Pô, assim não dá. Logo agora q as muié tavam em todo lugar do Brasil conseguindo as coisa, lá vem uma
pesquisa do IPEA jogar tudo fora. Pra vcs terem uma idéia de como as muié tão hojendia, tem até muié fazendo carreira e fortuna dando palestra pra dizer q muié não deveria fazer carreira e q lugar de muié é em casa com o marido e os filho ou, qdo eles não tão olhando, com a máquina de lavar. E ainda outras muié fazendo carreira e fortuna dando palestra pra dizer q fazer carreira e fortuna é duplamente difícil präs muié pois elas querem tudo: ser mãe de quatro filhos, diretora comercial de olaria e pesquisadora do IPEA.
Era mesmo uma Era de Ouro präs muié. Era, até o IPEA publicar a pesquisa “Tolerância social ä violência contra as mulher” com 27 perguntas feita à brasileiros e, em particular, uma pergunta devassadora com uma resposta devastadora.
Mas peraí. Não entendam mal nosso evaginante doutor. Este texto é sobre a incompetência do português. (Pô, doutor, ¿mais uma chatice daquelas? Sim, mais uma.)
Duma hora pra outra, a publicação parcial da pesquisa já rendeu uma celeuma em q milhões de pessoas tão escandalizada pela constatação de q 65,1% dos brasileiro concordam q mulher vestindo roupa sensual merece ser estuprada.
Ôpa, ôpa. Peraí, não é bem assim. Na verdade,
milhares de pessoas tão escandalizada pela conclusão estatística de q 65,1% duma amostragem de 3810 residentes no Brasil, concordam com a frase “mulheres q usam roupas q mostram o corpo merecem ser atacada.”
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Ué, pergunta o leitor, ¿que graça tem isso?
Ué, pergunta o doutor, ¿não é óbvio?
Pois vejam só como isso foi interpretado:
“Pra 65% dos brasileiro, mulheres q mostram o corpo merecem ser atacada” (Terra Brasil)
“65% dizem q a mulher q mostra o corpo merece ser atacada” (Globo.com)
“Pra 65% dos brasileiro, mulheres com roupas curta merecem ser estuprada” (Jornal do Commercio)
“Maioria acha q mulher com roupas curta merece estupro” (EBC)
“Mais da metade dos brasileiro acredita q mulher dá motivo pra ser estuprada” (Rede Record)
“Maioria acha q mulher com pouca roupa deve ser atacada” (blogue)
“Se liga, mané: o tamanho da minha saia não te dá direitos” (blogue)
¿Notaram? A incompetência semântica de quem formulou a frase gerou uma ambigüidade na resposta do entrevistado, q foi então interpretada com prejuízo virulento pelo leitor da pesquisa. Os pesquisador não perceberam o limbo semântico em q chafurdam as palavra ‘merecer’ e ‘atacar’. ¿Como é q o IPEA me vem com essas palavra num questionário, meudeusdocéu? Não se põe expressão dúbia em pesquisa de opinião, seus tronho; ainda menos em assunto dioreiaempé.
‘Merecer X’ quer dizer “ter direito à X”, ou seja, algo bom é devido à algo bom:
Ninguém discordaria de q “mulher q salva bebê dum incêndio merece ganhar um prêmio.” Diriam q, si uma mulher salvar um bebê, então é correto dar-lhe um prêmio; ela tem mais é q ganhar mesmo.
Por associação, algo ruim é devido à algo ruim:
Ninguém discordaria de q “mulher q esquarteja bebê do vizinho merece ser presa.”
Diriam q, si uma mulher esquartejar um bebê, então é correto prendê-la; ela tem mais é q ser presa mesmo.
Mas olha a armadilha em q os pesquisador caíram, a arapuca em q colocaram os entrevistado:
“Mulher usando roupa sensual/colante/reveladora merece ser atacada.”
Sorry, mas nem mesmo 1% dos 3810 entrevistado diriam q,
si uma mulher usar roupa sensual, então é correto atacá-la; q ela tem mais é q ser atacada mesmo. Curva de Gauss, pô. Pra quem tem plausibilina nas veia, é mais do q óbvio q, si a interpretação acima fosse proposta aos mesmo 65% q concordaram com a afirmação da pesquisa, eles diriam “Não, não, tá louco? Eu não quis dizer isso.”
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Supondo boa fé nos pesquisador, ¿quê aconteceu, então, pra q 65% respondessem q sim, q ela merece?
