10 janeiro 2007

Nenencéfalos

Pior do q gente q não pensa, é gente q não pensa de propósito. Esses são os q causam as gargalhadas mais deliciosas no Dr Plausível. Tipo sesdias, nosso estimável doutor desgorjou o gargalo rindo do q alguns portadores de cérebro fizeram: colocaram um feto como autor de uma ação judicial pra tentar garantir atendimento médico à mãe. (Pois, ao q parece, as necessidades da mãe não bastam...) O precedente q toda feminista (q ouviu o despautério) teme é q já deve haver outros portadores de cérebro juntando cocó e ricó e tendo a idéia de colocar um feto não-portador de cérebro como autor de ação judicial contra seu próprio aborto.
 
E abrem-se as comportas.
 
Nhé.
 
Pois pense bem, dona-de-casa: se feto pode ser autor de ação, também pode ser RÉU, ora pois não? HAHAHAHAHAHAHA Pode ser acusado de concorrência desleal, agressão intra-uterina, deformação de mulheres, apropriação de recursos, falsidade ideológica e... vadiagem. Isso sem falar de gêmeos e trigêmeos, por formação de quadrilha, e de gravidez de alto-risco, em q o feto é o principal suspeito de tentativa de homicídio, ou até de homicídio culposo.
 
O barrigudinho nasce e já vai prà cadeia.
 
Prêssionante.

08 janeiro 2007

O CEP de Suely

Várias vezes em sua visionária vida nosso emoldurado doutor entediou-se a ponto de não gargalhar perante uma incoerência. Sesdias foi se entediar com O Céu de Suely e não gargalhou. Tadinho. Bocejar + gargalhar = engasgar.
 
É notável q tantas pessoas tenham elogiado a hora e meia em q ficaram sentadas vendo um conto fazendo de tudo pra virar um livro, menos o necessário, um filme cheio de buracos narrativos e pausas longuíssimas e inócuas entre uma fala e outra ("¿Quer comprar minha rifa?" ... pausa... ...olhar fixo... ...pausa... ...olhar morto... ...pausa... "¿Tá rifando o quê?"), com uma direção q acertou apenas qdo não interferiu com a naturalidade das atrizes, e uma torrente de detalhes insignificantes q, tomados juntos e inseridos no todo, ... continuam insignificantes. Um filme naturalista sem idéias não é nem um documentário; até mesmo um documentário tem q ter idéias.
 
Mas o parágrafo acima é só um esculacho pela perda de tempo. Nada de hipoplausibilético. O q espanta e surpreende até o Dr Plausível é q ninguém note o rombo monstruoso de hipoplausibilose aberto na testa do espectador emocionado com a moça q se rifa por uma noite pra juntar grana e sair em busca dum destino melhor. ¿Será q ninguém percebe q o diretor não teve culhões pra sustentar as únicas coisas minimamente interessentes nessa personagem: (1) seu ego inchado, e (2) seu desamor pelo próprio filho, q batizou com o nome do pai?
 
De volta a sua cidade natal no interior do Ceará, seu amor pelo Mateus-pai se transforma em tédio pelo Mateus-filho. O pirralho berra no quarto, e a mãe fuma lá fora e diz "Às vezes dá vontade de largar ele no mato e sair correndo." Quem cuida do moleque é a vó; mas qdo esta tem q sair e dá uma indireta-patada pra q a mãe cuide dele, a moça simplesmente vai dançar (e ¡meta cenas intermináveis do rosto dela dançando! – o diretor está apaixonado pela atriz, e o público é obrigado a ler suas longas cartas amantéticas). Mas diga a verdade, dona-de-casa: tem q ter o ego muito inchado pra se rifar (!!) por uma noite e chamar o prêmio de "Uma Noite no Paraíso", não? Tem q se achar muito pra descarregar o filho nas mãos da vó e sair pra dançar, não? E tem q se achar o máximo pra vender as rifas com um provocante sorriso de seduzir santo e, na hora de pagar o prêmio, fazer cara de tacho e escolher justamente essa hora pra descobrir a sordidez do sexo servil, não?
 
A moça havia sido traída e mal paga, claro, e toda essa egolatria pode ser apenas a maneira q ela encontrou de se pôr de pé novamente. Compreensível, digamos. Mas parece q nem sequer isso foi percebido pelo diretor ou pela atriz, já q pra se pôr de pé, ela precisa primeiro cair: no entanto, qdo cai a ficha da traição, a moça não demonstra qqer emoção q justifique uma mudança de vida. Dizer à sogra "Seu filho é um sacana." entre os dentes, e apenas isso no filme todo, é o mesmo q isentar o canalha de sua responsabilidade. Claro, a preocupação central do filme é isentar a moça também.
 
"Mas ¿o q fazer com esse trambolho q é o Mateusinho, meu Deus?" perguntou-se o diretor, ele próprio entediado com esse rival pelos belos seios da atriz. "¿Q fazer com ele? ¡¡Ah, simples!! ¿Por que não pensei nisso antes? ¡A vó! A vó pode simplesmente PEDIR pra ficar com o fedelho e dar-lhe todo o amor q traz em seu velho e cansado coração de bisavó. Aí minha musa vai ter uma personagem sem defeitos," q pode então seguir seu destino egoísta bem longe, no outro extremo do Brasil, depois de obter um lucro abusivo por uma noite de sexo robótico e moroso. Tem q ser um autor muito cego pra não enxergar a um palmo dos olhos a frase q seria o clímax todo do filme e finalmente daria algum sentido à história, uma frase carregada de simbolismo consciente e inconsciente, antes de a moça zarpar em busca de si mesma: "Vou deixar o Mateus aqui."
 
