Uma coisa q o Dr Plausível elogia nas pessoas é q, qdo devidamente encostadas na parede, todas elas meio q admitem q seguir uma religião é delegar a uma tradição as decisões sobre questões polêmicas, e q a tradição é apenas mais uma aplicação prática da antiga e nobre vocação humana de tirar o fiofó da reta. ¿Pra quê ser totalmente responsável por suas opiniões, decisões e ações se é possível jogar esse fardo em cima do imponderável, não é verdade?
Mas as tradições têm um grave defeito. A ignorância das gentes antigas (ou caso vc seja crente de alguma religião a ignorância humana q Deus presumia nas gentes, ao sonegar informações preciosas naquelas revelações todas) foi inegavelmente uma forte influência na construção das tradições religiosas. [Já vai ter gente caindo de pau, dizendo q nas questões fundamentais da existência estamos tão porcamente na lama da ignorância hoje como antes. Mas qdo fala de ignorância, nosso enlevante doutor quer dizer ignorância sobre coisas práticas tipo "ferver água mata germes," "a terra é uma bola de 40mil km em volta, q gira em torno do sol," "qqer estrutura presente é historicamente determinada," "todo ser humano tem direitos inalienáveis," coisas desse tipo.]
A ignorância na origem das religiões resulta em limitações de vocabulário q, hoje, deveriam restringir a abrangência das aplicações da religião. É uma questão meramente combinatória.
Explico. Por conta dessa ignorância sobre o diminuto (micro-organismos, genes, elétrons) e o vasto (planeta, galáxias, universo) as tradições religiosas lidam forçosamente apenas com combinações triviais de problemas entre as gentes normais e numerosas tipo nascimentos, casamentos, mortes, negócios, traições, doenças, &c. Além disso, nos tempos bíblicos (ou védicos ou búdicos ou confúcicos ou muçúlmicos), havia muito menos gente do q hoje. A população MUNDIAL em, digamos, 15 de maio de 5 a.C. era de apenas uns 200 milhões, um trigésimo do q é hoje. Assim, havia logicamente menos variedade de experiências, e a pouca variedade q havia estava circunscrita entre extremos menos díspares. Um sujeito ia à guerra e via gente sendo degolada, queimada e pisoteada... mas nunca via ninguém explodir em mil pedaços ou virar pó em segundos; todos sabiam q havia um homossexual aqui e outro ali... mas nem se imaginava q milhares deles poderiam fazer uma festa numa avenida do tamanho duma cidade bíblica (a população de Jerusalém naquele mesmo 15 de maio era de 80mil; a parada gay de SPaulo na virada deste século teve cerca de 100mil). O mundo de hoje é pelo menos (!) trinta vezes mais complexo do q era qdo aqueles profetas profundamente provincianos enumeravam suas regras universais de convivência.
Com o vertiginoso acúmulo de conhecimento humano de uns quinhentos anos pra cá, a religião parece um andarilho numa selva à noite: ¡leva cada susto! Ela não sabe nem sequer como reagir: dá um fora atrás do outro, e só às vezes se desculpa. O conhecimento nunca pede desculpas: ninguém se sente culpado por saber alguma coisa.
Sesdias, houve um exemplo de como, deparando-se com possibilidades humanas dantes impensáveis, a religião reage às cegas. Ao mesmo tempo em q, em Brasília, a influência da igreja mexe os pauzinhos pra proibir o aborto de anencéfalos e as pesquisas com células tronco, um casal de namorados em Niterói queria se casar mas o padre invocou preceitos da mesma igreja pra dizer não: o rapaz tem paralisia cerebral e a moça tem déficit de aprendizado; ou seja, um aleijado e uma retardada queriam casar, mas a moral religiosa q move mundos e fundos pra garantir o nascimento dum anencéfalo, q promove a caridade aos desafortunados, q quer ver toda e qqer trepadinha produzindo um novo ser humano, nem q seja um mal-amado e mal-alimentado vegetal semi-funcional a moral religiosa, digo, defende com unhas e dentes as vidas dos coitados mas se recusa a permitir q essas mesmas vidas sejam normais. Nascer, deve; viver na miséria, pode; casar, não deve; gerar, não pode. ¿¡¿Uééé?!?
Jesus manda o paralítico andar, mas é só até ali na esquina e volta. Nada de ficar paquerando as leprosas.
11 comentários:
Gostaria de ver vc mexendo no seguinte tema: por que a igreja permite (obriga) o aborto das freiras em caso de estupro e a nossa lei permite o aborto no mesmo caso? Se é pra proteger a vida, que culpa tem o feto de ter sido gerado num estupro? Porque a mulher não pode abortar o fruto de uma camisinha furada e pode abortar o feto resultante de um estupro. O segundo tem pecado original e por isso merece morrer?
Eu nem acho a proibição incabível. Faz sentido. A questão nesse caso, novamente e sempre, é a implausibilidade - ou mais a incoerência com outras posições da igreja.
E podemos ficar tranqulilos que o padre certamente está colocando a cabeça no travesseiro à noite e dormindo o sonos dos justos. Não é o fiofó dele que está na reta. O chefe dele que se entenda lá com a lógica e repasse as instruções para os subordinados.
O padre seguiu as normas da igreja e se recusou a celebrar a união porque o casal não poderia cumprir a sublime missão do casamento, que é gerar filhos e cuidar de uma família. Mas... se esse mesmo casal engravidar - fora do casamento e ainda incompetente aos olhos da igreja - a igreja tem a obrigação de defender que essa gravidez seja levada a termo.
Não é fácil ser religioso.
Paulo, isso é ninho de marimbondo. O Dr Plausível só emite sua opinião sobre o assunto a portas fechadas e a pessoas de confiança.
Dismnésico, cê vê? E acho q a grande perda de contingente fiel q igreja católica vem sofrendo tem muito menos a ver com o carisma dos concorrentes do q com as inconsistências internas dela.
Nervocalm, falou e disse. Impressionante, a clareza de tua percepção.
O senhor seu padre está cobertíssimo de razão. Aplicou as sagradas leis da Igreja Católica, e quem não estiver contente que vá se casar em outra religião, culto, seita ou encruzilhada. Ninguém é obrigado a ser católico, e se o for, tem que seguir as regras. Tá pensando o quê, que é casa da sogra e cada um faz suas próprias regras?
Ruim mesmo é quando os senhores padres resolvem que TODO MUNDO tem que viver de acordo com a vontade deles e metem o bedelho nas leis que regem um país inteiro. Aí sim, vão tudo tomar no cu, bando de velhos pederastas desocupados filhos da puta.
Mas, desta vez, não é o caso.
título perfeito. amei . vou adotar. desligando, câmbio.
É, entendi. Mas acusar religiosos de implausibilidade, ou mesmo de incoerência, é tipo assim como acusar uma puta de promiscuidade, cenuacha? Tipo "tá, e daí?"
Só q puta não faz pose de casta, né?
Bando de bobos! O que se pratica hoje por uma porcentagem incalculável de "devotos" não é Religião. Religião é Vida, é o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim em Si mesma, O que permeia e é permeado, o Criador-Criatura. Não essa papagaiada inventada pelo homem. Então nada a discutir, pois se o homem, com suas elucubrações mentais, conseguisse resolver apenas uma questão primordial, o mundo não estaria essa graça. Em minúsculas, bem dito.
Rapaz, esse eh do bom.
Aguardo o artigo com entusiasmo.
Abraco.
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