Ora, aconteceu o português. Aconteceu q os pesquisador –provàvelmente socializado e escolarizado tendo a forma da língua acima do conteúdo– amiúde não sabem o q tão dizendo qdo tão falando; os entrevistado não sabem o q tão ouvindo qdo tão respondendo; os leitor não sabem o q tão lendo qdo tão interpretando.
Qdo o brasilês coloquial diz
si X faz Y, então merece Z
, amiúde não quer dizer
si X fizer Y, é correto q receba Z
, mas algo como
si X fez Y, então q não reclame de Z.
Uma frase sobre um futuro evitável e tratada como si fosse sobre o passado inevitado. Esse fatalismo embutido e mascarado na própria semântica do brasilês é uma das mais nefasta explicação pro motivo por quê esta língua não tem dado certo pra organizar um país de proporções continental.
Aí entra a outra palavra dúbia da frase: ‘atacar’. ¿Atacar verbalmente? em boatos? aos tapa? com um beijo roubado? com foice e martelo? num terreno baldio com quatro brutamontes de pau duro? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA Parece q a palavra foi posta ali com *intenção* de dubiedade, pra q não parecesse ‘estuprar’ mas q desse margem à ser interpretada como ‘estuprar’ na leitura da pesquisa. Mas ¿será q essas feminazi tão ficando tão desprezível à ponto de enfiar uma arapuca dessas? Claro q não. A frase toda deve ter sido discutida em reuniões &c; querendo dizer muito em poucas palavra, foram desbastando-lhe a precisão e, de “mulher vestindo roupa sensual incita ao estupro”, chegaram à “mulheres q usam roupas q mostram o corpo merecem ser atacada.” E os patso nem perceberam a gafe.
Daí ao escândalo, é um passo. Claro. Pois si o próprio título da pesquisa é “Tolerância social ä violência contra as mulher”, então o saldo positivo das outra 26 resposta pode ser ignorado. E aí entra mais uma vez o brasilês, em seu funesto pendor por falar sem dizer e dizer sem falar. As leitora da notícia foram violentada com abobrinhas. (¿Por quê elas e não os homem? Ora, ¿quem é q se beneficia sentindo-se vítima?) No caso dos q reagiram histèricamente ä notícia, tbm vale lembrar q há o problema da inumerência –a incapacidade de visualizar dados numérico. Pô, 3810 entrevistados são 0,0019% da população do Brasil. Além disso, 66,5% (2534) da amostragem são mulheres. \ö/ Isso quer dizer q, mesmo supondo q 100% dos homem (1276) disseram ‘merece’, ainda sobram 47,5% das *mulher* (1204) dizendo o mesmo. Que coisa estapafúrdia. ¿É plausível crer q no mínimo 47,5% das MULHER brasileira concordam q “mulher vestindo roupa sensual/colante/reveladora merece ser atacada”? Naaah.
Mas ¿por quê não duvidar da boa fé dos pesquisador? Pq basta ler o
texto publicado pra perceber q eles não têm muito traquejo com a língua. Por exemplo, os autor acham q a frase “mulheres q usam roupas q mostram o corpo merecem ser atacada” não é «nem um pouco sutil».
¿Uma frase ambígua e antrígua, mal ajambrada, toda torta e nebulosa é ¡¿NEM UM POUCO SUTIL?!?
HAHAHAHAHAHAHAHA
Ainda por cima, vejam só a metodologia: confronta-se o membro do populacho com frases e pede-se q ele diga si concorda com elas totalmente, parcialmente &c. As frase escolhida foram algumas já popularmente disseminada sobre o assunto: “o homem devem ser a cabeça do lar”, “toda mulher sonha em se casar”, “uma mulher só se sente realizada qdo tem filhos”, “tem mulher q é pra casar, tem mulher q é prä cama”, “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”, “roupa suja se lava em casa”, esse tipo de coisa.
Mas… Mas… Si eles usam os dito popular pra quantificar a prevalência das própria idéia popular, si a pesquisa usa frases popular pra quantificar a prevalência dessas idéia popular, ué, ¿que mais se esperava? ¿Quê mais há de novidade no mundo?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Ao perguntar algo q já tá encalacrado no cérebro do entrevistado, ele responde sem refletir sobre o q diz. O dito não prevê como o entrevistado agiria numa situação real. Então ¿quê é q tá sendo verificado? q o povaréu fala abobrinha?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA