Nosso empírico doutor sempre foi uma pessoa muito sincera, viu. É por isso q agora vai admitir uma coisa. ¿Sabe esse evento chamado "Virada Cultural" em Sampa, q já tá na sétima edição? Mesmo morando em Sampa, ele só soube de quê se tratava dois dias atrás, lendo um caderninho de cultura q alguém deixou num ônibus. Ele achava q a palavra 'virada' se referia apenas à uma guinada, um redirecionamento das política cultural pra investir mais, e coisa e tal. O q o doutor descobriu é q 'virada' inclue um trocadilho com 'virar' a noite. São 48 horas ininterrupta de shows e outros barulho ao ar livre, 24 horas em cada um de vinte locais densamente habitado no centro de Sampa.
Sei lá, né. O doutor sempre disse 'varar' e não 'virar' a noite.
Com toda sua perspicácia habitual, ele finalmente entendeu o q quiseram dizer com 'virada', mas demorou alguns minuto pra entender o q quiseram dizer com 'cultural'. ¿Como assim, 'cultural', cara-parda? ¿'Cultural' tal como em "é cultural a prefeitura promover o acotovelamento de centenas de milhar de gente varando a noite, fazendo barulho e arruaça, espalhando megawatts pelo entorno, emporcalhando as rua e infernizando por 48 horas os morador do entorno, q têm direito à traqüilidade no seio de seus lar todos dia do ano"?
HAHAHAHAHA
"Claro q não, né, ô. ¿Tá me estranhando, porra?" responde o cultural.
'Cultural' tem outro sentido em WC.
¿Sabe aquele estereótipo do português da mercearia, segundo o qual durante os dois século passado, português q migrava ao Brasil abria imediatamente uma mercearia ou algo do tipo? Tá longe da verdade; mas tbm tá perto. Vindo duma península sem tradição em nenhuma ciência exata, humana ou biológica, dum país meio chinfrim nas arte, exceto a culinária, e usuário duma língua viciada em vender gato por lebre, o imigrante português juntava as duas coisa q sabia fazer melhor: cozinhar e comerciar –partindo das especiaria, o Brasil é, em sua origem, um empreendimento culinário e mercantilista. (Não, não vou falar do Alex Atala.)
Já organizar, não é seu forte.
Além disso, o Brasil herdou de Portugal seu profundo mal-estar com sua chinfrinice artística, com sua perspicaz percepção de primo-pobre da Zoropa, com o relativamente pouco interesse de seus cidadão pela arte local. (O mal-estar é uma enorme besteira: nosso edaz humanista já esteve em Portugal e adorou tar numa nação q já não se pauta por mega-sonhos.) É desse mal-estar q vem o recalque na ênfase exagerada sobre a palavra 'cultural' como indicativo de 'artes'. Já q português não é notável como cientista, filósofo ou médico, então é nas arte q vamos brilhar, né?
E é ISSO o q realmente, no fundo, quer dizer a palavra 'cultural' no nome do evento.
HAHA
Esses dois traços cultural do português (e, por herança, do brasileiro) começam à dar problema qdo se sobrepõem äs demanda básica da vida. Notem a tradução pro português de
I live here,
vivo aquí,
je vis ici,
ich lebe hier: MORO aqui; nenhuma menção à viver. Nas língua cuja cultura Portugal e Brasil admiram, 'viver' e 'morar' são a mesma palavra. Nessas língua, "moro aqui" quer dizer "¡é neste lugar q acontece minha vida, porra!" Além disso, si vc olhar fundo nas esfera da cultura q não são o forte do português –as ciência exata, humana e biológica–, vai ver q seu estímulo e objetivo primordiais são atingir
the good life,
la buena vida,
la bonne vie,
das gute Leben. Irônicamente, muitos aspecto do ideal da Boa Vida, Portugal e Brasil *já têm*… Vai entender.
Só q, vodzêumacoizprucêis, a Boa Vida NÃO É o objetivo primordial do Estado brasileiro.
HAHAHAHAHAHA
O objetivo primordial do Estado brasileiro é facilitar, estimular e alimentar o comércio –a compra e venda ao nível da rua. Um objetivo menor –mas cujo populismo sempre dá retorno– é apaziguar os recalque artístico do populacho. Junte os dois e pimba: uma iniciativa truculenta da prefeitura criando a Wirada Cultural. Veja a linda descrição no saite da WC:
"O centro velho da cidade se transforma num mega-ambiente com inúmeros palcos e cenas, numa festa para a qual os mais diferentes cidadãos estão igualmente convidados."
Só q os morador do entorno não tão exatamente "convidado": tão é INTIMADO à comparecer ä festa da alegria compulsória. Olha o q *eles* dizem:
@mjr_jr :
E o centro começa a se preparar para a virada cultural.. Barulho.. Testes de som..
@raleite_ :
Amanhã vai estar um inferno na porta do meu prédio com a virada cultural
@_CarlosCastroo:
Minha avó veio aqui pra casa porque ela mora do
lado de onde vai ser a virada cultural,ai ela falo que não aguenta
barulho na cabeça
@A_Cumadi:
Mijada Cultural é lindo pra quem mora no Centro. É gente, as pessoas tb moram no Centro de SP.
@ugatto:
Montaram um palco dessa droga de virada cultural bem aqui na frente do prédio...: que inferno!!!
@morthyx:
Pra que inferno? Se existe a virada cultural?
@Kauerlima:
1° não tem onibus. 2° cheio de noia na rua & 3° você não consegue dormir com tanto barulho. é um inferno essa virada cultural,ARRGH!
@EPJELETRO:
os moradores do centro estão refém da virada cultural não possível nem conversar dentro de casa devido ao barulho
@AleCoutinho:
Para quem mora no centro de São Paulo, a Virada Cultural significa virar de um lado e para o outro na cama, sem conseguir dormir.
@gabiidmes:
Virada Cultural obrigada por não permitir que eu me concentrasse no simulado hoje, muito legal fazer prova com esse barulho
@_ffolle:
vou dormi qe nem uma anjinha hoje , sem aqele barulho infernal da virada cultura
Pro Estado brasileiro, prä prefeitura de qqer partido, as reclamação dos morador, das pessoa cuja *vida* acontece naquele lugar, porra, jamais terão o peso q têm os recalque da arte e os interesse do comércio –tanto do comércio local qto do mais amplo, ligado diretamente ä produção dos evento. Enquanto os comerciante aprovarem a Wirada Cultural, ela continuará existindo exatamente do jeito q tá, ou pior.
Tbm se fala em revitalização do centro.
HAHAHAHAHAHA
Hm.
Olha, o Dr Plausível –profundo conhecedor da natureza humana– garante q entre os maior promotor e estimulador da WC encontram-se os proprietário dos prédio velho do centro. Pelo jeito q os megawatt fazem as parede tremer, não é difícil imaginar q os proprietário já tão encomendando a demolição, pra construir outro prédio bem maior no lugar.
Os outro defensor da Wirada Cultural citam a idéia original francesa (claro, pq brasileiro não é muito de ter idéias original), chamada lá e no Canadá de
Nuit Blanche, uma idéia q se espalhou pelo mundo. Mas… Mas… Vai LÁ ver o q realmente é a
Nuit Blanche, em qual parte das diversa cidade é realizada, qual o padrão de ocupação habitacional, que tipo de evento ocorre, COMO ocorre, qual o nível de organização &c &c &c &c.
No Brasil, é um pouquiiiiiiiiinho diferente. Tudo vira um atropelo.
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(colaborou: Bel Seslaf)