pode gargalhar mas já recebeu autorização médica pra arfar uns pigarros e gorgolejar o bafo, se for estritamente necessário. E foi o q fez ao ler a notícia acima. Pobre Dr Plausível. Ele foi ruborizando, roxeando, tampando a boca com a mão e segurando o ar nos pulmões. ¡Q cena ferinte!
Não era pra menos. Pra êsse erudito militante, o maior empecilho disparado, o mais perverso e insidioso obstáculo ao progresso brasileiro são os gramáticos e os dicionaristas desta terra. Êta gentalha. O Brasil só não é "um país q vai prà frente" porque sua evolução é perenemente tolhida, abortada e acuada por um bando de caga-regras da língua. Em vez de se ocuparem de coisas realmente importantes, ficam aí tirando tremas e circunflexos por decreto. Nada contra tirar tremas e circunflexos por decreto; mas ¿por que não fazem algo realmente útil pra variar?
Mas ¿o q seria realmente útil? Às vezes é difícil seguir o raciocínio de nosso esterlino doutor. Vamos ver se consigo explicar.
Pense bem antes de responder: ¿Quem tem uma vida mais difícil, um mendigo ou um médico? Já fiz essa pergunta a dezenas de pessoas e todas elas responderam q obviamente o mendigo tem uma vida mais difícil. Mas a resposta está ¡eeeeeeeeeeeerraadaa! Obviamente o médico tem uma vida muito mais difícil. A vida do mendigo pode ser desconfortável, desagradável, humilhante &c, mas com certeza é uma vida facílima. Não é preciso nenhum talento especial pra pedir esmolas e dormir na rua. É trocentas vezes mais difícil ser médico, e é por isso q o médico ganha mais do q o mendigo.
Mas ¿qual é a principal diferença entre os dois? Antes q vcs fiquem aí dando cabeçadas, já vou responder: a diferença entre os dois é o vocabulário. Decheu enfatizar: a principal diferença entre os dois é o vocabulário. Aquilo q o médico adquiriu em anos e anos de formação escolar e profissional se resume a pouco mais q a lista de palavras q ele é capaz de reconhecer, utilizar e associar a outras palavras ou a objetos concretos ou abstratos no mundo, formando uma estrutura mental q espelha a realidade. Ou seja, a principal diferença está no grau de complexidade de suas mentes, uma complexidade fomentada e mantida por seu vocabulário. A educação não existe pra simplificar a vida: existe pra torná-la mais complexa.
Do mesmo modo, o Brasil e Portugal só não criam, produzem e disseminam um padrão de vida mais confortável, mais revigorante, mais multifário, mais complexo —ou seja, só não são países do Primeiro Mundo— porque o português é uma língua q ficou pra trás, uma língua q, por obra de seus capangas tira-tremas, não se desenvolve, não descobre e não cria novos conceitos: em resumo, não aumenta seu vocabulário, e se vê obrigado a repisar um léxico ultrapassado, canhestro e imaleável —qdo não copia as idéias alheias apenas.
Os exemplos do exemplar Dr Plausível são em alemão, sueco, japonês, inglês, e todas essas línguas de países mais complexos. Eu não saberia repeti-los. Vou citar um exemplo duma língua q conheço bem, o inglês. Como se já não bastasse q grande parte do jargão de inúmeras tecnologias vem do inglês (já q essas tecnologias são criadas, produzidas ou disseminadas em inglês), o português tbm carece de inúmeros conceitos q são moeda corrente em inglês. Tomem a palavra accountability. Essa palavra não tem equivalente português. O tradutor é obrigado a acochambrar traduzindo-a por 'responsabilidade'; mas não é a mesma coisa. Seria um conceito muito útil no Brasil. Minha esposa, a Bebel, teve a sacada de q accountability é quase o exato oposto de impunidade. "No Brasil, todos falam do 'problema' da impunidade," diz ela, "e ninguém consegue falar da solução (accountability) porque o português não tem a palavra." Ou seja, o português tem o conceito de 'impunidade', mas não tem o de seu oposto. Nem imputabilidade, nem imputação, nem punibilidade dão conta de accountability. ¿Talvez punidade? Mmm… não. Mesmo assim, procure punidade no dicionário. Não tem. Portaaaaaaaanto, a palavra "não existe". No entanto, accountability e accountable são conceitos comuníssimos em inglês. Qqer adolescente conhece e usa.
Como essa, existe uma miríade de palavras e conceitos em inglês q dão complexidade, vigor e progresso aos países de língua inglesa. E pra cada palavra q tem no português e não no inglês, tem três palavras no inglês q nem sequer são possíveis de se imaginar em português. ¡E isso q nem falei das locuções inglesas, os grupos de duas ou mais palavras, a tortura do tradutor!
A questão levantada pelo Dr Plausível é q o Brasil e Portugal se encontram à margem da evolução social, cultural e industrial do planeta porque são países q têm uma lingua complicada mas não complexa. Em particular, o Brasil, além disso, é um país complicado mas não é um país complexo. Pra erguê-lo da lama, bastaria permitir-lhe ou dar-lhe mais palavras.
Mas, ¡ó grasnante disparate!, ¡ó descredinte gravame!, os gramáticos e dicionaristas brasileiros e portugueses, em vez de tentar ajudar a tirar o português (e o Brasil) do vexame em q se encontra, ficam aí perdendo tempo cagando decretos sobre picuinhas, enquanto restringem, censuram e castram a pouca semântica q o português tem.