A frase não foi dita, lógico, pois o diretor não teve coragem ou visão. Em vez disso, a moça se livra lepidamente do trambolho, e fica o público se perguntando qual exatamente foi o motivo de ela querer se mandar pra tão longe daquela cidade: ¿será q ela não gostava do CEP?

03 janeiro 2007

O brasileiro nacional hino

Nosso emulsificante doutor, seguindo seu garboso dever de colocar alguns pinguinhos em alguns izinhos nacionais, agora aborda o hino.

Sobre a música, nada a dizer exceto q é bem bacana. Mas a letra... Todo mundo sabe q a letra do hino brasileiro, apesar de soar muito bem e até ter uns trechos ãã... belos, em outros é uma maçaroca difícil de entender. Por exemplo, muita gente de arta curtura ainda não sabe se é “as margens” ou “às margens”. Outra coisa q pouquizíssima gente sabe é q a versão da letra q se canta hoje não é a letra original composta pelo Osório Duque Estrada. Ele compôs uma letra em 1909 q só foi adotada oficialmente em 1922, após sofrer várias modificações apócrifas – pra melhor e pra pior – homologadas pelo congresso nacional da época. A letra original de 1909 chegou até a ser cantada por aí (os primeiros versos, por exemplo, aparecem num conto de Antônio de Alcântara Machado, publicado – enigmaticamente – em 1927).

Este q ora vos escreve adicionou a letra original no verbete da Wikipedia sobre o hino brasileiro. Veja aqui. Nota-se q algumas modificações melhoraram a prosódia; por exemplo, foi de “Entre as ondas do mar e o céo profundo” pra “Ao som do mar e à luz do céu profundo” – muito melhor.

Mas duas das modificações saltam aos olhos; uma por inserir uma mentira deslavada e implausível, fruto da mente de alguém com pouco apego à realidade; e outra por inserir um non-sequitur deselegante, fruto da mente de alguém com pouco apego à lógica.

(1) O atual, quando destrinchado, diz “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante dum povo heróico.” Então tá. Aposto q não tem um brasileiro (q preste atenção) q não tenha em algum ponto da vida se perguntado quê é q “povo heróico” tá fazendo aí, se a história é completamente outra. O filho de Dom João VI, num arroubo edípico e ambicioso, solta um brado retumbante, e anos mais tarde ¿aquilo vira o grito dum “povo heróico”? O Duque Estrada era melhor poeta do q seus editores, pois o original diz, muito mais coerentemente, “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante da independência.” Muito melhor, né? Diga a verdade.

(2) O outro trecho em questão, quando destrinchado, diz “Se, com braço forte, conseguimos conquistar o penhor dessa Igualdade, nosso peito desafia em teu seio, ó Liberdade, a própria morte.” Mas...?!? Veja só uma paráfrase mais esclarecente: “Visto q conquistamos a garantia de Igualdade, (então) desafiamos nossa própria morte no seio da Liberdade.” ¿¡¿Que catso?!? ¿Como assim? ¿Quer dizer q o brasileiro vai lá e com braço forte conquista a Igualdade, e aí, já q tá protegido pela Liberdade, se mete a desafiar a morte assim como quem não quer nada? E ¿a quê se deve esse ato falho feio e fosco de colocar “seio” e “peito” na mesma frase? Novamente, o Duque Estrada era melhor poeta q os nobres deputados q o emendaram. O original diz “Se, com braço forte, conseguimos conquistar o penhor dessa Igualdade, nosso peito desafia, pelo amor da Liberdade, a própria morte,” q, pra esclarecer, parafraseia-se “Visto q nosso braço forte conseguiu conquistar a garantia da Igualdade, desafiaríamos a morte por amor à Liberdade.” Aaaaaahh... ¡Agora faz sentido!

Mas ¿quê se há de fazer? Em 1922, o Dr Plausível nem tinha nascido...

27 dezembro 2006

¡Êta náusea!

No quesito eutanásia, esses dois últimos anos foram duma hilariância fora do comum, q promete aumentar nos próximos tantos. Primeiro foi aquele imbróglio todo com la Schiavo na Flórida, e agora esse com il Welby na Itália. Apesar do pesar e profunda condolência de nosso excomungável doutor, ele esparrinha os brônquios de gargalhar daquela gente toda q se opôs à morte dos dois. O hipoplausivírus faz a mesmíssima pessoa insistir q la Schiavo tinha o direito de viver, e q il Welby tinha a obrigação. HAHAHAHAHAHA

Tem q estar com o cocuruto muito esculhambado pela hipoplausibilose pra achar q deve-se preservar uma vida humana em qqer situação. Mas milhares de hipoplausibiléticos terminais acreditam e militam em favor de manter uma pessoa viva indefinidamente plugada numa engenhoca.

Muito pró-vida é gente q não pensa. Cinqüenta anos atrás, qqer organismo q não se mantinha vivo autonomamente batia as botas e fim de papo. Hoje é possível deixar um coitado pendurado entre a vida e a morte durante décadas. Mas ¿essa moda vai parar quando? Daqui a cinqüenta anos, talvez seja possível manter um trouxa vegetando durante outros cinqüenta, cem, duzentos anos, esperando q caia do céu a cura prà doença q o deixou ali com cara de marmelo. E aí? ¿Tira da tomada quando? ¿Os pró-vidáquios vão dizer q nunca? ¿Q o coitado tem direito, q o trouxa tem obrigação de viver cinqüenta anos naquela monotonia?

