
A palavra escrita tem um valor ideogramático muitíssimo mais importante do q o valor ortográfico-fonético. Essa é uma percepção aparentemente inatingível pelos reformadores ortográficos. Se o português tivesse continuado a graphar "pharmacia", o Brasil certamente teria, no mínimo, um contigente menor de analfabetos funcionais, um discurso mais inteligente e criativo, e uma chance melhor de aprimorar o padrão de vida.
Se há um tipo de pessoa q causa gargalhadas em nosso equidistante humanista apenas por existir é o reformador ortográfico.
Ô gente cretina.
Digo mais. Imbecil, prepotente, grosseira, metida.
Cretina pq insolente. Um grupo de uns 20 ou 200 tronhos q querem pq querem impor seus preconceitos sobre 200 milhões de outros.
Imbecil pq obtusa. Esses 20 ou 200 tronhos acham q finalmente entenderam como funciona a complexa interação entre cérebro e língua e q, portanto, essa interação é passível de controle mediante decisões exógenas.
Prepotente pq pusilânime. Os tronhos associam-se a deputados e senadores ávidos pra ter algum assunto q justifique seu salário, enfiam-lhes seus preconceitos e idéias cruas, e depois se valem da vantagem covarde de q em oposição a eles não existe e nunca existirá a iniciativa de manter as coisas como estão.
Grosseira pq ignorante. As ortografias díspares (tais como o exemplo extremo do título acima) são um problema perfeitamente contornável pela inteligência, um problema q ajuda a AFIAR a inteligência. Os tronhos, com sua estulta percepção do q constitue um fato lingüístico, enxergam apenas a superfície, a utilidade chã de enfileirar letrinhas.
Metida pq fútil. Os tronhos estão tão entretidos com a Questão Mais Importante da Língua Portuguesa, a Questão q Destrói Reputações e Impede Portugueses de se Entenderem com Brasileiros – a saber, a mísera ortografia –, q descuidam do verdadeiro problema: as imensas lacunas COGNITIVAS da língua portuguesa, a quantidade MASTODÔNTICA de idéias impossíveis de pronunciar, q dirá de grafar, em português de hoje.
Em lugar de afiar a inteligência do portuguesante, de liberar sua criatividade, de expandir seu prazer com as palavras, o reformador ortográfico contribue, junto com o gramático prescritivo, pra emburrecer o falante, pra torná-lo um servo abjeto das formas em vez dum maestro de conteúdos, pra confirmar o jugo da artificialidade troncha das regras, pra atrasar o desenvolvimento da língua, pra infantilizar adultos.
¡Gentalha, gentalha!