Nosso encomioso Dr Plausível ainda não pode gargalhar mas já recebeu autorização médica pra arfar uns pigarros e gorgolejar o bafo, se for estritamente necessário. E foi o q fez ao ler a notícia acima. Pobre Dr Plausível. Ele foi ruborizando, roxeando, tampando a boca com a mão e segurando o ar nos pulmões. ¡Q cena ferinte!
Não era pra menos. Pra êsse erudito militante, o maior empecilho disparado, o mais perverso e insidioso obstáculo ao progresso brasileiro são os gramáticos e os dicionaristas desta terra. Êta gentalha. O Brasil só não é "um país q vai prà frente" porque sua evolução é perenemente tolhida, abortada e acuada por um bando de caga-regras da língua. Em vez de se ocuparem de coisas realmente importantes, ficam aí tirando tremas e circunflexos por decreto. Nada contra tirar tremas e circunflexos por decreto; mas ¿por que não fazem algo realmente útil pra variar?
Mas ¿o q seria realmente útil? Às vezes é difícil seguir o raciocínio de nosso esterlino doutor. Vamos ver se consigo explicar.
Pense bem antes de responder: ¿Quem tem uma vida mais difícil, um mendigo ou um médico? Já fiz essa pergunta a dezenas de pessoas e todas elas responderam q obviamente o mendigo tem uma vida mais difícil. Mas a resposta está ¡eeeeeeeeeeeerraadaa! Obviamente o médico tem uma vida muito mais difícil. A vida do mendigo pode ser desconfortável, desagradável, humilhante &c, mas com certeza é uma vida facílima. Não é preciso nenhum talento especial pra pedir esmolas e dormir na rua. É trocentas vezes mais difícil ser médico, e é por isso q o médico ganha mais do q o mendigo.
Mas ¿qual é a principal diferença entre os dois? Antes q vcs fiquem aí dando cabeçadas, já vou responder: a diferença entre os dois é o vocabulário. Decheu enfatizar: a principal diferença entre os dois é o vocabulário. Aquilo q o médico adquiriu em anos e anos de formação escolar e profissional se resume a pouco mais q a lista de palavras q ele é capaz de reconhecer, utilizar e associar a outras palavras ou a objetos concretos ou abstratos no mundo, formando uma estrutura mental q espelha a realidade. Ou seja, a principal diferença está no grau de complexidade de suas mentes, uma complexidade fomentada e mantida por seu vocabulário. A educação não existe pra simplificar a vida: existe pra torná-la mais complexa.
Do mesmo modo, o Brasil e Portugal só não criam, produzem e disseminam um padrão de vida mais confortável, mais revigorante, mais multifário, mais complexo —ou seja, só não são países do Primeiro Mundo— porque o português é uma língua q ficou pra trás, uma língua q, por obra de seus capangas tira-tremas, não se desenvolve, não descobre e não cria novos conceitos: em resumo, não aumenta seu vocabulário, e se vê obrigado a repisar um léxico ultrapassado, canhestro e imaleável —qdo não copia as idéias alheias apenas.
Os exemplos do exemplar Dr Plausível são em alemão, sueco, japonês, inglês, e todas essas línguas de países mais complexos. Eu não saberia repeti-los. Vou citar um exemplo duma língua q conheço bem, o inglês. Como se já não bastasse q grande parte do jargão de inúmeras tecnologias vem do inglês (já q essas tecnologias são criadas, produzidas ou disseminadas em inglês), o português tbm carece de inúmeros conceitos q são moeda corrente em inglês. Tomem a palavra accountability. Essa palavra não tem equivalente português. O tradutor é obrigado a acochambrar traduzindo-a por 'responsabilidade'; mas não é a mesma coisa. Seria um conceito muito útil no Brasil. Minha esposa, a Bebel, teve a sacada de q accountability é quase o exato oposto de impunidade. "No Brasil, todos falam do 'problema' da impunidade," diz ela, "e ninguém consegue falar da solução (accountability) porque o português não tem a palavra." Ou seja, o português tem o conceito de 'impunidade', mas não tem o de seu oposto. Nem imputabilidade, nem imputação, nem punibilidade dão conta de accountability. ¿Talvez punidade? Mmm… não. Mesmo assim, procure punidade no dicionário. Não tem. Portaaaaaaaanto, a palavra "não existe". No entanto, accountability e accountable são conceitos comuníssimos em inglês. Qqer adolescente conhece e usa.
Como essa, existe uma miríade de palavras e conceitos em inglês q dão complexidade, vigor e progresso aos países de língua inglesa. E pra cada palavra q tem no português e não no inglês, tem três palavras no inglês q nem sequer são possíveis de se imaginar em português. ¡E isso q nem falei das locuções inglesas, os grupos de duas ou mais palavras, a tortura do tradutor!
A questão levantada pelo Dr Plausível é q o Brasil e Portugal se encontram à margem da evolução social, cultural e industrial do planeta porque são países q têm uma lingua complicada mas não complexa. Em particular, o Brasil, além disso, é um país complicado mas não é um país complexo. Pra erguê-lo da lama, bastaria permitir-lhe ou dar-lhe mais palavras.
Mas, ¡ó grasnante disparate!, ¡ó descredinte gravame!, os gramáticos e dicionaristas brasileiros e portugueses, em vez de tentar ajudar a tirar o português (e o Brasil) do vexame em q se encontra, ficam aí perdendo tempo cagando decretos sobre picuinhas, enquanto restringem, censuram e castram a pouca semântica q o português tem.
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