E outra: tal como em outras questões onde se disseminam opiniões tronchas, o problema é a percepção errada da ESCALA das coisas. O número de coitados plugados vai crescer: a população vai aumentar e vão aparecer novas técnicas de descolar uns trocados com a sobrevida de pacientes terminais. E aí? ¿Que tal, em vez de um caso por ano, uns cinco casos? ¿Que tal uns dez casos por ano? Hm? ¿Que tal mil? ¿Que tal proporcionar atendimento médico integral a 100% da população mundial, de modo q 6 BILHÕES de pessoas tenham acesso irrestrito à sobrevida mecanizada, indefinidamente? ¿Como ficam os "princípios morais universais"?

Nessa questão, é tão grande a burrice na posição dos pró-vidáquios, das religiões envolvidas e da legislação, q o Dr Plausível às vezes desconfia haver outras coisas em jogo. Todos eles sabem q o pulmão artificial e outras engenhocas interferem no q eles chamariam de "vontade divina". A burrice aparente pode na verdade ser apenas uma desonestidade intelectual pra manter a fachada duma primazia moral. Aí o Dr Plausível suspende o tratamento. Qdo o afã da primazia moral causa um coma intelectual, só dá pra acordar levando umas palmadas.

10 dezembro 2006

O xeno-bodismo

Qdo nosso equacionante doutor ouviu dizer q tinha um filme euaense de terror rodado no Brasil, foi logo avisando: filme de terror só tem gente burra tomando decisões idiotas; muito filme de terror euaense vira comédia ou soft-porn; e dada a tradição brazuca de Zé do Caixão e pornochanchada, então já viu, né? Nada pra levar a sério.

No entanto, sabe-se q patologias consistentes com neuro-distúrbios hipoplausiviro-sindrômicos regularmente se evidenciam em grupos humanos deficientes em casca grossa. A síndrome causa uma imuno-deficiência contra exo-ataques, reais ou imaginados, de xeno-bodismo (uma outra e ligeiramente diferente síndrome hipoplausivirótica, q consiste em usar um estrangeiro como bode-expiatório de problemas q um nacionalista não quer ver atribuídos a si).

Ano passado, por exemplo, houve um surto hipoplausibilético no Uruguay qdo impulsos aleatórios dum diretor euaense qqer dum filme de quinta categoria resolveu dizer q o vilão-mor do filme era o presidente uruguayo. A reação de alguns uruguayos é um bom benchmark pra interpretar o surto esperado no Brasil. Leia aqui uma amostra do q é capaz o hipoplausivírus. O filme pode ser o mais fétido lixo, mas tem sempre alguém q consegue remexer o lixo pra se consolar.

Na literatura e no cinema, são comuns os refunfos entre o produtor de xeno-bodismo e sua vítima. Exemplos recentes são Gosford Park de Robert Altman e Match Point de Woody Allen – filmes q poderiam muito bem ter sido locados nos Euá mas não foram, pq filme em q a polícia euaense é ridicularizada não dá muita bilheteria lá. De fato, quase todo seriado policial euaense tem um episódio em q o Columbo ou o Kojak da série vai de visita à Inglaterra e lá resolve um crime em q a polícia local iria cometer o erro absurdo de indiciar um inocente, caso não estivesse ali o sagaz e espontâneo detetive euaense. Ou seja, só dá pra confiar na polícia da Inglaterra qdo o Columbo passa férias lá.

Não seja por isso, diria o britânico. No livro When in Rome de Ngaio Marsh, o detetive Alleyn da Scotland Yard está presumivelmente em férias na Itália, mas ali consegue não só descobrir quem é o assassino mas, por considerar moralmente justificável o assassinato em questão, consegue também ocultar sua descoberta, enquanto a polícia italiana idiotamente incrimina a pessoa errada q, felizmente, morre atropelada antes q a interroguem.

Mas não é só de crimes e conspirações q vive a produção xeno-bodista. O sexo é usado subliminarmente a toda hora pra cutucar o estrangeiro. Em filme euaense de guerra em país estrangeiro, se um soldado se deixa envolver por uma mulher nativa, ele está com os minutos contados: morre mesmo, sem perdão. Se ele é o herói, não se deixa envolver: só come. A sempre suposta superioridade do homem em relação à mulher é um clichê subliminar dos mais usados. Um filme britânico recente chamado Love Actually (q passa na tv a cabo regularmente como Simplesmente Amor) mostra oito histórias de amor em q todos os homens são britânicos mas nem todas as mulheres são: ou seja, inglês pode comer estrangeira mas inglesa não pode dar pra estrangeiro. Isso fica ainda mais patente pq, na única história em q o homem não consegue comer a mulher, ela é inglesa e o cara é interpretado por um ator brasileiro – q, aliás, só foi escolhido pro papel pra compensar uma piada feita no começo do filme: numa festa de casamento, conta-se q convidaram umas prostitutas brasileiras pra uma despedida de solteiro, e acabaram descobrindo q eram todas travecos.

Os uruguayos também são dados a alfinetadinhas. No livro Gracias por el fuego do uruguayo Mario Benedetti, o personagem principal é um agente de viagens contratado por um casal euaense. Enquanto o marido empresário faz negócios pra explorar o país, o agente come a mulher dele. Mas era tão baixa a auto-estima dos uruguayos durante a ditadura militar, q o agente de viagens se suicida no final.

Q o brasileiro não tem muito tutano pra essas coisas fica evidente em filmes como Bossa Nova de Bruno Barreto, no qual apesar de o brasileiro comer a euaense, também tem uma história paralela em q um euaense come uma brasileira, e outra em q um romance totalmente nacional não se consuma.

O próprio cinema daqui dá um faux-pas desse tamanho no protocolo xeno-bodista, e ¿depois vem brasileiro reclamar qdo os outros abusam? ¡¿Uééé?!

08 dezembro 2006

Bolas

¿Já viram aquele anúncio da bola? Teressantíssimo, não? Nosso expansivo doutor ficou grudado na telinha feito criança vendo RaTimBum. É simplesmente uma bola de futebol q cai duma prateleira num depósito e vai rolando sozinha por calçadas, escadas, vai rolando rolando pelas ruas da metrópole; parece ter vontade própria , enquanto abre caminho entre pombas e desce comportadinha uma escada rolante, &c. "¿Onde será q vai parar?" é a pergunta q não quer calar durante um minuto inteiro. "¡Oh, qto suspense!"

O anúncio é magistral, diga-se de passagem; muito bem realizado. Está de parabéns, a produção.

Só q... ãã... A bola termina dentro duma casa, embaixo duma cama. Vem um menino, pega e sai brincando com ela. O eslôgã é: "Submarino: 700 mil produtos q vão até vc."

Tá certo q eles vêm. Mas... Mas... Devem chegar num estado la-men-tá-vel, não?

HAHAHAHAHAHAHAHAHA

Pois raciocine comigo, dona-de-casa: ¿não parece q no depósito da Submarino ninguém cuida pra q as coisas não caiam das prateleiras?; ¿não parece q o consumidor é visto como um portador de sangue-de-barata ao aceitar uma bola q passou por escadas visivelmente sujas, áreas salpicadas de cocô de pomba, ruas de SPaulo obviamente cobertas de fuligem, &c?; e ¿não parece q, mesmo q o consumidor receba um produto em bom estado, ele tem q pagar mais pra compensar o prejuízo por produtos q caíram de prateleiras e desapareceram por conta própria do depósito? Pois é. Mas essas são coisas q só o Dr Plausível percebe conscientemente, porque ele é chato.

Nhé nhéé nhééé.

03 dezembro 2006

Riso Kolinos

Se vc já:
(1) achou (com razão) q não deveria haver anúncios na tv paga
ou (2) reclamou de anúncios obviamente criados em outros países
ou (3) achou os anúncios da Colgate meio boçais,
aqui vai um método pra fazer a Colgate pagar um mico, e de lambuja fazer rir teu filho, teu cônjuge, teu amante ou qqer pessoa presente.
 
Material necessário:
(1) tv paga
(2) controle remoto
 
Método:
(1) Qdo estiver vendo tv acompanhado de alguém, vc espera passar um anúncio do creme dental Colgate em q uns modelos obviamente insinceros falam de problemas bucais antigos sanados pelo dentifrício q lhes pagou o cachê.
(2) Qdo aparecer um reloginho, vc põe o aparelho no 'mute'.
(3) Espera. Vai aparecer de novo o/a modelo/a falando.
(4) Logo aparece a caixinha do creme dental, e os dizeres "A escolha dos dentistas." (eslôgã obviamente traduzido do anúncio original euaense). Qdo aparecer, vc conta 2 segundos bem contados e diz, do nada:
(5) "Minha bunda tá ardendo."
(6) Imediatamente, vc desmuta o aparelho pra q todos ouçam a última fala do/a modelo/a.
 
Sucesso na certa. É assim q o Dr Plausível se diverte vendo tv.
Triste, não?

24 novembro 2006

Mordem e professam

Sesdias, távamos o Dr Plausível e eu ouvindo rádio num táxi, qdo, numa entrevista entre um entrevistador e um entrevistado, este me sai com esta:

«...e a exploração e a repressão continuam mais ou menos as mesmas. ¿Quê esperar dum país cujo lema é ‘Ordem e Progresso’?»

O entrevistado, lògicamente, viu ‘repressão’ em ‘ordem’ e ‘exploração’ em ‘progresso’. Nosso epistêmico doutor, lògicamente, sorriu seu benévolo sorriso walterbrennan. Muita gente –na verdade, muuuuuuuuita gente– no Brasil, tem uma idéia totalmente errada do q significou, significava e portanto significa esse lema, o chamado ‘dístico’ da bandeira nacional. Gente esquerdosa o critica por ser positivista, sem realmente saber o q critica; gente direitosa o elogia por ser utilitarista, sem realmente saber o q elogia. [parêntese cultural: Positivismo e utilitarismo são duas formas de utopismo. O positivista chega e diz, “Êi, tive uma idéia. A gente podia pintar um quadro do mundo ideal, e o q não couber no quadro a gente estigmatiza. ¿Que tal?” O utilitarista responde, “Tá, mas bastava estigmatizar tudo aquilo q não serve pra nada.” E haja lixão pra caber tanta coisa.]

Mas continuando, pouquizíssimos brasileiros sabem o q se supõe tar em jogo no lema da bandeira. Por todo o país, ouve-se q “sem ordem não há progresso”, q “ordem É progresso”, q “ordem e progresso são fatores de união”, &c &c et cetera.

O próprio site do governo federal chega à dizer q o dístico «representa cada coisa em seu devido lugar para a perfeita orientação ética da vida social.» É capaz q o próprio Raimundo Teixeira Mendes, q sugeriu o lema, resumindo à duas palavras uma máxima de Auguste Comte (“O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim.”), não sacou muito bem no q tava se metendo. Nem se pode dizer, em vista do q aconteceu desde então, q Comte, escrevendo lá por 1850, sequer suspeitasse da enormidade, da funestice, da nefastância do q tava falando qdo usava a palavra ‘progresso’.

O positivista Teixeira Mendes disse q «a revolução q aboliu a monarquia no Brasil» aspirava «à fundar uma pátria de verdadeiros irmãos, dando ä Ordem e ao Progresso todas as garantias que a história nos demonstra serem necessárias à sua permanente harmonia.» E ¡vai ser sonhador lá em Canopus, meu! Clareza já não era seu forte.

A verdade é bem diferente. No positivismo de Comte e no utilitarismo de Mills, colocar as duas palavras na mesma frase era falar de duas coisas opostas, antagônicas e conflitantes, embora igualmente desejáveis. ‘Ordem’ é o ideal do q hoje se chamaria de ‘conservador’, e ‘progresso’ é o ideal do q hoje se chamaria de ‘reformista’ ou até ‘revolucionário moderado’. Mills escreveu q «é quase lugar comum q um partido defensor da ordem e da estabilidade e um outro q defenda o progresso e a reforma sejam ambos elementos necessários ä saúde da vida política, até q um dos dois consiga alargar seu entendimento dos fatos de tal modo à se tornar um partido defensor igualmente da ordem como do progresso.» [On Liberty]

“Pode esperar sentado,” dir-lhe-ia o Dr Plausível.

Achar q ‘ordem’ e ‘progresso’ são conciliáveis é coisa de utopista gordo q não enxerga mais a realidade do próprio umbigo. Mas é pior quem vive na espessa névoa das importações resumidas de idéias prontas diluídas pelo tempo –tipo assim, ãã, o Brasil.

Os zeuaenses estimulam a própria singularidade em seu lema, “e pluribus unum” (“um em meio à muitos”). Os franceses, com “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, são mais realistas –si é q se pode chamar de realista quem tem um lema. Já “Ordem e Progresso”, pretendendo ser um amálgama utópico de dois bicudos q não se beijam, acaba sendo, no mundo real e inóspito dos interesses díspares, não mais q um convite ao conflito, um estímulo ao desacordo, um eufemismo de “nhaca xexelenta”.

E ainda bem q os próprios brasileiros não entendem.
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Adendo:
[extraído dos comentários, revisado]

Há duas interpretações pro eslôgã: a positivista & ingênua original (“são duas coisas antagônicas q deveriam trabalhar juntas”) e a otimista & despistada resultante, q tenta enxertar um sentido bom num eslôgã ruim (“são duas coisas complementares”). Si eu estivesse lá na hora em q decidiram enfiar esse eslôgã, teria dito “Ô meu, deixa disso. ¿Ordem e progresso? ¿Vai condenar o país à ficar perpètuamente tentando arrumar a casa e aspirando à um ideal q muda à cada passo?” Prä bandeira brasileira, o povo brasileiro nunca vai estar bem, nunca vai ser feliz, nunca vai ter algum valor intrínseco ou um princípio moral permanente.

Mas em vez de jogar esse eslôgã condicional no lixo da história ou substituí-lo por outro mais declarativo e mais afirmativo, tanto o positivista prescritivo qto o otimista reformulativo tão inconscientemente usando-o pra achar uma desculpa pro tadinho do Brasil q ou é uma bagunça pq não vai pra frente ou não vai pra frente pq é uma bagunça. E só podia dar nisso: em qqer lugar, em qqer tempo, um eslôgã q expresse uma expectativa tão implacável e abstrata, tão insatisfazível e mecânica, só pode acabar virando explicação de fracasso.

Sobre a falácia em acreditar na necessidade de ordem pra se chegar ao progresso, recomendo este texto do Stephen Kanitz.

08 novembro 2006

Azarado

Vejam só esta: um senador tirou de algum lugar recôndito de seu ser a idéia de obrigar cada usuário da internet a fornecer nome, endereço, número de telefone, da carteira de identidade e do CPF ao provedor, e se identificar toda vez q enviar um email, entrar num bate-papo, criar um blogue ou baixar uma música. ¡¡Pena de dois anos de reclusão!!
 
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
 
Diz q é pra aumentar a segurança. ¡Vai sê caipira assim lá no mato, sô!
 
QUAQUAQUAQUAQUAQUAQUAQUA
 
O cara não tem idéia da vastidão do q está propondo. ¡É caipira megalômano, inda por cima! Tem uns caras q nem sei, viu?
 
Olha... Se eu não estivesse vivo e consciente e presenciando tudo de q é capaz o hipoplausivírus, eu não acreditaria. Q catso, hem? E os caras ainda querem q o povo pague imposto pra sustentar pessoas visivelmente infectadas e à beira da loucura total e irrestrita...

30 outubro 2006

McLula

Nosso efígico doutor nem ergueu o sobrolho qdo anunciou-se a eleição de Lula. Nem ergueu nem abaixou. Política é um assunto extremamente monótono.

Mas como muito antipatizante do Lula ainda se pergunta como é possível q um notório corrupto &c &c blablabla, o doutor se vê imbuído duma responsabilidade esclarecente.

Muitos anos atrás, qdo o Lula ainda ia prà cama com cheiro de graxa, um artista pobre amigo do Dr Plausível fez amizade com uma outra artista cujo pai era dono dum prédio onde havia duas salas à disposição dela. Sem o conhecimento do pai (acho), a artista ofereceu uma das salas ao amigo pra q ele abrisse um amplo atelier e economizasse o aluguel q já não podia pagar a algum outro explorador. O amigo aceitou e lá se deslanchou. Mas ele não era cego: logo notou a incongruência entre ter sido pobre e explorado e agora estar se beneficiando da exploração de outras pessoas.

E saiu-se então com esta frase lapidar: "Até q enfim o mundo é injusto a meu favor."

Pois é. Mesmo q a corrupção no governo Lula pareça incongruente com sua imagem prévia, mesmo q o Lula seja mesmo um filho da puta de marca maior, mesmo q esteja acompanhado do mesmo tipo de chiqueiro q certamente acompanharia o Alckmin, mesmo q o povão nunca se beneficie em nem um centavo de sua presidência, mesmo assim ele ainda é do povão, é um brasileiro de aparência desleixada, de fala "errada" e voz de bebum. O povão olha pra ele e diz, "Até q enfim o mundo é corrupto a meu favor."

Não é de estranhar: toda vez q o Maluf é eleito, o não-povão olha pra ele e diz, "Kibon, o mundo continua corrupto a meu favor."

Algum tonho logo vai aparecer alardeando a descoberta do "poder do povão" e tentará produzir outros Lulas em larga escala, exatamente como se tentou produzir outros Beatles em larga escala depois da descoberta do adolescente nos anos 60.

E vem aí o McLula.

29 outubro 2006

Incentivo ao crime

Saber ler pode às vezes ser uma grande desvantagem e aposto q os iletrados são menos propensos a certos acidentes do q os alfabetizados. Hoje, nosso esmeráldico doutor quase q cai da bicicleta no meio do trânsito ao ler a frase estampada na traseira, vejam vcs, ¡dum carro da polícia militar!
 
É difícil acreditar q alguém dessa nobre e poderosa corporação tenha tido uma idéia tão... tão... ãã... tão pouco encomiástica à PM. Afinal, são bem conhecidas suas antigas ligações com o SNI... Deve ter sido algum publicitário de baixo orçamento.
 
Bem, deixa pra lá. Vamos à frase q destumbelhou nosso doutor em parlapatalhas pela avenida. Imagine esses carros da PM, com todas aquelas luzes em cima, dois ou três policiais armados dentro, uma ou outra metralhadora no porta-malas e, no vidro de trás, as palavras:
 
"INCENTIVE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS"
 
¿Preciso dizer mais?

19 outubro 2006

E o sol nascerá quadrado...

Ontem, nosso empedernido doutor se espatelou de gargalhar qdo ouviu o anúncio da nova política espacial dos Euá. O documento diz coisas como: "Os Euá preservarão seus direitos, suas potencialidades e sua liberdade de ação no espaço (...) e, se necessário, negarão a seus adversários a aplicação de potencialidades espaciais hostis aos interesses nacionais euaenses."
 
Só isso já é hilário. Mas se vc também lembra q os Euá (1) se recusam a entrar em negociações sobre armas espaciais e (2) já espionam outros países do espaço, então a coisa toda vira uma comédia de doer a barriga.
 
Além do óbvio (q vc, leitor brasileiro, já entendeu), também tem esta: no século 19, o bedelho inglês dava a volta no mundo, e dizia-se q no império britânico o sol nunca se punha. Pois é. Os euaenses (q têm uma invejinha congênita dos britânicos) agora querem estender seu império ao sistema solar, e dizer – com muito mais propriedade, porém mais cinicamente – q em seu império o sol realmente NUNCA se põe.
 
¿Não é de empafuçar as têmporas?

18 outubro 2006

Enquanto isso, na Casa Branca

What we need now is another terrorist attack.
O que precisamos agora é de outro ataque terrorista.
Ou (em português claro) ¿Cadê o bin qdo a gente precisa dele?

05 outubro 2006

eleiloto (2)

Democracia é um feriadão catástrofe. A pessoa vê a sexta-feira chegar esperando descansar, passear, brincar e inteligir; mas aí chove torrencialmente e ela passa o feriadão em casa tirando a lama, o lixo e a merda q a inundação trouxe. Com democracia, não adianta ter esperança. Sempre vai ser um cocô. Com outras formas de governo também; só q o cocô democrata dá pra ir limpando enquanto vai sujando.

Na estação eleitoral, nosso epistolário doutor costuma até passar mal de tanto rir. Mas depois q, como sempre, os maiores imbecis são eleitos, ele fica com dòzinha de quem esperava outro resultado. Por isso, ele às vezes faz seu quinhão de utilidade pública e consola as vítimas da esperancite.

O consolo é ser realista: a hipoplausibilose é inerradicável: somente a gargalhada oferece alívio. É uma ilusão achar q gente de mais tarimba faria diferença no governo. No fundo, é tudo gente e todos falam a mesma língua: os tarimbosos estariam sujeitos a iguaizíssimas condições e às mesmíssimas pressões; portanto tomariam, no fim das contas, exatamente as mesmas decisões.

The world is on auto-pilot and there's a legacy to account for. Sorry. Enjoy.

30 setembro 2006

Eleiloto

Em seu cerne, a democracia tem uma inconsistência insolúvel: espera-se q todo votante decida seu voto a partir da opinião q tem sobre seus próprios interesses; mas o q acontece na verdade é q a maioria (ou seja, a unidade básica irredutível da democracia) deseja ou espera ou supõe q sua opinião seja ao mesmo tempo (1) honrada e (2) consciente.

Só q, em política, honra e consciência (no sentido de awareness) são como água e óleo: não se misturam.

Primeiro, q "voto consciente" é uma maneira de ser trouxa: vc deseja algo q não conhece, pois (a) ninguém sabe o q rola atrás de portas fechadas nas negociações entre candidatos e entre partidos (e, em se tratando de seres humanos, só pode ser coisa ruim); e (b) ninguém tem consciência do futuro, ou seja, ninguém sabe o q vai acontecer; e, pior, ninguém tem consciência do futuro do pretérito, ou seja, ninguém sabe o q teria acontecido se o passado tivesse sido diferente. Voto consciente não existe: é um conto de fadas q os políticos contam pra q o populacho durma e não os fuzile a todos um a um.

Já o "voto honrado", é uma aberração lógica: é desejar q haja honra numa opinião interesseira ou q, no mínimo, não compactue com pessoas reconhecidamente desonradas e q portanto compactua com pessoas ainda não reconhecidamente desonradas. O "voto honrado" é também mais uma manifestação do objetivo primordial de todo ser humano (portanto incluindo igualmente eleitores e candidatos), q é tirar o cu da reta.

Em qqer eleição democrática em qqer situação em qqer época e em qqer país, vc tem três alternativas:

(1) vote nulo sempre
(2) caso vc ache o (1) moralmente errado, vote aleatório
(3) seja trouxa e tente o voto honrado e consciente

(Instruções pro voto aleatório:
-em casa sorteie uma série de números, anotando-os num papelzinho
-na urna, digite ou escreva a série de números sorteados exatamente na mesma ordem)

Os resultados finais de (2) e (3) são exatamente os mesmos. O resultado final de (1) é q vc tem mais tempo pra cuidar da própria vida.

17 setembro 2006

O português é tão bom qto suas palavras

A gargalhada homérica de nosso empanturrante doutor às vezes fica meio cansada. É chato ouvir a mesma piada dez vezes por dia. Por isso, sempre q começa aquele reclame do TSE falando da importância estratosférica do voto, o doutor muda de canal. Se aparece num outdoor, ele olha pro outro lado da rua. Se toca no rádio, começa a cantar "xô xuá".

Pois, catso, se o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil resolve informar o povo brasileiro sobre as eleições dum presidente brasuca pra governar o Brasilzão, ¿por que caralhos utiliza um eslôgã patentemente, obviamente e descaradamente surrupiado, imitado e bestamente traduzido duma expressão corriqueira do inglês q nem sequer é totalmente compreensível em português?

"O Brasil é tão bom quanto seu voto" é a língua oficial do Brasil pegando no tranco; é a cultura brasileira pastando grama q não digere.

E se até o eslôgã da eleição é entreguista, ¿sobra o quê?

06 setembro 2006

Escroto nulo

Nosso enternecido sábio sempre dá risada na cara de quem tem "altos ideais". O termo "alto ideal" já tem um quê de derrotista e ofensivo. Mas também pode ser usado tanto pra manipular o populacho – tipo como se faz com 'esperança' –, como pra falar bestices pelos cotovelos e parecer profundo.

Em época de eleições, sempre brota incontrolada uma campanha contra o voto nulo. O argumento principal é q o voto nulo favorece quem já tá no poder.

Pode até acontecer, tal como no caso de gente atacada de hipoplausibilose q vota nulo em protesto contra o governo em exercício. Tem q ser muito tapado pra achar q o voto nulo vai prejudicar quem tá no poder ("¡Ai que infortúnio atroz! ¡Tem gente não gosta de mim! snif snif").

Mas há inúmeros outros motivos pra se votar nulo. Aliás, se essa gente q desdenha do voto nulo realmente acreditasse em democracia, deixava os nulovotantes em paz. "Quero votar nulo. ¿Dá licença!"

Mas a verdade verdadeira é q os campanhantes contra o voto nulo nunca se dignaram à consultar o Dr Plausível.

Eleição democrática nunca foi nem nunca será um "sufrágio universal": é uma espécie de estatística. Evidência disso é q nem toda a população pode votar. Portanto, é uma amostragem: uma amostragem dum corte temporal; sempre foi, desde muito antes do "um voto por cabeça". Então, ¿que diferença faz o voto nulo, se na população como um todo os nulovotantes tão distribuídos uniformemente, tal como certamente tão? Suponhamos: numa população de 1000, o candidato X é eleito por 500 votos contra 400 pro candidato Y; 100 votos foram anulados. Agora raciocine: estes 100 nulos não fazem a menor diferença, visto q a preferência do eleitorado tá claramente demarcada em 5:4 pro candidato X. Caso não houvesse nulovotantes, o X teria ganho da mesma forma, só q por 555 à 444.

Sobra 1 voto, certamente do Dr Plausível, q vota nulo em qqer circunstância.

02 setembro 2006

A inteligência emocional do peixe

Sesdias, um desses telejornais locais (nem me lembro qual) pichou nas telinhas uma reportagem sobre a profissão de peixeiro. Té aí, tudo bem. Cada um na sua.

Té aí. Só q o repórter perguntou a uma senhôra qual característica deveria ser valorizada num peixeiro. A dona-de-casa não vacilou:

«Ah, peixeiro tem q ser comunicativo, né?»

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Mas ¿que é q deu nessa gente? Vcs podem achar q a declaração estapafúrdia não é muito relevante, já q pode simplesmente ter partido duma pessoa estapafúrdia. Mas o Dr Plausível viu lá de longe q se tratava duma pessoa normal –e isso mostra q o vírus da hipoplausibilose pode já ter empastelado os miolos de toda a população feito papa de bebê.

Pois vejam bem: jendia, apenas com o besteirol pichado diariamente na imprensa, uma dona-de-casa pode filtrar e destilar milhares de minhoquices sobre “liderançagerenciamento pró-ativointeligência emocional” e o baralho a buatro, e sair-se com uma pérola q faria um teórico das relações humanas beijar seus pés e pedir colinho.

Jendia, qqer empresa faz testes de sociabilidade pra ver se um candidato é “comunicativo” e “pró-ativo” e o cacete. Logo-logo, um peixeiro de primeira linha talvez não consiga emprego por não olhar nos olhos do entrevistador e não desenhar uma pizza redondinha “q represente sua personalidade”. Bleargh.

Essas receitas prontas de sucesso vêm transformando o mundo num cocozão, ¿não é verdade? Admite.

26 agosto 2006

Bafômetro de anúncios

Fumar é uma das atividades mais sem sentido em toda a história do universo. É mais mentecapta q usar gravata, mas não é tão descerebrada qto enfiar a cabeça na privada toda vez q morre uma pomba. O Dr Plausível só não ri de fumante por educação. E um pouco de dó, eu diria.

Todo fumante deve ter um pé na adolescência, qdo o vício tomou conta de seu ser. Deve ser por isso q anúncio de cigarro é tão boçal. Produto boçal: anúncio boçal. E não só boçal mas, ultimamente – com a obrigatoriedade de exibir aquelas fotos de advertência com gente morta, morrendo ou nem nascida –, tbm visivelmente troncho: bolar slogans pra cigarro deve ter virado trabalho de estafeta nas agências. Pois vejam estas pérolas:

Slogan: "IMAGINE-SE"
Foto-advertência: bebê prematuro, entubado, às portas da morte
Único Comentário Plausível: "Tá, já me imaginei. Bleargh."

Slogan: "UMA INSPIRAÇÃO."
Foto-advertência: paciente com câncer de pulmão
ÚniComPlau: "Cóf cóf."

Foto: fósforo fumegando
Slogan: "TODO PRAZER TEM UM COMEÇO."
Foto-advertência: sujeito com as pernas amputadas devido a trombose por tabagismo
ÚniComPlau: "Começa num fósforo e acaba numa trombose."

Slogan: "O SABOR ORIGINAL EM NOVA EMBALAGEM."
Foto-advertência: feto mal-formado num jarro de formol
ÚniComPlau: "¿Quitutes canibais?"

É de se perguntar se sequer passaram num vestibular os caras q bolaram essas pérolas de padaria. Pois (raciocinemos juntos), se o publicitário sabe q seu anúncio pode aparecer junto duma foto dessas, ¿por que não toma cuidado? Aliás, não sei por quê fabricante de cigarro não desiste de vez. Esse pessoal já é mal visto por vender veneno embalado como charme; ainda por cima fazem lobby pra liberar geral, e traquimóias do tipo. Alguém tinha q chegar de mansinho por trás e, com o hálito puro como de bebê recém-mamado, falar baixinho, como a voz da consciência: consulta o Dr Plausível, cara.

21 agosto 2006

O caminho de volta

Sesdias, os jornais publicaram em primeira página um comunicado conjunto de várias associações de veículos de imprensa (ANJ, ANER, ABERT, ABRA e ABRATEL). O comunicado trazia o título "BASTA À VIOLÊNCIA" e dizia todas essas coisas q ultimamente (há várias décadas) se ouve em qqer conversa de botequim entre cidadãos pautados por um civilizado respeito à lei e à ordem, ao patrimônio alheio e às instituições democráticas.

(Hm. Aí já apareceu algo incôngruo; mas continuemos.)

O Dr Plausível não é de ficar amarrando cachorro em poste pra ver se ele se enrosca, e acho q o pessoal dessas associações tbm não. Pois, dado q nosso epistolário sábio pratica há muito o saudável hábito de ler nas entrelinhas, não admira q levantasse as sobrancelhas ao ler o interessante texto. Pois... Bom, ué, ¿a violência não é praticamente um belo dum ganha-pão pra essa turma? Além dos médicos e das firmas de segurança, ¿a imprensa não lucra diariamente com a criminalidade? ¿não podemos até mesmo dizer q a promove, transformando suas primeiras páginas em troféus q os bandidos emolduram e penduram nas paredes de suas celas ou de suas mansões? Mesmo descartando essas perguntas exageradamente cínicas, ¿a violência dos últimos meses por si mesma justifica um comunicado conjunto dessas associações na primeira página de todos os maiores jornais? Se não, ¿de onde então surgiu a idéia? Aparentemente, foi aquela história do seqüestro do jornalista; mas não foi TÃO sério assim, vai.

Hmm.

A resposta está, como sóe ocorrer, no último parágrafo (grifos meus):

"Os meios de comunicação, unidos, na sua sagrada missão de informar e garantir a liberdade de expressão, cobrarão veementemente, dos atuais e futuros governantes, soluções eficazes na defesa da sociedade brasileira."

Hmmm... ¿Por que essa repentina bravata implícita em "unidos"? ¿Por que essa repentina preocupação com a liberdade de expressão? ¿Quer dizer q já tem alguém cerceando ou tentanto cercear a liberdade de imprensa? E ¿quem seria? Vejamos, tem os bandidos, a polícia, os... as... ããã Acho q é só.

Hmmmm.